Governo de MT constrói escola indígena para homenagear cacique Juruna

Agência Brasil – ABr – O governo do Mato Grosso vai homenagear o cacique Juruna “post mortem”, com a construção da Escola Indígena Estadual Mário Juruna até o fim do ano. O cacique Xavante Juruna morreu em julho do ano passado e recebe a homenagem em reconhecimento a sua luta pelos direitos indígenas.

Desde muito jovem, Juruna foi líder de seu povo. Ele ingressou na política em 1982, ao eleger-se deputado federal, e criou a Comissão Permanente do Índio na Câmara dos Deputados, em Brasília. Durante o mandato, debateu e propôs soluções para a demarcação de terras e defendeu arduamente o respeito aos povos indígenas. Foi Juruna quem idealizou o I Encontro de Lideranças dos Povos Indígenas do Brasil, que reuniu 664 caciques de todo o país.

Novos assassinatos agravam o quadro de violência contra os povos indígenas

ISA – As mortes de um índio Xukuru e outro Aticum, em 07/02, resultam de conflitos ligados à desintrusão da Terra Indígena Xukuru (PE). Este é o quarto caso de assassinato de índios no país, desde o começo do ano. Contra essa situação, 32 etnias lançaram o documento Nunca mais um mundo sem nós, os povos indígenas.

O mais recente assassinato de índios no Brasil aconteceu no município de Pesqueiras (PE), a 214 quilômetros de Recife, na última sexta-feira, 07/02. Josenildo José dos Santos, índio Xucuru, e José Adeílson Barbosa da Silva, da etnia Aticum, faziam segurança não-armada para o cacique Marcos Luidson de Araújo e foram mortos por um grupo de pistoleiros durante emboscada que tinha como alvo o cacique, que escapou.

Revoltados, índios Xukuru incendiaram casas e veículos de pessoas ligadas ao suposto mandante do crime, o índio Xukuru Expedito Cabral, conhecido como Biá, que está foragido. O revide provocou um novo incidente, em que seis índios foram baleados. Eles permanecem internados num hospital de Caruaru.

O conflito entre os índios é resultado da intervenção da Igreja local, da prefeitura e de fazendeiros (veja quadro abaixo), no contexto da desintrusão da Terra Indígena Xukuru, que já está demarcada. “A elite local financiou o Biá, que nunca lutou pelos direitos dos índios, na tentativa de rachar o movimento dos Xukuru. Isso não aconteceu e agora tentaram uma medida desesperada”, relatou Roberto Santos, missionário do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) de Pernambuco.

Outros assassinatos

Com os crimes em Pesqueiras, a onda de violência sobre os povos indígenas desde o começo do ano se intensificou e tornou-se mais alarmante. No dia 02/01, o corpo de Aldo da Silva Mota, Macuxi de 52 anos, foi encontrado próximo à fazenda Retiro, vizinha à Terra Indígena Raposa-Serra do Sol (RR), cuja homologação pelo governo federal – que ainda não ocorreu – tem causado conflitos intensos na região. Em 08/01, Leopoldo Crespo Kaingang, de 77 anos, foi espancado até a morte em Miraguaí (RS), vítima da crueldade de três jovens. Marcos Veron, cacique Guarani-Kaiowá de 72 anos, morreu no dia 13/01, em decorrência de um confronto com peões na fazenda Brasília do Sul, município de Juti (MS). Esse povo está em conflito constante com fazendeiros que ocupam áreas de sua terra tradicional. No último dia 05/02, outro incidente aconteceu, mas felizmente sem mortos. Os índios Kaxinawá Anastácio Maia, 84, sua mulher, Maria Rosa, 82 e seu filho, José Maia, 36, foram baleados no município de Jordão (AC), a mando de um vereador da cidade, devido a brigas entre as duas famílias.

O caso dos Xukuru volta a pressionar o governo federal no sentido de tomar uma atitude mais incisiva em relação às questões indígenas no Brasil. A Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH) informou que, a exemplo dos conflitos na Terra Indígena Raposa-Serra do Sol (RR), toda a situação de violação de direitos humanos será acompanhada de perto. Mas os povos indígenas querem medidas mais abrangentes e durante o III Fórum Social Mundial, realizado no fim de janeiro, em Porto Alegre (RS), lançaram uma série de reivindicações no documento intitulado Nunca mais um mundo sem nós, os povos indígenas, assinado por 32 etnias.

