Mata Atlântica ganha parque nacional de 57 mil hectares

ISA – O Vale do Itajaí foi considerado uma das 80 áreas prioritárias para a criação de Unidades de Conservação (UCs), de acordo com a Avaliação de Áreas e Ações Prioritárias para a Conservação da Mata Atlântica e Campos Sulinos, trabalho desenvolvido por um consórcio de ONGs em 1999, sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente.

A Unidade de Conservação de Proteção Integral abrange parcialmente nove municípios – Ascurra, Apiúna, Blumenau, Botuverá, Gaspar, Guabiruba, Indaial, Presidente Nereu e Vidal Ramos – e abriga diversas espécies em extinção, entre as quais a canela-preta, canela-sassafrás, xaxim, gavião-pombo e papagaio-de-peito-roxo. De acordo com um estudo da Universidade Regional de Blumenau, existem pelo menos 845 espécies de flora e da fauna na região, que concentra ainda 78% dos mamíferos encontrados em Santa Catarina, 38% das aves e 47% das árvores e arbustos.

“As principais nascentes dos rios da região nascem no parque”, informou Wigold Schaffer, coordenador do Núcleo Mata Atlântica da Secretaria de Biodiversidade e Florestas do MMA. O Ministério do Meio Ambiente calcula que os mananciais do parque seria possível abastecer uma população de 2 milhões de habitantes.

A proposta de criação do parque foi encaminhada em 2000 pelo Conselho Estadual da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), que iniciou estudos em agosto de 2001, em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e em cooperação técnica com o Comitê Estadual da Reserva da Biosfera, finalizados em dezembro de 2002. Com a mudança de governo, foi formada uma força-tarefa com técnicos do MMA, do Ibama, da Universidade Federal de Santa Catarina, da Universidade Regional de Blumenau (Furb), da Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina, entre outros, para a realização de estudos complementares.

Em maio deste ano, foram organizadas audiências públicas em Blumenau, Indaial e Apiúna. Para atender à reivindicação de uma parcela da população local que temia que a criação da UC engessasse a atividade agrícola da região, habitada por cerca de 500 mil pessoas, a zona de amortecimento foi alterada de 10 quilômetros para 500 metros.

Com a finalização dos trâmites burocráticos e envio da minuta de decreto à Casa Civil, o anúncio da criação era aguardado desde o Dia Nacional da Mata Atlântica (27/5). Nova expectativa alguns dias depois, quando a ministra do Meio Ambiente anunciou a criação de quase 500 mil hectares de Unidades de Conservação durante as comemorações da Semana do Meio Ambiente.

De acordo com o decreto de criação da UC, o conselho consultivo, que deverá acompanhar a elaboração, implementação e revisão do plano de manejo do parque, deverá ser formado em 120 dias, com representação paritária de órgãos públicos e sociedade civil.

Em recente entrevista ao Instituto Socioambiental (ISA), o secretário de Biodiversidade e Florestas, João Paulo Capobianco, afirmou que assim que o parque fosse criado seria também assinado um termo de cooperação entre o Ibama e as prefeituras locais para o estabelecimento de critérios de acesso ao parque. Neste sentido, o decreto de determina que as culturas de espécies florestais exóticas existentes no interior da UC poderão ser exploradas por dois anos.

Cristiane Fontes. 

Grande Sertão Veredas, mais um passo na preservação do Cerrado

Ibama – Com a ampliação do Parque Nacional Grande Sertão Veredas, que passará a ter 231 mil hectares, a Unidade de Conservação tornou-se em um dos maiores parques nacionais do bioma Cerrado no Brasil. A ampliação engloba cerca de 120 mil hectares na Bahia (município de Côcos) e 30 mil em Minas Gerais (municípios de Formoso e da Chapada Gaúcha). A ampliação foi feita em ato solene no dia 21 de maio com a participação do vice-presidente da República, José Alencar e a ministra do Mio Ambiente, Marina Silva.

