Agência Brasil – A produção nacional de feijão pode aumentar de 20% a 30%, em um período de quatro anos. A expectativa é do pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Cenargen), de Brasília, Francisco Aragão. Para alcançar esse resultado, a estatal desenvolveu uma variedade de feijão transgênico, resistente ao vírus do mosaico dourado, considerado a maior praga da cultura.
Mas, para liberar a comercialização das sementes transgênicas e o plantio é necessário analisar os impactos ambientais sobre os microorganismos e a fauna do solo. A Embrapa iniciou na 2ª feira (3) a coleta de material para análise, na sua área de plantio experimental, em Santo Antônio de Goiás (GO). Outra coleta será realizada dentro de 20 dias. O resultado deve estar pronto em seis meses. A pesquisa também avalia a segurança alimentar do feijão transgênico.
Aragão explica que o vírus do mosaico dourando causa, em média, perda de 40% a 60% na produção. “Essa doença tem limitado a cultura do feijão em vários lugares do Brasil. Quando não há controle adequado, a perda pode chegar a 100%”, afirma.
Segundo Aragão, serão produzidas sementes de feijão transgênicos que serão utilizadas nas análises de segurança alimentar. “Não esperamos encontrar nenhum efeito negativo nem para o meio ambiente nem para a saúde humana, porque a modificação que fizemos foi a introdução no DNA do feijão de um gene que já existe na natureza”, explica.
A pesquisadora da Embrapa Agrobiologia, Norma Gouvêa Rumjanek, diz que por meio das análises será possível verificar se o gene colocado na planta resistente ao vírus está afetando insetos e microorganismos presentes no solo. “Queremos saber qual o impacto sobre os organismos não-alvo. A princípio, esperamos não encontrar nenhuma forma de alteração. Mas, se percebemos alguma mudança, isso exigirá mais estudos daquele transgênico”, informa Norma.
Ela acrescenta que essa pesquisa é necessária para avaliar o tipo de impacto no solo em plantios de culturas transgênicas em áreas extensas. “Estamos usando uma tecnologia nova em áreas muito extensas. Era diferente de quando se fazia transgênicos em laboratórios. Precisamos tentar prever ao máximo algum possível risco”, diz Norma.
A área plantada do feijão transgênico é de cerca de 50 m². A área total do campo experimental é 2,5 mil m² com plantio de milho convencional que serve como barreira de proteção. Aragão acrescenta que existem apenas dois campos de experimentação de feijão transgênico no mundo, um em Brasília e o de Goiás.
Segundo a pesquisadora, a análise de impacto ambiental é uma das condições colocadas pelo Ibama para a continuidade do projeto de feijão transgênico. O mamão e a soja já são avaliados pelos pesquisadores da Embrapa. A batata deve ser o próximo produto analisado, de acordo com Aragão.
Kelly Oliveira