Garimpeiros matam servidor da Funai na reserva Yanomami

Funai – O servidor da Funai, índio Xerente Valdes Marinho Lima, 39, foi morto a tiros por garimpeiros que trabalhavam ilegalmente no Rio Couto Magalhães, dentro da Terra Indígena Yanomami, próximo à região da Maloca Paapiu, noroeste de Roraima. Valdes, que integrava uma equipe da Funai e investigava a presença de garimpeiros dentro daquela terra indígena, denunciada por líderes Yanomami. A equipe da Funai, composta de sete servidores, chegou ao local onde se encontravam os garimpeiros, por volta das 18h do dia 22 e foram recebidos a tiros por garimpeiros fortemente armados. Os servidores revidaram, fazendo com que os garimpeiros fugissem, abandonando a draga onde trabalhavam. No dia seguinte, segunda-feira, por volta de 7 horas, os servidores, que tinham permanecido na draga apreendida, foram atacados pelos garimpeiros, que portavam armas de grosso calibr, sem oportunidade de defesa, ocasião em que o servidor Valdes, que fazia a guarda, levou um tiro na região do tórax,  disparado de espingarda calibre 12mm,  falecendo em seguida.

Pegos de surpresa, os outros servidores, seis ao todo, fugiram para a Maloca Paapiu, em busca de socorro, de onde fizeram contato com o Administrador da Funai em Boa Vista, Martinho Alves. O corpo de Valdes foi resgatado, na tarde de terça-feira, por agentes da Polícia Federal, e conduzido ao Instituto Médico Legal de Boa Vista.O corpo de Valdes foi embalsamado, a mando da Funai, e será trasladado para Brasília, onde será velado no auditório do Edifício-Sede do Órgão, a partir das 9 horas do dia 26.  À noite o corpo segue para Palmas, e de lá, para a Terra Indígena Xerente, situada no município de Tocantínia (TO) onde será enterrado na Aldeia Porteira, de acordo com os rituais da Comunidade Xerente. Valdes Marinho Lima foi admitido no quadro de servidores da Funai em 10 de junho de 1986.
 
Tendo em vista o acontecido, o Administrador da Funai reuniu-se com o Superintendente da Polícia Federal de Roraima, Mário Spósito, onde planejaram uma operação de emergência para extrusar toda a Terra Indígena Yanomami. De acordo com Martinho, somente na região do conflito, existem cerca de 50 garimpeiros em atividade ilegal. A operação começou hoje, 25, e conta com 20 agentes da Polícia Federal e 10 servidores da Funai.

A entrada de garimpeiros na área é um problema, tanto para a Funai quando para os Yanommi. Para a Funai, em função dos enormes gastos efetuados com as necessárias operações de extrusão, implosão de pistas de pouso clandestinas, entre outros.  Basta ver que as pistas conhecidas como Hélio, Chico Veloso e Raimundinho, dinamitadas pela Funai em dezembro próximo passado, já foram recuperadas pelos garimpeiros, o que demandará novos gastos para inutilizá-las novamente. Para os Yanomami, os malefícios são maiores: destroem hábitos culturais milenares, disseminam doenças venéreas, alcoolismo e a prostituição entre a comunidade indígena.  Além disso, provocam a poluição dos rios e lagos onde promovem a garimpagem, deixando em suas águas o mercúrio usado, o que tem provocado doenças e mortes entre aqueles índios.

Pesquisa define parâmetros para conservação da madeira

Ibama – Pela primeira vez no Brasil a indústria contará com parâmetros ideais da umidade e da temperatura do local onde a madeira será utilizada – essenciais para definir os processos de preservação e de secagem do produto e garantir qualidade às peças fabricadas em qualquer ponto do país.

A pesquisa realizada pelo Laboratório de Produtos Florestais do Ibama em parceria com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), representa um marco para um país continental e com clima tão variado, como o Brasil, e uma referência mundial para o setor madeireiro, disse o coordenador do trabalho, Varlone Alves Martins, Gerente de Pesquisas do LPF.

Essa definição é resultado do mapeamento inédito dos Teores de Umidade de Equilíbrio (TUE) e do Potencial de Ataque Fúngico (PAF) do Brasil. A pesquisa concluída recentemente pelo LPF/Ibama/Inmet escolheu o PAF como o melhor indicativo do risco de apodrecimento da madeira exposta às variadas condições climáticas do país.