Criado em abril de 1989, inicialmente, com a área de 83.364 hectares, o parque funciona como uma caixa dágua, pois abriga áreas de recargas de aqüíferos e nascentes de importantes cursos dágua, que deságuam no rio São Francisco, contribuindo em cerca de 20% com a perenidade deste no período das secas. Além disso, a área é caracterizada pela existência de grandes áreas improdutivas devido às características do solos, porém essas áreas encontram-se extremamente conservadas e desprovidas da presença humana.

Ao longo de 2002, o IBAMA realizou os levantamentos que justificaram a proposta de ampliação embasados em pesquisas desenvolvidas na região por renomados pesquisadores e entidades ambientalistas. Todos os estudos apontaram para a necessidade de proteção da área ampliada, devido a sua grande diversidade biológica.

O IBAMA deu seqüência às audiências públicas, conforme prevê a lei do SNUC. Foram realizadas no dia 31 de maio e 1° de junho de 2003, três audiências públicas, no município de Côcos-BA, Formoso-MG e Chapada Gaúcha-MG com participação de cidadãos e de diversas instituições governamentais e não governamentais.

Desde o início das audiências públicas realizadas na região, a sociedade civil organizada desempenhou um papel importante de pressão visando fortalecer a luta pela ampliação do parque. No dia 18 de maio, mais de 100 ONGs assinaram e entregaram um manifesto à Presidência da República em apoio a ampliação do Parque.

Em dezembro, foi encaminhado ao Presidente da República um abaixo-assinado em apoio a ampliação do Parque feito durante a realização da Conferência Nacional de Meio Ambiente, com mais de 600 assinaturas.

Semana do Meio Ambiente no Parque

O Parque Nacional Grande Sertão Veredas realizará neste fim de semana, várias atividades culturais em comemoração à Semana do Meio Ambiente, aos 15 anos de sua criação e à sua recente ampliação. Entre elas estão a Gincana Ecológica, Olimpíada Ecológica, Rua de Lazer e a apresentação teatral do Grupo “Sagarana” com a peça “A saga do Sertão”.

Juliana Minardi

Funai recorre de decisão sobre Raposa Serra do Sol no STJ

Funai – A Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Advocacia – Geral da União entraram no Superior Tribunal de Justiça (STJ) com pedido de suspensão de liminar contra a decisão da desembargadora Selene de Almeida, do Tribunal Regional Federal, da 1a. Região, que não só manteve, mas agravou anterior liminar concedida pelo juiz Hélder Girão Barreto.

Da maneira como a desembargadora decidiu a homologação de Raposa Serra do Sol, com as exclusões da terra do Parque Nacional Monte Roraima, 150 Km de faixa de fronteiras, municípios e vilas e as zonas de expansão, rodovias estaduais e federais, imóveis de posseiros e plantações de arroz irrigadas, a Funai e a União entendem que tal postura implicará em danos irreversíveis à sociedade indígena, sobretudo em virtude da intensificação da ocupação de suas terras, feita de maneira ilícita pelos fazendeiros com apoio de políticos e garimpeiros da região, com o objetivo de dificultar cada vez mais a demarcação definitiva daquelas terras e permitir a exploração de riquezas minerais que possui.

Além do mais, com o estabelecimento de novos limites, todo o processo de demarcação será perdido e com ele todo o dinheiro público gasto, além de ser necessário o início de novo procedimento demarcatório e com ele mais despesas para a União. Para a Funai e outros órgãos do governo federal, o exemplo de Raposa Serra do Sol comprova que o processo demarcatório de terras indígenas no Brasil se agrava e abre possibilidades de conflitos por conta de ações judiciais protelatórias, as quais encontram eco nos tribunais de várias regiões do país.

