Jogando como os índios do Xingu

Rota Brasil Oeste – O projeto “Jogos Indígenas do Brasil”, que pretende investigar e documentar o universo lúdico dos índios começou sua incursão pelo universo destes povos pelo Parque Nacional do Xingu, Mato Grosso. O projeto envolve uma equipe de mais de dez profissionais, incluindo pesquisadores estrangeiros. O psicólogo e especialista em jogos de tabuleiro Alex de Voogt, professor da Universidade de Leinden, Holanda, participou da primeira excursão feita para uma aldeia Kamaiurá (MT), no mês passado. Acostumado a pesquisar jogos pelo mundo afora, ele foi chamado para mostrar os métodos mais adequados de aproximação com os índios.

A expedição deve passar ainda por mais cinco aldeias indígenas até janeiro, todas na região do Parque do Xingu. Os dados obtidos serão analisados pela equipe, com o apoio do especialista em jogos Irving Finkel, do Museu Britânico. Na tribo dos kamaiurás, foram registrados seis brinquedos, seis jogos e quatro brincadeiras, afirma Maurício de Araújo Lima, coordenador do projeto e sócio da Origem, loja especializada em resgatar e reproduzir jogos da antiguidade.

A idéia do projeto surgiu no encontro anual da Sociedade Internacional para Estudo de Jogos de Tabuleiro, do qual participaram os pesquisadores da empresa. Com os dados eles vão produzir um documentário, réplicas dos jogos que serão doadas para museus do Brasil e do mundo e apresentadas no 6º Colóquio Internacional de Jogos de Tabuleiro, que será realizado no ano que vem, na Filadélfia, EUA. Escolas públicas também receberão kits com jogos e cartilhas explicativas.

Com informações de Estação Vida.

ndios Fulni-ô querem R$ 700 mil de companhia energética

Um grupo de índios Fulni-ô, de Águas Belas pedem R$ 700 mil à Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) pelo uso do solo da área indígena por uma subestação da Companhia. Os Fulni-ô Flávio Cassemiro e Cláudio Gomes Inácio tiveram uma reunião, segunda-feira, 1º, na sede da Funai no Recife, com representantes da Celpe e ameaçaram pedir reintegração de posse dos lotes de terra ocupados pela subestação. Na última quinta-feira, 27, quatro municípios do Agreste pernambucano ficaram sem energia elétrica por quase cinco horas depois que alguns membros da comunidade Fulni-ô jogaram pedras e pedaços impedindo que técnicos da Celpe realizassem o serviço para normalizar o fornecimento.

A reunião entre índios e Celpe foi intermediada pelo Administrador Regional da Funai, Manoel Lopes, e um dos procuradores da fundação no Recife, Moacir Lira. Os índios disseram que o antigo contrato (de 1985) que permitia o uso das terras pela Celpe expirou há oito anos. Manoel Lopes disse que a Funai vai assistir os índios durante toda a negociação já que a Celpe anunciou que só voltaria a tratar do assunto na próxima semana. Os R$ 700 mil cobrados pelos Fulni-ô seriam pelo uso do solo nos próximos dez anos, quando haveria uma nova negociação. Uma nova reunião deve acontecer terça-feira, 09.

Pedro Borges, com informações da Funai

IBGE lança mapa digital do Brasil

Agência Brasil – Governo e instituições privadas ganharam hoje um instrumento valioso para auxiliar no planejamento de ações sócio-econômicas, de estudos ambientais e cartográficos. O mapa digital do Brasil, lançado em CD pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) permite a visualização de informações sobre população, relevo, hidrografia, recursos minerais, rodovias e ferrovias, áreas de proteção ambiental e reservas indígenas, portos e aeroportos, represas e usinas de geração de energia.

O diretor de Geociências do IBGE, Guido Gelli, informou que o mapa digital, na escala de um por um milhão, é uma versão virtual aprimorada do impresso, e pode ser atualizado com mais rapidez e precisão. As informações, segundo ele, vão servir, principalmente, para o planejamento de ações ministeriais, de segurança institucional, das agências reguladoras e também para estudos de viabilidade econômica e de impacto ambiental de empresas.

“Seja um projeto agrícola, pecuário ou industrial, tem informações sobre acesso de comunicação, meios de transporte ou a presença de reservas indígenas ou de unidades de conservação ambiental, além do acesso à água, por exemplo, que é um recurso básico fundamental”, acrescentou ele.

Gelli destacou que a versão digital permite, por exemplo, identificar que o estado de Roraima tem 72% de terras indígenas, o maior percentual do país, seguido, de longe, por Amazonas, com 30%, Amapá, com 29%, Rondônia, com 26%, e Mato Grosso e Pará, ambos com 24%. Pela primeira vez, será possível visualizar o arquipélago de Fernando de Noronha e as ilhas São Pedro e São Paulo no local exato em que se encontram. No mapa impresso, isso não era possível.

