Funai – O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai) assina, nesta sexta-feira (12), convênio com a Universidade de Brasília (UnB) que visa o ingresso de estudantes indígenas na Instituição. Essa é a primeira vez que uma universidade federal do país destina vagas específicas para índios. A previsão é de que em dez anos, 200 estudantes sejam graduados em um dos cursos oferecidos pela UnB.
O projeto é uma das ações do Plano de Metas para a Integração Social, Étnica e Racial.A partir de 2005, os candidatos serão selecionados anualmente por um Comitê Gestor integrado pela Funai, FUB, MEC e representantes indígenas. No entanto, a primeira fase terá início ainda neste semestre, quando a UnB deverá receber os 15 índios que estudam em faculdades particulares do Distrito Federal. A prova de conhecimentos em matemática e português ocorre neste sábado (13).
O exame é semelhante ao que vem sendo aplicado aos alunos transferidos de outros estados. “Estamos animados porque é uma grande chance de aumentarmos as oportunidades do ensino médio para os índios. O reflexo disso começa a chegar às salas de aula do ensino superior. Com isso, abrimos uma porta para, mais tarde, termos, por exemplo, futuros médicos vindos da própria comunidade indígena”, comemora o presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes.
A idéia é que outras universidades públicas venham a aderir ao projeto, uma das metas da Coordenação de Educação da Funai. “Estamos trabalhando para isso”, comenta a coordenadora de Apoio Pedagógico, Neide Martins Siqueira. Ela destaca que, além de poucos, os índios acabam nas escolas particulares porque não têm condições de passar nos vestibulares mais concorridos das federais e estaduais.
A população indígena no Brasil é de aproximadamente 400 mil habitantes, distribuídos em 215 etnias diferentes e que falam 180 línguas distintas. Perto de 1,3 mil indígenas estão matriculados no ensino superior. Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) apontam que 1,2% dos universitários da região Centro-Oeste são índios; 3,9% são da região Norte, 1,1%, da Nordeste e 0,5 e 0,7%, respectivamente, da Sul.
Além da UnB, outras três universidades brasileiras atendem aos índios. A Universidade Estadual do Paraná, por meio do programa de cotas e a Universidade Federal de Roraima e a Estadual do Mato Grosso do Sul, que oferecem cursos para que os índios se tornem professores bilíngües.