Presidente da Funai é favorável à criação de uma "mineralbrás"

Agência Senado – Em audiência pública na Comissão das Questões Fundiárias nesta quarta-feira (16), o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Mércio Gomes, disse ser favorável à criação de uma empresa para exploração mineral, que atue também em terras indígenas, conforme discussão que existe dentro do governo. Seria uma espécie de “mineralbrás”, mas, no ver de Gomes, teria de contar com uma orientação indigenista, para proteger os direitos dos índios e o meio ambiente.

Para o relator da comissão, senador Delcídio Amaral (PT-MS), a criação desse tipo de empresa traz preocupação, porque não se sabe como administrará a questão da exploração dos recursos minerais. Delcídio informou que a comissão está elaborando uma série de propostas para discussão com o governo.

– Não se trata de substituir a Funai pelo Senado. Será um processo interativo – explicou o senador.

Para o senador Augusto Botelho (PDT-RR), os índios devem ter autonomia para decidir sobre suas vidas, inclusive no que se refere à exploração dos recursos econômicos das reservas. O senador Paulo Elifas (PMDB-RO) lamentou que não exista uma ação voltada à legalização da exploração dos minérios em terras indígenas. Já o senador Valdir Raupp (PMDB-RR) afirmou ser contra a exploração mineral nas reservas, em razão dos problemas ambientais que pode causar.

Nesta quinta-feira (17), os membros da comissão estarão em Rondônia juntamente com dirigentes a Funai para visitar reservas indígenas, inclusive a reserva dos Cinta Larga, local onde 29 garimpeiros foram mortos pelos indígenas.

Mércio informou que o processo de demarcação de reservas está bastante avançado, faltando a homologação de algumas áreas. Já estão definidos os limites de reservas que ocupam 22% do território amazônico e 12% do território brasileiro. Ele previu que a demarcação de terras indígenas em Santa Catarina e Mato Grosso será problemática porque os índios estão confinado em pequenas propriedades. A reunião da comissão foi presidida pelo senador Mozarildo Cavalcanti (PPS-RR).

Escravidão e prejuízo ao meio ambiente na indústria canavieira

Estação Vida – Enquanto se comemora o aumento do consumo e da produção de álcool no Brasil, principalmente como combustível e bebida, os trabalhadores da monocultura da cana-de-açúcar denunciam a utilização de mão-de-obra escrava, o prejuízo ao meio ambiente causado pelas queimadas de cana e o uso do agronegócio como gerador de desigualdades sociais. Essas são algumas conclusões do Encontro da Comissão Pastoral da Terá (CPT) sobre o setor sucro-alcooleiro, realizado esta semana em Recife, Pernambuco. Em nota divulgada à imprensa, com o título “Açúcar com Gosto de Sangue” as 12 regionais da CPT, que atuam nas regiões de monocultura da cana, denunciam a exploração e violação dos direitos humanos, sociais e ambientais, e o favorecimento das atividades dos grandes oligopólios. “Vamos refletir e elaborar estratégias conjuntas de enfrentamento dos problemas advindos da nefasta expansão do latifúndio canavieiro, patrocinada pelas políticas internacionais de aumento do consumo do álcool”, diz a carta da CPT.

Durante a reunião, representantes das regiões produtoras de cana fizeram um panorama histórico de cada área. Foram apresentadas as experiências das plantações dos estados do nordeste (Pernambuco, Alagoas, Ceará, Bahia e Maranhão), sudeste (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais), centro-oeste (Mato Grosso do Sul e Goiás) e sul (Paraná). “Não tenho ouvido nada em relação ao Pró-Álcool (programa do governo de incentivo à produção de álcool), porque a expressão está gasta. Preferem falar em desenvolvimento sustentável, seqüestro de carbono, créditos de carbono, biorefinaria, biocombustível”, diz Antônio Thomaz Júnior, um dos participantes do encontro. Para ele, a questão da queimada da cana é polêmica, porque é um problema ambiental, mas investir no fim da queimada resultaria num batalhão de desempregados, numa região semi-árida que possui um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do mundo.