A chamada Base Cartográfica Integrada Digital do Brasil ao Milionésimo (bCIMd) será entregue em janeiro de 2004 à Organização das Nações Unidas (ONU), para integrar o projeto Global Mapping das Nações Unidas. O projeto foi proposto durante a Conferência Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio 92, e tem a participação de 120 países. Com os mapas cartografados na mesma escala é possível, por exemplo, prevenir desastres ambientais e monitorar ações em nível mundial.

Solução pacífica e justa ainda não foi encontrada

Rota Brasil Oeste – Cerca de 600 índios e 400 posseiros, armados, estão separados apenas por uma ponte da BR-158, perto da Fazenda Guanabara, Alto da Boa Vista, Mato Grosso. A situação está tensa desde 12 de novembro, quando um grupo de índios chegou em dois caminhões para ocupar novamente a terra invadida pelos posseiros. Para impedir a passagem, os ocupantes da área atearam fogo a uma ponte e, na tentativa de fazer o mesmo com uma segunda, foram impedidos pelos índios. Desde então o impasse permanece na espera de uma decisão da Justiça.

Em audiência pública feita ontem no Ministério da Justiça, na qual participaram 40 lideranças da etnia Xavante, o Ministro Márcio Thomaz Bastos afirmou que o órgão trabalha para garantir o direito dos índios sobre a reserva de Marãiwatsede. “Nessa questão, vocês têm todo o direito. Foi feita a portaria, demarcada, homologada e registrada. Nós precisamos agora confiar na Funai para que ela continue essa missão junto com vocês e faça os entendimentos necessários junto ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e ao Superior Tribunal de Justiça, para que o Incra consiga retirar os posseiros e que o juiz decida logo a questão. Isso porque aquela terra é de vocês e não pode ser tomada e não vai ser tomada de vocês”

O coordenador da Fundação Nacional do Índio (Funai) para a área Xavante, Edson Beiriz, em entrevista à Rádio Nacional da Amazônia, disse que “até o momento, os índios estão atendendo aos pedidos e de forma alguma vão entrar em choque direto com os posseiros”.

“A Funai está trabalhando com responsabilidade e esclarecendo aos índios que não é por aí o caminho”, declarou Edson Beiriz, lembrando também que não se pode “deixar de ignorar os direitos das famílias dos brancos que estão lá dentro“. Ele se referia a quase três mil famílias de posseiros que há 12 anos ocupam parte da Reserva Indígena dos Xavantes, área já homologada e demarcada oficialmente como indígena. A solução, para o coordenador da Funai, é trabalhar em conjunto com o Incra a Justiça. Só assim haverá o que ele classificou de “calma geral”.

“Não é justo privar os direitos sociais dos clientes da reforma agrária (os posseiros), que não têm para onde ir. São pessoas que ficarão sem um lugar onde morar. Mas também precisamos reconhecer os direitos dos indígenas, inclusive porque a terra deles está demarcada há muito tempo”.

Pedro Borges, com informações da Agência Brasil e da Funai

"Nós não temos medo de morrer"

Rota Brasil Oeste – Na tarde de hoje, 40 lideranças da etnia Xavante estiveram com o Ministro da Justiça para pedir apoio na disputa com posseiros pela terra indígena Marãiwatsede – localizada na antiga fazenda Suiá-Missú, próxima ao município Alto Boa Vista, Mato Grosso. A área é, com cerca de 170 mil hectares, está homologada desde 1998 e foi ocupada ilegalmente por colonos há pouco mais de oito anos.

No encontro, os Xavante cobraram uma decisão rápida das autoridades para o caso. De burduna em riste, o cacique Simão afirma que existem quarenta índios acampados nas fronteiras da propriedade com os colonos, esperando uma decisão. “Nós estamos cansados, não têm mais paciência. Nós não temos medo de morrer, tem coragem de lutar”, disse golpeando a arma no peito. “O índio é a raiz do Brasil, tem que nos respeitar!” completou.

No mesmo tom, o chefe Damião reafirmou a posição dos índios. “Não vamos matar, não somos invasor, não somos ladrão, mas ninguém tem medo de morrer”, afirmou. O cacique também se mostrou preocupado porque a Polícia Federal retirou-se da região. Ambos pediram mais recursos para a Funai e auxílio para as comunidades indígenas.

Ao lado do presidente da funai, Mércio Gomes, intermediador do encontro, o ministro garantiu às lideranças que os índios têm o apoio do governo e pediu confiança na Funai para resolver a questão. “A terra está homologada, é de vocês”, afirmou. Segundo Márcio Thomaz, a idéia agora é procurar uma solução harmônica, que envolva outras instituições como Ministério do Desenvolvimento Agrário, Polícia Federal e Incra. O ministro também deixou claro que a Polícia Federal estará pronta para agir caso necessário.

Nos últimos anos, índios e posseiros lutam pelo reconhecimento de propriedade. Mês passado, o conflito teve uma escalada de tensão, com ameaças de ambas as partes.

Histórico

O povo Xavante luta há quase 40 anos pela posse de Marãiwatsede. A região é importante cultural e historicamente para a etnia. Ali estão localizados, por exemplo, locais sagrados como cemitérios.