Na Bahia, a transmissão de títulos de propriedade de terras a posseiros pelo governo estadual, em áreas indígenas dos povos Pataxó Hã-Hã-Hãe, resultou em mais uma batalha judicial que a Funai trava há 22 anos no STF para devolver as terras aos seus verdadeiros donos. No Mato Grosso do Sul, a Funai tenta devolver terras indígenas aos Kadwéu, demarcadas em 1902, processo este também que se arrasta há 20 anos no mesmo STF; e no Mato Grosso, os Xavante procuram recuperar suas áreas invadidas há 40 anos, com processo judicial que se arrasta indefinidamente, o que aumenta a agonia, o desespero e a miséria desses povos.

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Parceria e conscientização recuperam antiga capital de Goiás

Agência Brasil – “O maior guardião de uma cidade é sua população”. A frase do designer brasileiro Aloísio Magalhães sintetiza o dever do cidadão brasileiro: cuidar do patrimônio histórico é cuidar da própria existência. Lembrada pela arquiteta Salma Saddi, superintendente do Iphan em Goiás, mostra que não poderá haver memória nacional sem a preservação do patrimônio.

Na cidade de Goiás, antiga capital do estado, o visitante está cercado de sua herança. O município foi fundado pelo bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, em 1727 e quase três séculos depois, em dezembro 2001, foi reconhecido como Patrimônio Histórico Mundial pela Unesco. Apesar de todo carinho dos moradores, duas semanas depois de receber o título, a cidade passou por um terrível pesadelo. Uma enchente inundou as ruas da cidade carregando uma ponte histórica e destruindo o casario mais próximo das margens do Rio Vermelho.

O patrimônio, composto por 1.200 imóveis tombados pelo Iphan, 800 reconhecidos pela Unesco, teve 130 casas atingidas. “Foi uma tragédia. Nós tivemos 15 casas com perda total e o restante teve de ser totalmente restaurada”, explica a superintendente.

Cora Coralina

A maior atração da cidade de Goiás, a casa da escritora Cora Coralina foi um dos imóveis que mais sofreu com a enchente. Ela está situada ao lado do rio e só não foi totalmente destruída porque uma casa em frente amorteceu a violência das águas. “Por incrível que pareça, ela sofreu menos, sofreu parcialmente. A parte museológica ficou comprometida, mas a estrutura não foi abalada e conseguimos recuperar ”, disse Salma.

A administração federal, estadual e municipal, em parceria com o Iphan e a Organização Não-Governamental Casa de Cora realizaram a limpeza das casas e reciclaram todo material atingido pela água. A arquiteta lembra que a preservação do patrimônio é uma responsabilidade de todos, organizações governamentais e não-governamentais.

Ela ressalta que, sem um trabalho de parceria, não se pode chegar a lugar nenhum. “Um trabalho de qualidade dentro de um centro histórico exige que organizações não-governamentais, a sociedade civil e os governos se juntem na administração, o que a gente chama de gestão compartilhada”, destaca. E nesse contexto a educação patrimonial assume papel fundamental. “O cidadão tem que se sentir dentro desse processo histórico, sentir que essa é a cidade dele. Não é só o centro histórico que importa, é a cidade, como qualquer outra, que tem uma história a ser preservada”, aponta a arquiteta, para quem “é melhor educar do que notificar, mas é necessário que a gente tenha o poder público entendendo e apoiando essas atribuições também.”

O centro histórico da cidade foi completamente recuperado, segundo Salma Saddi, mas próximo ao leito do rio, a defesa civil condenou algumas construções irregulares que podem atrapalhar o fluxo das águas no caso de uma nova enchente. Para a arquiteta, se a cidade quiser evitar uma nova catástrofe é preciso combinar três medidas: o reflorestamento das margens do Rio Vermelho, a criação de um projeto educacional conscientizando a população para não jogar o lixo nas águas e ainda desocupar a área condenada pela defesa civil. “Tudo para promover a vazão das águas no caso de chuvas”, explica a superintendente do Iphan.

Marina Domingos

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– História no Brasil Central atrai turismo diferenciado (04/06/2004)

História no Brasil Central atrai turismo diferenciado

Agência Brasil – A preservação do patrimônio das cidades históricas é um atrativo a mais para os turistas, sejam eles brasileiros ou estrangeiros. Apesar de Pirenópolis e Goiás estarem um pouco afastadas dos principais centros urbanos do país, como o Rio de Janeiro e São Paulo, o turismo tem se desenvolvido bastante na região do Centro-Oeste, principalmente em função do casario antigo e das igrejas centenárias.