Tais parâmetros serão de grande utilidade para as indústrias. Agora, elas tem como evitar a maioria dos defeitos que comprometem a qualidade e a durabilidade das peças: portas, janelas e gavetas que travam; frestas entre as tábuas de assoalhos, forros e lambris; tacos e peças que descolam; rachaduras; manchas; e, empenos em geral.

Para obter uma madeira saudável e evitar problemas antes, durante e principalmente após a industrialização, o estudo de climatologia aplicada ao processamento industrial recomenda que o teor de umidade do produto deve ser igual ou ligeiramente inferior ao da umidade de equilíbrio médio da região onde as peças serão utilizadas.

O pesquisador do LPF/Ibama assegurou que o uso desses parâmetros garantirá peças com menos defeitos causados pelas variações da dimensão da madeira industrializada sem a secagem e a preservação adequadas. Para evitar tais problemas, devem ser consideradas as condições de TUE, principalmente as médias anuais da região de destino do produto e de seus derivados. O objetivo, segundo Varlone, é obter uma perfomance melhor da madeira.

Dos catorze mapas produzidos durante o trabalho, um indica onde as madeiras brasileiras e seus derivados correm mais risco de apodrecer e orienta a indústria sobre o tratamento adequado do produto para evitar problemas futuros às peças prontas. Doze deles registraram a média de umidade de equilíbrio mensal da madeira, de 1931/60 e de 1961/90. Outro mapa aglutinou as médias anuais de TUE dos mesmos períodos.

Varlone explicou que o apodrecimento da madeira causado por fungos xilófagos ocorre especialmente onde o teor de umidade do produto se aproxima de trinta por cento e a temperatura situa-se entre 25oC a 30oC.

A pesquisa se baseou em dados meteorológicos (temperatura, umidade relativa do ar e precipitação) para concluir: com exceção do noroeste da Bahia e do sul do Piauí, a madeira e seus derivados utilizados no restante do país apresentam riscos potenciais de apodrecimento e precisam de secagem adequada.

O mapeamento aponta Belém do Pará e a região litorânea do nordeste brasileiro como as áreas onde as madeiras estão mais sujeitas a apodrecer. E recomenda que as peças produzidas com espécies desses locais tenham tratamentos especiais para evitar problemas se forem utilizadas em regiões com climas diferentes.

A região Norte e parte da região litorânea são as áreas com Teores de Umidade de Equilíbrio mais elevados do País (uma média 16 por cento a 18 por cento) e onde a madeira corre mais risco de apodrecer.As médias anuais de temperatura e dos dias de precipitação de chuvas nessas regiões geraram os mais elevados valores de ataques por fungos do País (uma variação de 170 por cento a 270 por cento), o que propicia a deteriorização biológica dos produtos e de seus derivados.

Valores menores de TUE, de 12 por cento a 14 por cento, foram encontrados em uma grande região do país onde as madeiras correm menos risco de apodrecer: do sudoeste do Rio Grande do Sul ao norte do Paraná e do Rio Grande do Norte, passando pelo centro-oeste de São Paulo, nordeste do Mato Grosso do Sul, oeste da Bahia, sul e leste de Tocantins e pelo estado de Goiás.

Só as madeiras utilizadas no polígono das secas do nordeste estão menos sujeitas ao ataque de fungos e, em conseqüência, de apodrecer. Nessa região são mínimos os valores de PAF e de TUE: situam-se abaixo de 20 por cento e de 10 por cento, respectivamente.

Já a madeira usada no centro-oeste e no centro-sul do Maranhão corre risco moderado de ser atacada por fungos devido às condições climáticas instáveis durante todo o ano. O trabalho completo pode ser encontrado na Revista Científica do Ibama “Brasil Florestal” ano XXII, nº 76, de abril de 2003.

Transgênicos separados em merenda de Cuiabá

Estação Vida – Enquanto não são apresentados estudos concretos sobre os malefícios ou benefícios que os alimentos transgênicos trazem aos seres humanos e ao meio ambiente, vereadores de Cuiabá começaram, desde 2003, um processo de conscientização da população para que esta possa ter noção de que tipo de alimento está levando para casa. Um destes projetos que já se transformou em lei em 17 de julho de 2003, foi apresentado pelo vereador Totó Parente (PMDB), que prevê a proibição da utilização de alimentos que contenham ou sejam provenientes de Organismos Geneticamente Modificados (OGMs) na merenda escolar do município.

