Comunidades indígenas terão campanha de combate à Aids e DSTs

Agência Brasil – ABr – Os projetos Prevenção no Campo e Voluntários das Comunidades Indígenas se preparam para o Dia Mundial de Combate à Aids em Mato Grosso do Sul. O primeiro projeto iniciado no segundo semestre deste ano, em Mato Grosso do Sul tem como objetivo levar às escolas rurais próximas à Campo Grande orientações sobre as DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis) e Aids. São feitas, semanalmente, palestras e apresentações de teatro com o grupo Cara de Pau em 17 escolas de Ensino Fundamental e Médio.

A idéia do projeto, segundo o coordenador Everaldo José da Silva, nasceu da necessidade de trabalhar na prevenção das doenças destinado ao público infantil e adolescente nas regiões de assentamento. A Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Secretaria Estadual de Saúde e a Organização Não-Governamental Interativa estão desenvolvendo um trabalho de prevenção as DSTs/ Aids nas populações indígenas do estado. De acordo com a médica ginecologista Nazira Scaffi, da ONG Interativa para o Dia Mundial de Luta Contra a Aids, estão previstas várias atividades para informação e orientação à população das aldeias nos diversos municípios.

Como parte da programação, grupos teatrais vão abordar temas relacionados às doenças sexualmente transmissíveis. A médica explica que, por meio de dinâmicas de grupo, índias da aldeia de Taunay estão participando da mobilização do Dia Mundial de combate a Aids. Dentro da programação, as representantes das etnias guarani – Kaiowá, Guató, Terena, Ofaié – Xavante e Kadwéu, já participam de diversas dinâmicas no trabalho de prevenção a essas doenças.

Marília de Castro

Pró-Ambiente incentiva produção sustentável familiar na Amazônia

Agência Brasil – ABr – Quinhentas famílias assentadas na região Noroeste de Mato Grosso aderiram ao Pró-ambiente – Programa de Desenvolvimento Sustentável da Produção Familiar Rural na Amazônia, com o compromisso de prestar os serviços ambientais, a partir de janeiro de 2003. Os agricultores se comprometem a trabalhar para evitar ou reduzir queimadas, reflorestar e adotar sistemas agroflorestais, restabelecer as funções dos ecossistemas e conservar a biodiversidade e o solo. As famílias serão recompensadas com remuneração ou abatimento do financiamento para a produção.

O programa abrange os nove estados da Amazônia Legal e atenderá 12 mil famílias. Em Mato Grosso, na região Noroeste, foram selecionadas 200 famílias do município de Juína, 100 de Castanheira, 100 de Juruena e 100 de Cotriguaçu.

O Instituto Pró-Natura, organização não governamental de pesquisas e estudos ambientais dará assistência técnica, visando a certificação ambiental. O Instituto atua na região há uma década, incentivando o desenvolvimento sustentável no projeto de conservação e uso sustentável da biodiversidade nas florestas do noroeste de Mato Grosso, em parceria com a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Fema),

O Pró-Ambiente é direcionado a produtores familiares da Amazônia Legal, voltado para a produção em sistemas equilibrados, com manejo integrado dos recursos naturais em toda a unidade de produção. É executado através dos sub-programas de crédito ambiental e de serviços ambientais. O crédito ambiental é de até R$ 20 mil, ou até R$ 800 mil por associação ou cooperativa. O financiamento é amortizado em dez anos, após cinco anos de carência, podendo ainda ter 40% de abatimento se obtida a certificação ambiental.

Os recursos são provenientes dos fundos de capital, de apoio e ambientais. O fundo de capital é constituído pelos créditos agrícolas existentes no mercado – como os dos Fundos Constitucionais e Pronaf. Os fundos de apoio e ambientais contam com recursos do Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais (PPG7), dos ministérios do Desenvolvimento Agrário e do Meio Ambiente, do Banco Mundial, do BNDES, do Fundo de Amparo ao Trabalhador e de multas cobradas de empresas.

Aprovado projeto sobre produção de sementes

Agência Câmara – Foi aprovado hoje, na Comissão Especial que trata do assunto, o substitutivo do deputado Moacir Micheletto (PMDB-PR) ao Projeto de Lei 4828/98, do Executivo, que regulamenta a produção, o comércio e a fiscalização das sementes.