A ocupação da área por não-índios iniciou-se na década de 60 e foi feita com ajuda dos próprios Xavantes. Em 1966, porém, uma multinacional italiana adquiriu as terras de Suiá-Missú e deslocou a comunidade indígena da região. O grupo foi entregue para a tutela da igreja, na Missão Salesiana de São Marcos, e mais tarde se dispersou. A propriedade chegou a ser conhecida como uma das maiores fazendas do mundo, alcançando 560 mil hectares e recebeu milhares em incentivos públicos durante os governos militares.

Em 1995, o caso foi levada à Justiça e agora, índios e posseiros esperam uma decisão nos tribunais sobre os direitos de ocupação da área. Recentemente, a disputa ameaçou tornar-se violenta. O administrador da Funai em Goiânia, Edson Beiriz – que também acompanha a delegação na visita ao ministério – denunciou que está sendo ameaçado de morte por defender o direito dos índios.

Na visita a Brasília, os Xavante também procuraram apoio na Procuradoria Geral da República, na Frente Parlamentar de Defesa dos Direitos Indígenas e na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.

Lideranças Xavante serão recebidos pelo Ministro da Justiça

Funai – As 40 lideranças Xavante, da Terra Indígena Marãiwatsede estão em Brasília desde ontem e serão recebidos hoje (02), às 17h, pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. Os Xavante vieram a Brasília acompanhados pelo administrador da Funai em Goiânia, Edson Beiriz, para discutir com autoridades uma solução para o conflito resultante da invasão de suas terras. O presidente da Funai, Mércio Gomes, que acompanhará a audiência, declarou que o Ministro da Justiça está empenhado em encontrar uma solução para o iminente confronto de indígenas e posseiros e defendeu o direito dos indígenas à sua terra, homologada e totalmente invadida por posseiros.

O povo Xavante luta há mais de 40 anos pela T.I. Marãiwatsede que já foi comprovada como tradicionalmente dos índios e está homologada e registrada. É um local que os Xavante chamam de “carne e vida”. Lá estão cemitérios indígenas e viveram muitas gerações de seus antepassados. Durante muitos anos eles tentaram retornar ao seu local de origem, mas não conseguiram. O confronto com os invasores é um dos problemas mais graves que a Funai enfrenta. Na semana passada, o presidente do órgão indigenista esteve e conversosu com os índios para impedir um iminente conflito.

A delegação Xavante se reuniu ontem (01), com a dra. Ela Wieko, da coordenação da 6ª Câmara do Ministério Público Federal. Hoje (02), às 15h, no auditório principal do Ministério Público Federal haverá uma audiência com os com os deputados e senadores da Frente Parlamentar de Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas, simpatizantes ao movimento indígena, para pedir apoio na solução do conflito na terra indígena Marãiwatsede. O administrador da Funai em Goiânia, Edson Beiriz, que vai acompanhar a delegação vem denunciando que está sendo ameaçado de morte por defender o direito dos índios.

Os Xavante só querem deixar a capital depois de obter uma solução para o problema da invasão de suas terras. Eles pretendem ainda se reunir com o presidente do Incra e com juízes do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Regional Federal.
 

Ibama denuncia 182 madeireiras

Ibama – A Operação Belém, auditoria realizada por procuradores e analistas ambientais do Ibama, confirmou ação criminosa praticada por 182 madeireiras em dezenas de municípios no estado Pará, com “calçamento” (alteração de documentação) e falsificação de 1.263 Autorizações de Transporte de Produto Florestal (ATPF) – documento que controla a exploração florestal no país. As madeireiras que “calçaram” 1.003 ATPF e as que falsificaram 260 ATPF responderão a inquérito e a ação penal por dilapidarem o patrimônio ambiental e fomentar o desmatamento da floresta amazônica.

De acordo com o gerente executivo do Ibama no Pará, Marcílio Monteiro, as providências tomadas pela instituição foram o encaminhamento imediato de 462 Representações Criminais (Autos de Infração) no valor de R$ 4,5 milhões contra as empresas infratoras e proposição de ação penal pela utilização indevida, adulteração ou falsificação de documentos públicos junto ao Ministério Público Federal no Pará.

Duas empresas somam mais de R$ 2 milhões em AI – Autos de Infração de ATPF calçada: Indústria de Madeiras Rio Guamá, em São Miguel Guamá, e a Pérola Madeiras do Pará, no município de Tailândia. A Operação Belém identificou que 30% das empresas investigadas estão localizadas no município de Tailândia, que passou a ser a nova rota ilegal da extração e comercialização de madeira na região sudeste do Pará.

A Operação Belém, iniciada em junho, também identificou a conexão criminosa entre madeireiras do Pará e do Mato Grosso, que juntas sonegaram R$ 45 milhões do sistema tributário, comercializando ilegalmente 45 mil metros cúbicos de matéria-prima florestal. Esse volume corresponde a mais de 2.500 caminhões que, enfileirados, chegam a 50 km de extensão, fruto do abate clandestino de três milhões de árvores de centenas de espécies florestais.