Na cidade de Goiás, o ponto turístico com maior número de visitantes é a Casa de Cora Coralina, onde viveu e morreu aos 95 anos a famosa poetisa. Recuperada depois da enchente no final de 2002, a cidade conta com diversos museus e igrejas que chamam a atenção dos turistas. Além da casa de Cora, o ateliê da artista plástica Goiandira do Couto e o Museu de Arte Sacra, com obras do mestre Veiga Valle, conhecido como o Aleijadinho de Goiás, enriquecem o roteiro turístico local.

“A cidade de Goiás é um destino bastante delicado. Conta somente com 800 leitos, mas tem a casa de Goiandira, a de Cora Coralina, entre outros atrativos. Não adianta imaginar que teremos milhões de turistas, mas que teremos aqui os melhores turistas, aqueles que querem ter uma experiência diferenciada, procuram por tranqüilidade”, ponderou o secretário de Turismo do estado de Goiás, Marcelo Safadi.

Para ele, as tragédias ocorridas tanto em Goiás quanto em Pirenópolis tiveram um lado positivo. Em Goiás, a taxa de ocupação das pousadas e hotéis atingia 40% no mês de janeiro, considerada baixa temporada, por causa das chuvas, e caiu a 10%. Já em Pirenópolis o efeito foi contrário. A imagem da igreja em chamas, pela televisão, chamou a atenção de várias pessoas que ainda não conheciam a cidade goiana. “Aquela enchente foi muito perversa do ponto de vista da notícia, o impacto que a cidade sofreu foi muito menor do que o noticiado. Na verdade foi boa a divulgação, porque ajudou a tornar a recuperação mais rápida”.

Produto

O secretário também indicou que a saída para os problemas enfrentados pelas cidades tombadas pelo patrimônio está no interesse da população e na parceria entre os gestores públicos. “As duas cidades estão como estão graças à população. O que nós estamos fazendo, do ponto de vista da gestão pública, é ensinar a essas comunidades como elas podem transformar esse patrimônio histórico e cultural em ativo econômico, como transformar esse potencial em produto, atraindo turistas”, considera.

Apesar do foco no turismo potencial da região, Safadi alegou que não pretende disputar turistas com destinos famosos e tradicionais como Salvador, Fortaleza ou Recife. “Estamos preocupados com a questão qualitativa, nós não temos a pretensão de disputar com essas cidades na perspectiva do receptivo internacional. Queremos oferecer a oportunidade de um produto diferenciado, que preserva a tranqüilidade para o turista poder experimentar uma cultura nova, não só de Goiás, mas de todo Brasil Central”, completa.

Marina Domingos

Tráfego de veículos pesados ameaça cidades tombadas

Agência Brasil – O que têm em comum cidades como Ouro Preto, Diamantina (MG),
Goiás (GO), Salvador (BA) Olinda (PE), São Luís (MA), Brasília (DF) e São Miguel
das Missões (RS)? São reconhecidas como Patrimônio Histórico Mundial pela
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco),
mas muitas vezes os próprios moradores desconhecem que têm de preservar a
história dessas cidades, repletas de monumentos como fontes, praças, igrejas e
casas.

Neste mês, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)
pretende apresentar um Plano Diretor de Gestão Compartilhada, com o objetivo de
promover ações articuladas nos diversos níveis da administração pública. A
intenção é dividir a fiscalização e as obrigações de preservação com as cidades
que são patrimônio da humanidade.

