Continua negociação por Raposa Serra do Sol

Agência Brasil – O presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Mércio Pereira Gomes, viaja hoje para Roraima, a fim de negociar com posseiros a desocupação das terras indígenas demarcadas na reserva Raposa Serra do Sol. Ele pretende manter encontros amanhã (6) com representantes do governo estadual, do Ministério Público Federal e do Estado, e da Polícia Federal.

A posição da Funai, segundo sua assessoria de Imprensa, é a de que a terra pertence aos índios enquanto não for definida a homologação. O presidente anunciará em Roraima que dispõe de R$ 5 milhões para indenizar os posseiros que fizeram benfeitorias nas áreas onde plantam arroz irrigado. E que existe a possibilidade de eles manterem o cultivo em outras terras do Estado, embora isso dependa de negociação também com representantes do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).

A Funai pretende entrar com recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) contra decisão da ministra Ellen Gracie, que impede a homologação contínua da reserva. Segundo o chefe de gabinete Roberto Lustosa, com isso ficam mantidas as decisões que excluíram da área indígena a faixa de fronteira com a Guiana e a Venezuela, o Parque Nacional Monte Roraima, os municípios, vilas, rodovias e as plantações de arroz no extremo sul da reserva.

A reserva tem 1,7 milhão de hectares e abriga uma população de cerca de 15 mil índios das etnias Macuxi, Wapichana, Ingarikó, Taurepang e Patamona.

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Seqüestradores entregam servidores da Funai

Os servidores da Funai, César Augusto Júnior e Gilberto Pereira da Silva, que haviam sido seqüestrados, no dia 1º de julho, foram libertados às 21h48 de ontem (sábado), após negociação comandada pelo administrador interino do órgão indigenista, Benedito Rangel Moraes. Eles foram feitos reféns durante 54 horas por índios contrários à homologação da TI Raposa Serra do Sol, comandados pelo rizicultor Paulo César Quartieiro.

Os servidores foram abordados no posto Urucurí (da Funai) instalado na região das Serras, por um grupo de 20 índios que os convidaram para uma reunião na aldeia Contão, onde outros 300 indígenas estavam reunidos com o rizicultor Paulo César Quartieiro. Após a reunião eles foram comunicados que estavam seqüestrados. “Nos disseram que teríamos que ficar com eles para que pudessem negociar”, afirma o chefe de posto da Funai, Gilberto Silva.

A negociação para libertar os reféns começou na madrugada de sábado quando uma “força-tarefa”, composta por 20 Agentes da Polícia Federal, 20 Policiais Militares e o administrador da Funai, deslocou-se à aldeia Contão para iniciar o diálogo. Os seqüestradores exigiam a liberação da estrada de acesso à fazenda de Quartieiro.

No final da manhã de sábado, a “força-tarefa” e indígenas de Contão foram até o local da ocupação feita por comunidades ligadas o Conselho Indígena de Roraima e ao constatarem que não havia bloqueio da estrada, aceitaram entregar os reféns. Quartieiro e o presidente da organização indígena Alidcir, Anísio Pedrosa, também participaram da reunião.

Gilberto Silva informa que os dois funcionários não sofreram agressões físicas e que ele a todo instante temia pela sua vida. “Apesar de não terem me agredido, sempre que mudavam do lugar o cativeiro, eu pensava que eles iam me matar”, comenta.

O seqüestro e cárcere privado foram comandos pelo tuxaua da aldeia Contão, Genival Pereira e por outro indígena de nome Humberto Rocha. Os dois recebiam orientação do rizicultor Paulo César Quartieiro.

Os servidores sofreram humilhações e ameaças de agressão físicas e de ficarem amarrados no centro da aldeia Contão, o primeiro cativeiro. Às 14 horas de sexta-feira, eles foram levados para o vilarejo Água Fria onde permaneceram até serem libertados. “Me perguntaram se preferíamos ficar nas vilas Água Fria ou Uiramutã ou na maloca Ticoça (contrária à homologação). Eu disse: qualquer lugar ta bom”, lembra Gilberto.

O servidor recorda que a população de Água Fria não apoiou o crime e pessoas do vilarejo se recusaram a ceder suas casas para servirem de cativeiro. Um vereador da localidade interveio junto aos seqüestradores para que os servidores telefonassem para suas famílias.

Nas primeiras horas da madrugada deste domingo, os ex-seqüestrados chegaram em Boa Vista e foram conduzidos ao Instituto Médico Legal para exame de corpo delito. Dois servidores do Convênio CIR-Funasa, que também haviam sido seqüestrados foram libertados sem necessidade de negociação com a “força-tarefa”. O carro da Funai e o que fazia a remoção de doentes também foram entregues.

Plano de Desenvolvimento Sustentável da BR-163

ISA – Hoje e amanhã (2 e 3/7), em Santarém (PA). 05 e 06/7, em Altamira (PA). 08 e 09/7, em Novo Progresso (PA). 12 e 13/7, em Guarantã do Norte (MT). 15 e 16/7 em Sorriso (MT). 19 e 20/7 em Apuí (AM). Esse é o cronograma estabelecido pelo governo para colher subsídios para a elaboração do Plano de Desenvolvimento Sustentável para a Área de Influência da BR-163, trabalho que está sendo desenvolvido por um Grupo de Trabalho Interministerial, criado em março deste ano sob coordenação da Casa Civil.