Entenda o caso Xukuru

De acordo com o deputado federal Fernando Ferro (PT-PE), que acompanha os conflitos envolvendo os Xukuru e a elite do município de Pesqueiras, a maioria dos posseiros da região quer negociar a saída da área, mas um pequeno grupo de fazendeiros se recusa, na expectativa de permanecer na Terra Indígena ou de aumentar o valor das indenizações a serem pagas.

“Esses fazendeiros, apoiados pelo prefeito de Pesqueiras, manipulam um grupo de 70 Xukuru para prejudicar a implementação da Terra Indígena”, disse Ferro. Na região existem cerca de seis mil índios, espalhados em 24 aldeias, sendo que três delas são habitadas por grupos ligados ao Biá. A Igreja local também é acusada de apoiar o grupo de Biá e estimular o conflito.

Segundo o antropólogo José Augusto Laranjeira Sampaio, da Associação Nacional de Ação Indigenista da Bahia (Anai), que acompanha a trajetória dos Xukuru em Pernambuco desde 1982, o objetivo da Igreja em Pesqueiras é estabelecer, numa parte da área indígena, o Santuário de Nossa Senhora das Graças, um pólo de turismo religioso. Laranjeira ressalta que desde a década de 90 os Xukuru são um povo bastante coeso, devido à liderança produzida pelo cacique Xicão, o pai do atual cacique Luidson assassinado em 1998. “O grupo ligado ao Biá é muito reduzido e só se sustenta pelo apoio da prefeitura, que lhe deu um cargo de assessoria, da Igreja e dos fazendeiros locais.”

Com o acirramento dos conflitos após o atentado de 07/02, o deputado Fernando Ferro pediu a presença na área da Polícia Federal e da Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH) para garantir a integridade física dos índios e acompanhar as investigações sobre o crime. Até o momento, um suspeito foi preso.

O fato da SEDH ter acompanhado diretamente o caso sinaliza uma nova postura do Estado brasileiro, já que o governo Fernando Henrique foi denunciado no ano passado à Corte Interamericana de Direitos Humanos por negligenciar o caso Xukuru. Nos últimos anos, quatro pessoas foram assassinadas em decorrência da disputa de terras na região.

“Nilmário Miranda (secretário da SEDH) afirmou que vai pedir ao Presidente da República a rápida liberação da verba para as indenizações em Pesqueiras, bem como a reestruturação da Funai local, que é acusada de corrupção e de conivência com os fazendeiros”, disse Ferro. Para ele, a desintrusão diminuirá sensivelmente os conflitos.

Ricardo Barretto

Sete etnias são beneficiadas com a homologação de terras indígenas

Funai – Os índios Terena e Guató, do Mato Grosso do Sul, Kulina, do Acre, Guarani Mbya, Kaingang e Guarani, do Rio Grande do Sul e Parecis, de Rondônia, cujas terras indígenas estavam demarcadas pela Funai e aguardando a homologação da presidência da república, podem comemorar. O presidente Lula assinou, no final da tarde de ontem (10), a homologação de seis terras indígenas, totalizando 133.388 hectares.

São elas: Terra Indígena Guató, localizada no município de Corumbá (MS), com 10.900 ha; Terra Indígena Limão Verde, no município de Aquidauana (MS), com 4.086, habitada pelos Terena; Terra Indígena Janinawá/Envira, em Tarauacá (AC), com 82 mil ha, onde moram os Kulina; Terra Indígena Varzinha (RS), com 795 ha, nos municípios de Caraa (RS) e Maquine (RS), da etnia Guarani Mbya; Terra Indígena Nonoai, situada nos municípios de Nonoai (RS), Rio dos Índios (RS), Planalto e Gramado dos Loureiros (RS), com 18.808h, onde habitam os Kaingang e Guarani e Terra Indígena Kwaza do Rio São Pedro, nos municípios de Kwaza (RO) e Aikana (RO), com 16.799ha, onde habitam os Paresis.