Em dezembro foi a vez do deputado estadual Renê Barbour (PPS) apresentar projeto semelhante, também aprovado que proíbe transgênicos na merenda em todo o estado de Mato Grosso. Barbour afirmou que tomou por base, dados da Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos, divulgados pela revista “New Scientist”, revelando que “não é aconselhável o plantio de alguns alimentos transgênicos em países de clima tropical”. Ainda de acordo com as informações da Universidade, um teste em laboratório com temperaturas altas, os talos da soja transgênica se abriram assim que surgiram as primeiras folhas, expondo, como conseqüência, a planta a infecções secundárias.

Transgênicos separados – A Câmara Municipal de Cuiabá aprovou também, ainda em dezembro, projeto de Lei de autoria do vereador Domingos Sávio (PT), que obriga supermercados e mercearias a identificar os alimentos que contenham OGMs em sua composição. A intenção é garantir ao consumidor a possibilidade de escolha. Segundo ele, há muito tempo vêm surgindo notícias de vários tipos de câncer sem que se saiba sua origem. Esta doença, em sua opinião, pode estar ligada ao desenvolvimento da tecnologia de produção de alimentos, que inclui hormônios e OGMs.

Adriana Gomes

Projeto estabelece medidas contra incêndios em APA

Agência Câmara – As pessoas físicas ou jurídicas que tenham a posse ou a guarda de terras localizadas em Área de Proteção Ambiental (APA) terão que adotar uma série de medidas de segurança contra incêndios. É o que determina o Projeto de Lei 1922/03, de autoria do deputado José Rajão (PSDB-DF). A proposta estabelece normas e padrões de segurança para prevenir, combater e extinguir incêndios, tanto prediais quanto ambientais. A matéria torna obrigatória a elaboração de planos e projetos de prevenção e proteção contra incêndios em todas as áreas consideradas de risco. Também cria a figura do agente fiscalizador, que terá como função vistoriar áreas de risco e desenvolver atividades de competência do órgão responsável pela fiscalização de segurança contra incêndios nos estados, municípios e União.

Estatísticas – Para garantir a segurança contra incêndios, deverão ser implementados sistemas automatizados de acionamento, supervisão e controle de incêndios; e procedimentos de inspeção e manutenção periódicos; entre outras medidas. O texto estabelece ainda que os estados, os municípios e a União devam possuir sistemas integrados de estatísticas, com informações para subsidiar pesquisas, trabalhos e projetos de segurança, visando a redução de incêndios.

O autor da proposta explica que as legislações atuais sobre o assunto geram confusões normativas, choques entre padrões que dificultam a elaboração e execução de projetos de segurança contra esse tipo de sinistro. O projeto de lei tramita na Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público, onde o deputado Luciano Castro (PFL-RR) foi designado relator. Depois, a proposta será avaliada pelas comissões de Relações Exteriores e de Defesa Nacional; de Desenvolvimento Urbano e Interior; e de Constituição e Justiça e de Redação.

Expansão urbana ameaça o sauim-de-coleira em Manaus

Ibama – Os especialistas que trabalham pela conservação do sauim-de-coleira (Saguinus bicolor) querem que as matas de galeria dos igarapés que cortam Manaus sejam mantidas para servirem de corredores ecológicos entre os fragmentos de mata remanescentes para o primata. Na opinião dos estudiosos, essas matas não podem ser destruídas para atender ao desenvolvimento urbano de Manaus. Até agora, já foram catalogados 71 remanescentes de mata nativa nos quais foram registrados grupos de sauins-de-coleira no perímetro urbano da cidade.

O plano de urbanização do município prevê a criação de vias marginais aos cursos d’água que podem representar mais ameaça aos sauins-de-coleira. O alerta é do grupo de trabalho criado pelo Ibama reunido na semana passada para discutir forma de proteger os primatas.

A espécie existe apenas nas imediações da capital do Amazonas, nos fragmentos de floresta que ainda não foram tomados pela expansão urbana. O crescimento da cidade sem levar em conta os sauins-de-coleira é a principal ameaça a esses animais. Na lista das espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção, o sauim é tido como criticamente em perigo devido à destruição do seu habitat natural.

