Offspring of runaway slave communities will be recognized, says Minister

Agência Brasil – ABr – Minister Matilde Ribeiro, of the Special Secretariat of Policies to Promote Racial Equality, affirmed today that communities originally founded by runaway slaves will be recognized as part of the Brazilian historical patrimony and will be the object of specially guided policies, as is the case with Indians. In her view, the communities in which the descendants of runaway slaves live are in precarious living conditions, the condition of illiteracy is pronounced, diseases spread with ease as a result of terrible sanitary conditions, and the unemployment level grows every day.

Ribeiro emphasized that Brazil cannot ignore the historical wealth of the runaway slave communities, and she said that the first step is to conduct a survey to determine the exact number of communities, since a study conducted by the previous Administration pointed to two thousand communities, while the National Movement of Remainders of Runaway Slave Communities affirms that there are four thousand communities scattered throughout the country, with the greatest concentration in the North and Northeast regions. (DAS)

Secretária diz que descendentes de quilombos serão patrimônio do país

Agência Brasil – ABr – A secretária especial do governo federal para a Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, afirmou hoje que as comunidades remanescentes de quilombos serão reconhecidas como patrimônio da história brasileira e que terão políticas direcionadas, tal como é feito para os índios. Segundo ela, as repúblicas onde vivem os descendentes dos escravos fugitivos estão em precárias condições de vida, a situação de analfabetismo é grande, as doenças se proliferam com facilidade por causa das péssimas condições sanitárias e o nível de desemprego aumenta a cada dia.

Matilde Ribeiro enfatizou que o Brasil não pode deixar de reconhecer a riqueza histórica dos quilombos e disse que o primeiro passo é fazer um levantamento para saber o número exato de comunidades, pois um estudo feito pelo governo passado apontava duas mil repúblicas, enquanto o Movimento Nacional de Remanescentes de Quilombos afirma que são quatro mil comunidades espalhadas pelo país, sendo a concentração maior nas regiões Norte e Nordeste.

“Depois, vamos trabalhar a titularidade e a regulamentação das terras, somadas às políticas públicas de saúde, educação, cultura e trabalho, de forma a garantir qualidade de vida e cidadania a um povo que faz parte de nossa história”, destacou Matilde, que hoje foi homenageada pela Organização Não-Governamental Criola, que atua na defesa dos direitos da mulher negra. O encontro reuniu as principais lideranças femininas negras do estado, que fizeram para a ministra um relato sobre os avanços e dificuldades da população negra nas áreas de saúde, trabalho, artes e política.

Cristiane Ribeiro

Universidades unem pesquisas sobre biomassa da cana

Agência Brasil – Um projeto temático elaborado conjuntamente pelas universidades Estadual de Campinas (Unicamp) e de São Paulo (USP) fornecerá subsídios para que o país dê um passo significativo na geração de energia elétrica, a partir do aproveitamento da biomassa da cana-de-açúcar. Os profissionais envolvidos acreditam que, mesmo aproveitando 80% do potencial possível, em dez anos o setor estará gerando perto de 3 a 4 GW de energia elétrica, o que corresponde a um quarto da produção da hidrelétrica de Itaipu, no Paraná. Orçado em R$ 700 mil, o projeto acaba de ser aprovado para financiamento pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Ao todo, serão desenvolvidos oito subprojetos – sete deles por pesquisadores da Unicamp -, que analisarão os aspectos técnicos, econômicos, sociais e ambientais relacionados à produção de eletricidade no setor sucroalcooleiro. A coordenação geral dos trabalhos está a cargo dos professores Isaías Macedo (Unicamp) e José Goldemberg (USP).

Algumas das pesquisas incluídas no projeto temático já estão em andamento. A originalidade da proposta está justamente na reunião de todas elas, dentro de uma visão geral de planejamento energético. De acordo com Macedo, a idéia é aproveitar a capacidade das três universidades estaduais paulistas – técnicos da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) também auxiliam nos estudos – para estudar um tema de interesse nacional. “Vamos usar a competência dos pesquisadores para pegar um problema real e propor soluções”, ressalta. Segundo o dirigente da Coordenadoria de Relações Institucionais e Internacionais (Cori) da Unicamp, Luís Cortez, a iniciativa de englobar os trabalhos surgiu em meio à crise de 2001, que impôs o racionamento de eletricidade à população.

