A história de Água Boa confunde-se com a evolução de sua economia. A fundação da cidade, em 1975, foi feita por colonos gaúchos que vieram para a região fugindo da escassez de terras para agricultura no Sul. Este movimento foi viabilizado por um planejamento prévio de desenvolvimento agrário, e auxiliado por programas governamentais de crédito para a terra.Água Boa começou como um município voltado para a agricultura. Os primeiros migrantes implantaram na região, por volta de 1974, a cultura do arroz, desenvolvida em propriedades de médio porte (basicamente 400 hectares) e apoiada por um sistema de cooperativas. Este método possibilitou uma rápida industrialização da produção, que, ainda na década de 70, era uma das maiores do país.
A introdução da soja veio alguns anos depois, com a necessidade de diversificação das culturas plantadas. Trazido por empresários paulistas ao Vale do Araguaia, o grão tornou-se a segunda atividade econômica do município.
No início da década de 90, o governo Collor acabou com o financiamento agrícola para as cooperativas que atuavam na região. Com isso, a estrutura produtiva do município foi abalada: a antiga associação, a Cooperativa Agropecuária Mista Canarana Ltda(Coopercana), entrou em falência. Eucides José Salamoni, um dos fundadores da instituição e vice-prefeito de Água Boa no período 1980-1986, diz que “a alternativa para a gauchada foi a pecuária: o investimento inicial era pouco e não dependia dos incentivos do governo.”
Parte considerável das terras destinadas à produção de grãos foram transformadas em pasto. O rebanho, dividido em propriedades com uma média de 1000 hectares, atinge hoje a quantidade de 450 mil cabeças de Nelore PO. Além disso, por ser localizada no centro do pólo pecuário do Vale do Araguaia e do Xingu, a cidade se destaca na comercialização de gado melhorado de raça. A Estância Bahia, maior da região, foi responsável, no final do ano passado, pela venda de 12,8 mil cabeças num único leilão, que movimentou R$ 5,2 milhões.
“Água Boa é a capital da comercialização de bovinos. Nossos leilões, realizados durante todos os fins de semana de junho a outubro, atraem investidores paulistas, paranaenses, goianos e estrangeiros”, afirma Cesar Friedrichs, um dos responsáveis pela Estância Bahia.
Em busca da revitalização da agricultura e de alternativas para o pequeno produtor, empresários locais começam a explorar novos tipos de cultivo. O algodão, amplamente explorado em outras áreas do Mato Grosso, é uma das grandes promessas para o município.
Uva: uma das alternativas de produção para a economia de Água Boa. Foto: Fernando Zarur
A uva, segundo Eucides Salamoni, é uma outra opção para a região. Estudando há cinco anos uma plantação de parreiras de diversas espécies, Salamoni afirma que a exploração comercial do tipo Niágara é viável e pode gerar renda para os pequenos produtores, com terrenos de até 50 hectares. “Aqui o clima é favorável. Você pode, facilmente, ter duas colheitas por ano e obter uma produção de 25 toneladas por hectare, enquanto no Sul, a média é de 15 toneladas”.