O Saguinus bicolor pertence à família dos primatas neotropicais de tamanho pequeno. Sua população estende-se a leste Manaus até o município de Itacoatiara e a cerca de 40 quilômetros ao norte da capital amazonense. As informações disponíveis indicam que o primata se alimenta de insetos, frutos e gomas das árvores.

Devido a sua ocorrência restrita à zona urbana de Manaus, os especialistas sugeriram que o nome popular do saium-de-coleira seja alterado para sauim-manauara ou sauim-de-Manaus. A mudança, acreditam, ajudaria a população local a se identificar com a espécie, orgulhando-se do fato de o sauim existir somente naquele lugar do mundo.

Os estudiosos esperam que a transformação dessa espécie como bandeira de conservação também poderá torná-la mais conhecida pela população. A educação ambiental poderá envolver os moradores de Manaus nos projetos de conservação da espécie, acreditam os pesquisadores.

Nova espécie de falcão é descoberta na Amazônia Mato-grossense

Estação Vida – O Brasil apresenta uma das maiores diversidades biológicas do mundo, e apesar desta grande riqueza, ainda não possuímos informações básicas sobre a qualidade e distribuição geográfica destes recursos biológicos. As estatísticas ambientais afirmam que só a Amazônia detêm 22% de toda a biodiversidade do planeta mas a descoberta de novas espécies de animais e vegetais ainda é uma busca constante e vagarosa.

Para as aves que vivem hoje no planeta, o Brasil parece ser preferido para quase todas as espécies. É o segundo pais com maior diversidade de pássaros depois da Colômbia, com 1.950 espécies.

No final do ano passado, mais  uma nova  espécie de ave, localizada na região de Alta Floresta, Mato Grosso, foi assunto de ornitólogos de todo o mundo.  Depois de quase um século de observação e estudos foi confirmada a existência de mais uma espécie de falcão(micrastur)que vive entre a Colômbia, Venezuela  e os estados do Pará e Mato Grosso. Desde 1905 havia sido capturado e registrado no Museu  paraense Emilio Gueldi como se fosse o micrastur gilvicollis, uma espécie de falcão bem parecida mas sutilmente diferente nas penas e no canto.
 
A pesquisa vem sendo feita desde 1997 pelo ornitólogo inglês, Andrew Whittaker, que vive no Brasil há 20 anos , na cidade de Manaus. No final do ano passado,  Andrew publicou a descoberta através de artigo  na “ Wilson Boletim”, uma revista inglesa  de ornitologia. Sua busca iniciou quando ele percebeu as diferenças entre o canto dos micrastur. A primeira vez que fez contato com a ave, estava em Caxiuanã, Pará  e gravou o canto do novo falcão por 5 horas. Em seguida, Andrew conta que pela primeira vez conseguiu  observá-lo visualmente  depois de tê-lo atraído por playback . Ao observar o que havia no Museu Goeldi sobre os micrastur , o pesquisador percebeu que estava diante de uma outra espécie e iniciou estudos junto aos museus de São Paulo, Rio de Janeiro, Belém e Estados Unidos.
 
Em 1990 o ornitólogo, Ted Parker  gravou seu canto pela primeira vez na área do Parque Estadual do Cristalino, em Alta Floresta  . E a partir daí, segundo Andrew, iniciou-se uma pesquisa mais intensa na área pois percebeu-se que haviam mais exemplares daquela nova espécie por ali ou que pelo menos é nesta região que o “ parente” dos miscrastur pode ser visto com mais facilidade. Uma das características mais marcantes deste pequeno pássaro é a  dificuldade em avistá-lo. É preciso muito tempo e paciência para vê-lo e mesmo assim com a ajuda de equipamentos. Está sempre nas altas e grandes copas das árvores amazônicas, cruzando a mata e cantando . O som paraliza a floresta, encanta como se fosse um Deus, que  está presente mas não se pode ver.

E foi justamente seu canto um dos principais instrumentos para detectar que haviam diferenças com relação as outras espécies de micrastur. Andrew explica que no Brasil existem 5 espécies de micrastur-micrastur semitorquatus(gavião relógio), micrastur mirandoleii(gavião mateiro), micrastur ruficollis(gavião caburé), micrastur gilvicollis(gavião mateiro de olhos brancos) e o novo micrastur que ainda não tem um nome mas está sendo chamado de falcão da floresta. Cada micrastur tem 3 tipos de canto. A nova espécie teve seu canto gravado 42 vezes por observadores de pássaros e pesquisadores que hoje estão em registrados no Brasil.