O projeto resgata e legitima o conceito de semente crioula, aquela utilizada na agricultura familiar, sem mudanças tecnológicas ou genéticas. Hoje, o agricultor que trabalha com esse tipo de semente não tem acesso aos financiamentos oficiais, que são destinados apenas aos que utilizam as sementes certificadas pelo Ministério da Agricultura.

O texto favorece, assim, o pequeno produtor familiar, que não pode competir com o plantio de sementes certificadas ou não certificadas, como a semente híbrida, que oferecem maior lucratividade e custos menores de produção. “Não é justo que um pequeno agricultor tenha de submeter-se às garras de grandes empresas que produzem e dominam o mercado”, diz o relator.

Cadastro de produtores

O substitutivo redefine os conceitos de semente, grão e muda, e cria o Cadastro Nacional de Sementes, o que, segundo o relator, vai permitir a centralização do controle de qualidade do produto comercializado no País. “Nosso substitutivo regulamenta o comércio de sementes tecnica e politicamente, para que o Brasil tenha uma lei moderna e atualizada, capaz de resgatar perdas que tivemos”, afirma Micheletto.

A responsabilidade do plantio, cultivo e qualidade passa a ser do pequeno, médio ou grande produtor cadastrado, com apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, responsável por fiscalizar e supervisionar as atividades por meio do Registro Nacional de Produção, Comércio e Fiscalização de Sementes (Renasem) e do Registro Nacional de Cultivares.

De acordo com o Ministério da Agricultura, o Brasil ocupa hoje o segundo lugar no ranking mundial da produção de sementes. O setor movimenta no País cerca de R$ 1,2 bilhão por ano e gera 300 mil empregos diretos e indiretos.

O projeto segue agora para votação no Plenário da Câmara.

Por Lucélia Cristina e Patricia Roedel

Salvamento de pirarucu alcança recorde em GO

Agecom – A operação de salvamento do peixe pirarucu na região do Araguaia bateu um recorde este ano. Foram salvos 3.456 filhotes da espécie e 23 adultos. Nos anos anteriores, este número ficava entre mil e dois mil peixes. O trabalho é realizado pela Agência Ambiental entre julho e o início de novembro. No processo de salvamento, alguns criatórios registrados junto à agência recebem as matrizes. Parte dos filhotes produzidos em cativeiro retorna para o órgão, para que possa restabelecer o equilíbrio na natureza e incentivar a criação do pirarucu.

O salvamento, que geralmente começa em agosto, foi antecipado este ano para julho por causa das inundações na região do Araguaia. Quando o nível da água começa a baixar, o pirarucu fica preso em lagos ou em locais cheios de pedras. O trabalho das equipes é recolher o peixe, devolvê-lo ao rio e fazer a seleção dos locais onde os filhotes serão colocados.

Arsênio contamina água de cidades históricas de Minas Gerais

Jornal da Unicamp – Pesquisa realizada pelo engenheiro geólogo Ricardo Perobelli Borba revelou sinais de contaminação por arsênio no solo e na água utilizada por moradores do Quadrilátero Ferrífero, que abrange as cidades de Ouro Preto, Santa Bárbara, Nova Lima e outras cidades históricas, em Minas Gerais. O arsênio está entre os metais mais nocivos à saúde humana, como o mercúrio, o chumbo e o cádmio. Em concentrações elevadas (acima de 10 microgramas por litro de água potável, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS)), pode causar vários tipos de cânceres, como o de pele, pâncreas e pulmão, além de abalos ao sistema nervoso, malformação neurológica e abortos.

O arsênio pode ser liberado na natureza por meio de causas naturais, como o contato da água de rios e nascentes com rochas que apresentam elevada concentração do metal. No caso do Quadrilátero Ferrífero, porém, a contaminação, segundo o estudo, estaria relacionada à intensa mineração de ouro, explorada nos últimos 300 anos. “A região já apresenta naturalmente uma alta concentração de arsênio, mas a mineração secular contribuiu para que a poluição ambiental ficasse hoje muito grave”, diz o professor Bernardino Ribeiro de Figueiredo, que orientou a tese de doutorado do pesquisador, intitulada “Arsênio em ambiente superficial: processos geoquímicos naturais e antropogênicos em uma área de mineração aurífera”, defendida no Instituto de Geociências (IG) da Unicamp.

