ASCOM MMA – Brasil e França aprovaram hoje, no Amapá, a proposta de criação de um grupo de trabalho para ajudar o governo francês a implantar no território da Guiana Francesa, na fronteira com o Brasil, uma unidade de conservação . A área com cerca de 3 milhões de hectares será praticamente a extensão do Parque Nacional das Montanhas do Tumucumaque, que, com 3,8 milhões de hectares, é a maior unidade de conservação do mundo em área de floresta tropical.
A França conta com a experiência brasileira junto as comunidades que vivem no parque para a criação de áreas protegidas. Mas os dois países pretendem, ainda, fomentar a cooperação para desenvolver o ecoturismo na região. A idéia é, no futuro, envolver também o Suriname nesse projeto e transformar a região em um grande corredor de ecoturismo. Segundo Mary Allegretti, “a implantação de um programa de ecoturismo na Amazônia só terá sucesso se houver cooperação com a Guiana”. Brasil e França planejam ainda fazer investimentos conjuntos para aumentar o fluxo de turistas.
Participaram da reunião a ministra de Ecologia e do Desenvolvimento Sustentável da França, Roselyne Bachelot- Narquin, a secretária de Coordenação da Amazônia, do Ministério do Meio Ambiente, Mary Allegretti, representando a ministra Marina Silva, e o Chefe do Departamento de Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, Everton Vargas.
Marina Silva não compareceu ao encontro para sobrevoar a área atingida por um vazamento de lixo tóxico, nos rios Pomba e Paraíba do Sul, nos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro. A pedido dela, porém, a ministra francesa fez uma rápida apresentação da estratégia nacional de desenvolvimento sustentável da França que adotou a transversalidade como diretriz de sua política ambiental, exatamente como a ministra Marina Silva pretende implantar no Brasil.
Parque Nacional de Tumucumaque
O Tucumaque é a maior unidade de conservação do mundo em área de floresta tropical. Supera, em extensão, o Parque Nacional Salonga, da República Democrática do Congo (antigo Zaire), que tem pouco mais de 3,6 milhões de hectares. Na América do Sul, a maior unidade de conservação era o Parque Nacional Kaalya, da Bolívia, com 3.441.115 ha. No Brasil, o parque nacional do Jaú, no Amazonas, era, até então, o de maior extensão do país, com 2.272.000 ha. O parque do Tumucumaque é maior que os estados de Sergipe e Alagoas juntos.
O MMA, está criando o Grupo de Trabalho Tumucumaque, composto por entidades públicas federais, estaduais e municipais e organizações não governamentais. O objetivo desse grupo é desenvolver ações integradas na área de influência do Parque Nacional. Entre as atividades desenvolvidas atualmente pelo governo brasileiro estão a criação do Conselho Consultivo da UC, contatos com institutos de pesquisa para o desenvolvimento de pesquisas visando ao conhecimento da região, início dos trabalhos para a elaboração do Plano de Manejo e planejamento para implementação de infra-estrutura básica de proteção do Parque Nacional.
O Parque do Tumucumaque foi criado em terras cedidas pelo Incra e protege uma área prioritária para a biodiversidade, mapeada por estudo técnico do Ibama em parceria com o Incra, segundo indicações do Programa Nacional de Diversidade Biológica (Pronabio) do Ministério do Meio Ambiente. A região é conhecida como Escudo das Guianas e é classificada como de importância biológica extrema, de acordo com os resultados do workshop “Avaliação de Ações Pioritárias para a Conservação da Biodiversidade da Amazônia Brasileira”, promovido pelo MMA, há dois anos, em Macapá.
O WWF-Brasil anunciou, no ano passado, que disponibilizará US$ 1 milhão para o novo parque e os recursos serão usados na demarcação da área, elaboração do plano de manejo, implementação de infraestrutura básica e aquisição de equipamentos. O Banco Mundial e o GEF (Fundo Mundial para o Meio Ambiente) também participam da parceria para a implementação do parque.