Em estudo realizado em 2002, durante o seminário internacional Reabilitação
Urbana de Sítios Históricos, o diretor de Patrimônio Material e Fiscalização do
Iphan, Marcelo Brito, já havia trazido a público as preocupações com a
preservação de áreas urbanas de valor histórico-cultural. Como resultado do
seminário, ele publicou o documento “Pressupostos da reabilitação urbana de
sítios históricos no contexto brasileiro”, onde nota o início de uma preocupação
maior por parte dos agentes governamentais, nas experiências urbanísticas, com a
preservação desses sítios.

Urgência

Já naquela época, Brito sugeria novos modelos e estratégias de gestão para
enfrentar o problema da preservação sustentável do patrimônio cultural urbano.
“No Brasil, apesar das tentativas realizadas ao longo das últimas três décadas,
da busca de formas mais adequadas para a preservação desse patrimônio,
reconhece-se cada vez mais a urgência quanto à articulação da política cultural
com as demais políticas setoriais que incidem sobre as cidades, como as de
desenvolvimento urbano, do meio ambiente, da educação, do turismo, entre
outras”, dizia o texto.

Muitas mudanças ocorreram de lá para cá e hoje, além da articulação do poder
público, Brito destaca a necessidade de regulamentar o trânsito de automóveis
nesses locais como fundamental para garantir a preservação do patrimônio
histórico. Ele ressalta que a maioria dos prédios foi construída num período em
que não existiam veículos pesados e que a trepidação é extremamente prejudicial,
causando contrações nas estruturas. “É esse o ponto: a dimensão do tráfego
pesado e, por outro lado, a natureza das construções, que podem ser mais sólidas
ou mais frágeis. Tem que ser levada em conta cada situação particular”,
explicou.

O diretor do Iphan lembra o caso ocorrido em Ouro Preto, onde por duas vezes
o mesmo chafariz foi atingido por um caminhão, no centro histórico da cidade.
Segundo ele, a situação de Ouro Preto está sendo analisada e deve servir de
exemplo para outras cidades tombadas pelo Patrimônio Histórico Nacional. Uma
delas é Olinda, onde a própria população tomou a iniciativa de proibir a
circulação de veículos pesados. “Na parte alta da cidade, a mobilização dos
moradores pela causa conseguiu impedir a circulação de veículos”, ressaltou
Brito.

Marina Domingos

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(04/06/2004)


História no Brasil Central atrai turismo diferenciado (04/06/2004)

Marina Silva prega a "sustentabilidade ética"

Agência Brasil  – Sustentabilidade ética. Para a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, esta é a palavra-chave para o desenvolvimento sustentável no Brasil e no mundo. Primeira palestrante da Conferência Internacional de Auditoria Ambiental, iniciada hoje, em Brasília, a ministra ressaltou a importância de se criar um novo ciclo civilizatório onde a relação dos países desenvolvidos com os países em desenvolvimento leve ao respeito na utilização da biodiversidade.

Segundo Marina Silva, o mundo continua sofrendo com o expressivo déficit na implementação de políticas ambientais capazes de assegurar às gerações futuras as riquezas naturais do presente. “Conciliar sustentabilidade ambiental, social e econômica ainda é um grande desafio”, afirmou a ministra, destacando que a auditoria ambiental pode ser uma ferramenta eficaz para o desenvolvimento sustentável.

Ela ressaltou que o Brasil tem uma grande responsabilidade dentro deste novo processo por deter 11% da água doce disponível, 20% das espécies vivas do planeta e a maior floresta tropical do mundo. Mas para cumprir com suas responsabilidades, segundo a ministra, é fundamental que se consolide uma nova cultura, onde o ato de cumprir as leis seja um desejo espontâneo de consciência ambiental.

Para tanto, Marina Silva afirmou que o governo brasileiro vem estabelecendo uma nova rota de desenvolvimento estruturada em quatro diretrizes básicas: crescimento sustentável, incremento da participação social, fortalecimento do sistema nacional de meio ambiente e a implementação de uma política ambiental integrada. Como exemplos, ela citou o Programa de Combate ao Desmatamento da Amazônia, que reúne 13 ministérios em ações integradas, e o novo modelo brasileiro para o setor elétrico, que a partir de agora passa a trabalhar antecipadamente com a variável ambiental.