A pesquisa se concentrou na análise de sedimentos e águas fluviais, solos e rochas nas bacias dos rios das Velhas, da Conceição e do Carmo. Os resultados, segundo Figueiredo, reforçaram os dados obtidos por pesquisadores alemães e brasileiros, em 1998, quando se constatou contaminação por arsênio na urina de crianças entre sete e onze anos, matriculadas em duas escolas de Nova Lima. Na época, de acordo com Figueiredo, 20% das crianças tinham concentrações de arsênio na urina acima de 40 microgramas por litro. Até aquele momento, elas não apresentavam sintomas de doenças provocadas pela contaminação.

A tese defendida por Borba recomenda o monitoramento da saúde humana em todo Quadrilátero Ferrífero, já que há outras áreas que ainda não foram estudadas.

Foram coletadas amostras de sedimentos de rios, águas de rio e subterrâneas, de solo e de rochas que continham o arsênio. A equipe da Unicamp contou com colaboração dos órgãos ambientais de Minas Gerais e de profissionais do Serviço Geológico Britânico. “Observamos que, próximo às áreas de mineração, as concentrações de arsênio nas águas e sedimentos dos rios e nos solos das bacias de inundação são mais elevadas. Na estiagem, por terem solos férteis, muitas dessas bacias são usadas para cultivo de alimentos”, explica Borba.

A tese é um dos trabalhos pioneiros sobre o arsênio no Brasil e, justamente com o monitoramento humano realizado em crianças, ela chamou a atenção das autoridades para o problema do arsênio numa região habitada por mais de 3 milhões de pessoas, apenas somando a população de Belo Horizonte e seus arredores.

Em especial em Ouro Preto, várias minas abandonadas costumam drenar água de qualidade relativamente boa, mas nela também foi constatada a presença de arsênio. Apesar disso, a prefeitura ainda a utiliza para o abastecimento público, onde é encontrada concentração de arsênio em níveis que, segundo Borba, devem ser monitorados. Em sua tese, ele recomenda o mapeamento das áreas contaminadas. “É necessário o monitoramento constante para saber como estas águas são consumidas, pois alguns problemas só aparecem muitos anos após sua ingestão”, afirma.

Como a maioria dos rios está muito assoreada e também tem péssima qualidade, visto que recebem diretamente os esgotos não-tratados, as prefeituras tendem, cada vez mais, a coletar águas subterrâneas para abastecimento de populações. Caso a captação ocorra ao redor de locais usados para mineração do ouro, pode haver uma contaminação natural da água presente em rochas ricas em arsênio. Este fato, para o geólogo, reforça a proposição de um monitoramento da qualidade das águas.

O arsênio é um elemento químico que ocorre na natureza em diferentes estados de oxidação, formando vários compostos. Na água, ele pode aparecer nas suas formas inorgânicas e orgânicas. A forma mais nociva ao homem é a inorgânica, com valência +3 e +5, sendo a mais tóxica a +3. O metal aparece em rochas e em minérios. Nas rochas do Quadrilátero, o arsênio ocorre principalmente em minerais como a arsenopirita e pirita, que estão associados ao minério de ouro.

Na atividade de mineração, o ouro foi aproveitado e o rejeito, em que há concentração do arsênio, foi desprezado nos rios até a década de 80, passando por muitas transformações químicas que resultaram na liberação parcial do arsênio para os solos e para as águas dos rios.

No passado, o arsênio chegou a ser usado na composição de remédios, em pequenas concentrações, em pesticidas e em outros materiais. “Na verdade, o arsênio torna-se nocivo dependendo do volume empregado, podendo produzir intoxicação e efeitos colaterais”, explica o professor Figueiredo do IG.

Ele acredita que as sociedades continuarão, por muito tempo, realizando a mineração do ouro, extraindo-o das rochas para diferentes usos. “A mineração moderna tem os recursos e as tecnologias para conciliar a produção do metal que a sociedade precisa e a proteção do meio ambiente”, diz. “O que temos no Quadrilátero é uma questão que não é produzida pela mineração atual, pois a nova indústria está sujeita a leis ambientais e está sob os olhos de uma opinião pública vigilante”, completa.