Andrew Writtaker conta que  há cinco anos está  seguindo o novo micrastur “ e só conseguí vê-lo duas vezes”. Assim como o gavião real (morphmus guianensis) , os micrastur não voam acima da floresta mas por entre as árvores. Enchergam dez vezes mais que o ser humano e na sua família quem lidera é a fêmea. É ela que também alimenta os filhotes. Na sua alimentação o prato predileto é calango. Nos momentos raros em que vem ao chão, corre como se fosse uma galinha. Para cada casal, ocupa um território de 60 a 80 hectares.  

De Sutton Colndfuld, centro da Inglaterra, Andrew  é observador de pássaros desde aos 11 anos de idade, quando fez seu primeiro curso de anilhamento . Em 1982 ficou cinco meses em Israel estudando a migração de pássaros entre os países da Ásia, Canadá, Escócia e Inglaterra. Em 1987 chegou ao Brasil e trabalhou na WWF( ong americana) pela conservação da Amazônia. Hoje possui uma agência de Observação de Aves com sede em Manaus, a Birding Brazil Tours.

Josana Salles

Aldeia Fontoura promove Hetohoky, iniciação do jovem na vida adulta

Funai – Os Karajá, da aldeia Fontoura, povos indígenas originários da Ilha do Bananal e do Rio Araguaia, realizam nos dias 18 e 19 de março a cerimônia do Hetohoky. Na festa, os jovens são introduzidos culturalmente na atividade de preparação e iniciação para a fase adulta, por meio do ritual de furar o lábio, que traduz esse rito de passagem.

No Hetohoky, todas as aldeias Karajá são convidadas pelo anfitrião para comemorar a grande festa da união dos povos indígenas da Ilha do Bananal, com danças, corridas e lutas tradicionais que relembram o passado como preparação para o futuro.

Campanha para preservar as matas ciliares da bacia do Alto Xingu

Funai – Etnias do Alto Xingu, preocupadas com as matas ciliares e a poluição das cabeceiras dos rios que abastecem o Parque Nacional do Xingu, em Mato Grosso, pretendem, em parceria com a Fundação Nacional do Índio (Funai) promover uma campanha permanente de proteção dos mananciais. O projeto, em fase de elaboração, conta com a participação do Instituto para Preservação da Bacia Hidrográfica do Alto Xingu.

A preocupação maior é com as cabeceiras dos rios, explica Amanuá Kamayurá, coordenador da campanha. “Queremos preservar nossas matas, os rios e conscientizar a população mais jovem sobre a importância de cuidar do meio ambiente”, ressalta.

A iniciativa, que contará com a participação de várias etnias da região, pretende mobilizar a população por meio da realização de inúmeras atividades, como jogos esportivos e competições de remo. Onze rios formam a bacia hidrográfica do Alto Xingu, que inicia na região de Paranatinga e segue até Santa Cruz do Xingu.

Ibama vetou utilização de animais silvestres em programa de TV

Ibama – A Gerência Executiva do Ibama no Amazonas não autorizou a produção do programa espanhol “La selva de los famosos”, gravado pela TV Antena 3 num hotel de selva no Município de Iranduba (a 25km de Manaus) a utilizar animais silvestres vivos durante as gravações. Ao contrário do que afirmaram os produtores do programa, o pedido para utilizarem mais de 20 animais nos “sets”, feito ao órgão antes das gravações terem início, foi indeferido pelo gerente executivo do Ibama, Henrique dos Santos Pereira, pelos motivos das imagens não terem qualquer cunho educacional e envolverem a captura de diversas espécies, o que é proibido pela legislação ambiental.