Formado por 14 ministérios – Meio Ambiente, Integração Nacional, Planejamento, Orçamento e Gestão, Transportes, Desenvolvimento Agrário, Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Minas e Energia, Cidades, Justiça, Saúde, Educação, Desenvolvimento Social, Trabalho e Emprego e Agricultura, Pecuária e Abastecimento – , o GT elaborou entre fevereiro e junho um documento inicial, que será discutido durante as oficinas de consulta à sociedade local.

O documento apresenta o processo de elaboração do plano, um diagnóstico socioeconômico e ambiental da região, os objetivos, diretrizes e modelo de gestão do plano, assim como as ações emergenciais que devem ser iniciadas ainda neste ano na área de influência da BR-163.

No diagnóstico socioeconômico e ambiental, a região é descrita como amplamente coberta por florestas (73%), e a área desflorestada estimada em 13%, com o desmatamento concentrado no norte do Mato Grosso, nas margens da BR-230 entre os municípios de Altamira e Rurópolis (PA), nos arredores de Santarém (PA), nas proximidades da cidade de São Félix do Xingu (PA) e na margem esquerda do Rio Amazonas.

A densidade demográfica da área de influência da BR-163 é considerada muito baixa, de 1,79 habitante por km2, concentrada principalmente em Santarém (PA). A proporção da população sem instrução é de 27% no Mato Grosso, 35% no Pará e 38% no Amazonas.

A infra-estrutura local é definida como “muito precária”, favorecendo “atividades predatórias”, e a situação social como “heterogênea”, mas, no geral, “sofrível”, sendo recorrente problemas de escassez de saneamento básico, insuficiência e, em alguns casos, inexistência de serviços públicos, escassez de moradia planejada, oferta de serviços de saúde insuficiente e criminalidade elevada.

Em relação à situação fundiária, é apresentada uma análise do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) sobre o cadastro de imóveis de 25 municípios da BR-163, que representam cerca de 42% da área de abrangência, que revela que cerca de 48% da área deles ainda não está cadastrada. E, na seqüência, o documento aponta que “em geral, os municípios paraenses estão em situação bem mais crítica”, citando como exemplos dados a respeito de Placas e Itaituba, que apresentam 77% e 74% de suas terras ainda não cadastradas, respectivamente.

Ao abordar as atividades econômicas, o documento cita a expansão da produção da soja, hoje concentrada no Mato Grosso, mas em expansão no Pará, especialmente nos arredores de Santarém, sem, entretanto, citar os impactos socioambientais provocados pela monocultura do grão na região, assim como, ao tratar da exploração madeireira, faz referência ao seu caráter predatório, sem apresentar dados relacionados à ilegalidade da atividade.

Apesar disso, assume que “a mera expectativa do asfaltamento da BR-163 tem ocasionado uma onda de especulação e grilagem dessas terras com prejuízos ao patrimônio público e agravamento das tensões e violência no campo”.

Objetivos do Plano Sustentável da BR-163

Da extensa lista de objetivos específicos do plano, na verdade, ainda bastante genéricos, fazem parte o combate à ocupação ilegal de terras públicas, a criação e consolidação de Unidades de Conservação (UCs) e Terras Indígenas (TIs), a oferta de serviços nos núcleos urbanos, o aumento da segurança alimentar, a valorização dos conhecimentos tradicionais sobre a biodiversidade, o fortalecimento da infra-estrutura priorizando fontes alternativa sustentáveis e o abastecimento e distribuição de água tratada e saneamento básico em núcleos urbanos e rurais.

Entre as ações emergenciais previstas para serem iniciadas ainda neste ano: proteção de UCs e TIs; fortalecimento dos órgãos do governo federal com atuação local; estruturação do sistema integrado de monitoramento de desmatamento, queimadas e exploração madeireira, possibilitando o acesso a dados atualizados entre os órgãos públicos e entidades da sociedade; identificação de arranjos produtivos locais e outra oportunidades de geração de trabalho e renda.

São citadas também a implantação do cadastro georreferenciado de propriedades rurais na região e a fiscalização do desmatamento em áreas críticas de forma integrada para combate à grilagem de terras públicas, anunciadas em março como medidas emergenciais do Plano de Combate ao Desmatamento na Amazônia, mas, segundo denúncias do Greenpeace, essa última, ao menos, com implementação comprometida devido à falta de recursos.

Demandas da sociedade civil

Em linhas gerais, o plano atende as demandas da sociedade civil para a sustentabilidade da região, consolidadas na Carta de Santarém, documento final do encontro realizado na cidade paraense em abril deste ano – leia na íntegra abaixo.

