Convênio entre Funai e UnB beneficia índios

Funai – O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai) assina, nesta sexta-feira (12), convênio com a Universidade de Brasília (UnB) que visa o ingresso de estudantes indígenas na Instituição. Essa é a primeira vez que uma universidade federal do país destina vagas específicas para índios. A previsão é de que em dez anos, 200 estudantes sejam graduados em um dos cursos oferecidos pela UnB.

O projeto é uma das ações do Plano de Metas para a Integração Social, Étnica e Racial.A partir de 2005, os candidatos serão selecionados anualmente por um Comitê Gestor integrado pela  Funai, FUB, MEC e representantes indígenas. No entanto, a primeira fase terá início ainda neste semestre, quando a UnB deverá receber os 15 índios que estudam em faculdades particulares do Distrito Federal. A prova de conhecimentos em matemática e português ocorre neste sábado (13).

O exame é semelhante ao que vem sendo aplicado aos alunos transferidos de outros estados. “Estamos animados porque é uma grande chance de aumentarmos as oportunidades do ensino médio para os índios. O reflexo disso começa a chegar às salas de aula do ensino superior. Com isso, abrimos uma porta para, mais tarde, termos, por exemplo, futuros médicos vindos da própria comunidade indígena”, comemora o presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes.

A idéia é que outras universidades públicas venham a aderir ao projeto, uma das metas da Coordenação de Educação da Funai. “Estamos trabalhando para isso”, comenta a coordenadora de Apoio Pedagógico, Neide Martins Siqueira. Ela destaca que, além de poucos, os índios acabam nas escolas particulares porque não têm condições de passar nos vestibulares mais concorridos das federais e estaduais.

A população indígena no Brasil é de aproximadamente 400 mil habitantes, distribuídos em 215 etnias diferentes e que falam 180 línguas distintas. Perto de 1,3 mil indígenas estão matriculados no ensino superior. Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) apontam que 1,2% dos universitários da região Centro-Oeste são índios; 3,9% são da região Norte, 1,1%, da Nordeste e 0,5 e 0,7%, respectivamente, da Sul.

Além da UnB, outras três universidades brasileiras atendem aos índios. A Universidade Estadual do Paraná, por meio do programa de cotas e a Universidade Federal de Roraima e a Estadual do Mato Grosso do Sul, que oferecem cursos para que os índios se tornem professores bilíngües.

Crescimento agrícola ameaça os répteis do Cerrado

Agência Brasil – ABr – O Cerrado é apontado hoje como um dos mais ricos biomas brasileiros, mas ainda é pouco conhecido. Um dos seus principais habitantes são os lagartos, répteis que podem alcançar 1,5 metro no Brasil e até três metros em outras regiões do planeta. Preocupado com a ameaça de extinção que paira sobre esses animais, Guarino Colli, professor da Universidade de Brasília (UnB), coordena um grupo de pesquisas de herpetólogos (estudiosos de répteis e anfíbios), cujo objetivo é buscar informações sobre a distribuição geográfica, os hábitos, a dieta, a reprodução, o comportamento e a identificação das espécies de lagarto no Cerrado.

“No Cerrado existem cerca de 50 espécies de lagartos. Quando encontramos uma espécie sem identificação, ela tem que ser descrita em uma publicação especializada. Só a partir de então, o nome da espécie passa a existir para a comunidade científica”. Cerca de 25% das espécies de lagartos do Cerrado são endêmicas, ou seja, são originárias dessa região, observa Colli.

Esses animais vivem em quase todos os ambientes (subterrâneos, aquáticos, terrestres e arbóreos). A maioria tem quatro patas e coloca ovos, mas existem alguns que são vivíparos – a fêmea gera filhotes. Alimentam-se dos artrópodes (insetos, aranhas, escorpiões, grilos e formigas), mas há também os herbívoros que preferem as plantas, caso das iguanas. Além de serem, na maioria, animais de hábitos diurnos, alguns indivíduos são crípticos, quer dizer, têm a capacidade de se camuflar no ambiente.

