Ministro defende programa nuclear

Agência Câmara – O ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, ressaltou nesta terça-feira (30), durante o seminário “Tecnologia Nuclear – Soberania e Desenvolvimento”, na Câmara dos Deputados, que o Brasil tem autoridade moral e ética para cobrar dos países que dominam a tecnologia nuclear a extinção de seus arsenais.

Para o ministro, o País tem condições de defender a paz por desenvolver uma política nuclear não relacionada com projetos militares. “O Programa Nuclear Brasileiro não é bomba atômica”, enfatizou. Ele explicou que o programa inclui a geração de energia elétrica, o desenvolvimento da medicina e o aumento da produtividade agrícola.

Desenvolvimento Científico e Tecnológico

O ministro afirmou que o País já alcançou alto nível de desenvolvimento científico na área, mas o programa precisa ser ampliado para alcançar “correspondente desenvolvimento tecnológico”. Amaral lembrou que o Governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é da inclusão social, e que isso não ocorrerá sem investimento maciço em educação, ciência e tecnologia.

O seminário, que ocorre no Auditório Nereu Ramos, discutiu nesta terça-feira os aspectos políticos e sociais do Programa Nuclear Brasileiro. Na quarta-feira será abordado o aspecto econômico. O objetivo do evento, organizado pelas comissões de Relações Exteriores e de Defesa Nacional; de Minas e Energia; e de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara, é despertar a atenção das autoridades e da sociedade para o prosseguimento do Programa Nuclear Brasileiro.

O Seminário foi aberto pela deputada Zulaiê Cobra (PSBD-SP), presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional. “Nossa intenção com este encontro é ratificar o papel importante do Legislativo em pensar, refletir e interferir junto ao Governo Federal no sentido de estimular o desenvolvimento da tecnologia nuclear em nosso país”, disse a deputada.

Convidados defendem Programa de Energia Nuclear

O representante da Eletrobrás, Luiz Soares, defendeu durante o seminário a continuidade do Programa de Energia Nuclear. Ele lembrou que o Brasil tem a matéria-prima urânio – é o sexto produtor mundial – tecnologia e pessoal especializado.

Soares falou também sobre a necessidade de aprofundar e ampliar o debate  em torno do setor nuclear. “No atual cenário competitivo internacional, um fator preponderante para os países é conseguir desenvolver atividades onde o conhecimento seja a base da soberania e da evolução tecnológica. Na área nuclear vive-se sob um manto de invisibilidade onde o muito que foi feito se perde em críticas, que são importantes, mas tocam apenas a superfície da questão”, disse Luiz Soares. O diretor lembrou ainda que o Brasil possui todas as condições materiais, tecnológicas e humanas para  atender às expectativas de crescimento  e justiça social existentes.

O comandante da Marinha, almirante-de-esquadra Roberto de Guimarães Carvalho, ressaltou que precisa haver uma decisão de Governo sobre o assunto. Para o comandante, o programa, em desenvolvimento há 23 anos pela Marinha, precisa receber recurso orçamentário de outras áreas, sob o risco de ficar estagnado pelas restrições orçamentárias.

O deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), representante da Comissão de Minas e Energia no evento, enfatizou que não se pode acusar a política de energia nuclear de falta de transparência, uma vez que ela atravessou e sobreviveu a três CPIs no Congresso. Luiz Sérgio explica que o objetivo do programa não é só focar a questão nuclear apenas na geração de energia, mas em suas várias aplicações, como na medicina, produção de alimentos e utilização na indústria.

“Nenhum custo é mais alto do que a indefinição”. Para o deputado, tendo o Brasil uma das maiores reservas de urânio do mundo, precisa debater o que fazer com ela. Ele espera que o seminário sirva para subsidiar as decisões do Governo.

Angra III

O deputado Jamil Murad (PCdoB-SP), que representa a Comissão de Ciência e Tecnologia no seminário, defendeu a continuidade da construção da usina Angra III, no estado do Rio de Janeiro. Para o deputado, o Brasil não pode abrir mão da energia nuclear desenvolvida no país por causa de impedimentos.

