Sete etnias são beneficiadas com a homologação de terras indígenas

Funai – Os índios Terena e Guató, do Mato Grosso do Sul, Kulina, do Acre, Guarani Mbya, Kaingang e Guarani, do Rio Grande do Sul e Parecis, de Rondônia, cujas terras indígenas estavam demarcadas pela Funai e aguardando a homologação da presidência da república, podem comemorar. O presidente Lula assinou, no final da tarde de ontem (10), a homologação de seis terras indígenas, totalizando 133.388 hectares.

São elas: Terra Indígena Guató, localizada no município de Corumbá (MS), com 10.900 ha; Terra Indígena Limão Verde, no município de Aquidauana (MS), com 4.086, habitada pelos Terena; Terra Indígena Janinawá/Envira, em Tarauacá (AC), com 82 mil ha, onde moram os Kulina; Terra Indígena Varzinha (RS), com 795 ha, nos municípios de Caraa (RS) e Maquine (RS), da etnia Guarani Mbya; Terra Indígena Nonoai, situada nos municípios de Nonoai (RS), Rio dos Índios (RS), Planalto e Gramado dos Loureiros (RS), com 18.808h, onde habitam os Kaingang e Guarani e Terra Indígena Kwaza do Rio São Pedro, nos municípios de Kwaza (RO) e Aikana (RO), com 16.799ha, onde habitam os Paresis.

Simone Cavalcante

Novos assassinatos agravam o quadro de violência contra os povos indígenas

ISA – As mortes de um índio Xukuru e outro Aticum, em 07/02, resultam de conflitos ligados à desintrusão da Terra Indígena Xukuru (PE). Este é o quarto caso de assassinato de índios no país, desde o começo do ano. Contra essa situação, 32 etnias lançaram o documento Nunca mais um mundo sem nós, os povos indígenas.

O mais recente assassinato de índios no Brasil aconteceu no município de Pesqueiras (PE), a 214 quilômetros de Recife, na última sexta-feira, 07/02. Josenildo José dos Santos, índio Xucuru, e José Adeílson Barbosa da Silva, da etnia Aticum, faziam segurança não-armada para o cacique Marcos Luidson de Araújo e foram mortos por um grupo de pistoleiros durante emboscada que tinha como alvo o cacique, que escapou.

Revoltados, índios Xukuru incendiaram casas e veículos de pessoas ligadas ao suposto mandante do crime, o índio Xukuru Expedito Cabral, conhecido como Biá, que está foragido. O revide provocou um novo incidente, em que seis índios foram baleados. Eles permanecem internados num hospital de Caruaru.

O conflito entre os índios é resultado da intervenção da Igreja local, da prefeitura e de fazendeiros (veja quadro abaixo), no contexto da desintrusão da Terra Indígena Xukuru, que já está demarcada. “A elite local financiou o Biá, que nunca lutou pelos direitos dos índios, na tentativa de rachar o movimento dos Xukuru. Isso não aconteceu e agora tentaram uma medida desesperada”, relatou Roberto Santos, missionário do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) de Pernambuco.

Outros assassinatos

Com os crimes em Pesqueiras, a onda de violência sobre os povos indígenas desde o começo do ano se intensificou e tornou-se mais alarmante. No dia 02/01, o corpo de Aldo da Silva Mota, Macuxi de 52 anos, foi encontrado próximo à fazenda Retiro, vizinha à Terra Indígena Raposa-Serra do Sol (RR), cuja homologação pelo governo federal – que ainda não ocorreu – tem causado conflitos intensos na região. Em 08/01, Leopoldo Crespo Kaingang, de 77 anos, foi espancado até a morte em Miraguaí (RS), vítima da crueldade de três jovens. Marcos Veron, cacique Guarani-Kaiowá de 72 anos, morreu no dia 13/01, em decorrência de um confronto com peões na fazenda Brasília do Sul, município de Juti (MS). Esse povo está em conflito constante com fazendeiros que ocupam áreas de sua terra tradicional. No último dia 05/02, outro incidente aconteceu, mas felizmente sem mortos. Os índios Kaxinawá Anastácio Maia, 84, sua mulher, Maria Rosa, 82 e seu filho, José Maia, 36, foram baleados no município de Jordão (AC), a mando de um vereador da cidade, devido a brigas entre as duas famílias.

