ISA – A aprovação do Projeto de Lei (PL) da Mata Atlântica foi um dos 11 pontos destacados por Marina Silva e reforçado pela representante do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, Betsey Neal, durante evento realizado na quarta-feira (04/06), que deu início às atividades da Semana Nacional do Meio Ambiente na Câmara dos Deputados.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e a representante do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, Betsey Neal, entregaram ao presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha, listas com as proposições relacionadas à temática socioambiental, em tramitação no Legislativo, cuja votação consideram ser prioridade.
O evento foi organizado pela Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias (CDCMAM) da Câmara dos Deputados, pela Frente Parlamentar Ambientalista e pela Frente Parlamentar Mista para o Desenvolvimento Sustentável e Apoio às Agendas 21 Locais, lançada no início do evento pela senadora Serys Slhessarenko (PT/MT). Serys explicou que a frente terá como prioridade envolver parlamentares na defesa do meio ambiente e na inserção do desenvolvimento sustentável nas políticas ambientais públicas brasileiras.
Além do presidente da Câmara dos Deputados, acompanharam a apresentação de Marina Silva diversos convidados, entre os quais os deputados João Alfredo (PT/CE) e Luciano Zica (PT/SP), o senador Romeu Tuma (PFL/SP), o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, Cláudio Langone, o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Marcos Barros, e representantes da sociedade civil.
Entre as matérias consideradas prioritárias pela ministra do Meio Ambiente estão o PL 285/99, que dispõe sobre a proteção e utilização da Mata Atlântica, em tramitação há 11 anos, e o PL 7211/02, que trata de sanções penais e administrativas para condutas lesivas ao meio ambiente [veja lista completa abaixo]. “Vamos trabalhar para que os 11 projetos sejam aprovados ainda neste ano”, afirmou.
Marina Silva reforçou a importância da participação do Congresso Nacional nas mudanças ambientais realizadas no Brasil, exemplificando os desdobramentos positivos gerados pelas recomendações da CPI do Tráfico de Animais Silvestres, encerrada no início deste ano.
A representante do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, Betsey Neal, destacou a morosidade na aprovação do PL da Mata Atlântica, assim como chamou atenção para a Proposta de Emenda Constitucional nº 38/99, do senador Mozarildo Cavalcanti (PPS/RR), que restringe em 50% a área passível de cada Estado de ser reconhecida como Unidade de Conservação (UC) e Terra Indígena (TI), assim como inclui entre as competências do Senado a aprovação de homologação de TIs.
A rejeição à PEC, que deverá ser votada em primeiro turno no dia 11/06, é o foco da campanha Áreas Protegidas em Perigo, lançada recentemente por diversas ONGs. Betsey também aproveitou a ocasião para entregar ao presidente da Câmara dos Deputados um documento com propostas organizadas pela sociedade civil para a construção do Plano Plurianual (PPA) 2004-2007.
João Paulo Cunha informou que as propostas apresentadas seriam discutidas na reunião de líderes dos partidos que aconteceria logo após o café da manhã. Em relação ao PL da Mata Atlântica, o presidente da Câmara dos Deputados argumentou que os principais obstáculos para a sua aprovação são “divergências pontuais”, o que suscitou críticas entre os participantes. Para dissolvê-las, Cunha anunciou a formação de um Grupo de Trabalho (GT), que, para iniciar seus trabalhos, ainda depende de um coordenador.
Na ocasião, foram lançados os livros Construindo a Agenda 21 Local , do Ministério do Meio Ambiente (MMA), e o O Estado das Águas do Brasil, da Secretaria de Recursos Hídricos do MMA e da Agência Nacional das Águas (ANA).
Prioridades do Legislativo, segundo o MMA
PL 285/99, dispõe sobre a proteção e a utilização da Mata Atlântica;
Projeto de Lei Complementar (PLP) 351/02, cria reserva do Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal para as Unidades da Federação que abrigarem Unidades de Conservação da natureza e Terras Indígenas;
PL 5071/90, dispõe sobre a proteção das cavidades naturais subterrâneas;
PL 1616/99, dispõe sobre a gestão administrativa e a organização institucional do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, criado pela Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, e dá outras providências.
PL 7211/02, acrescenta artigos à Lei no 9.605, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, penalizando a extração de material genético da flora e fauna brasileira, na plataforma continental ou na zona econômica exclusiva, para pesquisa e desenvolvimento tecnológico ou bioprospecção, em desacordo com as leis ambientais, nocivos à saúde humana e ao meio ambiente, para fins econômicos ou ilícitos.
Projeto de Decreto Legislativo (PDC) 44/03, aprova o texto da Convenção sobre Procedimento de Consentimento Prévio Informado para o Comércio Internacional de Certas Substâncias Químicas e Agrotóxicos Perigosos, adotada em 10 de setembro de 1998, em Roterdã, na Holanda.
PDC 1697/02, submete à apreciação do Congresso Nacional o texto do Acordo-Quadro sobre Meio Ambiente, assinado em Assunção, no âmbito do Mercado Comum do Sul (Mercosul), em 22 de junho de 2001.
Mensagem 190/03, submete à consideração do Congresso Nacional o texto da Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs), instituída em 22 de maio de 2001;
PDC 278/99, aprova o texto do Acordo Relativo à Implementação da Parte XI da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, de 10 de dezembro de 1982, concluído em Nova York, em 29 de julgo de 1994;
PL 4842/98, dispõe sobre o acesso a recursos genéticos e seus produtos derivados, incluindo sanções penais para os crimes contra o patrimônio genético, e dá outras providências;
PL 203/91, dispõe sobre acondicionamento, coleta, tratamento, transporte e destinação dos resíduos de serviços de saúde.
Marília Silva de Oliveira