De acordo com o que foi apresentado no encontro em Pernambuco, a situação é de violência, crime organizado e tráfico de drogas. “Há uma guerra civil, com muitos assassinatos, seqüestros, perseguições, torturas, massacres, onde os homens dormem durante seis meses e nos outros seis trabalham em longas jornadas”, relata a experiência do Estado do Pernambuco, registrada em relatório da CPT. Alagoas é o estado que mais exporta mão-de-obra para as plantações do sul do país. Duas usinas foram fechadas e os grileiros se apossaram das terras das usinas falidas. Com o fechamento das usinas, cresceu o número de favelas.

A Bahia tem 79,7 mil hectares de cana cultivados em três regiões do estado. Numa delas, no Recôncavo Baiano, depois da crise do açúcar e do fim do Pró-Álcool, três usinas fecharam. No Ceará, a maior plantação está na região do Vale do Cariri, onde estão localizados 42 engenhos, três destilarias e uma usina. Dos 6 mil trabalhadores contratados, hoje não passam de 500. Lá, foi feita a denúncia de que a Delegacia Regional do Trabalho estaria sendo cooptada pela empresa para não fazer cumprir os direitos trabalhistas.Com a produção de rapadura e cachaça, a cana é uma das culturas mais tradicionais do Maranhão. Mas, a partir dos anos 80, com a chegada da empresa Agroserra, houve a contaminação de um dos rios que abastecem a capital. Na região do cerrado, observa-se o desmatamento e morte de boa parte da fauna e da flora. Há migração dos trabalhadores e denúncias de uso do regime de semi-escravidão.

São Paulo, na região sudeste, é responsável por 61% da produção nacional de cana-de-açúcar e de álcool. Segundo o relato da CPT, o progresso tecnológico caminha lado a lado com o trabalho escravo. “Nos últimos 20 anos, os grupos usineiros consolidaram um poder que não está restrito á planta fabril, mas tem também o poder sobre a matéria-prima, diferentemente dos outros estados. No Mato Grosso do Sul, as denúncias são ainda mais graves: casos de crianças que nascem sem cérebro e com câncer, uso de agrotóxicos e poluição dos rios. O Vale do Jequitinhonha (uma das regiões mais pobres de Minas Gerais, que integra o Polígono das Secas) é um dos maiores fornecedores de mão-de-obra canavieira para outros estados (70 a 80 mil pessoas por ano).

Hoje, no Brasil existem 324 empresas que absorvem 1,3 milhão de trabalhadores no setor. São 5,1 milhões de hectares plantados. Segundo o geógrafo Antonio Thomaz Júnior, que assessorava o encontro, a vigência do decreto que sinaliza para a redução gradual de queimadas até sua extinção total, prevista para 2015, deve ser debatida. “Não existe nenhuma ação concreta para discutir o que vai acontecer com os trabalhadores quando a produção for mecanizada”, alerta.

Com o aumento das vendas de automóveis adaptados para o consumo de álcool e gasolina e o reaquecimento das vendas de veículos a álcool (em 2003, foram vendidos 84 mil carros a álcool), a tendência é que se invista também no crescimento da produção de cana. “Reafirmamos a urgência da efetivação da Reforma Agrária e da valorização da agricultura camponesa como construção de outro modelo de agricultura e de sociedade. Apoiamos e convocamos toda a sociedade para aderir à campanha em favor do projeto de lei que pretende aprovar a expropriação das terras onde há a ocorrência do trabalho escravo, a PEC 40. Sentimo-nos desafiados a articular ações efetivas de denúncias das conseqüências perniciosas do chamado agronegócio da cana”, diz a nota da CPT. Entre as propostas do encontro, estão o enfrentamento do latifúndio sucro-alcooleiro, formação de trabalhadores, ampliação da campanha contra o trabalho escravo, formação de parcerias e apoio às ocupações dos latifúndios do agronegócio da cana.

Plantação de tabaco desmata 200 mil hectares por ano no mundo

Agência Brasil – A indústria do tabaco vem mudando a paisagem rural. Um conjunto de estudos divulgado hoje pela Organização Mundial de Saúde (OMS) mostra que, a cada ano, cerca de 200 mil hectares de matas e florestas são destruídos no mundo para dar lugar a plantações de tabaco. Na África do Sul, mais de 1,4 mil quilômetros quadrados de terras indígenas desapareceram para servir, por meio da madeira, de combustível para as indústrias de fumo.

“Cerca de cinco milhões de hectares de terras aráveis são utilizadas para plantar tabaco. Se no lugar de fumo fosse plantado alimento, seria possível acabar com a fome de 20 milhões de pessoas”, alertou a pesquisadora do Centro de Saúde Global e Desenvolvimento Econômico da Universidade da Columbia (EUA), Katharine Esson, em debate na 11ª reunião da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), em São Paulo.