Na época, Cortez respondia pela coordenação do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (Nipe), que ajudou a traçar as diretrizes do programa. “Nosso objetivo é criar condições para que o setor contribua efetivamente para a ampliação da oferta de energia”, afirma. Alguns requisitos para que a meta seja atingida já estão estabelecidos. Ele destaca, porém, que ainda é necessário promover uma maior sinergia entre os diversos processos que envolvem a geração de energia elétrica a partir da biomassa da cana. Isso requer, por exemplo, o emprego de novas tecnologias e sistemas.

Brasil colhe cerca de 300 toneladas de cana-de-açúcar por ano
Hoje, o Brasil colhe algo como 300 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por ano, o que o torna o maior produtor mundial. Metade deste volume é destinado à produção de açúcar e a outra metade, para a de etanol (álcool etílico). O desafio para os próximos anos está tanto em ampliar a safra quanto em recuperar integralmente a palha no campo. O professor Macedo estima que o aproveitamento desse resíduo implique no custo de US$ 1 por GW de energia gerada, o que torna a fonte competitiva em comparação aos modelos convencionais.

Além de promover esse avanço, afirma Cortez, também é preciso aprimorar o processo industrial. A queima do bagaço da cana, segundo ele, ainda é feita em fornos de baixa eficiência. “Os estudos que compõem o projeto temático caminham justamente no sentido de propor soluções para esses problemas. Alguns deles, inclusive, terão aplicabilidade quase imediata”, complementa Macedo.

De acordo com o relatório apresentado pela Unicamp e USP à Fapesp, o Brasil conta hoje com 308 usinas de açúcar e álcool, cada uma processando uma média de 1 milhão de toneladas de cana por ano. São Paulo responde, sozinho, por 130 dessas unidades, sendo que cada uma processa perto de 1,5 milhão de toneladas de cana anualmente. Uma tonelada de cana produz cerca de 140 quilos de bagaço, dos quais 90% são usados na produção de energia (térmica e elétrica). A mesma tonelada gera 140 quilos de palha, que hoje é queimada ou abandonada no campo.

O potencial energético representado por esses resíduos é impressionante. O bagaço produzido pelas usinas nacionais equivale a 11 milhões de toneladas de óleo combustível. Se fosse aproveitada integralmente, a palha equivaleria a 3,2 milhões toneladas de óleo. De acordo com Cortez, a energia elétrica gerada a partir da biomassa da cana pode e deve contribuir de maneira efetiva para o atendimento da demanda energética brasileira, que tem se mostrado crescente. “Mesmo aproveitando 80% do potencial possível, em dez anos o setor estaria gerando um volume de energia equivalente a um quarto da produção de Itaipu”, diz o especialista.

O uso em larga escala da biomassa da cana, que constitui uma fonte renovável, não representa apenas uma alternativa mais limpa e barata em relação à energia gerada pelas hidroelétricas ou aos combustíveis fósseis. De acordo com Macedo, ela também proporciona outros ganhos, como a geração de postos de trabalho e a sempre recomendada economia de dólares. Para o professor Cortez, esse novo cenário é factível de ser estabelecido, sobretudo em São Paulo, mas exigirá investimentos. “Caberá ao governo federal criar condições para isso”, opina.

Conforme Cortez, além da biomassa da cana, o país precisa aproveitar outras fontes alternativas de energia. Uma das medidas é ampliar substancialmente o uso da energia solar para aquecimento de água de banho. Segundo o professor Secundino Soares Filho, da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (Feec), da Unicamp, o chuveiro responde por cerca de 9% de toda a energia elétrica consumida no País. “A difusão dos coletores solares daria uma grande contribuição ao esforço para estabelecer esse novo modelo energético brasileiro”, completa Cortez. A Unicamp, que tem tradição em pesquisa na área energética, deve continuar contribuindo para o melhor aproveitamento de novas fontes. Um segundo projeto temático, este envolvendo especificamente o álcool, já foi encaminhado para a apreciação da Fapesp. (Junicamp)

Eucatex recebe multa diária por danos ambientais

Agência Estado – Além dos problemas financeiros que a levaram ao pedido de concordata, nesta quarta-feira, a Eucatex enfrenta também problemas ambientais em sua principal unidade, instalada em Salto, 105 quilômetros a noroeste de São Paulo.

Desde o último dia 1º, a empresa vem sendo multada em R$ 9,2 mil por dia por causa do lançamento de poluição na bacia do Médio Tietê. A autuação foi feita pela agência da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) de Jundiaí.

Segundo o gerente Domenico Tremaroli, foi dado um prazo de 30 dias para a solução do problema. A empresa recebera multas anteriormente, também por ter lançado efluentes líquidos no rio sem o devido tratamento. As obras feitas para cuidar do problema não deram resultado, segundo Tremaroli.