O presidente da CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear, Odair Dias Gonçalves, sugeriu que o Governo faça uma campanha de esclarecimento à população sobre os verdadeiros objetivos do Programa Nuclear Brasileiro, para que se acabe com os mitos de que o programa nuclear está relacionado com bombas e guerra. “O Brasil está fora de pesquisas nessa área e desenvolve seu programa para aplicação em várias setores, não só na energia elétrica.”

Cultura indígena nas cidades

Agência Brasil – “Povo verdadeiro, gente de verdade, nós mesmos. É assim que nós nos sentimos: parte integrante deste universo, em conexão com o Espírito Criador. Nós aprendemos com nossos ancestrais tudo o que sabemos e queremos preservar esse conhecimento para as futuras gerações”. Esta é a mensagem que os povos indígenas Xavante, do Mato Grosso, e Karajá, do Tocantins, querem passar aos “brancos” com as apresentações de seus rituais. Eles descobriram que só conseguirão ser respeitados se tornarem conhecida a sua cultura. A aproximação com a cidade, através de novas formas de contato, é fundamental para manter vivos os fundamentos de sua tradição no mundo contemporâneo. Esse é o motivo da criação do projeto “Ritos de Passagem – Canto, dança e ritual indígena”.

A coordenadora do projeto, Ângela Pappiani, esclarece que as apresentações não são espetáculos musicais e sim adaptações para o palco de trechos dos rituais realizados nas aldeias. Com suas pinturas, adornos corporais, danças e cantos, 40 guerreiros mostram um pouco da força, beleza e magia desses rituais. Ângela afirma que o objetivo do projeto é trazer para a cidade um pouco da cultura indígena. “Precisamos mostrar quem somos, a força, a beleza, a riqueza da nossa cultura. Só assim vão entender e admirar o que temos”, diz Wabua Xavante.

Realizado anualmente desde o ano 2000, o “Rito de Passagem” sai, pela primeira vez, do eixo Rio – São Paulo. Cerca de 50 mil pessoas aproveitaram a oportunidade de conhecer e admirar a cultura de oito povos indígenas: Xavante, Karajá, Krikari, Tukano, Guarani, Mehinaku, Bororo, Kaxinawá e o povo indígena do Japão, Ainu. Agora é a vez de Brasília e Goiânia conhecer um pouco mais as manifestações culturais dos índios. Além das apresentações de dança e rituais, o projeto conta com debates, exibição de vídeo e oficinas de pintura corporal, canto e dança, na Universidade de Brasília, e uma a exposição fotográfica de Helio Nobre aberta até o dia 28 de setembro na Câmara dos Deputados.

Hoje (26), as duas tribos reinauguraram a Concha Acústica com uma apresentação especial para o público escolar. Estiveram presentes os alunos da Escola Classe 4 e do Colégio Militar de Brasília. Dezenove membros da tribo Xavante, incluindo quatro mulheres, e seis índios Karajá transmitiram um pouco de sua tradição. Agora à noite, os Xavante se apresentam, no mesmo local, para o público brasiliense. Amanhã, no mesmo horário e local, será a vez dos índios Karajá.

Xavante – A tribo vive no cerrado. As características mais marcantes desse povo são os cortes de cabelo e as pinturas corporais feitas com jenipapo, carvão e urucum.

Karajá – Vivem nas margens do rio Araguaia. Toda a criação da tribo está ligada ao rio. Os dois círculos tatuados nas maçãs do rosto são sua maior marca. As pinturas corporais em negro e vermelho representam as formas dos peixes e cobras. Os rituais relembram os heróis criadores e os ancestrais.