A polêmica em volta do programa começou quando a participante Silvia Pantoja, que, após ser eliminada, revelou a matança de um jacaré para ser servir de alimento aos participantes. A produção negou o crime ambiental e afirmou que possui uma parceria com o Governo do Amazonas, além de ser vistoriada pelo Ibama. As alegações dos produtores referentes ao Ibama são desmentidas pelo Núcleo de Fauna Silvestre (Nufas) e pela Divisão de Controle e Fiscalização (Dicof) do Ibama do Amazonas. A TV Antena 3 obteve autorização apenas para utilizar animais empalhados nos cenários do programa, da mesma forma como aconteceu com a produção da TV americana “Survivor”, rodada no mesmo hotel, e as duas edições do filme brasileiro “Tainá”.

O Ibama do Amazonas prepara para os próximos dias uma visita ao hotel onde está sendo gravado o programa com objetivo de averiguar as denúncias feitas pela ex-participante.

Perereca pode conter a cura do mal de Chagas

Ibama – Uma perereca recém-descoberta no Cerrado pode ser a esperança no combate ao mal de chagas, causado pelo Trypanosoma cruzi. A perereca Phyllomedusa oreades – ainda sem nome popular, traz na pele um princípio ativo, chamado dermaseptina, que já está sendo estudado por uma equipe de pesquisadores da Embrapa, com resultados animadores. Estima-se que o mal atinja cerca de 18 milhões de pessoas em todo o mundo; quase quatro milhões no Brasil.

A descoberta amplia o conhecimento sobre o Cerrado considerado um dos biomas brasileiros mais ameaçados. Ao mesmo tempo, chama a atenção para a necessidade de mais pesquisas sobre os anfíbios brasileiros. “É um alerta sobre a importância do Cerrado e a necessidade urgente de se preservar o que restou.”, avalia o herpetólogo Reuber Brandão, da Universidade de Brasília, autor da descoberta.

A nova espécie está descrita no Journal of Herpetology (www.ssarherps.org). A Phyllomedusa oreades é endêmica das terras altas do Planalto Central, regiões com altitudes superiores a 900 metros. Pode ser encontrada em áreas da Chapada dos Veadeiros, na Serra dos Pirineus, nas partes altas da Serra da Mesa e no distrito Federal.

A perereca tem coloração dorsal verde com desenhos reticulados de coloração preta, sépia e púrpura sobre um fundo amarelo ou, laranja nas laterais do corpo. Vive em pequenos riachos de águas cristalinas, com fundo de pedras, nos campos rupestres típicos de montanhas. Durante o longo período de seca do Cerrado, o animal abriga-se sob os cupinzeiros, onde a temperatura mais baixa e a umidade são vitais para sua sobrevivência.

Como parte da respiração das pererecas se dá pela pele, elas necessitam de umidade para manter sua fisiologia em funcionamento. É comum aos anfíbios a existência de secreções de pele, que possuem diferentes funções, destacando-se a proteção contra predadores e agentes infecciosos. Muitas das secreções dos anfíbios são conhecidas por serem biologicamente ativas, em sua maioria, alcalóides, aminas e peptídeos.

Na pele das espécies do gênero Phyllomedusa, encontra-se uma classe de peptídeos antimicrobianos chamados phyllomedusinas. No caso da nova espécie, é essa dermaseptina que pode agir contra o Trypanosoma cruzi, sem apresentar toxidade às células sanguíneas in vitro. Os primeiros resultados dessas pesquisas estão publicados no Journal of Biological Chemestry, em artigo escrito em conjunto por pesquisadores brasileiros chefiados pelo químico Carlos Bloch, do Laboratório de Espectometria de Massa da Embrapa.

Os anfíbios apresentam alto grau de endemismo. Na prática, isso significa que várias espécies vivem apenas em áreas restritas com condições ambientais específicas. Se a área for degradada e essas condições desaparecem, muitas espécies podem ser extintas. Devido às suas características fisiológicas, principalmente aquelas relacionadas à sua pele, os anfíbios são animais muito suscetíveis à contaminação química das águas, explica Reuber Brandão. Segundo ele, a introdução de espécies invasoras, as mudanças climáticas globais, os desmatamentos e a diminuição da camada de ozônio são fatores que colocam a vida desses animais em perigo.

Com pele permeável e ovos aquáticos envolvidos em uma delgada camada gelatinosa, os anfíbios absorvem rapidamente substâncias diluídas no meio à sua volta. “Por necessitarem de boa qualidade dos ambientes para a reprodução, os anfíbios são excelentes indicadores ambientais. Sua presença pode denunciar a saúde do ecossistema em que habita” diz o herpetólogo.