Segundo ele, a contaminação da região resulta de uma atividade de mineração de 300 anos em que reinava o passivo ambiental, uma situação adversa herdada pela geração das práticas do passado, nas quais não existiam leis, consciência, tecnologia e nem intenções. “A sociedade brasileira terá de saber o que fazer com essa herança deixada pelos mineradores e pela atividade iniciada pelos bandeirantes”, conclui.

O Quadrilátero Ferrífero é conhecido como a mais famosa província aurífera do país, abrigando minas de ouro em funcionamento desde o século 17. Em decorrência de sua mineração, os resíduos, lançados nas drenagens em muitos locais do Quadrilátero até 1980, contaminaram os sedimentos dos rios. Além da mineração, no passado haviam fábricas de óxido de arsênio que, no julgamento do pesquisador, devem ter contribuído, por meio do lançamento de metais e de arsênio na atmosfera, para a contaminação dos solos nas áreas vizinhas às fábricas, onde residem muitas comunidades.

O pesquisador conta que os trabalhos sobre a exposição humana ao arsênio e os estudos ambientais nessa área têm sido intensos em vários países. Verdadeiras catástrofes tornaram-se conhecidas no mundo, como as de Bangladesh, Mongólia e Bengala Ocidental, a partir de exposição prolongada ao arsênio, por consumo de água contaminada. Após algum tempo, nestes locais verificou-se que milhões de pessoas apresentavam doenças causadas pela contaminação.

Consórcio regula uso da água da Bacia do Alto Tocantins

Agência Brasil – ABr – A sede do Consórcio Intermunicipal de Usuários de Recursos Hídricos da Bacia do Alto Tocantins foi inaugurada hoje, em Alto Paraíso (GO), cidade próxima à reserva ambiental da Chapada dos Veadeiros, a cerca de 227 quilômetros de Brasília. A cidade fica no centro da bacia e a escolha para receber a sede é considerado, pelos consorciados e ambientalistas, um passo importante para a criação do Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tocantins.

O consórcio foi constituído para promover o uso eficiente dos recursos naturais da região, em especial a água, e combater a degradação ambiental. Para realizar esta tarefa, deverá trabalhar pela criação do Comitê de Bacia, órgão que possibilita gerenciar a água de forma descentralizada e integrada com a participação da sociedade.

“Com a instalação da sede em Alto Paraíso temos condições técnicas e operacionais para promover, a partir do consórcio, um maior engajamento e a total inserção da comunidade no processo de desenvolvimento sustentável da região”, diz o presidente do Conágua Alto Tocantins, como o consórcio é conhecido, Joaquim Pires, que também é prefeito de Minaçu, um dos municípios que já se associou ao consórcio.

A sede do Conágua foi disponibilizada pela parceria do WWF-Brasil com a Ecodata, instituições que trabalham pela conservação da Bacia do Alto Tocantins. O mesmo prédio abriga o escritório da Reserva da Biosfera do Cerrado-Goyaz, também inaugurado hoje.

A Bacia do Alto Tocantins abrange 17 municípios goianos, três de Tocantins (Palmeirópolis, Paranã, São Salvador) e áreas inseridas em três administrações regionais do Distrito Federal (Planaltina, Sobradinho, Brazlândia). Ela faz parte da Reserva da Biosfera Cerrado-Goyaz e da Área de Proteção Ambiental (Apa) Pouso Alto. Suas águas também passam pelo Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e pela Estação Ecológica das Águas Emendadas. A Bacia abrange zonas de extrema importância para a preservação, como áreas de Cerrados de
altitude, onde brotam as principais nascentes da região.

“Trata-se de um bioma importante e ameaçado, uma região absolutamente estratégica, na qual nascem os principais rios brasileiros”, explicou Samuel Barreto, coordenador do Programa Água Para a Vida, do WWF-Brasil. “Nosso objetivo, com essa parceria, é apoiar ações descentralizadas e participativas, em prol do ecossistema e do desenvolvimento das pessoas
que nele vivem.”