 

Inseticida natural

 
Estação Vida – “Muita saúva e pouca saúde. Os males do Brasil são”. A frase do modernista Mário de Andrade revela que as formigas são mesmo um problema no país, tanto nas áreas urbanas, quanto em propriedades rurais. Acabar com elas usando um produto 100% natural que não apresenta risco para crianças ou animais domésticos é o que faz o Natucid, um inseticida orgânico, extraído de uma planta originária da Índia, chamada nim, cujo princípio ativo, azadiracta, tem ação inseticida e fungicida.

O produto tem chamado a atenção do público no estande do Sebrae em Mato Grosso, na Amazontech 2003, que termina neste sábado [26], no Studio 5 Centro de Convenções, em Manaus. Organizado pelo Sebrae [Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas] e pela Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária], o Amazontech é o maior evento de promoção de negócios sustentáveis da região amazônica, com a previsão de gerar R$ 80 milhões em transações comerciais entre empresas e instituições científicas renomadas.

Segundo o diretor comercial da empresa Natucid Orgânico, Eduardo da Silva Ramalho, o produto é revolucionário por suas caracaterísticas, é extremamente barato, com aplicação simples e 100% eficiente, além de não ser venenoso, não tóxico, não poluente, não químico e oferece segurança para o ser humano. “O Natucid é o primeiro produto no mundo com essas características. Nos últimos 50 anos, não surgiu nada igual em termos de inseticida”, garante.

Por causa de tais características, o produto tem feito tanto sucesso no evento, afinal está afinado com a filosofia do Amazontech, um evento centrado na promoção de ações tecnológicas que viabilizem o desenvolvimento sustentável da Amazônia Legal, permitindo a exploração econômica da região sem danos ao meio ambiente.

A ação do produto natural é repelente e causa desidratação celular nos insetos que, pela contaminação da colônia, leva sua extinção. Eduardo explica que basta borifar o produto sobre as formigas, que não morrem na hora, mas transportam o veneno para o formigueiro, onde age como fungicida acabando completamente com elas. O produto controla todo tipo de formiga, inclusive as saúvas, terror nas propriedades rurais.

O Natucid Orgânico, cuja distribuição nacional está sediada em Rondonópolis [a 218 km ao sul de Cuiabá], foi inventado pelo pai de Eduardo, Benedicto Caio Ramalho, falecido há dois anos. Dentista e professor de biologia na cidade de Lins, no interior de São Paulo, durante 35 anos, Benedicto era um estudioso e mantinha em casa um pequeno laboratório, onde produzia perfume, pólvora e estudada várias plantas. Para atender a uma necessidade doméstica, acabar com as pragas da horta orgânica que cultivava no quintal, durante 20 anos, ele pesquisou a nim até chegar à fórmula do Natucid, repassada aos filhos como uma valiosa herança.

Uma herança que tem se multiplicado deste então e gerando a cobiça de grandes multinacionais. Desde que foi lançado no mercado há dois anos, o volume de vendas do Natucid Orgânico tem duplicado a cada ano. A estratégia da empresa é, até 2004, vender o produto em todo o Brasil. Por enquanto, o produto é encontrado, exclusivamente nas lojas de produtos agropecuários. Mas no futuro, será revendido também em supermercados e farmácias.

O lançamento na Região Norte, está acontecendo no Amazontech. Além da venda e divulgação no estande do Sebrae em MT, o empresário visitou 20 lojas de produtos agropecuários de Manaus e iniciou uma campanha de rádio para difundir o produto.

Mato Grosso vai sediar o Amazontech 2004. O evento já está agendado para agosto, no Centro de Eventos do Pantanal.

Rita Comini/Sebrae-MT 
 

Botos e jacarés viram isca de urubu d'água

ISA – Denúncias de pesquisadores do Inpa e do Instituto Mamirauá revelam que a matança dos animais atingiu níveis alarmantes, e até mesmo uma rede especializada de fornecedores de botos e jacarés se formou no alto e médio Rio Solimões. A carne dos bichos é considerada excelente para pescar piracatinga, peixe necrófago conhecido como urubu d’água, que é exportado para a Colômbia.