Assinada pela Associação Terra Indígena Xingu (ATIX), pelo Centro de Estudos, Pesquisa e Formação de Trabalhadores do Baixo Amazonas (CEFTBAM), pelo Fórum dos Movimentos Sociais da BR-163, pelo Fórum Matogrossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento (FORMAD), pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Pará (Fetagri), pela Fundação Viver, Produzir e Preservar (FVPP), pelo Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), pelo Instituto Centro e Vida (ICV), pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e pelo Instituto Socioambiental (ISA), a Carta de Santarém inclui demandas relacionadas a Infra–Estrutura e Serviços Básicos, Ordenamento Fundiário e Combate à Violência, Estratégias Produtivas e Manejo dos Recursos Naturais, Fortalecimentos Social e Cultural das Populações Locais, Gestão Ambiental, Monitoramento e Áreas Protegidas.

Entre elas: criação de uma faixa de proteção de 10 quilômetros no entorno das Terras Indígenas e de um mosaico de Unidades de Conservação na Terra do Meio (PA) -região de 8 milhões de hectares situada entre os rios Xingu e Tapajós/PA -, estímulo ao manejo florestal, com legislação diferenciada, para agricultores familiares, estabelecimento de linhas de microcrédito solidário, formação de novos pólos do Programa de Desenvolvimento Socioambiental da Produção Familiar Rural (Proambiente), abastecimento e a distribuição de água tratada, eletrificação rural (convencional e/ou alternativa) e saneamento em todos dos núcleos e urbanos e rurais das regiões.

No fim da carta, as instituições propõem que as sugestões sejam incorporadas pelo governo. Estarão batalhando por isso durante o processo de consulta pública a respeito do Plano BR-163 Sustentável do GT Interministerial. Representantes de organizações que construíram as propostas para a sustentabilidade da BR-163 estarão presentes em cada uma das oficinas do governo.

A equipe técnica do Projetos Demonstrativos dos Povos Indígenas (PDPI), componente do Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais (PPG-7), elaborou um documento, distribuído nesta semana. Intitulado Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável para a Área de Influência da BR-163: Interfaces com a Questão Indígena, cita em diversos momentos as principais demandas dos povos indígenas da região, utilizando para isso trechos dos documentos finais do processo de mobilização da sociedade civil.

Ocorrem também nesse mês as audiências públicas sobre o Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto ao Meio Ambiente (EIA/RIMA) da BR-163, e o edital de concessão da obra deve ser lançado em outubro, segundo noticiou ontem o Diário do Pará.

O início do asfaltamento da BR-163 está previsto para maio de 2005.

Cristiane Fontes



Carta Santarém

Essa carta apresenta o resultado de debates e propostas do Plano de Desenvolvimento Territorial Integrado e Sustentável da Região de Influência da BR-163, que abrange 84 municípios dos Estados do Pará e do Mato Grosso e envolve aproximadamente 2 milhões de habitantes.

A BR-163 atravessa uma das regiões mais importantes da Amazônia do ponto de vista da diversidade social e biológica e das potencialidades econômicas dos usos de seus recursos naturais. Integram essa região trechos do Cerrado e da Floresta Amazônica e uma Zona de Transição, no Norte do Mato Grosso. Abrange também quatro bacias hidrográficas (Rios Teles Pires, Tapajós, Xingu e Araguaia) ricas em recursos naturais dos quais dependem populações tradicionais, agricultores familiares e mais de 30 etnias indígenas. Essas populações geram uma economia regional significativa baseada em diversos usos e manejos dos recursos naturais, que ocupam mão-de-obra e movimentam capital não contabilizado monetariamente nas contas nacionais. A precariedade e a secundarização de dados estatísticos sobre a representatividade desta economia têm favorecido o discurso dos grandes empreendedores como os únicos capazes de dinamizar e alavancar o desenvolvimento dessa região.

Reconhecemos a importância e reivindicamos o asfaltamento da BR-163 e demais rodovias federais e estaduais. No entanto, não se pode ignorar que os métodos convencionais de construção de grandes empreendimentos de infra-estrutura no Brasil têm causado grandes impactos desestruturadores das economias locais. Grande parte desses impactos já está em pleno curso, com a intensificação da grilagem de grandes áreas de terras públicas, da violência e da conversão acelerada de florestas e cerrados em monocultivos que empobrecem as oportunidades econômicas da região. Essas dinâmicas ocorrem de forma articulada nos dois estados.

A ação na BR-163 exige a integração dos governos (federal, estadual e municipal) e sociedade, que assegure o ordenamento territorial e garanta o devido lugar de destaque e importância para os segmentos sociais e produtivos que fazem o uso diversificado da base de recursos naturais dessa região.

A gravidade dos problemas estruturais, já existentes, associada ao projeto de asfaltamento da BR-163 numa perspectiva reducionista, como mero corredor de transporte para commodities agrícolas, motivou uma ampla mobilização de organizações representativas do movimento social (indígenas, produtores familiares, extrativistas, entre outros), de ONG, de órgãos governamentais e de instituições de pesquisa, em quatro pólos regionais, nos estados do Pará e Mato Grosso.