Segundo o pesquisador, os lagartos brasileiros só mordem quando ameaçados, mas não são venenosos. Os que têm essas características só são encontrados nos Estados Unidos, México e Guatemala. Colli diz que curiosamente algumas pessoas acham que o jacaré é um lagarto mas, na verdade, o jacaré é mais aparentado com as aves que com os lagartos. Já os dragões da Ilha de Komodo, na Indonésia, esses sim são lagartos. Além disso, explica o professor, as cobras são lagartos sem pernas.

Colli conta que a ameaça de extinção desses animais é reflexo da indiscriminada ocupação do Cerrado, apesar de ver uma robusta inquietação com o meio ambiente por parte dos órgãos governamentais. “Todos vimos o que aconteceu com a Mata Atlântica, no início do século XX e hoje há uma preocupação enorme com a sua recuperação. Os pecados do século passado ainda podem ser perdoados, já que não havia uma consciência preservacionista na sociedade. Hoje, a sociedade já sabe quais as conseqüência do desmatamento. Mas, mesmo assim, estamos vendo a repetição dos mesmos erros”.

“O Cerrado tem uma área maior do que a Mata Atlântica. Se não frearmos esse desmatamento, dentro de 20 anos o Cerrado desaparecerá. É um problema complexo porque envolve uma questão econômica. O Brasil depende muito da exportação para ter a balança comercial positiva. Boa parte da exportação é feita por meio dos grãos, da soja, do milho. E o Cerrado é grande produtor dessas sementes”, destaca Colli.

Na opinião do pesquisador, em função do fator econômico muitas pessoas fecham os olhos para os problemas ambientais. A soja, hoje, é a principal causa da ocupação do Cerrado. “Na Constituição Brasileira, os ecossistemas são protegidos por lei como a Amazônia, a Caatinga e a Mata Atlântica, mas o Cerrado sequer é mencionado. Isso porque é fronteira agrícola. Tem muita gente ganhando dinheiro com a produção de soja. Se produz muito hoje e isso é bom, mas e daqui a 20 anos quando não tiver mais Cerrado?”, indaga.

Há nove espécies de lagartos que já integram as listas de animais ameaçados de extinção no Ibama. Além da questão da cultura da soja, eles são mortos também por causa da valorização do couro para a confecção de roupas e calçados. E há ainda os apaixonados pelos bichos que os compram como animais de estimação e alimentam o tráfico de animais. Uma das espécies mais comercializadas é a iguana.

“Sou contra a domesticação desses animais porque, em primeiro lugar, é ilegal. A Legislação nacional diz que não se pode manter animais silvestres em cativeiro, a não ser mediante uma licença do Ibama. Esse tipo de atividade estimula o tráfico, além de, em casa, não se ter as condições adequadas para manter esses animais”, afirma Colli.

No Brasil não temos muitos problemas de tráfico (importação) desses animais. Na Europa e nos Estados Unidos, o tráfico tem sido um problema constante. Tem muita gente criando esses bichos em casa e boa parte sai ilegalmente de países como o Brasil. “Isso pode prejudicar a cadeia alimentar de ecossistemas desses países. Se esse animal cai no ecossistema, ele se torna uma presença exótica, desequilibrando todo o meio ambiente. Ainda não temos problemas desse nível no país, mas começamos a identificar problemas com a rã-touro-gigante, proveniente de outros países”, comenta o pesquisador.

Uma das queixa de Colli é que, apesar de toda essa riqueza do Cerrado, Brasília não tem um museu de história natural. “Qualquer país da América do Sul tem o seu em sua capital. Eles têm um papel muito importante na vida cultural da cidade, servindo como incremento à educação, como um lugar que desenvolve ciência e pesquisas. Brasília perde muito nesse aspecto da vida cultural, pois praticamente a única mostra de história natural é o Zoológico que, apesar de todas as limitações, é a única opção para ser ver a fauna do Cerrado e se aprender alguma coisa a respeito dela”, ressalta.