Ora carcaças de jacarés, ora meia dúzia de botos mortos às margens do Rio Solimões e seus afluentes. É o que os pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá têm encontrado frequentemente em seus trabalhos de campo, até mesmo em áreas da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. Os casos vêm se repetido nos últimos três anos: botos e jacarés são capturados para virar isca de piracatinga (Calophysus macropterus).

Segundo Guillermo Estupiñan, assessor de Sistemas para a Exploração Sustentável de Recursos Pesqueiros do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, já existem pessoas especializados na caça dos botos e jacarés, principalmente nas regiões de Tefé, Fonte Boa e Jutaí, no Estado do Amazonas. Os animais são capturados com arpões e golpes na cabeça e sua carne é colocada em gaiolas para onde são atraídos os piracatingas. Sem qualquer tipo de fiscalização, os peixes são embarcados no porto de Tabatinga (AM) para Letícia, na Colômbia, onde são armazenados e posteriormente enviados a Bogotá, onde são filetados para consumo. Parte do produto é vendida no mercado colombiano, por ser um peixe barato, e a outra parte é reexportada para países como os Estados Unidos, onde o bagre – grupo ao qual pertence o piracatinga – tem bastante aceitação.

Mais impressionante que o fim dado aos jacarés e botos, é o número que consta de um levantamento do projeto Pró-Várzea, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama): cerca de 140 toneladas de piracatinga passaram pelo porto de Tabatinga (AM), via de acesso à Colômbia, entre maio e dezembro de 2001. Isso significa que, anualmente, a pesca desse peixe estimula a matança de 8 mil jacarés – a partir de estimativa do biólogo Ronnis da Silveira, professor da Universidade Federal do Amazonas – e 150 botos, de acordo com a pesquisadora Vera da Silva, do Inpa, que estuda botos há dez anos na Reserva Mamirauá. Para se ter uma idéia, com um jacaré de três metros, o pescador consegue apanhar cerca de 100 quilos de piracatinga, e com um boto adulto pega em média 200 quilos do peixe.

Para Vera da Silva, o que mais chama a atenção é que essa prática resultou em uma desvalorização espantosa dos animais. Um quilo do piracatinga vale no mercado da região o mesmo que o quilo do jacaré, cerca de R$0,60 ou US$0,18. “Essa conversão é ridícula. Não só a carne do jacaré é mais nutritiva e saborosa, como está sendo disperdiçada sua pele”, observa Vera. Um centímetro de pele de jacaré vale entre US$2 e US$9, revela o professor Ronnis da Silveira. Segundo ele, a caça do jacaré não é novidade. “Nos anos 70 tirava-se a pele e jogava-se fora a carne. Nos anos 90 tirava-se a carne e jogava-se fora a pele. Agora, jogam-se fora os dois”, resume Ronnis. O preço do boto, na região do Solimões, pode variar de R$ 50,00 a R$ 100,00 por animal.


Impactos

No que diz respeito aos botos, Vera da Silva diz que a maior preocupação é que a reprodução desses animais começa entre os seis e oito anos de vida e, portanto, a captura como vem acontecendo – cerca de 150 animais por ano – pode comprometer grupos inteiros. “O boto da Amazônia é o único golfinho de rio que ainda não está em extinção.”

Já em relação aos jacarés, apesar da dimensão da atual fase da caça ao animal – cerca de 8 mil por ano – não existe perigo de extinção da espécie. “A população do jacaré é enorme e chega à casa dos milhões de indivíduos. São dois mil jacarés-açu por quilômetro ou dois a cada metro, no Rio Solimões”, explica o professor Ronnis da Silveira. O jacaré-açu perfaz 80% da população de jacarés no alto e médio Solimões. Portanto, o grande problema em relação ao jacaré é o destino que lhe está sendo dado.