A mobilização inter-regional possibilitou, em 2003, a realização de quatro seminários, reunindo mais de mil lideranças. Nesses encontros deve ser destacada a elevada capacidade das organizações e de seus representantes em formular diagnósticos atuais, com profundo conhecimento dos problemas existentes, disposição propositiva e visão abrangente de políticas públicas. Esse processo participativo produziu diagnósticos e propostas para o estabelecimento das diretrizes do Plano de Desenvolvimento Territorial Integrado e Sustentável da Região de Influência da BR-163. Os debates de quatro seminários (Sinop-MT, Santarém-PA, Itaituba-PA e Altamira-PA) foram sintetizados no presente Encontro consensualizando a CARTA DE SANTARÉM, priorizando as seguintes linhas de desenvolvimento:

1. Infra–Estrutura e Serviços Básicos

O asfaltamento da BR-163 deve ser acompanhado do asfaltamento da Transamazônica, de rodovias estaduais e da abertura e manutenção de estradas vicinais. Propõe-se um sistema viário que integre a construção de rodovias com terminais fluviais, rodoviários e rodofluviais projetados prioritariamente para o fortalecimento da economia regional.

Os investimentos em infra-estrutura devem abranger, de forma integrada, o abastecimento e a distribuição de água tratada, a eletrificação rural (convencional e/ou alternativa) e o saneamento em todos dos núcleos e urbanos e rurais das regiões incluídas neste Plano. Deve-se incluir também, a expansão dos serviços de correios, bancários e previdência social, bem como expandir o financiamento de casas populares rurais.

Na área de educação, é necessário construir e equipar instituições apropriadas para os ensinos fundamental e médio (casas familiares rurais), além de fortalecer instituições pesquisa e ensino para darem suporte ao conhecimento científico e tecnológico para fortalecer a economia local. O esporte, lazer e a comunicação comunitária também devem receber investimentos.

Para a segurança pública, é preciso instrumentalizar as delegacias municipais para desempenhar com mais eficiência as atividades de combate à violência.

Na área de saúde, deve-se implementar programa de saúde preventiva para famílias rurais e urbanas e uma rede de atendimento à saúde pública devidamente equipada e adequada às demandas da região. A implantação de laboratórios de pesquisa e manipulação de produtos medicinais regionais, considerando o resgate do conhecimento popular tradicional, deve receber investimentos.

2. Ordenamento Fundiário e Combate à Violência

O ordenamento fundiário e o combate à violência devem ser ações prioritárias para iniciar o processo de governabilidade e o Estado de Direito na região. Este processo deve ter a participação efetiva da sociedade civil organizada e considerar as propostas existentes no Plano de Desenvolvimento Territorial Integrado e Sustentável da Região de Influência da BR-163. Esta mesma definição estratégica deve estar presente na composição da força tarefa proposta, entre Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual, Polícia Civil e Polícia Federal, entre outros, objetivando dar condições à ação imediata dos órgãos públicos de execução e fiscalização, a segurança pública da região e ao combate à violência no meio rural.

Garantir as atuais áreas ocupadas por produtores familiares, quilombolas, populações tradicionais e indígenas na região.

Construir e implementar o Zoneamento Ecológico-Econômico através de metodologias participativas, com a inclusão de variáveis sociais e ambientais.

Regularizar e consolidar as áreas protegidas, tais como a PDS Anapu, as Reservas Extrativistas Verde para Sempre, Renascer, Bacajá, Riozinho do Anfrísio e o mosaico de Unidades de Conservação da Terra do Meio.

Incorporar às Terras Indígenas parcelas importantes de territórios tradicionais de etnias que não foram contempladas nos processos demarcatórios, bem como, promover a fiscalização e vigilância dos seus limites, controlar as atividades agropecuárias e extrativistas no seu entorno e proceder as demarcações e homologações pendentes.

3. Estratégias Produtivas e Manejo dos Recursos Naturais

É fundamental manter e potencializar a diversificação dos sistemas produtivos locais, agregando valor à produção, com base em arranjos produtivos que utilizem a biodiversidade e os recursos florestais e pesqueiros; e implementar políticas integradas de financiamento, legislação diferenciada e assistência técnica, privilegiando a inserção de pequenos e médios empreendimentos geradores de empregos locais duráveis.

Deve-se incentivar o manejo florestal com legislação diferenciada para a escala da produção familiar bem como estabelecer linhas de microcrédito solidário como, por exemplo, a criação de novos pólos do Programa de Desenvolvimento Socioambiental da Produção Familiar Rural (Proambiente) e a incorporação de áreas alteradas/degradadas ao processo produtivo.

4.Fortalecimentos Social e Cultural das Populações Locais

É imprescindível dotar as populações da região de condições indispensáveis ao usufruto da cidadania com garantias institucionais de funcionamento de um Estado de Direito, como condição fundamental para o desenvolvimento ordenado da região.

A garantia dos direitos humanos exige a imediata criação de uma força-tarefa para investigar e punir os casos de violências cometidas por grupos de extermínio, latifundiários, traficantes, agentes de segurança do Pará (Terra do Meio – Altamira, Itaituba, Santarém, Novo Progresso, Almerim, Óbidos e Anapu) e Mato Grosso (Lucas do Rio Verde, São Félix do Araguaia e Querência) e a instalação de delegacias regionais da Polícia Federal.

