Agência Câmara – O ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, ressaltou nesta terça-feira (30), durante o seminário “Tecnologia Nuclear – Soberania e Desenvolvimento”, na Câmara dos Deputados, que o Brasil tem autoridade moral e ética para cobrar dos países que dominam a tecnologia nuclear a extinção de seus arsenais.
Para o ministro, o País tem condições de defender a paz por desenvolver uma política nuclear não relacionada com projetos militares. “O Programa Nuclear Brasileiro não é bomba atômica”, enfatizou. Ele explicou que o programa inclui a geração de energia elétrica, o desenvolvimento da medicina e o aumento da produtividade agrícola.
Desenvolvimento Científico e Tecnológico
O ministro afirmou que o País já alcançou alto nível de desenvolvimento científico na área, mas o programa precisa ser ampliado para alcançar “correspondente desenvolvimento tecnológico”. Amaral lembrou que o Governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é da inclusão social, e que isso não ocorrerá sem investimento maciço em educação, ciência e tecnologia.
O seminário, que ocorre no Auditório Nereu Ramos, discutiu nesta terça-feira os aspectos políticos e sociais do Programa Nuclear Brasileiro. Na quarta-feira será abordado o aspecto econômico. O objetivo do evento, organizado pelas comissões de Relações Exteriores e de Defesa Nacional; de Minas e Energia; e de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara, é despertar a atenção das autoridades e da sociedade para o prosseguimento do Programa Nuclear Brasileiro.
O Seminário foi aberto pela deputada Zulaiê Cobra (PSBD-SP), presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional. “Nossa intenção com este encontro é ratificar o papel importante do Legislativo em pensar, refletir e interferir junto ao Governo Federal no sentido de estimular o desenvolvimento da tecnologia nuclear em nosso país”, disse a deputada.
Convidados defendem Programa de Energia Nuclear
O representante da Eletrobrás, Luiz Soares, defendeu durante o seminário a continuidade do Programa de Energia Nuclear. Ele lembrou que o Brasil tem a matéria-prima urânio – é o sexto produtor mundial – tecnologia e pessoal especializado.
Soares falou também sobre a necessidade de aprofundar e ampliar o debate em torno do setor nuclear. “No atual cenário competitivo internacional, um fator preponderante para os países é conseguir desenvolver atividades onde o conhecimento seja a base da soberania e da evolução tecnológica. Na área nuclear vive-se sob um manto de invisibilidade onde o muito que foi feito se perde em críticas, que são importantes, mas tocam apenas a superfície da questão”, disse Luiz Soares. O diretor lembrou ainda que o Brasil possui todas as condições materiais, tecnológicas e humanas para atender às expectativas de crescimento e justiça social existentes.
O comandante da Marinha, almirante-de-esquadra Roberto de Guimarães Carvalho, ressaltou que precisa haver uma decisão de Governo sobre o assunto. Para o comandante, o programa, em desenvolvimento há 23 anos pela Marinha, precisa receber recurso orçamentário de outras áreas, sob o risco de ficar estagnado pelas restrições orçamentárias.
O deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), representante da Comissão de Minas e Energia no evento, enfatizou que não se pode acusar a política de energia nuclear de falta de transparência, uma vez que ela atravessou e sobreviveu a três CPIs no Congresso. Luiz Sérgio explica que o objetivo do programa não é só focar a questão nuclear apenas na geração de energia, mas em suas várias aplicações, como na medicina, produção de alimentos e utilização na indústria.
“Nenhum custo é mais alto do que a indefinição”. Para o deputado, tendo o Brasil uma das maiores reservas de urânio do mundo, precisa debater o que fazer com ela. Ele espera que o seminário sirva para subsidiar as decisões do Governo.
Angra III
O deputado Jamil Murad (PCdoB-SP), que representa a Comissão de Ciência e Tecnologia no seminário, defendeu a continuidade da construção da usina Angra III, no estado do Rio de Janeiro. Para o deputado, o Brasil não pode abrir mão da energia nuclear desenvolvida no país por causa de impedimentos.
O presidente da CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear, Odair Dias Gonçalves, sugeriu que o Governo faça uma campanha de esclarecimento à população sobre os verdadeiros objetivos do Programa Nuclear Brasileiro, para que se acabe com os mitos de que o programa nuclear está relacionado com bombas e guerra. “O Brasil está fora de pesquisas nessa área e desenvolve seu programa para aplicação em várias setores, não só na energia elétrica.”