Leis e manejo

Apesar de existirem leis que garantem a proteção dos jacarés e botos – Lei de Proteção à Fauna (Lei 5.197 de 1967) e Lei 7.643, de 1987, que proíbe a pesca de cetáceos no Brasil, como o boto – o Estado não tem garantido seu cumprimento. No caso dos jacarés, entretanto, Ronnis da Silveira afirma que a rigidez da Lei de Proteção à Fauna acaba sendo um empecilho para a preservação da espécie no Solimões, uma vez que inviabiliza o manejo sustentável. “A lei estabelece regras para todo o território nacional, ignorando especificidades regionais. Por exemplo, se no Solimões a gente usa 10% dos jacarés para a exploração comercial, podendo até usar as víceras para a pesca do piracatinga, ajudamos a preservar os restantes 90%, os botos, e estimulamos a geração de renda, auxiliamos a continuidade das pesquisas e garantimos a preservação.”

Ronnis da Silveira acredita que essa alternativa tem caráter fundamental para a sustentabilidade socioambiental. “O morador local não é o vilão da história. É a vítima. O Estado não incentiva alternativas de renda e não dá opção legal para que ele responda à demanda do “patrão”, que encomenda toneladas e toneladas de jacaré.” Ele defende a necessidade de se estabelecer o manejo legal do jacaré, com estímulos governamentais, apoio de ONGs e embasamento de pesquisas. “Já estamos preparados em termos de organização comunitária e conhecimento científico.” O Projeto Mamirauá tem uma proposta de plano de manejo elaborada desde 2000, quando foi encomendada pelo então superintendente do Ibama no Estado do Amazonas, Hamilton Casara.

Na semana passada, Vera da Silva esteve com uma equipe do Inpa em Brasília para discutir com o Ibama, entre outros assuntos, a questão da matança de botos e jacarés. O Grupo de Trabalho Especial de Mamíferos Aquáticos (Getema) do Ibama fez uma recomendação à presidência do órgão federal para que dê atenção especial à questão. Denúncia a respeito também foi encaminhada ao Grupo de Especialistas em Crocodilianos da organização internacional The World Conservation Union – IUCN (veja versão em inglês na newsletter do Grupo). No âmbito estadual, será realizada no dia 26/09 uma audiência publica na Assembléia Legislativa do Estado do Amazonas sobre a questão dos jacarés.

ISA, Ricardo Barretto, 23/09/2003.

Pó de acerola verde serve para enriquecer alimentos

Agência Brasil – ABr – Com teor de vitamina C entre três a quatro vezes maior que a fruta já madura, a acerola verde é objeto de pesquisa na Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp. A partir de um processo de microencapsulação, a engenheira agrônoma Andréa Mara Righetto conseguiu obter o pó da fruta para ser utilizado como ingrediente em outros alimentos. Algumas das possibilidades, que ela cita como exemplo, é a sua adição em sucos naturais ou em massas pré-prontas para bolos e doces. Trata-se de um pó finíssimo, esbranquiçado e sem gosto, que, além de não afetar o sabor dos produtos, enriquece o valor nutricional do alimento, destaca Andreá.

Em sua pesquisa, que resultou na tese de doutorado “Caracterização físico-química e estabilidade de suco de acerola verde microencapsulado por atomização e liofilização”, Andréa também identificou a presença de compostos fenólicos (aromáticos) e de atividade antioxidante. Isto significa que a fruta antes de atingir a completa maturação pode se constituir em importante matéria-prima para alimentos com características funcionais.

No Brasil, a exploração da acerola verde como matéria-prima ainda é embrionária. “Não é comum o uso da fruta não-madura para consumo”. Andréa acredita que uma das causas poderia ser o sabor que não é agradável e sem aroma. Por outro lado, as características da fruta verde facilitam o trabalho do produtor durante o manuseio na pós-colheita, uma vez que ela tem uma durabilidade maior.

Para realizar seu estudo, a engenheira agrônoma contou com a colaboração de uma empresa que processa o suco concentrado da acerola verde para exportação, que cedeu o produto. Por enquanto, a pesquisa foi feita em escala laboratorial com financiamento da Fapesp e CNPq. A expectativa de Andréa agora é que a aplicação do pó como ingrediente para alimentos funcionais possa ser estudada.