É necessário democratizar os meios de comunicação, por meio de programas de estímulo a criação e a legalizaçao de TVs e rádios comunitárias, adequadas à realidade amazônica. É fundamental adequar os processos educativos, de formação e capacitação para agricultores familiares e populações indígenas, principalmente no que se refere à criação e fortalecimento de cursos acadêmicos em nível médio e superior para profissionalizar técnicos. Fortalecer modelos diferenciados de formação para povos indígenas.

Destinar recursos financeiros e prestar assessoria técnica à implementação do Estatuto das Cidades e à elaboração dos Planos Diretores Urbanos dos municípios abrangidos neste Plano.

5. Gestão Ambiental, Monitoramento e Áreas Protegidas

Garantir a proteção das Unidades de Conservação (UCs), Terras Indígenas (TIs) e manter corredores ecológicos entre as diferentes áreas. Para isso, é preciso desenvolver e incorporar no processo de licenciamento ambiental a localização das áreas de Reserva Legal contíguas às UCs, TIs e Áreas de Preservação Permanente, para que garantam conectividades ecológicas.

Deve ser incentivada a criação de novas áreas protegidas, contemplando as diferentes formações florestais, bem como implantar, urgentemente, os mosaicos de unidades de conservação da Terra do Meio, Verde para Sempre e Renascer. É necessário também implementar as UCs já instituídas, como a Estação Ecológica do Rio Ronuro, a Reserva Ecológica do Culuene, o Parque Estadual do Cristalino e o Parque Nacional da Amazônia, utilizando divisas naturais e criando bases administrativas locais.

Compensar o passivo ambiental dos assentamentos de reforma agrária e propriedades privadas onde não há Reserva Legal, conforme previsto no Código Florestal, com a criação de novas UCs.

A criação de uma faixa de proteção de 10 quilômetros no entorno das Terras Indígenas, pode ser uma solução para o ordenamento do processo de ocupação e o controle das atividades econômicas, de forma a minimizar seus impactos negativos sobre as terras e populações indígenas.

É necessário capacitar os órgãos governamentais para implementar a gestão participativa de políticas ambientais, bem como criar delegacias especiais de meio ambiente.

Tendo em vista o esforço de debate e elaboração das propostas que constituem o Plano de Desenvolvimento Territorial Integrado e Sustentável da Região de Influência da BR-163, as organizações que assinam a Carta de Santarém propõem:

1. que a abrangência territorial de impacto da construção da BR-163, considere como regiões de influência o Norte do Mato Grosso e Oeste do Pará, incluindo as bacias do Xingu, Araguaia, Teles Pires e Tapajós;

2. que as ações propostas neste Plano sejam incorporadas pelo planejamento governamental;

3. que o Grupo de Trabalho Interministerial da BR-163 seja instituído como um espaço permanente de debate e de negociação envolvendo representantes dos movimentos sociais, ONGs e instituições de pesquisa para debater os programas, as políticas e os projetos para a região.

Santarém 31 de março de 2004

Associação Floresta Protegida – AFP
Associação Terra Indígena Xingu – ATIX
Centro de Estudos, Pesquisa e Formação de Trabalhadores do Baixo Amazonas -CEFTBAM
Central Única dos Trabalhadores – CUT
Embrapa Amazônia Oriental
Federação de Órgãos para a Assistência Educacional e Social – FASE
Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Pará – Fetagri
Fórum da Amazônia Oriental – FAOR
Fórum dos Movimentos Sociais da BR-163
Fórum Matogrossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento – FORMAD
Fundação Viver, Produzir e Preservar – FVPP
Grupo de Defesa da Amazônia – GDA
Grupo de Trabalho Amazônico – GTA
Grupo Nova Proposta para a Agroecologia
Instituto Centro e Vida – ICV
Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia – IPAM
Instituto Socioambiental – ISA
Museu Paraense Emílio Goeldi – MPEG
Universidade Estadual do Mato Grosso – UNEMAT
Universidade Federal do Pará – Campus de Altamira – UFPA

Funai investe na publicação e produção intelectual da temática indígena

Funai – As próximas publicações do Plano Editorial 2004 estão sendo elaboradas com a finalidade de divulgar a produção intelectual com temática indígena, em especial aquelas realizadas por servidores da Funai. Encontra-se em fase final de editoração “A Política Brasileira durante o século XIX” , do advogado e doutor em Antropologia, Carlos de Araújo Moreira Neto, membro do Conselho Indigenista da Funai. De acordo com a chefe da Divisão de Editoração, Marli Moura, a obra de Moreira Neto é uma das mais importantes para a política indigenista brasileira.

Outras obras já estão previstas para serem publicadas pela CGDOC, entre elas, “O Estado e a Saúde Indígena: a experiência do Distrito Sanitário Yanomami”, de Edgard Dias Magalhães, servidor da Funasa, e a “Revista Científica da Coordenação-Geral de Estudos e Pesquisas, da própria Funai”.