O gerente executivo do Ibama no Pará disse que o corte ilegal “causa danos a biodiversidade e aos ecossistemas irreversíveis e quem perde com a dilapidação do patrimônio ambiental são as populações rurais dos municípios paraenses”. Flávio Montiel, diretor de Proteção Ambiental do Ibama, informou que o “Pará está sendo pioneiro neste tipo de auditoria, mas a ação será estendida para todo o Brasil”.

Conferência Nacional do Meio Ambiente

Agência Brasil – Ampliar o debate e a participação da sociedade brasileira na formulação de políticas ambientais que assegurem a qualidade ambiental e a sustentabilidade dos recursos naturais. Este é o principal objetivo da Conferência Nacional do Meio Ambiente, a partir de hoje, em Brasília. Durante três dias, mais de 1200 pessoas, entre delegados natos e eleitos em conferências estaduais, convidados e observadores participam da construção de uma outra política para o setor.

Entre os participantes, nomes de peso ligados à causa ambiental e que integram a Comissão de Honra da Conferência, como Bertha Becker, Leonardo Boff, Paulo Nogueira Neto, Washington Novaes, Magda Renner, Glacy Zancan e Fábio Feldman. Eles atuarão como articuladores e mediadores das palestras e debates que reunem representantes das três esferas de governo, dos poderes legislativo e judiciário, empresas, universidades, comunidades tradicionais, Ongs e vários outros setores da sociedade.

A primeira Conferência Nacional de Meio Ambiente pretende mostrar que não são apenas os ecologistas que estão preocupados com a sustentabilidade do meio ambiente. A participação maciça de representantes de setores da sociedade que tradicionalmente estavam alheios a esse processo comprova que a questão ambiental deixou de ser um assunto exclusivo de ecologistas para se tornar uma prioridade nacional.

Dos 912 delegados eleitos nas pré-conferências e nas conferências estaduais, só 124 (13,60%) são militantes de Ongs ambientalistas. A maioria dos participantes vem de outros segmentos: 18,64% são de movimentos sociais, 10,45% de universidades ou centros de pesquisa, 33,44% de órgãos do governo federal (9,10%), estadual (12,50%) e municipal (11,84%), 7,13% do setor produtivo e 5,4% representam as mineradoras. As populações indígenas, quilombolas, caiçaras e ribeirinhos também estarão representadas, com 5,38% dos delegados eleitos.

O lema da Conferência – “Vamos cuidar do Brasil”, será amplamente debatido em seis temas estratégicos: Água, biodiversidade, infra-estrutura, meio ambiente urbano, mudanças climáticas e agricultura, pecuária, pesca e florestas. A Conferência aprovará dois documentos com diretrizes e propostas que serão encaminhados ao Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e
servirão de subsídios para a consolidação do Sistema nacional de meio Ambiente (Sisnama).

O perfil de alguns dos integrantes da Comissão de Honra é um sinal para que se possa avaliar a qualidade dos debates e para a abrangência das diretrizes que serão apresentadas. Bertha Becker é professora emérita de geopolítica da Universidade Federal do Rio de janeiro (UFRJ) e
consultora internacional sobre a inserção da Amazônia na geopolítica das águas. Paulo Nogueira Neto é considerado um dos maiores ambientalistas do país. Vice-presidente da SOS Mata Atlântica e da WWF Brasil, ele defende a causa ambiental há mais de 40 anos e foi o fundador de uma das primeiras Ongs ambientais do país, em 1953.

A professora Glacy Zancan ocupou dois mandatos na presidência da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC); Magda Renner é pioneira na defesa do meio ambiente no Brasil e fundadora do Núcleo dos Amigos da Terra; Washington Novaes é jornalista especializado em meio ambiente e ex-secretário de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente do Distrito Federal. Fábio Feldman é especialista em mudanças climáticas e durante vários anos atuou como secretário-geral do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas; e o teólogo Leonardo Boff, militante de várias causas sociais, já foi condecorado com o Prêmio Nacional dos Direitos Humanos.

Mauricio Cardoso

Ministro da Justiça assina Portaria Declaratória de Terra Indígena

Ministério da Justiça – Realizada na tarde de quarta-feira, dia 26, a cerimônia de declaração da Terra Indígena Cantagalo, Rio Grande do Sul, com a presença do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos; do ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rosseto; do ministro das Cidades, Olívio Dutra; e do presidente da Funai, Mércio Gomes.

O evento celebrou não apenas a declaração da área de 286hec como terra indígena para os 170 índios da etnia Guarani M’Byá – mas também demonstrou a importância do tema para o governo federal. De acordo com o ministro da Justiça, o compromisso do presidente Lula é de ter todas as áreas indígenas brasileiras homologadas até o final do mandato. Desde o início do ano, o Presidente já homologou 24 reservas totalizando 1 milhão e 700 mil hectares.