Simone Cavalcante

Equipe da Funai permanece na vigilância para evitar garimpo em Rondônia

Funai – A equipe da Funai, formada por técnicos das administrações executivas regionais de Manaus (AM), Porto Velho (RO), Guajará-Mirim (RO) e Cacoal (RO) e indígenas Cinta Larga permanece no interior da Terra Indígena Parque do Aripuanã e da Terra Indígena Roosevelt para impedir o retorno dos garimpeiros. Após deixarem o “baixão”, local onde exploravam o diamante, os garimpeiros perambulam pelos municípios vizinhos – Espigão do Oeste, Pimenta Bueno e Cacoal – a espera de uma nova oportunidade para retornar à atividade ilícita para a qual já cooptaram índios Cinta Larga. Depois de perderem o controle sobre a entrada de garimpeiros, que já chegaram a mais de cinco mil, lideranças Cinta Larga, envolvidas com o garimpo, solicitaram a ação da Funai para extrusão dos invasores.

Dessa vez, a Funai optou por uma ação indigenista, e está conversando com as lideranças e comunidades para convencê-las dos prejuízos do garimpo para as comunidades indígenas e para a proteção e garantia das terras demarcadas. Segundo o coordenador da equipe da Funai, Walter Blós, assessor da Coordenação de Proteção às Terras Indígenas do Departamento de Patrimônio Indígena e Meio Ambiente (Depima), a situação das terras indígenas Parque do Aripuanã, Roosevelt, Serra Morena e Aripuanã é de extrema vulnerabilidade e, somente um trabalho conjunto e permanente, com a participação e mobilização efetiva de toda a comunidade indígena dessas terras poderá proporcionar a integridade dos índios da região.

Na próxima segunda feira (17), Blós retorna a Brasília para uma reunião com o novo presidente da Funai, Eduardo Aguiar de Almeida, a quem vai relatar todo o trabalho desenvolvido até agora. Uma equipe da Funai permanecerá na ação indigenista em Cacoal (RO), onde funciona a sub-coordenação do projeto, ligado ao Plano Emergencial para a Proteção Territorial e Apoio Sócio- Econômico dos Cinta Larga, lançado no ano passado como com a participação de diversos órgãos do governo federal.

Simone Cavalcante

Cacique ferido em atentado pede mudança de delegado na investigação

Funai – O cacique de uma das facções da etnia Xukuru, de Pernambuco, conhecida como Ororubá, Marcos Luidson, 24 anos, formaliza hoje à tarde, o pedido ao superintendente da Polícia Federal, Wilson Damázio, para a substituição do delegado designado para investigar o atentado, que sofreu na última sexta- feira (07/02). Segundo informações de entidades de direitos humanos que acompanham o caso, o delegado indicado, Jorge Alberto Cunha, abandonou os trabalhos em Pesqueira, local onde ocorreu o atentado que matou dois jovens indígenas, José Adenilson dos Santos (Xukuru) e Josenilson José dos Santos (Atikun) e feriu o cacique.

Simone Cavalcante

Presidente da Eletrobrás propõe grupo de estudos sobre projetos de hidrelétricas na Amazônia

Agência Brasil – ABr – Diminuir os impactos ambientais causados pela construção de usinas hidrelétricas na Amazônia é uma das preocupações do presidente da Eletrobrás, Luiz Pinguelli Rosa, que propôs hoje à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, a criação de um grupo de estudos sobre projetos na área.

Ao deixar o gabinete da ministra, Pinguelli informou que o grupo deverá ser integrado por representantes da Eletrobrás, de companhias elétricas, do Ministério do Meio Ambiente, do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renovavéis (Ibama) e da Agência Nacional de Águas (ANA). De acordo com ele, a idéia é trabalhar em cooperação com a Pasta já na fase de planejamento dos projetos e não somente durante a execução, o que possibilita a redução do impacto ambiental causado pelas hidrelétricas.

Para Pinguelli, as questões referentes à engenharia na estatal devem caminhar junto com as relacionadas ao meio ambiente. Segundo ele, para refletir essa preocupação, a antiga Diretoria de Engenharia da Eletrobrás passou a ser chamada de Diretoria de Engenharia e Meio Ambiente. “E o meio ambiente inclui também o social“, acrescentou.

O presidente da estatal disse que a ministra concordou com a criação do grupo de estudo e a primeira reunião deverá ocorrer ainda em fevereiro. Pinguelli afirmou também que dois projetos de usinas já estão na agenda de trabalho: a de Belomonte, no Rio Xingu e outra localizada no Rio Madeira.