Para Colli, a inexistência de um museu em Brasília é uma questão política. Falta visão aos governantes para compreender o potencial desse espaço. “Temos aqui no departamento de Zoologia do Instituto de Ciências Biológicas da UnB, uma das mais importantes coleções da fauna de anfíbios e répteis do país. Certamente a maior do Centro-Oeste. São em torno de 40 mil espécimes. Todavia, não temos estrutura para deixar que pessoas venham ver os animais. A universidade tem várias coleções científicas espalhadas nos departamentos que poderiam contribuir para a consolidação de um Museu de História Natural, que demanda tantos esforços do governo. Coleções científicas não só atendem aos cientistas, mas também à sociedade em geral em termos de lazer, educação e turismo”, lembra.

“A nossa maior preocupação é com a conservação do Cerrado. Temos nos esforçado para nos tornar um centro de excelência do Cerrado. Muito do que podemos fazer, se perde, porque a informação que produzimos não chega ao grande público. A universidade fica, muitas vezes, afastada. Se tivéssemos um Museu de História Natural em Brasília, todos sairiam ganhando e muito mais poderiam aprender sobre o que o Cerrado tem”, conclui o pesquisador.

Camila Cotta

Funai reconhece Yvy Katu como dos guaranis

Funai – No dia 02 de março o presidente da Funai, Mércio Gomes, em despacho datado de 27 de fevereiro último, aprovou os estudos de identificação da Terra Indígena Yvy Katu, de ocupação do grupo tribal Guarani/Nhandeva, localizada no município de Japorã, Mato Grosso do Sul. A identificação dessa área, com 9.454 hectares, era reivindicada há mais de um século pelos Guarani/Nhandeva. A demora no seu reconhecimento provocou tensão na região, hoje ocupada por 14 fazendas.

Os estudos de identificação concluíram que a área invadida pelos fazendeiros era de fato de ocupação tradicional pela nação Guarani/Nhandeva. Na verdade, Yvy Katu é a denominação dada pelos índios para o espaço territorial identificado, que é uma ampliação da Terra Indígena Porto Lindo.

Etapas  – A identificação da terra pela Funai, no entanto, não significa que os índios podem tomar posse das terras reconhecidas imediatamente porque há outras etapas do processo a serem vencidas. Após a publicação do Relatório de Identificação no Diário Oficial da União, abre-se o prazo de 90 dias para que sejam feitas as contestações ao trabalho da Funai.

Recebidas as contestações, a Funai tem prazo de dois meses  para analisá-las. O resultado da análise é, então, encaminhado ao Ministro da Justiça, que terá 30 dias para aprovar ou não o trabalho da Funai. No caso de aprovação, o ministro manda publicar portaria declarando a área de “posse permanente da comunidade indígena”. O próximo passo é a demarcação da terra e,  por último, a sua homologação pelo Presidente da República.

A área foi palco de disputa entre índios e proprietários desde dezembro de 2003 quando os guaranis invadiram cerca de 14 fazendas da região, fronteira com o Paraguai. A polêmica mobilizou o estado e chegou até a presidência da República, Lula pediu atenção especial ao caso. Um índio chegou a ser baleado e vários conflitos entre indígenas e proprietários foram registrados. Agora, a situação está controlada, apesar de continuar uma guerra judicial sobre a área.

Relatório da Comissão de Direitos Humanos

Rota Brasil Oeste – O deputado Orlando Fantazzini (PT-SP) esteve hoje no ministério da Justiça para entregar oficialmente ao ministro Mácio Thomaz Bastos o relatório da Comissão de Direitos Humanos sobre questão indígena.

O trabalho é resultado de uma caravana realizado ao longo de 2003 na qual os deputados visitaram 7 estados, dezenas de aldeias e realizaram audiências pública sobre o tema.