“Esta é uma etapa nova na Funai, pelo bem do futuro do país”, afirmou Mércio Gomes. Da mesma forma, Thomaz Bastos afirmou que a decisão de assinar a portaria declaratória da Terra Indígena Cantagalo na sede da Funai é parte dessa filosofia de um governo que foi eleito para “a mudança e transformação, na direção de uma sociedade mais democrática e igualitária”.

Acompanhado do cacique Afonso da Costa, que não fala português, o representante dos Guarani M’Byá, Maurício Gonçalves, disse estar contente. “Fico muito feliz, principalmente porque essa é uma luta de mais de trinta anos. Para os Guarani, o território ainda é pequeno, mas isso já representa uma avanço muito grande”. A nova reserva – cujo projeto foi coordenado pelo antropólogo Carlos Alexandre dos Santos – oferece espaço para as plantações da comunidade, que sobrevive basicamente da produção de artesanato e agricultura de subsistência.

Os Guarani M’Byá são conhecidos como povos de religiosidade muito tradicional e procuram fazer suas aldeias segundo seus preceitos místicos fundamentados, principalmente, na relação com a natureza, em especial a Mata Atlântica.

Conflitos em Terras Indígenas

ISA – Homologação da Terra Indígena (TI) Raposa Serra do Sol (RR), normatização da atividade de garimpo de diamante pelos Cinta Larga na TI Roosevelt (RO), suspensão do repasse de recursos federais a municípios criados no interior de TIs, promulgação da Convenção 169 da OIT, implementação de um programa de sustentabilidade econômica indígena estão entre as recomendações do documento, lançado no dia 18/11.

Integrada pelos deputados Orlando Fantazzini (PT/SP), Pastor Reinaldo (PTB/RS) e César Medeiros (PT/MG), a Caravana de Direitos Humanos (CDH) percorreu as Terras Indígenas Buriti (MS) Sangradouro (MT), Roosevelt (RO), Raposa/Serra do Sol (RR), Caramuru-Catarina Paraguassu (BA), Xucuru (PE) e Toldo Chimbangue e Aracaí (SC) entre 7 e 17/10 deste ano.

As impressões das visitas e audiências públicas realizadas durante a caravana estão relatadas no documento divulgado dia 18/11, que contém também uma série de recomendações [relacionadas na íntegra abaixo] à Presidência da República, à Fundação Nacional do Índio (Funai), ao Supremo Tribunal Federal, ao Congresso Nacional e aos governadores de todos Estados da Federação, em especial ao do Mato Grosso, do Mato Grosso do Sul, de Santa Catarina e da Bahia.

Segundo a CDH, a opção pelo tema conflitos em Terras Indígenas se deu, em primeiro lugar, a um “mea culpa” da própria comissão, que reconheceu estar tratando da temática indígena com a devida atenção, desde a sua criação, em 1995. Mas também pesou na decisão o acirramento dos conflitos e o aumento expressivo de mortes de índios, 23 desde o início do governo Lula, segundo dados do Conselho Indigenista Missionário (CIMI).

Todas as comunidades visitadas ressaltaram o ineditismo da visita da CDH. Segundo os índios, raramente qualquer autoridade comparece às aldeias para ouvir as comunidades e conhecer sua realidade. “O curioso foi que em diversos momentos a comissão foi desencorajada – por autoridades federais e estaduais – a empreender as visitas, sob o argumento de que os índios eram perigosos ou imprevisíveis. Na verdade, estes argumentos escondem o fato de que a autoridade não-indígena tem grandes dificuldades em saber ouvir os povos indígenas”, contesta Orlando Fantazzini.


Pressão sobre os recursos naturais em TIs

O relatório constata que as causas dos conflitos que acirram as comunidades visitadas possuem raízes no desrespeito histórico à cultura e à terra dos povos indígenas.

“Os conflitos surgem principalmente da tentativa do homem branco de utilizar as terras indígenas para a monocultura de produtos agrícolas de exportação, para as atividades de mineração e garimpo, extração de madeira, ou para a construção de barragens e hidrelétricas”, expõe o relatório.

Analisando os diversos motivos do conflito entre “brancos” e índios, a CDH deixa claro que a homologação de Terras Indígenas é a única garantia de que o desenvolvimento vai se dar com o devido respeito à identidade e à autonomia das culturas indígenas. Os projetos de “desenvolvimento” defendidos pelos não-índios não incluem o direito à terra, pelo contrário. No Mato Grosso, por exemplo, os fazendeiros oferecem a “parceria agrícola”, mas desde que os indígenas abram mão da demarcação e da homologação de terras.

Além disso, há um enorme preconceito contra as populações indígenas. Uma das reclamações dos que se colocam contrários à demarcação de terras ou às demais políticas indigenistas é a de que o índio, hoje, se tornou um “brasileiro”. A CDH ouviu frases como “eles têm caminhonetes importadas” e “possuem casas de alvenaria”. Portanto, já estariam “aculturados” e não necessitariam de políticas específicas, podendo ser tratados como quaisquer outros.