Em parceria com a OMS, o Centro elaborou um documento que recomenda a não-inclusão do tabaco nas negociações comerciais entre países em desenvolvimento, sob pena de tornar ainda mais difícil a eliminação da pobreza e da fome.

Pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Marco Antônio Vargas, também participou da discussão realizada na Unctad sobre o impacto negativo da indústria tabagista nos países em desenvolvimento. Vargas apresentou dados sobre plantação e produção de tabaco no Brasil. De acordo com ele, o país é hoje o principal exportador de fumo e o quatro produtor. A região sul concentra 90% da produção, com cerca de dois milhões de hectares tomados pelo tabaco.

“Só na região do Vale do Rio Pardo, no Rio Grande do Sul, 25 municípios têm como base da economia a produção do fumo”, revela Vargas. Segundo ele, até 2001, 40% das verbas do Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf) eram destinados a pequenos produtores de tabaco. Na década de 90, somente uma empresa de cigarro teria recebido US$ 900 milhões em subsídios brasileiros.

“É um investimento com retornos muito duvidáveis. Os agricultores brasileiros recebem menos da metade do pagos pela empresas aos produtores dos Estados Unidos”, afirma o pesquisador da UFRJ. Para ele a solução está no incentivo à plantação de outros produtos, com potencial de contaminação do solo muito reduzido em relação ao fumo.

Na região sul, o Centro de Apoio aos Pequenos Agricultores (CAPA) já conseguiu envolver 12 municípios em um projeto de reconversão para a agroecologia. “Trata-se de um processo lento. Muitos agricultores desse projeto vão continuar plantando fumo até adquirirem segurança.”

Juliana Cézar Nunes

Programa incentiva plantio florestal para geração de energia

Agência Brasil – Para ampliar o estímulo ao plantio de florestas e a recuperação de áreas degradadas em todo o país, o PropFlora (Programa de Plantio Comercial de Florestas) passará a financiar também a cultura de espécies exóticas para a geração de energia. A decisão consta do Plano de Safra 2004/2005, que será anunciado nesta manhã (18/06) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O programa foi lançado em 2002 e beneficia associações, cooperativas e produtores rurais. Com o incentivo do PropFlora ao plantio de árvores exóticas de crescimento rápido, fornos para secagem de grãos, por exemplo, poderão ser abastecidos com espécies como o eucalipto, poupando as florestas nativas e reduzindo o desflorestamento. Também contribuirá para a geração de empregos e de renda, diversificação das atividades no campo e conservação da água e do solo.

Cada produtor poderá contar com recursos de até R$ 150 mil, somando R$ 50 milhões em investimentos. A liberação dos recursos, por conta do Banco do Brasil, será de acordo com as fases de preparação, de plantio e de manutenção das florestas.

Agricultura orgânica é valorizada nas compras do governo

Agência Brasil – O Programa de Aquisição de Alimentos do governo federal vai pagar até 30% a mais que o valor de mercado pelos produtos orgânicos da agricultura familiar. A decisão já está em vigor e foi tomada pelo Comitê Gestor do programa com o objetivo de incentivar a agricultura ecológica no Brasil.

Devido à produção pequena e à procura cada vez maior, os alimentos que não utilizam agrotóxicos são valorizados no mercado. Por isso, o Comitê decidiu que seria justo ampliar, também, o valor pago pelos produtos orgânicos utilizados em programas sociais como o Fome Zero. A agricultura familiar é responsável por 70% da produção agroecológica no País, uma alternativa para o aumento da renda das famílias rurais.

O programa tem o apoio dos ministérios do Desenvolvimento Agrário, Agricultura, Fazenda, Planejamento e Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Desde agosto de 2003, quando foi criado, mais de R$ 200 milhões já foram investidos na compra de produtos da agricultura orgânica. E o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) tem uma linha de financiamento específica para esse setor, oferecendo 50% a mais de crédito aos agricultores que queiram investir na agroecologia.

Mercado

“Este é um setor de vital importância para a agricultura familiar porque, além de proporcionar uma perfeita integração com o meio ambiente, insere os produtores em um mercado que só faz crescer no mundo inteiro”, afirma Arnoldo de Campos, coordenador de Geração de Renda e Agregação de Valor da Secretaria de Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário. “Isto não é só para incentivar, mas para aumentar a produção”, completa Jean Pierre Medaets, assessor técnico do mesmo ministério.