Segundo Pinguelli, há a possibilidade de se reduzir a capacidade de geração da Usina de Belomonte para diminuir o impacto ambiental. Ele afirmou que um dos problemas já detectados no caso de Belomonte é uma “perna seca” de 200 quilômetros de rio, que seria criada sazonalmente. “Temos intenção de resolver esse problema, mesmo que seja às custas de diminuir a potência da usina”, garantiu.

Pinguelli informou que outra possibilidade a ser estudada é a criação de uma usina geradora de energia alternativa, como a eólica, para complementar a potência da Usina de Belomonte.

Juliana Andrade

Enterrados em Pernambuco corpos de índios Xucuru

Agência Brasil – ABr – Foram enterrados hoje (9), no santuário de pedra Dágua, os corpos dos índios da tribo Xucuru José Admilson Barbosado, 19 anos, e Josenilson José dos Santos, 25, assassinados na última sexta-feira (07), durante uma emboscada na PE 219, próximo ao município de Pesqueira. O alvo era o cacique Marcos Luídson de Araújo, 24 anos, que conseguiu escapar com ferimentos leves, após fugir pelo mato.

O superintendente da Polícia Federal em Pernambuco, Wilson Damásio, informou que a primeira fase das investigações já foi concluída com a prisão de José Luis Almeida de Carvalho, um dos autores dos disparos. A casa dele foi saqueada e incendiada. O outro suspeito, que se chama Louro Frazão, continua foragido.

Damásio disse que o delegado Jorge Cunha, designado para acompanhar o caso, tem 10 dias para concluir as investigações. Uma equipe de policiais federais continua na reserva indígena fazendo a segurança do cacique Marcos e de sua família.

Depois da visita de ontem (08) do secretário nacional dos Direitos Humanos, Nilmário Miranda e do presidente da Funai, Eduardo Almeida, à área do conflito, melhorou o clima de tensão entre as duas facções dos índios Xucurus, que brigam pela posse das terras de 27,5 mil hectares da reserva.

O cacique Marquinhos, filho do cacique Chicão, assassinado em 98, vai denunciar na sede da OEA, nos Estados Unidos, no próximo dia 26, as ameaças de morte que vem sofrendo.

Márcia Wonghon

Acordo com índios Xucuru deve por fim a conflitos em Pernambuco

Agência Brasil – ABr – O ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Nilmário Miranda, informou ontem à noite (8), à Agência Brasil, que a situação no município de Pesqueira (PE) já está calma. Ele contou que o clima estava muito tenso ontem cedo, quando chegou à região para acompanhar as investigações sobre o atentado contra o cacique Marcos Luídson de Araújo, o Marquinho Xucuru, ocorrido na sexta-feira, e os conflitos que se seguiram depois.

Mas explicou que os índios, embora ainda estejam profundamente indignados com a violência sofrida, garantiram que a situação já está controlada. O ministro informou que a Funai e a Secretaria Especial de Direitos Humanos fizeram um acordo com o cacique Marquinho e que ele garantiu que o povo Xucuru vai confiar as investigações à Polícia Federal e cessar os conflitos.

A Polícia Federal e a Polícia Militar também ficaram encarregadas de oferecer segurança à casa da mãe do cacique, sob supervisão da Funai. Ontem, o cacique Marquinho prestou depoimento na delegacia de Pesqueira. O caso está sob o comando do delegado Jorge Cunha, da Polícia Federal.

Nilmário Miranda viajou deixou ontem a Base Aérea de Brasília, por volta das 8h30, acompanhado do presidente da Funai, Eduardo Almeida, do assessor do ministro da Justiça, Cláudio Beirão e da procuradora federal dos Direitos do Cidadão, Raquel Dodge. Eles chegaram por volta de 12h30 a Caruaru (PE), de onde seguiram de carro até o município de Pesqueira. O ministro disse que sua ida a Pernambuco visou buscar garantir a integridade da comunidade da região de Pesqueira e o rigor nas investigações sobre a violência contra os índios.