Uma das cobranças dos parlamentares é uma ação mais unificada da Funai. Eles constataram que o órgão vive situações muito distintas em cada região. Em alguns casos, os servidores são ameaçados de morte por ajudarem os índios a se defender. Em outros, fazem o jogo de políticos locais.

O grupo também pede maior agilidade na demarcação e homologação de terras indígenas, e destaca o caso de Raposa Serra do Sol.

Polêmica sobre Raposa Serra do Sol se arrasta

MJ e Funai – Os ministros da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, reafirmou nesta
quinta-feira que o governo fará a homologação da terra indígena Raposa Serra do
Sol, em Roraima, de forma contínua e garantiu que o processo só será
implementado após o anúncio de uma série de medidas legais e jurídicas para
viabilizar a regularização fundiária no estado de Roraima. Thomaz Bastos
participou, juntamente com o ministro da Defesa, José Viegas Filho, e o
presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Mércio Gomes, de audiência
pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional no Senado Federal,
para falar das ações do governo em relação à questão indígena.

Thomaz Bastos destacou que a complexidade da questão torna impossível
apresentar solução única para o problema. É necessário, disse, pensar propostas
que atendam às situações específicas de cada caso. Segundo o ministro, a
diferença deste governo é o fato de que todos os conflitos serão resolvidos da
maneira mais serena possível, procurando atender de maneira justa aos lados
envolvidos. Ele reafirmou o compromisso do governo em homologar todas as terras
indígenas do país até o final do mandato.

Para Roraima, por exemplo, o governo criou um Grupo de Trabalho
Interministerial, coordenado pela Casa Civil, e um Comitê de Viabilização
Econômica, liderado pelo ministério da Justiça, para tratar do assunto.
“Seguimos uma determinação do próprio presidente de não tomar nenhuma
providência sem que houvesse tudo muito bem acertado”, disse Thomaz Bastos.

Presidente da Funai garante que homologações serão
concluídas

 
Senadores de vários partidos reunidos na
Comissão de Relações Exteriores e Segurança Nacional do Senado questionaram hoje
de manhã as decisões sobre demarcação e homologação de terras indígenas do
Ministério da Justiça e da Fundação Nacional do Índio. O foco principal da
audiência foi a homologação da Raposa/Serra do Sol, área indígena de Roraima, na
fronteira com a Guiana e a Venezuela, já demarcada e pertencente a três etnias:
Makuxi, Wapixana, Ingariko e Taurepang.

O presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, foi interpelado pelos senadores,
sobretudo, quanto à estrutura da Funai para promover a demarcação de terras e a
fiscalização, as razões pelas quais a fundação propôs homologar faixa de terra
segundo eles tão vasta quanto a de Raposa/Serra do Sol, para etnias tão
distintas e pouco numerosas, no formato de terra contínua, e não em forma de
arquipélago, como desejam plantadores de arroz da região e outros ruralistas não
índios que desenvolvem práticas agropecuárias.

Ao ouvidor do senador Juvêncio da Fonseca (PDT/MS) que a Funai era um dos
órgãos mais problemáticos do governo, sem condições de promover a demarcação de
terras indígenas, Mércio respondeu que sentia orgulho pelo cargo que ocupa. A
fundação, segundo o antropólogo, passa por um processo de transformação, opera
hoje em parceria com diversas instituições federais e está se estruturando para
pagar uma dívida histórica do país com os indígenas, dívida esta que começa com
o processo de colonização e o genocídio dos índios.

“Estamos determinados a garantir os direitos dos índios e assegurar que eles
permaneçam nas terras onde habitam”, afirmou Mércio, apesar das críticas de
alguns senadores. O presidente da Funai lembrou que um dos sinais de avanço da
política indigenista brasileira foi o aumento da população que passou a 410 mil
nos últimos 40 anos. Além disso, a parceria com a Funasa, que atende à saúde
indígena, e os convênios com o Ministério da Educação, permitiram a melhora da
saúde e a inserção do índio no ensino universitário. “Temos hoje 1.300 índios em
várias universidades brasileiras e a idéia é aumentar esse número”,
exemplificou.