Povos Indígenas e o poder público

O relatório demonstra também que o poder público muitas vezes contribui para o acirramento do conflito ao estimular um sem-número de práticas dos não-índios com relação à terra: construção de estradas, criação de municípios, extração intensiva de recursos naturais, drenagem e desvio de rios e muitas outras.

O Judiciário, na maioria das vezes, interpreta que a Terra Indígena não homologada é um pedaço de chão como outro qualquer. Essa interpretação faz com que os não-índios promovam ações judiciais para dificultar o processo de demarcação e homologação, criando uma situação em que a criação da terra indígena seja “impossível”. “Muitas mortes seriam evitadas se o entendimento jurisprudencial considerasse as terras em demarcação como terras com título em disputa. Assim, muitas destas práticas poderiam ser evitadas através de medidas judiciais cautelares”, alerta o documento.

Durante as audiências nas Terras Indígenas, vários povos acusaram o governo federal de permitir que negociações políticas interfiram no processo técnico de demarcação e homologação de terras. Foram apontados como exemplo a filiação do governador de Roraima, Flamarion Portela, ao Partido dos Trabalhadores, ato político que ampliou a base de sustentação do governo no Congresso Nacional. A comunidade indígena e muitos não-índios acreditam que o governador negociou com o governo a não-homologação da TI Raposa/Serra do Sol.

A CDH também ouviu suspeitas quantos aos interesses do governador de Mato Grosso, Blairo Maggi. Um dos maiores plantadores de soja do país – monocultura esta que exerce grande pressão sobre áreas indígenas do Estado -, o governador teria proposto ao governo federal uma “moratória” na demarcação de Terras Indígenas.

Enquanto protela o processo de homologação das TIs, o governo federal praticamente deixa os índios à própria mercê, em termos da assistência à saúde, educação e trabalho e segurança para o índio.


Degradação no entorno e no interior de TIs

A Caravana dos Direitos Humanos pôde identificar três fontes de conflito envolvendo questões ambientais: (a) problemas relativos à degradação do entorno das Terra Indígenas, decorrente da aproximação cada vez maior da grande monocultura e da pecuária extensiva; (b) a degradação e má gestão dos recursos naturais no interior das Terra Indígenas; (c) a sobreposição de Terras indígenas e Unidades de Conservação (UCs).

A degradação no interior das TIs em áreas de grande extensão, como a Raposa/Serra do Sol (RR) e as áreas Cinta Larga, que vão do Mato Grosso a Rondônia, ocorre ora porque os índios são incapazes de fiscalizar as áreas por si mesmos, ora porque suas lideranças são convencidas – em troca de dinheiro – a permitir as atividades ilegais.

A CDH ouviu reclamações no sentido de que os índios não querem ser apenas “um exército para cuidar das matas”. Entretanto, o índio compreende muito bem a necessidade de preservação de seus recursos naturais, para o bem de suas gerações futuras. “Não faz sentido, portanto, atropelar a autonomia de decisão que eles têm sobre suas terras. Eles serão os primeiros a aceitarem planos de manejo de seus recursos que lhes garantam autonomia cultural e acesso mínimo ao conforto material. O confronto histórico entre os órgãos ambientais e indigenistas parece ter raízes outras, de natureza principalmente corporativa. De um lado, os órgãos ambientais se recusam a compartilhar a responsabilidade pela preservação com as comunidades indígenas. De outro, o órgão indigenista se acostumou ao monopólio da tutela, e não admite as relações dos índios com outros órgãos governamentais.”


Funai: 8 ou 80

Via de regra, os funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai) em cada estado ou fazem o jogo dos não-índios no conflito, ou estão ameaçados de morte pelos mesmos brancos, já que defendem os direitos dos índios. Essa grande diferença de atitude entre as administrações regionais da Funai indica a falta de uma orientação nacional para a política indigenista. Para a CDH faz-se necessário algum tipo de orientação geral por parte da sede da Funai em Brasília para os vários Estados, como, por exemplo, orientações do tipo “será proibido negociar a demarcação de terras”.

O sucateamento da Funai é apontado no relatório como principal fator de ambigüidade na relação entre o Estado brasileiro e os povos indígenas. “O Estado demarca terras, mas, ao falhar completamente na assistência aos povos indígenas, fragiliza-os perante a pressão exercida pelo poder econômico. Assim é que os Xavante (MT), apesar de terem grande parte de suas terras demarcadas, sentiram-se forçados a aceitar uma proposta de “parceria agrícola” com fazendeiros de soja. Da mesma maneira, os Cinta Larga em Rondônia, que também têm terras já demarcadas, permitiram durante 20 anos a extração de toda a madeira da terra indígena, e hoje enfrentam o problema da exploração do diamante.”