O índio Marquinho Xucuru, liderança local, foi ferido e dois outros índios morreram na emboscada que teria sido armada por outro índio, Louro Frazão, supostamente ligado a fazendeiros da região. Um dos supostos envolvidos no atentanto ja foi identificado e preso. Os corpos dos dois índios mortos foram encaminhados ontem ao Instituto Médico Legal de Recife. Representantes do Movimento de Defesa dos Direitos Humanos e do Conselho Indigenista Brasileiro (Cimi) estiveram na sexta-feira em Pesqueira, para acompanhar o desenrolar dos acontecimentos.

Após o atentado, o clima na região da serra do Ororubá ficou tenso e, na sexta à noite, índios Xucurus puseram fogo em cinco casas e quatro carros dos Xucurus de Cimbres. Por medida de segurança, o líder do grupo, Espedito Alves, e 20 pessoas da família foram retirados da reserva e colocados sob proteção da Polícia Militar.

O deputado federal Fernando Ferro, integrante da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, e o secretário de Defesa Social de Pernambuco, Gustavo Rodrigues, também acompanharam a visita do ministro Nilmário Miranda à região.

Ivana Diniz Machado

Operação no rio Iriri, no Pará, mobiliza mais de cem especialistas de várias instituições brasileiras

Ibama – Até o início da próxima semana, o Ibama espera chegar aos primeiros resultados Operação Iriri, deflagrada nesta sexta-feira, 7/2, na região de Altamira, a oeste do Pará, com o objetivo de investigar as causas e mitigar os efeitos da contaminação que está causando a morte de milhares de peixes e provocando intoxicações em populações que vivem às margem do rio Iriri, um afluente do rio Xingu. Participam da operação cerca de cem especialistas do Ministério da Saúde, Funai, Eletronorte, Fundação Evandro Chagas, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente do Pará, Prefeitura de Altamira e ONGs. Embarcações e aeronaves estão sendo mobilizadas para o trabalho.

De acordo com o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Flávio Montiel da Rocha, coordenador da Operação Iriri, os especialistas foram divididos em três equipes com os seguintes objetivos:1) Coletar amostras de água, sedimentos e peixes a quarenta quilômetros a jusante e a quarenta quilômetros a montante do município de Altamira – banhada pelo rio Iriri- inclusive na área onde ocorre a captação da água usada pela população local. As amostras serão analisadas nos laboratórios da Universidade Federal do Pará e Instituto Evandro Chagas e apontarão o nível de contaminação da água nesse trecho do rio. A coleta começou nesta sexta-feira;

2) Realizar uma expedição até a nascente do rio Iriri, a cerca de 800 quilômetros de Altamira – para uma profunda investigação sobre as condições ambientais do rio. Nesse caso, amostras serão enviadas para a Universidade Federal do Rio de Janeiro e para a Universidade do Estado de São Paulo (Botucatu) instituições com laboratórios capazes de detectar, entre outros indícios, se há metais pesados ou a presença de agrotóxicos na água. No passado, houve mineração no local. A expedição parte no sábado, 8/2 ;

3) Efetuar um amplo levantamento sócio ambiental em todo o trecho em que foi observada a morte dos peixes e a contaminação humana. Índios Xipáia, da Aldeia Entre Rios (etnia Kayapó) tiveram sintomas de diarréia e ferimentos na boca após a ingestão de peixes contaminados. Médicos da Fundação Nacional da Saúde já estão em campo para atender às situações críticas.

“Ao que tudo indica, trata-se de um fenômeno natural, mas nenhuma possibilidade deixará de ser investigada”, garantiu Flávio Montiel. Não foi constatada até o momento a morte de pássaros ou répteis devido à contaminação. Conforme relatos da população local, houve casos semelhantes no passado, mas não com a gravidade do que se verifica nos últimos dias na região.

Jaime Gesisky

Subcomissão vai acompanhar investigação da morte de índio macuxi

Agência Brasil – ABr – O ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Nilmário Miranda, negociou em Roraima a formação de uma subcomissão para acompanhar a investigação da morte do índio macuxi Aldo da Silva Mota e outros 10 casos de assassinatos de índios no estado. Além disso, o ministro e o presidente da Funai, Eduardo Almeida Aguiar, iniciaram as negociações com o governador de Roraima em exercício, o vice-governador Salomão Cruz, para a realização de um ato público de reconhecimento da responsabilidade da União pela morte do indígena Ovelário Tames, em 1988, vítima de violência policial na delegacia do município de Normandia.