Homologação

Após ouvir críticas dos senadores em relação a forma como a Funai vem
conduzindo a demarcação de terras indígenas, Mércio foi enfático: “A despeito
das críticas, o diálogo com os atores envolvidos na questão continua, mas vamos
concluir as homologações”. O presidente lembrou que 70% das terras já foram
demarcadas e que “isto é uma honra, uma glória para o país”, e garantiu que os
30% restantes passarão pelo mesmo processo, ainda neste governo.

O senador Jefferson Perez criticou a decisão da homologação da Raposa/Serra
do Sol alegando que ali conviviam várias etnias que rivalizavam entre si e que
falavam línguas diferentes, por isso não haveria razão para a homologação em
faixa contínua. Perez ressaltou que no caso dos ianomâmis a situação era
diferente porque a etnia não enfrentava esse tipo de problema. Mércio redargüiu
com argumentos antropológicos. Mostrou que o caso dos ianomâmis não era
diferente. “Os ianomâmis também tinham suas rivalidades e há grupos que falam
línguas diferentes, no entanto a homologação, ao contrário do que pensa o
senador, só trouxe benefícios”.

Ele citou ainda como exemplos, o Parque Nacional do Xingu, onde as
comunidades indígenas falam 12 línguas distintas. “Isto prova que a demarcação e
a homologação de terras indígenas, pelo contrário, ajuda a harmonizar e a
repactuar os territórios e as comunidades, e a mesma idéia serve para
Raposa/Serra do Sol”. Segundo o presidente da Funai, a homologação desta área
servirá de exemplo para o Brasil e para elevar a auto-estima dos povos indígenas
que habitam aquela região.

Reestruturação

O presidente encerrou suas palavras mostrando que está em curso o plano de
reestruturação da Funai, que passa pelo plano de cargos e salários, além de
outras medidas. “Faremos concurso público este ano para o preenchimento de 570
vagas, sendo 420 para o nível médio; temos acordos de cooperação técnica com
vários órgãos e entidades para melhorar a saúde indígena, como vem acontecendo
com a parceria com a Funasa; no ensino, com o Ministério da Educação e várias
universidades, entre outras ações que só trarão benefícios para as comunidades
indígenas”.

Sobre os conflitos no Mato Grosso do Sul, Mércio garantiu que as benfeitorias
promovidas pelos ruralistas em suas fazendas com áreas reocupadas pelos índios,
serão indenizadas.

Leia mais:

– Povos
indígenas de Roraima pedem homologação imediata

– Procuradora
defende homologação de Raposa-Serra do Sol

– Relatório
sobre Raposa Serra do Sol fica pronto no dia 09/02

– Os índios e
a fronteira

– O lugar do índio

Desmatamento se aproxima dos 25,5 mil Km² na Amazônia

Agência Brasil – Mesmo sem concluir seu levantamento sobre o desmatamento na Amazônia o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de São José dos Campos (SP), informou ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) que a taxa de desmatamento está próxima dos 25.476 Km² registrados entre 2001/2002. Essa área é igual à de Alagoas e a segunda maior perda já registrada.

A taxa se aproxima do recorde de desmatamento de 29.059 Km², computados entre 1994/95. O secretário de Biodiversidade e Florestas do MMA, João Paulo Capobianco, reconhece que o índice continua “altíssimo”. Mas diz que desde 1997 o desmatamento apresentava uma “curva ascendente rigorosa”, quadro que, segundo ele, não se pode reverter de imediato.

Brasil terá programa de atendimento às emergências ambientais

Agência Brasil – O Brasil vai contar com o programa de prevenção e atendimento às emergências e acidentes ambientais até junho. O anúncio foi feito ontem pelo secretário-executivo do ministério do Meio Ambiente, Cláudio Langoni, durante o Fórum Internacional Petróleo, Meio Ambiente e Imprensa, realizado em Salvador.