ONGs e igrejas

“Vivíamos em paz e harmonia com os índios, até que chegaram as ONGs”. Esta frase foi insistentemente dita pelos não-índios aos deputados. As ONGs e a igreja católica são acusadas de “insuflar” os índios ao conflito, são retratadas como atores de uma conspiração para “entregar o Brasil” aos interesses estrangeiros e são responsáveis pelo “confinamento” dos índios e por uma espécie de escravização cultural. Este discurso é praticado não apenas por aqueles não-índios diretamente envolvidos nos conflitos, mas também por políticos e pela imprensa local.

O relatório aponta a atuação de indigenistas independentes, organizados a partir da sociedade civil, como grande agente de conscientização dos povos indígenas a reivindicarem sua autonomia. Por outro lado, o enorme crescimento no número e na diversidade de ONGs e igrejas atuando nas comunidades indígenas não deixa de refletir a ausência do poder público.

O documento cita o Instituto Socioambiental como, talvez, a única fonte completa de dados, inclusive cartográficos, sobre todos os povos indígenas no país. “Realiza um trabalho fundamental em vista da omissão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que até hoje não promoveu o censo indígena.”

Recomendações do relatório da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados sobre Conflitos em Terras Indígenas


Recomendações

1. À Presidência da República:

1.1. Imediata homologação da Terra Indígena Raposa/Serra do Sol, nos termos da demarcação administrativa vigente (Portaria 820 do Ministério da Justiça).

1.2. Criação, no âmbito da Presidência da República, de um grupo de elite permanente, para coordenação das ações entre a Funai, Incra, Ibama, DNPM, Abin, Polícia Federal e Funasa, bem como para apurar e combater denúncias de corrupção por funcionários destes órgãos.

1.3. Revogação do Decreto 4412, de 07/10/02, com edição de nova regulamentação sobre a atuação das forças armadas em terras indígenas, cujo princípio regulador deve ser o diálogo e o consenso com as comunidades indígenas envolvidas. Retirada do Quartel da Maloca Uiramutã, Roraima, e reconstrução em local compatível com a vida social da comunidade indígena.

1.4. Normatização da atividade de garimpo de diamante por índios Cinta Larga na Terra Indígena Roosevelt, estado de Rondônia. As normas devem conter a necessidade de presença permanente do Estado, cuja atuação deve estar embasada nos laudos de impacto elaborados por Grupos de Trabalho do órgão indigenista. Os diamantes devem ser vendidos à Caixa Econômica Federal, e a renda auferida deve ser revertida em favor da própria comunidade indígena. Cabe lembrar que esta iniciativa independe da aprovação de Projeto de Lei de regulamentação da mineração em Terras Indígenas. Isto porque garimpo e mineração são atividades distintas, sendo vedado pela Constituição Federal (art. 231, §§ 2.º, 6.º e 7.º) o garimpo em Terras Indígenas por não-índios.

1.5. Cancelamento administrativo de todos os requerimentos de mineração e exploração de recursos naturais que incidam sobre Terras Indígenas, até que seja aprovada a regulamentação do art. 231, §3º, da Constituição Federal.

1.6. Inclusão das estradas e outras obras irregulares em terras indígenas no cadastro geral de obras irregulares.

1.7. Determinação ao Ministério da Defesa e à Polícia Federal para retirada imediata de garimpeiros em atividade na Terra Indígena Yanomami, estado de Roraima.

1.8. Criação de um Conselho Indígena no âmbito do Projeto Avança Brasil, formado por lideranças das comunidades cujas terras possam ser atingidas pelas obras do projeto.

1.9. Determinação ao Ministério da Previdência Social para criação de um programa especial de aposentadoria indígena.

1.10. Determinação ao Ministério do Desenvolvimento Agrário para elaboração de um programa de assentamento diferenciado para agricultores de boa-fé que tenham sido pacificamente retirados de terras indígenas.

1.11. Criação, no âmbito do Ministério da Saúde, de um órgão específico, integrado ao SUS, para formulação da política de saúde indígena.

1.12. Determinação ao Ministério do Meio Ambiente para que:

1.12.1. torne obrigatória a inclusão de laudo antropológico nos estudos de impacto ambiental que apontem conseqüências para recursos naturais de terras indígenas;

1.12.2. elabore normas e regulamentos que garantam a gestão ambiental do entorno das terras indígenas, no sentido de garantir o uso tradicional de recursos naturais pelas comunidades indígenas;

1.12.3. revogue os atos que criam os Parques Nacionais do Monte Roraima e Monte Pascoal, em respeito à prioridade indígena sobre aquelas áreas.

1.13. Determinação ao Ministério da Educação para que:

1.13.1. elabore programas que garantam o acesso dos índios ao ensino universitário, até que a lei venha a dispor sobre eventual educação universitária indígena;

1.13.2 assegure o reconhecimento formal das escolas indígenas que ainda não tenham sido reconhecidas;

1.13.2 Crie os subsistemas de educação indígena, nos moldes dos subsistemas de saúde;

1.13.3 Inclua no currículo escolar da sociedade não-índia o estudo da história e cultura dos povos indígenas.

1.14 Imediata suspensão do repasse de recursos federais a municípios que tenham sido criados no interior das Terras Indígenas, após sua regular demarcação.