Na área da Bacia, de quase 55 mil Km², vivem cerca de 500 mil pessoas – a maioria concentrada na sede das cidades, o que causa grande impacto ambiental, em conseqüência da produção e despejo de lixo e esgoto. Os maiores consumidores de recursos hídricos – agora parceiros do Conágua – são o poder público e a população (prefeituras, Saneago, Caesb), agricultores e pecuaristas (irrigadores, piscicultores, pecuaristas), geradores de energia (Serra da Mesa, Cana Brava e São Salvador, entre outras hidrelétricas) e a Indústria (entre elas Sama e Cimento Tocantins), além de pescadores e empreendedores de turismo e lazer.

Constituído em 2001, o Conágua Alto Tocantins é um instrumento moderno, inovador e democrático, uma vez que institui a colaboração entre usuários de recursos hídricos, autoridades, empresas, Ongs e a população em geral. “Lado a lado, todos nós dividimos a responsabilidade de garantir que haja água de boa qualidade e em grande quantidade, aqui, agora e no futuro”, diz o coordenador-geral do Consórcio, Donizete Tokarski, também presidente da Ecodata. “O Conágua é, justamente, o mediador desse processo, ao facilitar a comunicação e chancelar as articulações que o alimentam e lhe dão legitimidade.” Segundo Tokarski, como ponto de convergência de diversas iniciativas, o Conágua transformou-se em referência para os projetos ambientais e de desenvolvimento sustentável na região.

Aos municípios de Goiás que já participam do Conágua – Água Fria, Alto Paraíso, Campinaçu, Minaçu e Uruaçu – juntam-se agora as prefeituras de Planaltina e Colinas do Sul. E confirmam-se também outras adesões, de Ongs, empresas e vários institutos: Trilha do Sol, OCA Brasil, Sindicato Rural de São João DAliança, Associação de Empreendimentos de Turismo de Qualidade, Rede Bioma Cerrado, Funatura, Acordo Cerrado, Berço das Águas, Associação de Reservas Particulares de Proteção Natural (RPPN) de Goiás e do DF e o Instituto Brasileiro de Administração para o Desenvolvimento (Ibad).

O Consórcio inaugura a sede celebrando o fato de que o Ibama deve destinar diretamente à Bacia os recursos financeiros oriundos da compensação ambiental que o instituto recolhe junto aos empreendimentos ali instalados. O que não se deu, por exemplo, com Serra da Mesa e Cana
Brava, cujas compensações financiaram o desenvolvimento de áreas fora do Alto Tocantins.

A segunda conquista foi a criação da Apa da Lagoa Formosa, assinada pelo prefeito de Planaltina (GO), Dirceu Araújo. Ela tem mais de 15 mil hectares, compreendendo toda a bacia hidrográfica da Lagoa e estabelecendo um corredor ecológico que interligará a Estação Ecológica das Águas Emendadas, no DF, ao Parque do Itiquira e às três RPPN da Bacia do Cocal e em São Gabriel (GO).

Pesquisadora descobre sítios arqueológicos de populações indígenas

Jornal da Unicamp – O aldeamento de São Barnabé, no Rio de Janeiro, desapareceu do mapa e de documentos escritos nos quais está registrada a história da cidade de Itaboraí, mas um levantamento feito pela professora Nanci Vieira de Oliveira, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), recém-doutorada pela Unicamp, descobriu dois sítios arqueológicos que ainda guardavam vestígios de populações indígenas que teriam vivido no município entre os séculos XVI e XVIII. A base do projeto de doutorado, defendido no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp (IFCH), é o estudo de cultura material e análise de fontes documentais, algumas delas contestadas por Nanci.

A proposta do trabalho é tornar conhecidas as estratégias de guerra européias, a resistência aos aldeamentos jesuíticos, e a participação política dos índios. A falta de dados documentais nos últimos séculos, na opinião de Nanci, tem a ver com a estratégia de resistência cultural dos nativos e até mesmo com a política de esquecimento empregada pelos colonizadores. “Eles tanto podem ter passado por um processo de miscigenação, ter desaparecido da memória, ou podem ter se deslocado”, questiona.