O caso dos Xukuru volta a pressionar o governo federal no sentido de tomar uma atitude mais incisiva em relação às questões indígenas no Brasil. A Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH) informou que, a exemplo dos conflitos na Terra Indígena Raposa-Serra do Sol (RR), toda a situação de violação de direitos humanos será acompanhada de perto. Mas os povos indígenas querem medidas mais abrangentes e durante o III Fórum Social Mundial, realizado no fim de janeiro, em Porto Alegre (RS), lançaram uma série de reivindicações no documento intitulado Nunca mais um mundo sem nós, os povos indígenas, assinado por 32 etnias.

Entenda o caso Xukuru

De acordo com o deputado federal Fernando Ferro (PT-PE), que acompanha os conflitos envolvendo os Xukuru e a elite do município de Pesqueiras, a maioria dos posseiros da região quer negociar a saída da área, mas um pequeno grupo de fazendeiros se recusa, na expectativa de permanecer na Terra Indígena ou de aumentar o valor das indenizações a serem pagas.

“Esses fazendeiros, apoiados pelo prefeito de Pesqueiras, manipulam um grupo de 70 Xukuru para prejudicar a implementação da Terra Indígena”, disse Ferro. Na região existem cerca de seis mil índios, espalhados em 24 aldeias, sendo que três delas são habitadas por grupos ligados ao Biá. A Igreja local também é acusada de apoiar o grupo de Biá e estimular o conflito.

Segundo o antropólogo José Augusto Laranjeira Sampaio, da Associação Nacional de Ação Indigenista da Bahia (Anai), que acompanha a trajetória dos Xukuru em Pernambuco desde 1982, o objetivo da Igreja em Pesqueiras é estabelecer, numa parte da área indígena, o Santuário de Nossa Senhora das Graças, um pólo de turismo religioso. Laranjeira ressalta que desde a década de 90 os Xukuru são um povo bastante coeso, devido à liderança produzida pelo cacique Xicão, o pai do atual cacique Luidson assassinado em 1998. “O grupo ligado ao Biá é muito reduzido e só se sustenta pelo apoio da prefeitura, que lhe deu um cargo de assessoria, da Igreja e dos fazendeiros locais.”

Com o acirramento dos conflitos após o atentado de 07/02, o deputado Fernando Ferro pediu a presença na área da Polícia Federal e da Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH) para garantir a integridade física dos índios e acompanhar as investigações sobre o crime. Até o momento, um suspeito foi preso.

O fato da SEDH ter acompanhado diretamente o caso sinaliza uma nova postura do Estado brasileiro, já que o governo Fernando Henrique foi denunciado no ano passado à Corte Interamericana de Direitos Humanos por negligenciar o caso Xukuru. Nos últimos anos, quatro pessoas foram assassinadas em decorrência da disputa de terras na região.

“Nilmário Miranda (secretário da SEDH) afirmou que vai pedir ao Presidente da República a rápida liberação da verba para as indenizações em Pesqueiras, bem como a reestruturação da Funai local, que é acusada de corrupção e de conivência com os fazendeiros”, disse Ferro. Para ele, a desintrusão diminuirá sensivelmente os conflitos.

Ricardo Barretto

Presidente da Eletrobrás propõe grupo de estudos sobre projetos de hidrelétricas na Amazônia

Agência Brasil – ABr – Diminuir os impactos ambientais causados pela construção de usinas hidrelétricas na Amazônia é uma das preocupações do presidente da Eletrobrás, Luiz Pinguelli Rosa, que propôs hoje à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, a criação de um grupo de estudos sobre projetos na área.

Ao deixar o gabinete da ministra, Pinguelli informou que o grupo deverá ser integrado por representantes da Eletrobrás, de companhias elétricas, do Ministério do Meio Ambiente, do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renovavéis (Ibama) e da Agência Nacional de Águas (ANA). De acordo com ele, a idéia é trabalhar em cooperação com a Pasta já na fase de planejamento dos projetos e não somente durante a execução, o que possibilita a redução do impacto ambiental causado pelas hidrelétricas.