Diversos foram os testes para se chegar ao melhor processamento da fruta, diz Andréa. “Foram vários meses, que exigiram muita paciência”, lembra. Ela partiu do princípio que deveria desidratar de forma a obter maior concentração do teor da vitamina C e também sua maior estabilidade. Desta forma, a engenheira agrônoma lançou mão de processos e agentes encapsulantes bastante utilizados no mercado.

Como seu objetivo principal era testar a estabilidade do produto em pó, isto exigiu um trabalho minucioso. Primeiro, ela concentrou as experiências em duas técnica: a atomização – processo usado para produção de leite em pó – e a liofilização (processo de secagem e de eliminação de substâncias voláteis realizado em temperatura baixa e sob pressão reduzida), comum no processamento de algumas variedades de café. Só nesta etapa, foram seis meses de testes para se saber qual processo era mais eficiente tanto na questão do tempo, como em termos de recursos e mão-de-obra.

Embora pela liofilização tenha alcançado resultados positivos, Andréa conta que logo abandonou a idéia por se tratar de um processo mais oneroso. Depois de decidir pela técnica de atomização, usando como microencapsulantes a goma arábica e a maltodextrina, a pesquisadora passou aos testes de estabilidade, ou seja, avaliar o comportamento do produto em diferentes condições de umidade e temperatura. “Conhecer a estabilidade do produto é extremamente importante na medida em que garante o bom manuseio e a qualidade do alimento”, esclarece Andréa.

Os estudos para chegar às conclusões finais foram realizados em ambiente controlado. A agrônoma optou ainda por fazer comparações com o ácido ascórbico sintético, que compõe uma série de produtos existentes no mercado, principalmente comprimidos de vitamina C. Na comparação, Andréa constatou que o pó de acerola verde apresentou durabilidade muito maior que o ácido ascórbico. Num período de 270 dias, a perda de vitamina no pó de acerola foi equivalente a 40%. Já no produto sintético, no mesmo prazo as perdas chegaram a 60%. A diferença deve-se possivelmente a outros compostos presentes na acerola verde que aumentam a estabilidade da vitamina C. (JUnicamp)

 

Baixo Araguaia terá pólo de desenvolvimento ambiental e rural

Estação Vida – A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, anunciou nesta sexta-feira [19], em São Félix do Araguaia, no nordeste mato-grossense, a implantação de um pólo do programa de Gestão Ambiental Rural [Gestar], no âmbito do Programa de Desenvolvimento Socioambiental da Produção Familiar Rural [ProAmbiente] e a construção de Agendas 21 locais nas cidades da região.

Além disso, a Caixa Econômica Federal irá viabilizar, por meio do Programa Nacional de Modernização Administrativa e Financeira, assistência técnica e recursos para melhoria das administrações municipais. Com essas ações, esperamos trazer à região atividades econômicas sustentáveis, baseadas no uso racional dos recursos naturais, na sabedoria e nas habilidades produtivas das populações, disse a ministra.

O Baixo Araguaia, entre os rios Xingu e Araguaia, no nordeste mato-grossense, é uma nova frente de avanço da soja e da pecuária em Mato Grosso, com foco no entorno da BR-158. Na região, em 13 municípios, vivem pelo menos 100 mil pessoas. Apesar dos elevados índices de desmatamento, os maiores do estado, registra os menores indicadores sociais e econômicos.

Pela manhã, Marina Silva participou da 5ª Mostra de Educação do Araguaia, onde palestrou sobre Ambiente, Política e Perspectiva Planetária. A ministra lembrou aos educadores e representantes de escolas de mais de 20 municípios da região que com leis, fiscalização forte e a consciência das populações será possível reverter o quadro de degradação e desrespeito à natureza. Ela salientou que é preciso defender o meio ambiente em nosso espaço. Para mudar a realidade planetária, é preciso pensar que a humanidade é cada um de nós. Separar o lixo em casa, apagar a luz, ser fraterno com os diferentes e com a natureza são tarefas simples que contribuem para a mudança de realidade. Marina Silva ressaltou, ainda, as investigações e o plano de combate a queimadas e desmatamento na Amazônia, desenvolvidos pelo Ibama em parceira com outros ministérios.