O trabalho deve resgatar essa memória apagada nos escritos e, na opinião do seu orientador, o professor Pedro Paulo Funari, do IFCH /Unicamp, ela já conseguiu por meio da compleição dos vestígios físicos dos habitantes do local. Objetos como cerâmicas, panelas e até mesmo moedas comprovam a antiga estada de tupinambás na atual Vila de Itaboraí. Um dos sítios estudados por Nanci está relacionado ao início da implantação dos aldeamentos pelos jesuítas, e o segundo é um sítio cemitério, que surgiu após a expulsão dos jesuítas. “Este sítio é um cemitério de uma capela que foi destruída no início do século 19.” Segundo a pesquisadora, os jesuítas foram expulsos em 1759. “É a partir daí que se observa uma participação leiga nos aldeamentos”, revela.

Mas não é isso que tentam mostrar os documentos. Até meados do século 18, persiste a pesquisadora, os documentos até fazem uma distinção entre índios e não-índios, mas após o século 19, não há uma menção escrita, “como se eles tivessem sido extintos. Há um código espacial utilizado nos escritos para distinguir os nativos de não-índios. Há um certo preconceito por parte dos historiadores do século 19. Eles até são tratados como selvagens, mais animais que seres humanos”, revela.

A idéia dos historiadores da época, sob o olhar de Nanci, era a de que os índios representassem todo o atraso do Brasil. “Todo o conhecimento histórico que estava sendo construído na época é passado para os livros didáticos pelo escritor e historiador Joaquim Manuel de Macedo, nascido em Itaboraí”, acrescenta a professora. Outro fato que demonstra o interesse em estabelecer uma política de esquecimento é a implantação da Lei de Terras ter tido como um dos mentores o Visconde de Itaboraí, “o maior latifundiário da região”, segundo Nanci.

A história

O aldeamento de São Barnabé data do século 16. “Antes, o que existia era uma densidade demográfica de tupinambá ou tamoios”. Funari explica que os aldeamentos só passaram a existir após a chegada dos jesuítas que se propuseram a organizar os índios. “Quando os jesuítas pediram as terras para aldeamento, as aldeias já existiam”, explica Funari.

De acordo com informações registradas por Nanci em sua tese de doutorado, os documentos se enganam não só quanto à permanência da população indígena, mas também com relação à extensão da área onde teria se instalado o aldeamento jesuíta de São Barnabé. A pesquisadora afirma que os registros tentam comprovar a permanência dos nativos apenas no centro missionário, quando na verdade a população se espalhava em uma área bem mais extensa.

Os documentos apresentam uma Aldeia de São Barnabé, quando o nome correto seria aldeamento. Está errado, segundo a pesquisadora, na medida em que a aldeia é um espaço escolhido e organizado pelo próprio índio, e “o aldeamento é resultado de uma política feita por vontade dos europeus para concentar comunidades indígenas”.

Segundo o orientador do trabalho, a pesquisa dos vestígios arqueológicos permitiu que a professora Nanci de Oliveira chegasse a uma série de conclusões às quais os documentos escritos não davam acesso, como a invasão dos colonizadores, dos franceses e dos holandeses, estabelecendo localizações estratégicas desses aldeamentos.

Rota Cartográfica

Depois de realizar a missão a que se propôs, Nanci lança suas sugestões em posse dos resultados da pesquisa. Como direito de quem percorreu toda a região em posse de mapas e dados datados dos séculos 16 e 17, ela sugere agora um mapa de sua autoria, a partir da descoberta de materiais de origem tupinambá. “Eu tive a oportunidade de percorrer várias vezes uma estrada que existe desde a confecção de um mapa de 1767”, afirma. Ela diz ter conhecido todos os pontos indicados nos documentos.

Nanci trabalhou com mapas antigos, fazendo geo-referenciamento. “Passei quatro anos identificando caminhos para traçar a relação entre a arqueologia e os documentos.” Ao tentar identificar os caminhos do século 18, antes da expulsão dos jesuítas, Nanci descobriu que alguns caminhos permanecem.