De acordo com a ministra, no Brasil, a lógica do crescimento pelo crescimento já consumiu 94% da Mata Atlântica, 16% da Floresta Amazônica e dizimou várias culturas indígenas. “A opção por não fazer correto custa muito caro”, afirmou, ressaltando que o desafio do desenvolvimento com sustentabilidade é uma tarefa de toda a sociedade e não apenas dos governantes.

A contribuição do controle externo para o desenvolvimento sustentável é o principal tema da Conferência iniciada hoje. Segundo Marina Silva, a auditoria ambiental pode verificar se as empresas estão de fato cumprindo com a legislação ambiental e se os governos estão cumprindo a legislação e observando a variável ambiental em seus investimentos. “Sem dúvida este tipo de auditoria é uma ferramenta eficaz para o desenvolvimento sustentável”.

Governo destina R$ 7 milhões para financiar agricultura e artesanato indígenas

Agência Brasil – O Governo Federal está destinando R$ 7 milhões para financiar projetos de produção e comercializaçao de produtos agricolas e artesanato indígenas. O projeto é uma parceria entre os ministérios do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e Meio Ambiente.

A carteira de projetos “Fome Zero e Desenvolvimento Sustentável em Comunidades Indígenas” vai permitir que comunidades carentes produzam para o sustento das tribos e comercializem o excedente. Cada projeto terá financiamento máximo de R$ 50 mil. As tribos da região norte não terão prioridade porque “os índios dessa região estão mais amparados e possuem grandes áreas onde desenvolvem agricultura e pesca” explicou o Secretário Nacional de Segurança Alimentar, José Baccarin.

As comunidades que vão receber os recursos ainda estão sendo escolhidas. O principal critério é a dificuldade de acesso à alimentação digna. Com os recursos, os indios poderão comprar sementes, ferramentas e recuperar áreas degradadas. O governo não apoiará projetos de monocultura, ações que causem desmatamento ou poluição e plantio de sementes transgênicas.

Acordo promove reflorestamento em Rondônia

Agência Brasil – Acordo assinado hoje entre o Ministério do Meio Ambiente e o governo de Rondônia beneficiará milhares de agricultores do estado ao promover o reflorestamento de áreas desmatadas da região. Pelo acordo, uma mudança na lei estadual fará o índice de preservação de reserva legal voltar a ser de 80% em propriedades rurais e dará aos produtores rurais que desmataram mais do que o permitido um prazo de 30 anos para recompor 50% da reserva legal. Para a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, a parceria com o governo de Rondônia “vai efetivamente proteger as unidades de conservação, as comunidades indígenas, viabilizando um novo ciclo de desenvolvimento” na região.

A medida enquadra o zoneamento ecológico e econômico do estado de Rondônia na legislação federal. Por isso, o acordo fará com que muitos agricultores que atualmente tem dificuldades de acesso a créditos bancários possam apresentar o documento de averbação da reserva legal, facilitando este processo.

O estado de Rondônia terá como dever estruturar seu órgão ambiental, a Secretaria de Desenvolvimento Ambiental – Sedam, implantar e fortalecer o Conselho Estadual do Meio Ambiente e proceder à implantação e, quando necessário, a desintrusão das unidades de conservação estaduais. “Essa medida dá o direito ao setor madeireiro de continuar explorando com seriedade e competência, evitando a derrubada clandestina que está acontecendo”, declarou o governador de Rondônia, Ivo Cassol.

Segundo ele, o apoio e a parceria do Ministério do Meio Ambiente, da Sedam e o esforço de toda a sociedade, permitiu que o estado chegasse a esse acordo que é de fundamental importância para o desenvolvimento de Rondônia.