1.15 Imediato empenho dos recursos do Plano Emergencial Pró-Cinta Larga, bem como a imediata mobilização da Polícia Federal no sentido de impedir a invasão das áreas indígenas Cinta Larga.

1.16 Imediata promulgação da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho.

1.17 Auditoria do Controladoria-Geral da União no sentido de fiscalizar todos os repasses de recursos já efetuados pela Funasa à rede de saúde e às entidades terceirizadas, com o objetivo de atender as populações indígenas.

1.18 Orientação à Polícia Federal no sentido de afirmar sua competência exclusiva nas investigações de crimes relacionados a conflitos em terras indígenas.

1.19 Criação de uma força-tarefa da Polícia Federal e Ibama para investigar o desaparecimento de recursos naturais – especialmente diamantes e madeira – de terras indígenas.


2.À Fundação Nacional do Índio (Funai):

2.1. Urgente demarcação das terras indígenas que ainda restam não demarcadas.

2.2. Imediata reabertura dos trabalhos de identificação das Terra Indígenas Sangradouro e Volta Grande, com designação de proteção federal aos antropólogos responsáveis. Apuração de responsabilidade da Funai local com relação às negociações para não-demarcação das terras.

2.3. Elaboração de um programa de sustentabilidade econômica indígena, com o planejamento de atividades que as comunidades possam realizar sem que coloquem em risco seus costumes e tradições.

2.4. Elaboração de programas permanentes de ações afirmativas para as mulheres indígenas.

2.5. Implementação de um plano de fiscalização e controle permanente de Terras Indígenas que contemple a participação das comunidades envolvidas.

2.6. Intensificação de programas de intercâmbio entre as diversas comunidades indígenas, a fim de que as lideranças possam conhecer as diversas experiências na relação entre índios e não-índios e na criação de programas de desenvolvimento sustentável.

2.7. Imediata criação do Conselho Superior de Política Indigenista, conforme programa de governo do Presidente da República.

2.8. Urgente realização da Conferência Nacional de Política Indigenista, com poderes de influir na elaboração das políticas públicas voltadas para as nações indígenas.

2.9. Que a Funai desautorize expressamente seus funcionários de quaisquer tentativas de negociar a demarcação de terras indígenas a troco de favores e benesses para as lideranças indígenas. Qualquer projeto de “parceria” ou “auxílio” deve estar vinculado à garantia do direito à terra consagrado na Constituição Federal.

2.10. Elaboração de Campanha Nacional de Combate ao Preconceito contra as Comunidades Indígenas.

2.11. Que sejam expressamente desautorizados eventuais planos de assentar a dissidência Xukuru (PE) em áreas que sejam contíguas à atual Terra Indígena Xucuru.


3.Ao Supremo Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justiça e Tribunais Regionais Federais:

3.1. Imediato julgamento da ação de nulidade de títulos que envolve as Terras Indígenas Caramuru – Catarina Paraguassu, da etnia Pataxó Hã-Hã-Hãe, município de Pau Brasil (BA).

1.Consolidação de jurisprudência no sentido de definir as terras indígenas em demarcação como terras em disputa, o que facilitaria a impetração de medidas liminares e/ou cautelares no sentido de impedir a construção de estradas, criação de municípios, etc.

2.Consolidação de jurisprudência no sentido de afirmar a competência federal em processos que envolvem terras indígenas.

3.Consolidação de jurisprudência no sentido de garantir a assistência antropológica em processos em que índios figuram como réus.

4.Ao Congresso Nacional:

4.1. Imediata aprovação do Estatuto do Índio.

4.2. Aprovação da reforma política.

4.3. Auditoria do Tribunal de Contas da União no sentido de fiscalizar todos os repasses de recursos já efetuados pela Funasa à rede de saúde e às entidades terceirizadas, com o objetivo de atender as populações indígenas.


5. Aos Estados da Federação, em especial aos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Bahia:

5.1. Aprovação de emenda constitucional nos estados no sentido de permitir a compensação financeira a ocupantes de boa-fé de áreas colonizadas ilegalmente pelo Estado, situadas em terras indígenas.

5.2. Auditoria dos respectivos Tribunais de Contas no sentido de fiscalizar o uso das verbas do ICMS-ecológico e congêneres.

5.3. Determinação às Secretarias de Educação para que assegurem o reconhecimento formal das escolas indígenas que ainda não tenham sido reconhecidas.

6.Ao Ministério Público Federal:

1.Que o MPF desautorize expressamente seus procuradores de quaisquer tentativas de negociar a demarcação de terras indígenas a troco de favores e benesses para as lideranças indígenas. Qualquer projeto de “parceria” ou “auxílio” deve estar vinculado à garantia do direito à terra consagrado na Constituição Federal.

2.Lotação de mais procuradores responsáveis pela questão indígena, especialmente nos Estados de Rondônia e Mato Grosso.

ISA, Ana Flávia Rocha, 25/11/2003.