Em 1992 a CGDOC lançou sua primeira publicação: “A Marcha para o Oeste e os Índios do Xingu”, de Leandro Mendes Rocha, à época, pesquisador do então DEDOC (atual CGDOC). O livro fez parte de um projeto maior do pesquisador, que subsidiou sua tese de doutorado, defendida na Universidade de Sorbonne Nouvelle, em Paris.

As publicações até então levadas a efeito pelo DEDOC não obedeciam a um planejamento. Apenas a partir do ano 2000 as publicações eram feitas de acordo com um plano editorial, mas somente em janeiro de 2004 foi criado o Conselho Editorial.

À Funai, além da demarcação e da proteção às terras indígenas, cabe também, preservar e garantir a divulgação das fontes documentais sobre a política indigenista e outras informações relacionadas à temática indígena, o que é feito por meio da sua Coordenação-Geral de Documentação – CGDOC.

Prêmio Ambiental von Martius 2004

A Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha, por meio do Departamento de Meio Ambiente, abre as inscrições para projetos ambientais para a edição 2004 do Prêmio Ambiental von Martius. De 01 de junho a 24 de setembro, projetos ambientais de todo o país poderão ser inscritos no prêmio.

O Prêmio Ambiental von Martius, realizado desde o ano 2000, é uma rara oportunidade de associação entre atividades destinadas à preservação ambiental e programas de sustentabilidade para comunidades das mais diversas características, tanto rurais como urbanas. O objetivo é reconhecer o mérito de iniciativas de empresas, do poder público, de indivíduos e da sociedade civil que promovam o desenvolvimento econômico com respeito ambiental.

Um dos motivos que faz que com que o Prêmio Ambiental von Martius se destaque por sua credibilidade se deve, entre outros, aos aspectos de qualidade de concepção – o Regulamento permite, democraticamente, que os melhores projetos sejam premiados, nas três Categorias (Humanidade, Tecnologia e Natureza), independentemente de porte ou origem. Podem concorrer os projetos já concluídos ou em realização por empresas, instituições públicas ou privadas, indivíduos, ou organizações não governamentais sediadas no Brasil, associadas ou não às Câmaras Brasil-Alemanha.

Além disso, o Prêmio Ambiental von Martius se valoriza porque oferece como recompensa um Troféu e um Diploma e não dinheiro. Como forma de incentivo, a Comissão Julgadora distribui pelo menos três bolsas de viagens para visitas técnicas à Alemanha, oferecidas pela instituição alemã Inwent (ex-CDG), uma das empresas que, ao lado da Henkel, da DaimlerChrysler, da Odebrecht, da TetraPak e da Voith Siemens Hydro Power Generation contribuem com seu apoio e patrocínio a esta iniciativa.

A cada ano, o número de candidatos aumenta em cerca de 10%. No ano 2.000, em sua primeira edição, o Prêmio Ambiental von Martius recebeu 180 inscrições; em 2001 este número cresceu para 191 projetos, e em 2002 o Prêmio bate seu próprio recorde de mais concorrido do Brasil com 231 candidatos inscritos. Para manter a alta qualidade dos trabalhos apresentados, desde a edição de 2003, quando foram recebidos 120 projetos, foi instituída uma taxa de inscrição de R$ 100,00 por projeto.

Ainda em 2003, a Câmara Brasil-Alemanha inovou mais uma vez quando, para continuar assegurando a qualidade da avaliação dos trabalhos, convidou a PriceWaterhouseCoopers para auditar a análise dos projetos. Os principais critérios de avaliação baseiam-se no efeito multiplicador, reprodutibilidade, continuidade, auto-sustentabilidade, resultados obtidos e envolvimento comunitário dos projetos.

Esta é a único prêmio no País que conta com o apoio de uma auditoria independente. “Para nós, este apoio é fundamental para oferecer segurança ainda maior, da imparcialidade do julgamento dos projetos analisados” comenta Ricardo Rose, gerente de Meio ambiente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha.

As três categorias do Prêmio são divididas de acordo com os seguintes objetivos: Humanidade – desenvolvimento do Ser Humano, como programas de divulgação e educação ambiental; Tecnologia – desenvolvimento de tecnologias ambientalmente positivas como projetos de melhorias no processo produtivo e desenvolvimento de produtos; e Natureza – preservação e conservação do meio natural, como projetos de pesquisa científica e valorização dos princípios de conservação e preservação de fauna e flora.

Os trabalhos serão escolhidos por uma comissão julgadora constituída por especialistas na área ambiental e os resultados serão conhecidos no início de novembro. A entrega dos troféus será feita durante evento especial, realizado no final de novembro, em São Paulo.

Cópias do regulamento, da ficha de inscrição e informação adicionais poderão ser obtidas a partir do dia 01 de junho pela internet, no endereço www.premiovonmartius.com.br ou solicitadas, exclusivamente pelo Telefone (+11) 4702-9006 e Fax (+11) 4702-9007 ou pelo e-mail info@premiovonmartius.com.br.