Na Câmara Municipal de São Félix, a ministra reuniu-se com lideranças de pelo menos 15 municípios para apresentar as propostas do governo para a região. Segundo ela, é preciso internalizar os recursos da produção local em parceira com prefeituras e movimentos sociais. A ministra anunciou a implantação de um pólo do programa de Gestão Ambiental Rural [Gestar], no âmbito do Programa de Desenvolvimento Socioambiental da Produção Familiar Rural [ProAmbiente] e a construção de Agendas 21 locais.

A Caixa Econômica Federal irá viabilizar, por meio do Programa Nacional de Modernização Administrativa e Financeira, assistência técnica e recursos para melhoria das administrações municipais. Além disso, Fani Mamede, da secretaria da Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário, informou que o Baixo Araguaia poderá ser definido como prioritário para atuação da pasta, e que deve ser desenvolvida uma linha de crédito específica para a região.

Também participaram das atividades em São Félix do Araguaia o secretário de Desenvolvimento Sustentável do MMA, Gilney Viana, o coordenador de Agenda 21 do Ministério, Pedro Ivo Batista, e o diretor de Instrumentos Econômicos da Secretaria de Dezensolvimento Sustentável, Roberto Vizentin.

A ministra Marina Silva foi recebida em São Félix do Araguaia pelo bispo Dom Pedro Casaldáliga , que iniciou seus trabalhos em Mato Grosso em 1968, em pleno regime militar. É uma das pessoas que lutaram pelo povo sofrido do nosso pa ís, lembrou Marina Silva sobre o religioso.

A ministra explicou a Dom Pedro o trabalho que o Ministério do Meio Ambiente vem desenvolvendo para tentar alterar o padrão de ocupação da terra e de desenvolvimento na Amazônia. Estamos criando um sistema que possa disputar com esse modelo, que seja uma alternativa real, disse. A ministra destacou a ação do Grupo de Trabalho Interministerial e o plano de combate ao desmatamento e queimadas no Arco do Desflorestamento. 
 

rgãos ambientais têm controle do incêndio no Jalapão

A operação conjunta de combate às queimadas no Parque estadual do Jalapão, formada pelo Governo do Tocantins, por meio dos órgãos ambientais Cipama – Companhia Independente da Polícia Ambiental, Naturatins, Defesa Civil e brigada de incêndio do Corpo de Bombeiros, iniciado na quinta-feira, 18, conseguiu controlar o fogo da região. O Parque foi decretado área de preservação estadual ambiental em 2001.

“Já conseguimos controlar o fogo que se alastrava na Serra do Espírito Santo e nas proximidades, agora só tem um foco de incêndio na encosta da serra, o que dificulta o acesso das equipes para combater o fogo”, informou o coordenador estadual de Defesa Civil e secretário-chefe da Casa Militar, Cel. Edson Pereira Nunes.

Nunes disse que, mesmo com o esforço das equipes que trabalharam dia e noite o fogo destruiu cerca de 70% da área de preservação do Parque, que é de 158 mil hectares. Além de degradar a vegetação natural, um dos pontos turísticos do Tocantins, matou também muitos animais, entre eles, os peçonhentos.

As equipes do Corpo de Bombeiros e Cipama, que estavam na região, estão sendo remanejadas, por outros combatentes para dar continuidade à operação. “Eles estão cansados, por isso a necessidade de fazer o remanejamento”, reforçou Nunes.

Outro grande prejuízo com as queimadas foi a perda de grande parte do capim dourado em plena época de colheita. O capim é matéria-prima usada no artesanato local, garantia de renda de muitas famílias. 
 