Hoje o Brasil é o país com o segundo maior número de propriedades de plantio orgânico no mundo. De acordo com dados da Söl Ecologia e Agricultura, uma organização não-governamental com sede na Alemanha, existem 19 mil agricultores brasileiros produzindo orgânicos, sendo 70% deles familiares. A Itália tem o maior número de propriedades “ecológicas”.

O presidente do Sindicato dos Produtores Orgânicos do Distrito Federal, Joe Carlo Valle, justifica o preço mais alto dos produtos: “A mão-de-obra tem prioridade e isto é um benefício num país com grande número de desempregados: ocupamos mais pessoas e assim resolvemos um problema social, uma das bases da agricultura orgânica.”

Adriano Gaieski

Investigação científica estuda morte de saguis no nordeste

Ibama – O Centro de Proteção de Primatas Brasileiros do Ibama, em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte e o apoio do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte – IDEMA, está realizando uma investigação científica sobre estado de saúde da população de sagüis no Parque Estadual das Dunas em Natal O objetivo é tentar descobrir o que vem provocando a morte de saguis.

Desde janeiro deste ano, um evento epidemiológico tem provocado a morte de sagüis-do-nordeste (Callithrix jacchus) da região metropolitana de Natal, especialmente do Parque Estadual das Dunas e arredores. Os animais apresentam alta debilidade física, com lesões na pele do abdomem e face, o que os leva à morte.

A partir do mês de abril, aumentou o número de registros de sagüis mortos ou moribundos. Por tratar-se de uma epizootia, a Gerência do Ibama no Rio Grande do Norte e o IDEMA acionaram às Secretarias Municipal e Estadual de Saúde. Foi montado um grupo multidisciplinar de trabalho para discussão e investigação, envolvendo ambas secretarias e respectivos órgãos vinculados, além do Ministério da Saúde, a FUNASA, a FIOCRUZ, o LACEN-RN, o IBAMA e o IDEMA.

A pesquisa pretende identificar os agentes patológicos que poderiam estar causando as mortes e, a partir dessa informação, subsidiar os órgãos de atuação ambiental, principalmente o Ibama, na tomada de decisões relacionadas ao manejo da população selvagem dos animais, bem como no controle sanitário dos saguis que estão em cativeiro em zoológicos e outros criadouros.

Alguns dos animais encontrados mortos foram necropsiados e tiveram material biológico coletado pela Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Norte para realização de exames bacteriológicos, histopatológicos e imunohistoquímicos em laboratórios especializados. Os resultados ainda não chegaram a nenhuma conclusão satisfatória. Os exames bacteriológicos isolaram apenas bactérias comuns, o que pode estar relacionado à contaminação do material durante a coleta ou manipulação.

Procuradoria da República denuncia senador por trabalho escravo

Agência Brasil – O procurador-geral da República, Claudio Fonteles, ofereceu denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o senador João Ribeiro (PFL-TO) e o administrador da fazenda dele, Osvaldo Brito Filho, por aliciarem 38 trabalhadores rurais e reduzi-los a condição análoga à de escravo.

O crime foi constatado pelo grupo móvel de fiscalização do Ministério do Trabalho, entre os dias 10 e 13 de fevereiro de 2004, durante visita à fazenda Ouro Verde, de propriedade do senador, no município de Piçarra, no Pará. A investigação foi motivada por denúncia de um trabalhador e da Comissão Pastoral da Terra da Diocese de Araguaína (TO).

Os trabalhadores dormiam em ranchos cobertos por folhas de palmeira, abertos nas laterais e construídos sobre brejos, o que provocava mau cheiro e umidade excessiva. Não havia acesso a água potável, nem instalação sanitária, cozinha ou refeitório. Segundo Fonteles, “a repugnante e arcaica forma de escravidão por dívidas foi o meio empregado pelos denunciados para impedir os trabalhadores de se desligarem do serviço”.

Eram descontados de suas diárias os valores gastos com alimentação e até com equipamentos de trabalho, como botina e chapéu. Em razão da longa distância entre a fazenda e a cidade, os empregados eram obrigados a fazer compras na “cantina”, onde os preços das mercadorias eram bem superiores aos dos mercados.