Embrapa desenvolve pesquisas sobre biodiesel

Embrapa – Pesquisadores da Embrapa Algodão (Campina Grande – PB) estão envolvidos em um projeto para a produção de biodiesel a partir do óleo da mamona. O trabalho pode ser conferido na IV Exposição Ciência para a Vida, de 18 a 23 de maio, em Brasília (DF), na Sede da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

A produção de biodiesel a partir do óleo da mamona é uma alternativa energética importante para um país como o Brasil, que busca soluções voltadas a reduzir a dependência externa de petróleo e a substituir o óleo diesel – o Brasil importa mais de 20% do óleo diesel que consome.

O biodiesel pode ser feito com qualquer óleo vegetal ou animal. Mas uma das vantagens do óleo da mamona é o seu custo baixo. Outra é o fato de não poluir o ambiente. A Petrobrás está interessada nesse tipo de tecnologia e já está com uma planta de produção (Usina) praticamente pronta em Esteio (RN), com capacidade para processar dez toneladas de baga de mamona por dia e até 3.650 toneladas/ano, o que corresponde a um plantio de aproximadamente 4 mil hectares. Uma segunda usina deverá ser implantada em Mossoró (RN), com capacidade para processar 200 mil toneladas de bagas de mamona por ano.

Principal produto da cultura da mamona, o óleo pode ser processado na indústria química nacional ou exportado e permite infinitas aplicações industriais, como lubrificante de turbinas, no processo de fabricação do náilon 6 e de resinas, tecidos, adesivos, cosméticos, fios, tubos plásticos e tintas utilizadas em pinturas de automóveis e em impressoras, e, ainda, em componentes utilizados nas telecomunicações e na biomedicina.

As exportações brasileiras de óleo de mamona dirigem-se principalmente para os Estados Unidos, Japão e Comunidade Européia. O Brasil é o terceiro maior exportador de óleo de mamona, participando com cerca de 12% do mercado mundial. Tem potencial para fornecer mais de 60% do biodiesel em substituição ao diesel hoje utilizado em todo o mundo.

Empregos – A cultura da mamona, uma das mais antigas plantas domesticadas pelo homem, é tradicional no Nordeste brasileiro, em especial no Estado da Bahia (principal produtor). A cultura possui um forte componente social, já que é cultivada principalmente por pequenos produtores. O biodiesel feito com óleo de mamona pode promover o emprego de milhões de pessoas na região Nordeste

Pesquisadores da Embrapa estão dando suporte técnico a diversos programas estaduais de incentivo à cultura da mamona em pelo menos cinco Estados nordestinos: Paraíba, Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia e Alagoas. A Empresa dispõe de um banco de germoplasma de mamona de grande variabilidade genética, com cerca de 300 acessos (diferentes variedades de mamoneiras).

As cultivares desenvolvidas pela pesquisa possuem boa produtividade e alto teor de óleo. Esses fatores contribuem para o aumento da renda dos produtores e melhor funcionamento da cadeia produtiva, elevando a quantidade de empregos nesse setor. A área plantada hoje no Brasil está em torno de 160 mil hectares. O valor da produção, estimado em aproximadamente R$130 milhões. A produtividade  média nacional é de aproximadamente 800 kg/ha, mas com alguma tecnificação facilmente se alcançam 1.500 kg/ha.

A Exposição Ciência para a Vida é promovida de dois em dois anos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e pela Embrapa e tem como principal objetivo mostrar ao público urbano que os resultados da pesquisa agropecuária melhoram a qualidade dos alimentos e a vida da população brasileira. A Exposição reúne as 40 Unidades da Embrapa e empresas parceiras, como universidades, instituições estaduais, órgãos de fomento à pesquisa, governamentais e não governamentais, organismos internacionais e empresas públicas e privadas do Brasil e do exterior. O evento é gratuito e aberto ao público de 10 às 22 horas, de 18 a 23 de maio. Os estandes estão montados em frente à sede da Embrapa, localizada no Parque Estação Biológica, no final da W3 Norte, ao lado da Ponte do Bragueto.

Dalmo Oliveira e Marita Féres Cardillo

Mais informações:
Assessoria de Comunicação Social da Embrapa
Telefone: (61) 448-4113 / 448-4012 / 340-7015