Elmiro de Deus

Incêndios em cinco unidades de conservação

Mais de 200 homens estão mobilizados desde o final de semana no combate a incêndios florestais em cinco unidades de conservação do Ibama. As áreas mais preocupantes, no momento, são os Parques Nacionais de Serra da Canastra (MG) e da Chapada dos Veadeiros (GO), onde atua um total de 110 brigadistas.

“Na Chapada dos Veadeiros estamos com 50 brigadistas em processo de revezamento. Vários focos foram detectados dentro do parque, com indicativo de que o incêndio seja criminoso”, afirmou Heloiso Bueno Figueiredo, coordenador do Prevfogo (Programa de Prevenção e Controle das Queimadas e Incêndios Florestais)enquanto se preparava para embarcar para o parque, distante 200 quilômetros de Brasília.

O helicóptero, segundo ele, será utilizado na avaliação e estabelecimento de estratégia de combate ao fogo, no deslocamento de equipes até os pontos de combate de difícil acesso, e na atuação de controle do fogo por meio do helibalde. Além do pessoal que já está no local, serão deslocados de Goiânia (GO) mais 10 pessoas da Brigada Anjos Verdes. O Ibama conta com dois caminhões Rodofogo, equipados com motobombas, geradores e equipamentos de combate direto: pás, abafadores e bombas costais.

De acordo com Heloiso, o fogo se alastrou em vários pontos do Parque da Chapada dos Veadeiros, atingindo principalmente o “cânion”, por onde passa o Rio Preto; o Morro da Baleia e a região norte, próxima a Cavalcante (GO). As equipes estão concentradas hoje no combate ao fogo no Canion. Amanhã deverão seguir para Cavalcante.

Canastra – Segundo as primeiras estimativas, o fogo já atingiu cerca de 15 mil hectares de vegetação no Parque Nacional da Serra da Canastra. Hoje, 37 homens faziam o combate às chamas na área atingida, com perspectiva de controlar os focos de incêndios nas próximas horas.

Araguaia – No Parque Nacional do Araguaia cerca de 50 pessoas estão de prontidão na entrada da unidade para iniciar o combate aos incêndios. Aguarda-se somente entendimentos com a Funai por envolver área indígena.

Serra Geral – Na Estação Ecológica de Serra Geral, no Tocantins, 18 brigadistas foram deslocados para o combate a focos de incêndios. A Estação fica próxima ao Parque Estadual do Jalapão, que também está queimando. O Prevfogo aguardava, hoje, um pedido de apoio do governo tocantinense para auxiliar no combate aos incêndios na área.

Ilha Grande– O fogo foi detectado ontem, no interior do parque paranaense, pela brigada municipal de Vila Alta (PR). Desde então , foram mobilizadas 70 pessoas, com apoio de um helicóptero, para combater uma linha de fogo que, na manhã de hoje, se estendia por 8 quilômetros. 

Nova arma contra incêndios

Agência Brasil – Está liberado para operação o primeiro avião de combate a incêndio florestal do Brasil – o monomotor Air Tractor AT-892F. Segundo o Departamento de Aeronáutica Civil a aeronave poderá atuar em qualquer localidade do estado do Rio de Janeiro. A Secretaria estadual de Defesa Civil fluminense está elaborando convênios para viabilizar também a operação em outros estados.

O aparelho chegou ao Brasil no dia 18 de fevereiro, proveniente do Texas, Estados Unidos. Sua aquisição foi resultado de um convênio assinado em maio de 2002 entre o Ministério do Meio Ambiente e o governo do estado. Os recursos – cerca de R$4,1 milhões – foram provenientes de parte da multa aplicada pelo Ibama à Petrobrás devido ao vazamento de óleo na Baía de Guanabara, em janeiro de 2000.

Desenhado especialmente para combate a incêndios, o monomotor possui tanque para 3.100 litros de água, pode ser reabastecido em 90 segundos e opera em pistas de apenas 900 metros. O avião também poderá ser utilizado em patrulhamento de locais de risco e no lançamento de defensivos agrícolas e de dispersante químico contra manchas de óleo na água.