De acordo com Langoni, o programa servirá como contraponto às decisões sem fundamentos tomadas em casos repentinos de desastres ambientais. Para isso, contará com o apoio do Ibama, estados e municípios. Uma das características do programa é que terá em seu quadro um corpo técnico altamente capacitado para tomar as devidas providências nos momentos certos.

O secretário-executivo explicou que em muitas ocasiões o que se resolve até a primeira hora após o acidente pode evitar danos maiores à natureza. Citou o caso da disseminação de óleo combustível na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, em 2002, quando se perdeu muito tempo tentando encontrar os culpados pelo acidente em vez de conter com maior velocidade o deslocamento do óleo no mar.

Langoni afirmou que entre as diretrizes do programa está também a divulgação de informações mais urgentes e objetivas à população, para que o pânico seja evitado e que providências possam ser tomadas com maior clareza.

Cupuaçu: registro da marca é cancelado no Japão.

Agência Brasil – As multinacionais Asahi Foods e Cupuaçu International que registraram a palavra cupuaçu no Japão como marca exclusiva tiveram o registro anulado pelo Escritório de Marcas e Patentes japonês. Advogados de São Paulo trabalharam por um ano com ações e recursos em Tóquio para impedir que o nome se transformasse em uma marca privada japonesa.

“É possível que eles ainda recorram ao Tribunal Superior de Tóquio, mas acreditamos que mesmo lá será difícil reverter a decisão”, diz a advogada Esther Miriam Flesch, sócia da Trench, Rossi & Watanabe, escritório que comandou a ação. Adriana Ruiz Vicentin, uma das autoras da ação de cancelamento, explicou à Agência Brasil que baseou o recurso no fato de cupuaçu ser o nome de uma matéria-prima. Pela Convenção da União de Paris, de 1883, e outros acordos multilaterais posteriores, as matérias-primas, animais ou vegetais, não podem ter seus nomes populares registrados.

Os advogados brasileiros alertaram o escritório que o cupuaçu, enquanto marca registrada, poderia ser usado para denominar óleos e gorduras comestíveis vindos de outra fonte que não a própria fruta, lesando, assim, o consumidor. “Esses dois argumentos foram aceitos integralmente pelo escritório japonês de Marcas e Patentes”, explica Adriana Vicentin.

Essa foi a segunda derrota sofrida pela Asahi Foods neste ano. Segundo a advogada, a empresa perdeu, há poucas semanas, o registro da patente do chocolate Cupulate, feito a partir da semente da fruta. “Foi provado que a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) já tinha uma técnica idêntica de industrialização”, comenta. Na Cupuaçu Internacional o slogan para o Cupulate era “A resposta da Amazônia para o chocolate”.

Apesar de a notícia ser boa para os produtores brasileiros, a batalha pela não-privatização do nome cupuaçu está longe do fim. O Ministério das Relações Exteriores acompanha um caso semelhante que ocorre na União Européia, onde já tramita uma ação de contestação. Nos Estados Unidos também existe a tentativa de se registrar a marca cupuaçu, mas organizações não-governamentais brasileiras e estrangeiras se armam para enfrentar a batalha judicial.


Registro

O cupuaçu foi registrado no Japão em 1998, mas o Brasil só descobriu a patente quatro anos depois quando uma cooperativa de produtores de doces foi impedida de exportar derivados da fruta com esse nome para a Alemanha.

Genuinamente brasileira, a fruta de sabor exótico, ao mesmo tempo ácido e doce, é da mesma família do cacau e sua polpa é usada no Brasil e nos demais países amazônicos em sucos, iogurtes, sorvetes, geléia e tortas. Conhecida dos índios amazônicos há séculos, é utilizada por algumas tribos como bálsamo para partos difíceis.

