Reduzir o consumo e a poluição provocada por motores veiculares é o objetivo de um acordo de cooperação firmado entre o Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) e o Instituto Motori (IM), do Conselho Nacional da Pesquisa da Itália. A previsão é de que o acordo represente a abertura da Comunidade Européia para a utilização de álcool brasileiro em larga escala.
“O acordo prevê a execução de projetos conjuntos de pesquisa e desenvolvimento, reunindo atividades educacionais e profissionais”, disse João Mamede Cardoso, assessor de relações internacionais do IPT, à Agência FAPESP. “A idéia é que os projetos em conjunto possam trazer ganhos para a indústria nacional, além de estimular investimentos europeus na substituição de energia derivada de petróleo, em particular no que diz respeito aos países em desenvolvimento.”
Uma das primeiras medidas concretas do acordo é fornecer álcool para a produção de mistura combustível não poluente. A Itália quer chegar a índices próximos de zero para atender às diretrizes do European Trade Scheme, acordo em andamento nos países da comunidade. O país sofre com o problema da emissão de poluentes, especialmente por 50% dos automóveis serem movidos a diesel.
O IPT deverá coordenar, junto ao Instituto Motori, ensaios com mistura combustível composta por gasolina e 10% de álcool. “Os testes em veículos italianos com o álcool combustível produzido aqui no Brasil devem começar em breve”, afirma Cardoso. Deverão ser desenvolvidas, além das pesquisas de misturas álcool/gasolina, estudos para redimensionar os motores, diminuindo seu consumo, tamanho e peso.
A meta é fabricar motores menores, mais leves e menos poluentes. Uma outra linha de pesquisas contemplará a mistura diesel/álcool, procurando atingir níveis de emissões poluentes próximas de zero. Além disso, ao mesmo tempo em que novas tecnologias de uso de álcool deverão ser exportadas para a Europa, o IPT pretende desenvolver novas tecnologias de gás natural para uso em automóveis no Brasil.
“Temos um potencial muito grande de exportação e precisamos alcançar certos padrões europeus para conseguirmos fornecer o álcool brasileiro”, acredita Cardoso.