Jovens indígenas entram no ritmo do rap

Funai – Um grupo de índios adolescentes se organiza e mostra que o hip hop não tem território musical delimitado apenas para negros e não índios. Eles habitam a aldeia Jaguapiru, região de Dourados (MT) e estão mostrando o seu talento e dedicação em apresentações de hip-hop. Com a sugestiva denominação de As Novas Faces da Vida, seis garotas e dois meninos vêm ensaiando há seis meses.

Segundo o Dourado Agora, os ensaios acontecem na residência de sua coordenadora, a indígena Maria Pereira dos Santos. O grupo de rap já realizou apresentações na própria reserva e considera os douradenses do Fase Terminal como um de seus inspiradores para a prática do hip-hop e com o qual pretende manter um contato para futura parceria e até mesmo divulgar as musicas próprias compostas pelo As Novas Faces da Vida.

O grupo considera-se pronto para apresentações em escolas e outros espaços que lhe der oportunidades de mostrar a dança de rua praticada por adolescentes indígenas. O grupo é formado pelos adolescentes Ana Cláudia (17), Regina Porto (16), Adriana Viana (14), Rosilda Benites (13), Ana Kátia (12), Eliane Lopes (15), Júnior Reginaldo (12) e Genecir da Silva (12).

Segundo Márcia Pereira dos Santos, o sonho dos integrantes surgiu do interesse pela música hip-hop, quando tiveram acesso às músicas do Fase Terminal.

Brasil deverá replantar, até 2007, a mesma quantidade de florestas derrubadas

Agência Brasil – Até 2007 o Brasil deve conseguir replantar a mesma quantidade de florestas que derruba para uso de madeira e dos derivados das plantas. Anualmente, são cortados 500 mil hectares de florestas e replantados 350 mil. “Esse déficit deve ser dimínuído, ano a ano, com a ajuda de assistência técnica e crédito ao pequeno e ao médio produtor”, previu o diretor do Programa Nacional de Florestas do Ministério do Meio Ambiente, Tasso de Azevedo.

O crédito virá de programas como o Pronaf Florestal, que emprestará de R$ 2 mil a R$ 6 mil para o reflorestamento, com taxas de 4,25% ao ano e carência de oito anos. “Outros programas oferecerão créditos maiores, inclusive para cooperativas de produtores”, destacou o diretor, lembrando que o empréstimo não compromete a participação no Pronaf regular, voltado ao plantio agrícola.

A assistência técnica para o plantio de florestas já é oferecida na Mata Atlântica e chegará à Amazônia e à Caatinga por meio de várias organizações. “No sul do Pará há um grande consumo de madeira, transformada em carvão; no Mato Grosso e em Rondônia, a lenha é importante para a secagem dos grãos. Já na Caatinga nordestina, a lenha é importante para o funcionamento das casas e para a produção de cerâmica e gesso”, exemplificou Tasso de Azevedo.

Falando ao programa Nossa Terra, Nossa Gente, da Rádio Nacional da Amazônia, ele destacou que a meta de replantio foi estabelecida pelo próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Milena Galdino

Caciques Xavante alertam índios jovens contra uso de drogas

Funai – Prevenir é o melhor remédio. Esta foi a palavra de ordem da primeira oficina do 1º Encontro de Jovens Indígenas em Situação de Risco, promovida pela Coordenação de Educação da Funai, na Escola Municipal Deputado Mario Juruna, na Aldeia N.Sª de Guadalupe, no município de General Carneiro (MT). Os líderes da comunidade, em particular o cacique Aniceto Tsudzaweré, o diretor da escola, Luciano T. Paratsé e professores classificaram o encontro de “excelente” porque adverte os jovens indígenas contra os perigos do uso de drogas e das doenças sexualmente transmissíveis.

“Ótimo, surpreendente”, comemorou a educadora Helena de Biase, da Coordenação de Educação da Funai, uma das organizadoras do evento. Segundo ela, os resultados superaram as expectativas da Coordenação pelo nível de aceitação das comunidades Xavante, sua organização, o número expressivo de participantes, os bons índices de freqüência dos jovens e pais, pela iniciativa dos próprios palestrantes indígenas, que tomaram para si a apresentação dos motivos pelos quais estes encontros devem acontecer.

Adesão – Durante quatro dias, cerca de 150 índios, homens e mulheres, jovens e adultos de oito aldeias discutiram questões que atualmente colocam os jovens Xavante e os índios, de maneira geral, em situação de risco social, sobretudo em relação às doenças sexualmente transmissíveis, como Aids e hepatites. O mais importante é que as discussões estavam, sempre, ligadas à preservação da cultura e da tradição Xavante, comentou Helena. A preocupação quanto ao perigo dessas e de outras doenças advindas do uso de drogas como o álcool e outras, foi abordada por todos os palestrantes, em especial, pelo Cacique Aniceto Tsudzaweré.

Ele chegou a cobrar dos pais, de todos os líderes da comunidade observação rigorosa dos filhos e respeito aos ensinamentos dos mais velhos, que guardam toda a sabedoria, toda a história do povo Xavante e representam a continuidade de suas tradições. Aniceto deixou claro que, pelo menos em sua aldeia, não serão aceitos os vícios das cidades, para que todos tenham uma vida melhor dentro da comunidade.