O gerente disse que a empresa está negociando um novo termo de ajustamento de conduta com a curadoria do meio ambiente do Fórum de Salto. Caso o problema não seja resolvido, as multas podem ser aumentadas, culminando com a interdição parcial da unidade.

Presidente da Funai quer terminar albergue para abrigar índios em Brasília

Agência Brasil – ABr – O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Eduardo Aguiar de Almeida, respondeu hoje a matéria divulgada pela televisão, em Brasília, segundo a qual a fundação não estaria pagando as contas dos índios que se hospedam nas pensões da capital federal, conforme acordo firmado na administração passada.

Segundo Eduardo Aguiar, é necessário reverter a prática de incentivar índios a virem a Brasília para ficarem hospedados em pensões até resolverem seus problemas. “É uma situação exdrúxula e preocupante”, disse o presidente, referindo-se ao fato de alguns índios terem sido despejados dessas hospedarias por falta de pagamento das diárias. Ele explicou que o convênio com a empresa que agenciam as pensões na capital está vencido desde o ano passado e não foi renovado devido às dificuldades orçamentárias do órgão.

O presidente da Funai lembrou que uma solução para o problema seria abrigar os índios na Casa de Convivência, construída na região do entorno de Brasília, na cidade satélite de Sobradinho, mas que, infelizmente, a obra ainda não recebeu o habite-se. “A inauguração foi somente formal e os editais de licitação para os serviços de lavanderia e de alimentação não foram concluídos e alguns cancelados”, informou. Ele acrescentou que em sua gestão irá se empenhar para que a Funai, com a colaboração da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), responsável pela saúde indígena, ofereça, nas próprias reservas, a assistência médica necessária a essa população.

Débora Xavier

Indígenas participam de campanha pela vida e contra a impunidade

Funai – A campanha “Nós existimos”, lançada em Roraima tem a participação Conselho Indígena de Roraima (CIR) e pretende formar uma aliança dos oprimidos contra as injustiças. Segundo o manifesto lançado na semana passada, povos indígenas, trabalhadores do campo e da cidade, querem reverter o quadro de exclusão social, que afirmam ser conseqüência de projetos políticos que favorecem o latifúndio, a monocultura, agridem o meio ambiente, encobrem esquemas de corrupção e negam direitos essenciais dos povos indígenas, dos trabalhadores urbanos e rurais.”

O CIR faz um apelo lembrando as agressões físicas, psicológicas e culturais que os índios vêm sendo vítimas. “Convivemos com invasores e ameaças de invasão às nossas terras por latifundiários, rizicultores, garimpeiros, madeireiras e mineradoras (nacionais e multinacionais) responsáveis pela destruição do ambiente e que ameaçam a nossa sobrevivência. Quartéis (Uiramutã, Surucucus e Auaris) são construídos em nossas aldeias, nossas mulheres abusadas sexualmente, nossos irmãos assassinados e nos negam o direito à terra, garantido pela Constituição Federal, principalmente, a terra
indígena Raposa Serra do Sol. A classe política local e os meios de comunicação praticam o racismo, a discriminação, semeiam o ódio contra os indígenas e nos acusam de atrapalhar o desenvolvimento do Estado”, diz o manifesto que está no site da organização indígena: www. cir.org.br

Zero Hunger Program reaches indigenous communities in Mato Grosso do Sul

Agência Brasil – ABr – The Minister of Food Security and Hunger Alleviation signs an agreement today with the government of Mato Grosso do Sul, in the amount of R$ 5 million, to benefit more than 11 Indian families in the state. The agreement will be implemented for a year and plans steps to provide incentives in the area of self-sufficient agriculture, soil management, raising of small animals, and handicrafts. among other activities aimed at self-sustaining development. The activities are complementary to the distribution of foodstuffs, which is already carried out by the state government. (DAS)