Para Pinguelli, as questões referentes à engenharia na estatal devem caminhar junto com as relacionadas ao meio ambiente. Segundo ele, para refletir essa preocupação, a antiga Diretoria de Engenharia da Eletrobrás passou a ser chamada de Diretoria de Engenharia e Meio Ambiente. “E o meio ambiente inclui também o social“, acrescentou.

O presidente da estatal disse que a ministra concordou com a criação do grupo de estudo e a primeira reunião deverá ocorrer ainda em fevereiro. Pinguelli afirmou também que dois projetos de usinas já estão na agenda de trabalho: a de Belomonte, no Rio Xingu e outra localizada no Rio Madeira.

Segundo Pinguelli, há a possibilidade de se reduzir a capacidade de geração da Usina de Belomonte para diminuir o impacto ambiental. Ele afirmou que um dos problemas já detectados no caso de Belomonte é uma “perna seca” de 200 quilômetros de rio, que seria criada sazonalmente. “Temos intenção de resolver esse problema, mesmo que seja às custas de diminuir a potência da usina”, garantiu.

Pinguelli informou que outra possibilidade a ser estudada é a criação de uma usina geradora de energia alternativa, como a eólica, para complementar a potência da Usina de Belomonte.

Juliana Andrade

Operação no rio Iriri, no Pará, mobiliza mais de cem especialistas de várias instituições brasileiras

Ibama – Até o início da próxima semana, o Ibama espera chegar aos primeiros resultados Operação Iriri, deflagrada nesta sexta-feira, 7/2, na região de Altamira, a oeste do Pará, com o objetivo de investigar as causas e mitigar os efeitos da contaminação que está causando a morte de milhares de peixes e provocando intoxicações em populações que vivem às margem do rio Iriri, um afluente do rio Xingu. Participam da operação cerca de cem especialistas do Ministério da Saúde, Funai, Eletronorte, Fundação Evandro Chagas, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente do Pará, Prefeitura de Altamira e ONGs. Embarcações e aeronaves estão sendo mobilizadas para o trabalho.

De acordo com o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Flávio Montiel da Rocha, coordenador da Operação Iriri, os especialistas foram divididos em três equipes com os seguintes objetivos:1) Coletar amostras de água, sedimentos e peixes a quarenta quilômetros a jusante e a quarenta quilômetros a montante do município de Altamira – banhada pelo rio Iriri- inclusive na área onde ocorre a captação da água usada pela população local. As amostras serão analisadas nos laboratórios da Universidade Federal do Pará e Instituto Evandro Chagas e apontarão o nível de contaminação da água nesse trecho do rio. A coleta começou nesta sexta-feira;

2) Realizar uma expedição até a nascente do rio Iriri, a cerca de 800 quilômetros de Altamira – para uma profunda investigação sobre as condições ambientais do rio. Nesse caso, amostras serão enviadas para a Universidade Federal do Rio de Janeiro e para a Universidade do Estado de São Paulo (Botucatu) instituições com laboratórios capazes de detectar, entre outros indícios, se há metais pesados ou a presença de agrotóxicos na água. No passado, houve mineração no local. A expedição parte no sábado, 8/2 ;

3) Efetuar um amplo levantamento sócio ambiental em todo o trecho em que foi observada a morte dos peixes e a contaminação humana. Índios Xipáia, da Aldeia Entre Rios (etnia Kayapó) tiveram sintomas de diarréia e ferimentos na boca após a ingestão de peixes contaminados. Médicos da Fundação Nacional da Saúde já estão em campo para atender às situações críticas.

“Ao que tudo indica, trata-se de um fenômeno natural, mas nenhuma possibilidade deixará de ser investigada”, garantiu Flávio Montiel. Não foi constatada até o momento a morte de pássaros ou répteis devido à contaminação. Conforme relatos da população local, houve casos semelhantes no passado, mas não com a gravidade do que se verifica nos últimos dias na região.

