Agência Brasil – O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Mércio Pereira Gomes, rebateu críticas do governador de Rondônia, Ivo Cassol, à forma de atuação da Funai na reserva indígena Roosevelt. “Vejo com preocupação um governo que tem obrigação de zelar pela paz, que deveria apaziguar os ânimos da população, tentando encontrar bode expiatório e falso culpado em um momento de tanta dor para as famílias”, afirmou Gomes.
Nesta tarde, em encontro com moradores de Espigão D´Oeste, o governador de Rondônia reclamou da forma como a Funai conduziu as investigações sobre os confrontos entre índios e garimpeiros. “Se o pessoal da Funai tivesse liberado a polícia para entrar na reserva na quinta-feira da semana santa, não teriam ocorrido outras mortes”, acusa Cassol.
De acordo com ele, além dos três corpos encontrados na região há uma semana e dos cerca de 26 encontrados na última sexta-feira, restam ainda 35 garimpeiros desaparecidos. Há três dias, uma equipe com 30 policiais federais e 15 técnicos da Funai está acampada na reserva com a missão de cuidar dos corpos.
Os cerca de 26 mortos foram localizados a partir de informações dos próprios índios e de garimpeiros que invadiram a reserva em busca dos colegas desaparecidos. A mata densa e chuva impediram o resgate dos corpos neste domingo. Uma clareira de 1 hectare foi aberta na área para facilitar o pouso do helicóptero que levará os mortos para o Instituto Médico Legal de Porto Velho.
Governador de Rondônia reclama da ação da Funai na reserva Roosevelt
O governador de Rondônia, Ivo Cassol, passou a tarde reunido com políticos e moradores de Espigão D´Oeste, cidade a 500 km da capital do estado. No encontro, Casso reclamou da forma como a Fundação Nacional do Índio (Funai) conduziu as investigações sobre os confrontos entre índios e garimpeiros na reserva indígena Roosevelt, a 80 km de Espigão.
“Se o pessoal da Funai na reserva tivesse liberado a entrada das polícias, militar e federal, na reserva, na quinta-feira da semana santa, não teriam ocorrido outras mortes”, acusa Cassol. De acordo com ele, além dos três corpos encontrados na região há uma semana e dos cerca de 26 localizados (porém ainda não resgatados) na última sexta-feira, restam ainda 35 garimpeiros desaparecidos.
“Houve um primeiro conflito no início da semana santa que levou à morte de uns 15 garimpeiros. Os outros foram amarrado em árvores, capados, torturado e queimado durante dias”, afirma o governador, que viu os três primeiros corpos e se diz “revoltado” com a postura adotada pelo presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, perante o caso. “Não compactuo de forma alguma com o presidente da Funai quando ele lamenta pelos garimpeiros, mas diz que os índios agiram em defesa da terra. Imagine se todo proprietário de terra fizesse como os índios.”
Em entrevista à Agência Brasil, Cassol disse não ter críticas à ação do Ministério da Justiça e da Polícia Federal. Mas afirma que, esta semana, irá apresentar uma série de investigações para o governo federal. “Quero que sejam investigadas as denúncias de que os garimpeiros estavam lá contratados pelos próprios índios e de que o confronto teria ocorrido na hora da partilha do diamante”, contou o governador.
Cassol também pretendo sugerir a presença do Exército na região e a legalização da exploração do diamante na reserva Roosevelt. “É a maior jazida do mundo”, avisa o governador. “Não podemos entregá-las a empresas mineradoras. A agência deve ficar responsável pela compra dessa riqueza.”
Juliana Cézar Nunes
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