C&T desenvolve programa de biocombustíveis

Agência Brasil – O Programa Brasileiro de Biocombustíveis, que poderá gerar 200 mil empregos no Brasil, uma das prioridades do Ministério de Ciência e Tecnologia, já está em condições operacionais. Tanto a nova tecnologia de produção, quanto a viabilidade econômica foram testadas e aprovadas. Tudo isso vai ser anunciado no I Congresso Internacional “Biodiesel: uma opção para o Brasil”, hoje às 19h, em Ribeirão Preto, São Paulo.
Cálculos iniciais indicam que o desenvolvimento do programa representará uma economia de l,8 bilhão de litros de diesel importado. Poderá ser, também, até uma saída econômica para o uso da soja transgênica, transformada em biodiesel, afirma o ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral. A tecnologia desenvolvida possibilitará a mistura do biodiesel ao diesel fóssil, sem a alteração dos motores dos veículos. Ou seja, não representará custos adicionais para as frotas que estão nas ruas.
O Brasil importa 18% do óleo diesel que consome, a um custo de US$ 1,22 bilhão [dados de 2001]. Para realizar a substituição, é necessária a produção de óleo vegetal em larga escala. Isso só poderá ser feito, principalmente, a partir da soja, dendê, mamona e babaçu, o que poderá representar sua expansão em várias regiões. Atualmente, o único óleo que atende à demanda industrial é a soja – o Brasil produz mais de 40 milhões de toneladas, nas regiões Centro-Oeste e Sul.
O biodiesel, na opinião do ministro Roberto Amaral, será uma versão diesel do Pró-álcool – “com a vantagem de não ter o açúcar para desviar a produção, quando for mais lucrativa. Isso sem contar suas vantagens ambientais, pois reduzirá bastante a poluição ambiental nas cidades. Estaremos nos credenciando mais ainda no cumprimento do Protocolo de Kyoto, reduzindo a emissão de gás carbônico na atmosfera”.
Nas experiências realizadas, o preço médio do óleo diesel na distribuidora situou-se na faixa de R$ 0,78 em São Paulo a R$ 0,93, no Mato Grosso. A diferença de custos decorre da variação dos valores da matéria prima, do frete, e da adoção do nol ou etanol no processo produtivo.
O Programa Brasileiro de Biocombustíveis, coordenado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, foi estabelecido pela Portaria MCT no 702, de outubro de 2002. Hoje conta com apoio da Rede Brasileira de Biodiesel, que reúne mais de 200 especialistas. As experiências vêm sendo realizadas há dois anos. O Ministério de Ciência e Tecnologia dirige o Programa, através da Secretaria de Políticas de Informática e Tecnologia, em cooperação informal com os ministérios do Meio Ambiente, de Minas e Energia, da Agricultura e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
O Programa comporta uma ampla cooperação entre órgãos públicos, empresas privadas e produtores rurais. São realizações assim que vão fazer o Brasil avançar mais, justificam os técnicos do Ministério.

Embratur quer incrementar turismo de aventura

Agência Estado – Oficinas realizadas neste início de abril incluíram a discussão sobre segurança para os turistas e para o meio ambiente
Campinas – A segurança dos adeptos do turismo de aventura foi uma das pautas principais nas oficinas de discussão sobre o desenvolvimento sustentável das atividades, promovidas neste início de abril pelo Instituto Brasileiro de Turismo [Embratur]. As oficinas se dividiram em esportes de água, ar e terra e contaram com a participação de quase uma centena de especialistas, instrutores, agentes de turismo e esportistas das diversas modalidades. As propostas serão transformadas num Plano Nacional de Turismo de Aventura, ficando a capacitação, regulamentação, normatização, registro e fiscalização sob responsabilidade do Ministério do Turismo e a promoção e comercialização de produtos turísticos, a cargo da Embratur.
De acordo com os participantes das oficinas, o turismo de aventura não pode deixar de lado a emoção, mas os riscos devem ser controlados, exigindo o uso de técnicas e equipamentos específicos; a adoção de procedimentos para garantir a segurança pessoal e de terceiros e o respeito ao patrimônio ambiental e sociocultural.
O turismo de aventura brasileiro tem um potencial enorme de comercialização internacional, desde que se resolvam as carências, então estamos apoiando as discussões e vamos encaminhar as demandas e propostas ao Ministério do Turismo e a quem mais de direito, para favorecer a organização dos diversos esportes e poder promover novos produtos de turismo, afirma Fábio Grossi de Andrade, da Embratur.
Segundo ele, em muitos casos, ainda é necessário o estabelecimento de regras para os próprios esportes, para depois se certificar o turismo associado a tais esportes. Os esportes de água e ar estão mais adiantados, porque há uma exigência internacional maior de regulamentação, por parte de federações e associações, mas os de terra ainda precisam estabelecer as regras. Eventualmente, a Embratur poderá intermediar contatos com países fortes em turismo de aventura, como a Austrália e Nova Zelândia, e com o Conselho Brasileiro de Turismo Sustentável, que já discute a certificação do turismo ambiental.
Entre as carências mais evidentes, no Brasil, estão a falta de profissionais qualificados, até mesmo para capacitar novos guias e esportistas; demanda acima da disponibilidade de atendimento especializado; falta de diagnóstico das áreas exploradas nos esportes de aventura; falta de definição da capacidade de carga e medidas de mitigação de impactos ambientais; falta de informação adequada ao turista; deficiência nas normas para uso dos equipamentos e prática das atividades; ausência de política para utilização dos parques nacionais e poucas equipes qualificadas para resgate e atendimento de emergências.