Jaime Gesisky

Acordo com índios Xucuru deve por fim a conflitos em Pernambuco

Agência Brasil – ABr – O ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Nilmário Miranda, informou ontem à noite (8), à Agência Brasil, que a situação no município de Pesqueira (PE) já está calma. Ele contou que o clima estava muito tenso ontem cedo, quando chegou à região para acompanhar as investigações sobre o atentado contra o cacique Marcos Luídson de Araújo, o Marquinho Xucuru, ocorrido na sexta-feira, e os conflitos que se seguiram depois.

Mas explicou que os índios, embora ainda estejam profundamente indignados com a violência sofrida, garantiram que a situação já está controlada. O ministro informou que a Funai e a Secretaria Especial de Direitos Humanos fizeram um acordo com o cacique Marquinho e que ele garantiu que o povo Xucuru vai confiar as investigações à Polícia Federal e cessar os conflitos.

A Polícia Federal e a Polícia Militar também ficaram encarregadas de oferecer segurança à casa da mãe do cacique, sob supervisão da Funai. Ontem, o cacique Marquinho prestou depoimento na delegacia de Pesqueira. O caso está sob o comando do delegado Jorge Cunha, da Polícia Federal.

Nilmário Miranda viajou deixou ontem a Base Aérea de Brasília, por volta das 8h30, acompanhado do presidente da Funai, Eduardo Almeida, do assessor do ministro da Justiça, Cláudio Beirão e da procuradora federal dos Direitos do Cidadão, Raquel Dodge. Eles chegaram por volta de 12h30 a Caruaru (PE), de onde seguiram de carro até o município de Pesqueira. O ministro disse que sua ida a Pernambuco visou buscar garantir a integridade da comunidade da região de Pesqueira e o rigor nas investigações sobre a violência contra os índios.

O índio Marquinho Xucuru, liderança local, foi ferido e dois outros índios morreram na emboscada que teria sido armada por outro índio, Louro Frazão, supostamente ligado a fazendeiros da região. Um dos supostos envolvidos no atentanto ja foi identificado e preso. Os corpos dos dois índios mortos foram encaminhados ontem ao Instituto Médico Legal de Recife. Representantes do Movimento de Defesa dos Direitos Humanos e do Conselho Indigenista Brasileiro (Cimi) estiveram na sexta-feira em Pesqueira, para acompanhar o desenrolar dos acontecimentos.

Após o atentado, o clima na região da serra do Ororubá ficou tenso e, na sexta à noite, índios Xucurus puseram fogo em cinco casas e quatro carros dos Xucurus de Cimbres. Por medida de segurança, o líder do grupo, Espedito Alves, e 20 pessoas da família foram retirados da reserva e colocados sob proteção da Polícia Militar.

O deputado federal Fernando Ferro, integrante da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, e o secretário de Defesa Social de Pernambuco, Gustavo Rodrigues, também acompanharam a visita do ministro Nilmário Miranda à região.

Ivana Diniz Machado

Enterrados em Pernambuco corpos de índios Xucuru

Agência Brasil – ABr – Foram enterrados hoje (9), no santuário de pedra Dágua, os corpos dos índios da tribo Xucuru José Admilson Barbosado, 19 anos, e Josenilson José dos Santos, 25, assassinados na última sexta-feira (07), durante uma emboscada na PE 219, próximo ao município de Pesqueira. O alvo era o cacique Marcos Luídson de Araújo, 24 anos, que conseguiu escapar com ferimentos leves, após fugir pelo mato.

O superintendente da Polícia Federal em Pernambuco, Wilson Damásio, informou que a primeira fase das investigações já foi concluída com a prisão de José Luis Almeida de Carvalho, um dos autores dos disparos. A casa dele foi saqueada e incendiada. O outro suspeito, que se chama Louro Frazão, continua foragido.

Damásio disse que o delegado Jorge Cunha, designado para acompanhar o caso, tem 10 dias para concluir as investigações. Uma equipe de policiais federais continua na reserva indígena fazendo a segurança do cacique Marcos e de sua família.