De acordo com o relatório dos fiscais do Ministério do Trabalho, além das condições degradantes a que os trabalhadores eram submetidos, ficou configurada a escravidão pelos trabalhos forçados “realizados aos sábados completos e aos domingos até o meio-dia, sem nenhuma folga semanal, bem como pelas jornadas exaustivas (de até 12 horas) e a restrição de locomoção por omissão do pagamento dos salários”.

De acordo com o procurador-geral, os acusados incorreram nas penas dos Artigos 207, § 1º; 203, § 1º, I e 149 do Código Penal, o que poderá acarretar reclusão de até 8 anos.

As informações são da Procuradoria-Geral da República.

Câmara discute biodiesel

Agência Câmara – A produção de óleo diesel de origem vegetal – o biodiesel – no País foi o primeiro tema a ser estudado pelo Conselho de Altos Estudos Tecnológicos da Câmara, por sugestão do deputado Ariosto Holanda (PSDB-CE).

Em novembro do ano passado, o órgão realizou uma exposição e uma videoconferência sobre o assunto, reunindo especialistas e estudiosos de todo o País. No momento, o Conselho está trabalhando na edição do primeiro “Caderno de Altos Estudos”, que trará os resultados da videoconferência. Essa será a primeira de uma série de publicações que o órgão pretende lançar, uma para cada tema em estudo. Como resultado do estudo sobre biodiesel, foi apresentado à Câmara o Projeto de Lei 3368/04.

Conheça o projeto

O PL 3368/04 obriga a adição de, no mínimo, 2% de biodiesel ao óleo diesel vendido ao consumidor final. O texto prevê a isenção de tributos federais para os agricultores familiares que cultivarem oleaginosas e tiverem capacidade de produzir até 100 toneladas por ano de biodiesel.

“Além de ser uma alternativa de combustível ecológico, não poluente, isso significará o começo de um programa efetivo de reforma agrária. Nós estaremos levando para o campo uma opção de trabalho com garantia de absorção da produção que essa terra vier a produzir”, explicou o presidente do Conselho, deputado Luiz Piauhylino (PTB-PE).

O biodiesel é um aditivo para motores de combustão interna derivado de fontes renováveis, como o dendê, a soja, a palma e a mamona. De acordo com o deputado Ariosto Holanda, o biodiesel puro reduz em até 68% as emissões de gás carbônico, em 90% as de fumaça, e elimina as emissões de óxido de enxofre. O parlamentar informa ainda que a queima dos combustíveis derivados do petróleo lança na atmosfera mundial mais de 6 bilhões de toneladas de gás carbônico por ano.

Reserva de mercado

O projeto determina ainda que as empresas distribuidoras de combustíveis criem uma reserva de mercado, comprando, pelo menos, 50% do biodiesel produzido. O texto também cria linhas de crédito específicas no Banco do Brasil e no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o cultivo de oleaginosas por agricultores familiares e para o financiamento das instalações das cooperativas ou associações desses produtores.

A proposta remete à Agência Nacional de Petróleo (ANP) a tarefa de fiscalizar o percentual de adição do biodiesel ao óleo e de expedir um registro de funcionamento para as cooperativas e associações.

O projeto foi apensado ao PL 6983/02, que trata do mesmo assunto, e está sendo analisado pelo deputado Luciano Zica (PT-SP) na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.

Reportagem – Mauren Rojahn e Márcio Salema
Edição – Natalia Doederlein

Ibama e PF apreendem animais silvestres no Pará

Ibama-PA – A operação Rosa dos Ventos, deflagrada pela Polícia Federal no dia 5 contou como o apoio do serviço de inteligência do Ibama no Pará. Cinqüenta e nove policiais coordenados pelo delegado Cristiano Barbosa Sampaio – Delegacia de Combate a Crimes Ambientais cumpriram sete dos nove mandados de busca e apreensão, expedidos pelo juiz federal Antonio Carlos Almeida Campelo, em residências e sítios em Belém, Ananindeua, Benevides, Santa Izabel e Castanhal.