Marina Silva aprimora portarias que preservam florestas de araucária

Ibama – A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, aprimorou os textos das portarias 506, 507 e 508, assinadas em dezembro de 2002, definindo áreas prioritárias no sul da Bahia, Santa Catarina e Paraná para a criação de unidades de conservação de matas de araucária. O Diário Oficial da União de hoje (09.4.03) publica as portarias 176, 177 e 178 que dão nova redação ao artigo 4º que suspendia o reflorestamento com espécies exóticas no interior e no entorno de 10 quilômetros das áreas delimitadas.

Para o secretário de Biodiversidades e Florestas, João Paulo Capobianco, a medida atende as comunidades agrícolas da região. As portarias anteriores geravam a interpretação equivocada de que as atividades agropecuárias estavam totalmente proibidas na região. “O objetivo é preservar as matas de araucárias sem prejudicar as atividades econômicas”, disse o secretário.

Os novos textos são resultado de uma reunião promovida pela ministra Marina Silva, em março, com secretários estaduais de Santa Catarina e do Paraná, associação de prefeitos, representantes do Ibama, organizações não governamentais e instituições de pesquisa. O encontro, presidido pelo secretário de Biodiversidades e Florestas do MMA, João Paulo Capobianco, aprovou a nova redação para o artigo 4. Na reunião, também foi aprovada a criação de um grupo de trabalho com representantes dos governos estaduais e municipais e da sociedade civil dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além de representantes de organizações não governamentais e da Secretaria de Biodiversidades e Florestas e do Ibama, para criar alternativas de preservação e criação de unidades de conservação das matas de araucária. Em maio, esse grupo reúne-se para apresentar e analisar as primeiras propostas.

Ameaça antiga

A preocupação com as matas de aruaucária são antigas. Em 1928, o assistente-chefe de botânica a agronomia do Instituto Biológico de Defesa Agrícola e Animal, do Estado de São Paulo, F.C.Hoehne, impressionado com o corte das árvores pelas madeireiras, alertava para o perigo. “Urge que os governos oponham um dique à onda devastadora de madeiras, que ameaça transformar nossa terra em deserto”, disse Hoehne, após percorrer de trem a região das matas de araucária, nos estados do Paraná e Santa Catarina. Anos mais tarde, em 1963, um estudo da Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná (Fupef) apontava para o fim das florestas em 15 anos. Hoje, constata-se uma área remanescente de 0,8% das matas, no Paraná, e menos de 3 % em Santa Catarina.

Foi a partir de uma reunião do Conama, realizada em Joinville (SC), em 2001, que o governo começou a tratar com mais profundidade do tema. Na época, criou-se uma comissão para identificar as áreas onde ainda existem o ecossistema nativo, as formas de agressão e para sugerir alternativas de preservação e recuperação. Segundo representantes de ONGs, estudos realizados – que selecionaram 25 áreas para serem transformadas em unidades de conservação – concluíram que as plantações de pinus e os desmatamentos para assentamentos e para exploração da madeira são as atividades que mais ameaçam as florestas de araucária.

As plantações de pinus, incentivadas por programas de governo e pela indústria do papel, estão invadindo as paisagens onde antes predominavam as araucárias, árvore símbolo do Paraná. Além dos programas de incentivo, estudos técnicos comprovaram que o pinus cresce mais rápido que a araucária e se alastra com facilidade. Essas características determinaram a suspensão da plantação dessa espécie num entorno de 10 quilômetros do núcleo das matas de araucária e gerou protestos entre madeireiros.

Caberá ao grupo de trabalho, criado na reunião de março que discutiu o novo texto das portarias, propor alternativas de desenvolvimento para as comunidades das regiões envolvidas. O grupo reúne-se em maio já para apresentar algumas dessas propostas. Segundo o coordenador do Núcleo Mata Atlântica da SBF, Wigold Schaffer, “o objetivo é criar uma agenda positiva, com a valorização e recuperação das florestas, definindo uma estratégia geral para a conservação dos remanescentes e recuperação de áreas já desmatadas, além de propor formas de agricultura sustentável com espécies que não coloquem em risco a biodiveirsidade.”

Assessoria de Comunicação Social Tel. (61) 317-1227