Veja também:
Japão anula registro do cupuaçu como marca multinacional

Saiba mais sobre Processo de reconhecimento de Terra Indígena

1a Fase – Identificação:

Formação do grupo de  técnicos (GT) que, ao lado da comunidade indígena envolvida, irá identificar e delimitar a área. Nesta etapa, são feitos estudos e levantamento de campo além de relatórios e análise pela FUNAI das possíveis contestações ao território determinado.

2a Fase – Declaração:

O ministro da Justiça analisa a proposta e os estudos sobre a terra indígena elaborada por GT e aprovada pela FUNAI. Caso a resposta seja negativa, o processo volta à fase inicial.

3a Fase – Demarcação:

Demarcação física dos limites da terra indígena, mediante abertura de picadas, colocação de marcos – geodésicos e azimutais – e placas indicativas. Além disso, é feita a estimativa de custos; fiscalização e recebimento dos serviços demarcatórios.

4a Fase – Homologação:

Por meio de expedição de decreto federal, é confirmada a demarcação da terra indígena. Logo após a assinatura da presidência da República, é feito encaminhamento do processo de demarcação ao MJ.

5a Fase – Registro:

Promoção de registro da terra indígena no cartório imobiliário da comarca da situação do imóvel e na secretaria de patrimônio da união e encaminhamento das peças técnicas da  homologação, juntamente com a certidão de registro imobiliário à  Secretaria de Patrimônio da União para registro.

6a Fase – Transferência de não índios:

Ações que visam a retirada dos possíveis ocupantes não índios, indenização das benfeitorias de boa fé e reassentamento dos mesmos pelo INCRA.

OBS: O julgamento da boa fé das ocupações tem início após a declaração da terra como indígena pelo Ministério da Justiça;

Homologada a terra indígena Munduruku

Ministério da Justiça – Foi publicada nesta sexta-feira (27), no Diário
Oficial da União o decreto do presidente da República que homologa a terra
indígena Munduruku, de Jacareakanga (PA). Na área, de 2,381 milhões de hectares,
vivem sete mil índios.

A homologação coroa o processo de preservação da cultura Munduruku, luta que
se arrasta desde a década de 1940, quando a 2ª Inspetoria Regional do Serviço de
Proteção do Índio requereu ao Governo do Estado do Pará uma reserva de terras a
estes índios. Na época, foram demarcados apenas cerca de 510 mil hectares.

Durante vários anos os índios reivindicaram a ampliação do seu território, já
que a área era insuficiente para a reprodução física e cultural do grupo. Em
1977, estudos respaldaram as requisições dos índios e a terra indígena foi
delimitada já com uma  superfície próxima da atual. Mas foi apenas 21 anos
depois que o território foi declarado como posse permanente dos Munduruku. Os
limites da reserva atual foram demarcados em 2002.

História dos Munduruku

As primeiras referências aos Munduruku, povo do grupo Tupi, datam do século
XVIII, e registram a extensa área por eles habitada, entre os rios Madeira e
Tocantins. O povo ficou conhecido por sua tradição guerreira, fama constatada
pelos relatos dos comandantes das expedições organizadas para destruir os
aldeamentos da comunidade ao longo dos rios Madeira, Tapajós, Xingu, Pacajá,
Jacundá e Tocantins.

As informações sobre os Munduruku se tornam ainda mais numerosas durante o
século XIX, quando militares como o capitão Francisco Ribeiro, Antonio Ladislau
Monteiro Baena, coronel Cerqueira, além de viajantes e naturalistas que
percorreram a região, testemunham a presença do grupo.

A história dos Munduruku é marcada pela participação na Cabanagem, revolução
ocorrida na década de 1930, contra os cabanos do Tapajós e Madeira. Eles também
tiveram participação em inúmeros conflitos que se estenderam dos anos da
Independência até o movimento nativista de 1832 e a cabanagem.

Leia mais:

Conheça o processo
de reconhecimento de terra indígena