A operação atingiu também as feiras livres na Avenida 25 de Setembro, Ver-o-Peso, Santa Izabel e Castanhal e o Aeroporto Internacional de Belém. Desde o início da operação,estão sendo confiscados e identificados os animais silvestres que, conforme estimativas dos agentes do Ibama, devem chegar a trezentos e vinte, entre quelônios (tartarugas, aperemas, tracajás); aves diversas (araras, papagaios, tucanos, corujas, periquitos); peixes (pirarucus), porco do mato, pacas, veados e até espécies ameaçadas de extinção como as ararajubas. Além da apreensão dos animais, todas as pessoas estão sendo autuadas pelo Ibama, conforme prevê o Artigo 29 da Lei 9.605/98, Lei dos Crimes Ambientais.

Os processos serão encaminhados ao Ministério Público Federal e os infratores responderão por crime ambiental contra a fauna. Segundo Marcílio Monteiro, gerente do Ibama no Pará, o órgão tinha conhecimento de que empresários mantinham de forma irregular exemplares da fauna em cativeiro. Os animais serão entregues a criadouros conservacionistas, comerciais e instituições de pesquisa científicas no Pará.

Zoológicos

Alguns empresários mantinham zoológicos particulares em seus sítios. Em um deles havia 10 jabutis, 10 cutias e 3 aves diversas. José Alencar, proprietário da Casa de Shows Lapinha, mantinha 1 pirarucu e 20 tartarugas. O empresário Marcos Marcelino possuia em cativeiro, 12 pássaros diversos, 5 ararajubas (espécie ameaçada de extinção), 2 araras, 21 papagaios, 1 tucano, 03 periquitos, 01 quati, 03 pirarucus e centenas de quelônios (tartarugas, tracajás, aperemas). Outros como Manoel Messias mantinham em seu sítio 3 veados, 3 pássaros, dezenas de peixes e quelônios. José Maria Mendonça foi autuado com 15 pássaros e 6 araras. André Dacier Lobato tinha com 3 araras. Foram confiscados no sábado, 58 animais silvestres entre pássaros, macacos e catitus em residências no Marco, Cremação, Batista Campos e Coqueiro e nas feiras livres da Avenida 25 de Setembro, Ver-o-Peso e Santa Izabel e Castanhal.

Histórico 

Esta é vigésima apreensão no Estado do Pará pelo Ibma, PF e BPA que já contabilizam mais de mil animais silvestres, entre répteis, aves e mamíferos e 7 leões, nos seis primeiros meses deste ano. Em 2003, as apreensões totalizaram, entre apreendidos e entregues de forma voluntária, 1.300 espécies da fauna silvestre amazônica.

Indigenista é ferido por índios arredios

O servidor da Funai, José Carlos do Reis Meirelles Junior, chefe da Frente de Proteção Etno-Ambiental do Rio Envira, no Acre, sofreu ontem, 06 de junho, às 7h, um ataque a flechas de índios arredios, provavelmente da etnia Jamináwa. O servidor José Áureo, que também já trabalhou na Frente do Envira e com quem o servidor Meirelles falou, via rádio, informou que o ataque ocorreu quando o indigenista estava pescando em uma lagoa, a aproximadamente 100m da sede, no momento em que ele desceu para tentar liberar a sua canoa que havia encalhado.

Segundo José Áureo, e por informação do próprio servidor Meireles, ele conseguiu retornar à base, de onde anunciou o incidente. O servidor informou ainda que fora flechado no rosto, no maxilar esquerdo; a flecha varou o rosto de Meireles e saiu na parte superior do pescoço. Os índios atiraram cinco flechas no funcionário da Funai, uma o atingiu.

Os primeiros atendimentos médicos foram prestados ao servidor Meireles ainda ontem às 18h por uma equipe médica transportada de Rio Branco por um helicóptero da Aeronáutica que foi resgatá-lo na sede da Frente de Proteção Etno-Ambiental. O próprio servidor já havia extraído a flecha do corpo e, embora tenha perdido muito sangue, os médicos entenderam que ele não corria risco de vida. Meirelles foi levado a Rio Branco hoje de manhã para ser submetido a exames e possível cirurgia.

O servidor José Carlos dos Reis Meirelles Júnior ingressou na Funai em 1971 e, desde então, tem trabalhado em áreas que têm índios isolados. Em 1975, trabalhou na Frente de Atração Awá-Guajá, no Maranhão. Em 1987, trabalhou na Terra Indígena Mamoadate, no Acre, posteriormente transformada em Frente de Proteção Etno-Ambiental Rio Envira, criada para impedir conflitos entre os índios Kampa e índios isolados que vivem na região entre a sede da frente e a fronteira com o Peru.