Bruno Uhöno Omõiwe Tsupto, chefe do Núcleo de Apoio Local de General Carneiro era o mais entusiasta e o mais preocupado com a situação de risco a que estão expostos os jovens indígenas, em particular os Xavante. Foi ele que procurou acelerar a realização desse encontro. “É muito importante para os jovens entender a situação que se passa nas cidades. Os jovens das comunidades já estavam se iludindo, achando que a vida na cidade é fácil, e não tinham consciência do perigo da droga, do álcool, da prostituição, das doenças sexualmente transmissíveis”, esclareceu.

Pesquisa – Conforme Helena de Biase, a Coordenação de Educação da Funai já havia concluído, pelos levantamentos que fez junto às administrações regionais, que era necessário uma ação de prevenção e erradicação de riscos sociais. Ficou constatado, pelos dados colhidos, que 17das 62 administrações registraram problemas de consumo de drogas em aldeias por jovens indígenas.

Assim pensando, Bruno saiu na frente e solicitou que o primeiro encontro fosse feito entre índios das oito aldeias vinculadas ao Núcleo de General Carneiro, e que fossem discutidos temas como educação e saúde. Mas a ênfase dada pela comunidade nas questões das DST-AIDS não permitiu aprofundar as discussões sobre a educação indígena. Por isso, ele pretende sensibilizar a Funai para a realização de outro encontro ainda em 2004 para que sejam aprofundados os temas da educação e do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Todos foram unânimes em reafirmar a importância do encontro e a necessidade da realização de outros semelhantes. É preciso, segundo o índio Dario, estudante de Matemática na Universidade Federal de Mato Grosso, discutir e aprofundar os debates sobre todos os assuntos que possam de alguma forma advertir contra algum perigo para os jovens Xavante.

“Isso vai nos ajudar bastante, pois as crianças vão ter consciência do perigo que representam todos os tipos de droga, prostituição, que estão na cidade e que não fazem parte da nossa cultura. Se a nossa juventude aprende essas coisas ruins, futuramente vai deixar de ser índio, perder a identidade”. Por isso, completou Dario, é preciso prevenir. Para ele, o trabalho que está sendo desenvolvido pela Funai, com a realização dessas oficinas “atende aos desejos de desenvolvimento e preservação da identidade das etnias”. A próxima oficina será realizada em São Félix do Araguaia (MT).

Brasil é o novo conselheiro do Fundo Indígena das Américas

Funai – O Brasil disputou e superou Peru e Bolívia nas eleições para conselheiro do Fundo Indígena para o Desenvolvimento de Povos Indígenas da América Latina e do Caribe. A entidade aplica recursos em políticas indigenistas de desenvolvimento na América Latina e Caribe. A eleição dos 12 representantes do Conselho Diretivo do Fundo Indígena ocorreu no dia 25 de junho, durante a realização da VI Assembléia Geral Ordinária do Fundo para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas da América Latina e Caribe, em Santiago do Chile.

O presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, que representou o Brasil como convidado da assembléia, foi eleito com 14 dos 21 votos dos países membros da instituição. O Fundo Indígena tem por objetivo estabelecer um mecanismo destinado a apoiar os processos de auto-desenvolvimento de povos, comunidades e organizações indígenas da América Latina e do Caribe. Este fundo foi criado na Espanha em 1992.

Os recursos da entidade, cuja sede é na Bolívia, são oriundos da Comunidade Européia – principalmente Espanha e Portugal, e 19 países do Caribe e América Latina – e servem para alimentar projetos indígenas de desenvolvimento e preservação da cultura das etnias.

Os programas e os projetos apoiados pelo Fundo Indígena beneficiarão direta e exclusivamente os Povos Indígenas dos Estados da América Latina e do Caribe que sejam membros do Fundo Indígena ou tenham assinado um acordo especial com o Fundo para permitir a participação dos Povos Indígenas de seu país nas atividades do mesmo. O conselho para o qual o presidente da Funai foi eleito é composto de 12 membros, sendo seis índios, três representantes de países europeus e três de nações latino-americanas.

Países da OTCA definem plano de desenvolvimento para a amazônia

Agência Brasil – Representantes dos oito países integrantes da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) estão em Brasília para definir o plano estratégico de desenvolvimento e preservação da região para os próximos seis anos. Além do Brasil, integram a organização a Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.

A secretária-geral da OTCA, Rosalía Artega Serrano, disse que os países já estão trabalhando em parceria em ações como a descontaminação dos rios por mercúrio e na melhoria da qualidade de vida das populações amazônicas. Segundo Rosalía, a OTCA possui recursos iniciais vindos dos países-membros, mas depende de cooperação internacional para a execução de projetos.

“Nós vamos bater em todas as portas porque a OTCA é uma espécie de grande guarda-chuva para fazer os projetos nos países-membros. A organização não é um órgão executor, mas pode convocar e fazer com que aqueles recursos caminhem para a região”, afirmou.

A reunião da OTCA prossegue, nesta sexta-feira, no Hotel Blue Tree Park, em Brasília.

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Cecília Jorge