Depois da visita de ontem (08) do secretário nacional dos Direitos Humanos, Nilmário Miranda e do presidente da Funai, Eduardo Almeida, à área do conflito, melhorou o clima de tensão entre as duas facções dos índios Xucurus, que brigam pela posse das terras de 27,5 mil hectares da reserva.

O cacique Marquinhos, filho do cacique Chicão, assassinado em 98, vai denunciar na sede da OEA, nos Estados Unidos, no próximo dia 26, as ameaças de morte que vem sofrendo.

Márcia Wonghon

Subcomissão vai acompanhar investigação da morte de índio macuxi

Agência Brasil – ABr – O ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Nilmário Miranda, negociou em Roraima a formação de uma subcomissão para acompanhar a investigação da morte do índio macuxi Aldo da Silva Mota e outros 10 casos de assassinatos de índios no estado. Além disso, o ministro e o presidente da Funai, Eduardo Almeida Aguiar, iniciaram as negociações com o governador de Roraima em exercício, o vice-governador Salomão Cruz, para a realização de um ato público de reconhecimento da responsabilidade da União pela morte do indígena Ovelário Tames, em 1988, vítima de violência policial na delegacia do município de Normandia.

Líder indígena Xucuru sofre atentado em município pernambucano

Agência Brasil – ABr – Policiais federais se deslocam neste momento para a Aldeia Xucuru, no município de Pesqueira, a 216 quilômetros de Recife, onde o líder indígena Marquinhos sofreu uma emboscada. Dois outros índios que estavam com ele foram assassinados e os corpos ainda estão na aldeia.

Marquinhos, que é filho do Cacique Chicão, assassinado há mais de cinco anos, foi baleado, está hospitalizado e não corre risco de vida. A situação é tensa, porque os índios bloquearam a entrada de acesso a aldeia. A maior suspeita do crime recai sobre os próprios indígenas dissidentes dos Xucurus, que moram na Vila Simbres. Há anos, eles divergem sobre a demarcação das terras onde vivem.

Márcia Wonghon

Atentado a cacique revolta índios em Pernambuco

Agência Brasil – ABr – Permanece tenso o clima no distrito de Cimbres, município de Pesqueira a 214 quilômetros de Recife, onde dois índios Xucurus foram mortos hoje numa emboscada, na BR-209. O principal alvo seria o cacique Marcos Xucuru, filho do ex-cacique Francisco de Assis Araújo, conhecido como Chicão, morto em maio de 1998. O jovem escapou com ferimentos leves. Policiais militares estão garantindo a segurança dos familiares do mentor do crime, o também índio Xucuru Expedito Cabral, que se encontra foragido. Revoltados, os índios cercaram a casa, atearam fogo nos móveis e ameaçam linchar os parentes de Expedito caso ele não seja preso. A Polícia Federal está sendo aguardada desde o início da tarde, mas ainda não chegou ao local.

Márcia Wonghon

Desastre ecológico contamina afluente do rio Xingu

Agência Brasil – ABr – O Ibama deu início hoje a um trabalho de pesquisa no rio Iriri, afluente do rio Xingu, para investigar mortandade de peixes, aves e flora, na região de Altamira, no Pará. Foram mobilizando biólogos, médicos veterinários, botânicos, médicos, engenheiros agrônomos e florestais, entre outros profissionais, para descobrir a causa da morte de exemplares de várias espécies.

Além da causa do desastre ecológico, ainda será feito um diagnóstico sócio-ambiental na fauna e flora e exame na população indígena e ribeirinha da região. Também integram a chamada Operação Iriri a Funadação Nacional do Índio (Funai), Eletronorte, Fundação Instituto Evandro Chagas (PA), Secretaria de Ciência Tecnologia e Meio Ambiente do Pará (Sectam), Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a Ong Fundação viver, Produzir e Preservar (FVPP) e a prefeitura de Altamira.