Escavações

Referência em estudos arqueológicos no Rio de Janeiro, a professora Nanci Vieira de Oliveira escavou durante quatro anos em busca de material que comprovasse sua tese. No sítio-cemitério, ela descobriu o equivalente a 4 mil ossos: “O levantamento revela a existência de 57 pessoas.” As escavações realizadas com alunos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro mostram que o local região já sofreu impacto pelo menos três vezes. Eles escavaram três camadas e observaram que acima dos entulhos da demolição da igreja ainda existiam ossos.

Nanci também conduziu parte de sua pesquisa pelo levantamento de desgaste dentário. “A boca é nosso primeiro contato com o mundo. No caso dos índios, utilizavam os dentes na produção de cestarias. Segundo a arqueóloga, os documentos falam em cestas coloridas. “Trabalho em uma comunidade de Guarani em Angra dos Reis (RJ) e eles produzem cestas coloridas”, argumenta.

Tombamento

Os resultados obtidos pela investigação podem favorecer a tomada de consciência por parte dos órgãos competentes em relação ao tombamento da região de São Barnabé. “Não está tombada porque é de índio”, arrisca Nanci.

A falta de reconhecimento também por parte da história atual ainda não permitiu o tombamento da Igreja de São Barnabé, apesar de ter passado por restauração. A professora Nanci afirma que já entrou com vários pedidos de tombamento municipal para a Igreja de São Barnabé, localizada em Itaboraí, e para a região habitada pelos índios. Os responsáveis alegam que não podem viabilizar o tombamento por causa de novas construções.

Maria Alice Cruz

ndios realizam partida de futebol em Brasília

Agência Brasil – ABr – Nesta sexta-feira (8), às 16h45, o time formado por índios Kamaiurá, Kalapálo, Pataxó e Fulni-ô, que moram em Brasília, participa de mais uma partida de futebol, dessa vez com os jogadores da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB). O jogo faz parte das iniciativas do grupo, que está formando a Associação Desportiva Social e Cultural dos Povos Indígenas do Xingu – Apoix.

A Funai apoia o evento e os servidores que obtiverem permissão das chefias poderão assistir ao jogo. A organização da partida vai dispor um ônibus para levar os interessados ao local, que sairá da Fundação às 15h30.Os jogadores indígenas convidam os servidores do órgão e todos os
brasilienses a prestigiarem o evento, que promoverá o esporte indígena e a interação social.

serviço: Wayukumã Kalapalo (Mazinho) – Presidente da Associação Desportiva
Social e Cultural dos Povos Indígenas do Xingu: 321-3166 / 313-3596

AABB – Setor de Clubes Esportivos Sul – SCES Trecho 02 – Conjunto 17
Telefone: 323 4806

Maiores informações: Coordenação Geral de Assuntos Exteriores da
Funai(Cgae)- 226 9411/ 313 3512
www.funai.gov.br

Assentamento do Incra transformado em área de turismo ecológico

Agência Brasil – ABr – Os 25 hectares de terra desapropriados, há dez anos, pelo Incra vêm transformando a vida dos agricultores familiares na Fazenda Bela Vista, no município de Serra Grande, em Itacaré, baixo sul da Bahia. O assentamento Marambaia está investindo no ecoturismo para exploração e aproveitamento integral dos recursos naturais sem degradação do meio ambiente.

O assentado Gilberto Alves de Lima, seu Beca, cultiva plantas ornamentais e espécies nativas em 15 dos 25 hectares recebidos do Incra. Além disso, explora algumas trilhas na Fazenda, como a “Janela da Gindiba”, considerada um dos mais atrativos pontos ecoturísticos da região. A localização do assentamento em uma área de proteção ambiental facilita a destinação encontrada por Seu Beca como alternativa às demais culturas desenvolvidas no projeto, como cacau, banana e outras que não alcançaram grande produtividade em decorrência da baixa fertilidade do solo.

Teleconferência discute projeto de revitalização do Rio São Francisco

Agência Brasil – ABr – Será realizada às 10h a primeira da série de três teleconferências temáticas do Projeto de Revitalização e Conservação da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. O objetivo é difundir informações ambientais sobre a Bacia, para que a comunidade possa discutir projetos de desenvolvimento sustentável para a região. Para participar, basta sintonizar a freqüência 1.220 Mhz, na antena parabólica.