Os técnicos acreditam que a origem do desastre teria ocorrido num dos afluentes do rio Iriri, o igarapé Bala, na região do Entre Rios – Iriri e Curuá, 300 quilômetros a montante do Rio Xingu, em Altamira. A Secretaria Municipal de Saúde reuniu ontem (6) representantes da sociedade civil, com a presença do Ibama e da Sectam, para esclarecer a população sobre o consumo de peixes e água do Rio Xingu. A Eletronorte e a Funai enviam à Rádio Nacional de Brasília informações para que sejam transmitidas às aldeias indígenas da nação Kaiapó e Ribeirinhos que ficam na região, sobre os riscos de se utilizar a água dos igarapés Bala e Catete e dos rios Iriri, Curuá e Xingu.

Na avaliação do Ibama e da Eletronorte serão necessários pelo menos seis dias de trabalho na região do Entre Rios – Iriri e Curuá, para efetuar coletas com amostras de água, peixes e sedimentos (areia e argila) do igarapé Bala e do rio Curuá. Em 48 horas o material terá que ser entregue aos pesquisadores dos laboratórios das universidades Federal do Pará (UFPA), Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), do Estado de São Paulo (Unesp/Botucatu), e de Brasília (UnB), que farão as análises microbiológicas das amostras.

A previsão é que só na 4ª feira (12) serão entregues os laudos apontando a causa ou causas do envenenamento dos rios, que gerou a morte de milhares de peixes, aves e flora no rio Xingu, que atravessa o Pará e Mato Grosso.

O engenheiro químico da Diretoria de Licenciamento e Qualidade Ambiental (Diliq) do Ibama, João Bosco Costa Dias, informou que, a princípio, existem duas hipóteses para o desastre ecológico. Diante da observação de grandes manchas esverdeadas a montante do rio Iriri, a mortandade seria proveniente de grande concentração de algas, fruto de ‘Bloom’ (explosão) de uma colônias de algas no igarapé Bala. “A decomposição das algas (fenômeno natural) provoca o consumo do oxigênio dissolvido na água, levando a morte por asfixia dos peixes”, afirma.

Segundo ele, a proliferação de algas verde-azuladas (também conhecidas como Cianobactérias) produz cianotoxinas, cujo efeito é o e envenenamento de peixes e outros organismos aquáticos, podendo ou não, serem tóxicos a seres humanos. A outra hipótese apontada por Dias seria o vazamento de alguma substância tóxica oriunda de lagoa de contenção da antiga mineração Canopus, desativada, que extraia cassiterita no igarapé bala. “A cassiterita que é depurada com arsênio foi abandonada nesses tanques”, explica Dias.

A velocidade das águas do Xingu, com o aumento de chuva na região, levou ao rápido aparecimento de peixes mortos em Altamira e, já se desloca em direção ao Rio Amazonas. O município de Belo Monte, que no momento é monitorado pelos biólogos da Eletronorte, apresenta centenas de peixes mortos. O rio Iriri, com 800 quilômetros de extensão, é tributário direto do rio Xingu, que por sua vez é afluente da margem direita do rio Amazonas. A mortandade de peixes já atingiu a cidade de Altamira, que tem 85 mil habitantes e 70% da população consome diariamente mais de 12 espécies de peixes, oriundos do Xingu e seus afluentes. Cerca de 80% da população são abastecidos pela Companhia Estadual de Saneamento (Cosanpa), que capta água diretamente do rio Xingu.

O rio Xingu nasce na Serra Azul, em Mato Grosso, e corta a região sudoeste do Pará, margeando as cidades de Altamira, Belo Monte, Senador José Porfírio, Vitória do Xingu e deságua na altura de Porto de Moz, defronte à cidade de Almeirim, situada na margem esquerda do rio Amazonas. O escritório regional do Ibama só tomou conhecimento do problema no dia 29 de janeiro, quando recebeu ofício da Indústria, Comércio de Navegação do Xingu Ltda (Incenxil), que fica na região do Entre Rios.

A empresa coletou água e enviou para a UFPA, onde foi analisada. Como resultado registrou-se a presença de nitrogênio amoniacal acima do valor estabelecido para água classe II da Resolução nº 20 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). O chefe do escritório do Ibama em Altamira, engenheiro agrônomo Carlos Renato Leal Bicelli, mobilizou todas as instituições na região das áreas federal, estadual, municipal e Ong’s, na busca de solução para o problema do Xingu.

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Lana Cristina