Nível do rio Negro se iguala à marca histórica de 1953 em Manaus

Na quarta feira, dia 24/6, o nível das águas do rio Negro atingiu a mesma marca histórica de 1953, ano da pior cheia já registrada em Manaus (AM) desde que o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) começou a acompanhar o comportamento do rio, em 1902.

E especialistas alertam: esta marca de 29,69 metros pode ser superada. As projeções apontam que a cheia pode chegar a até 30,03 metros, tornando-se a maior já registrada na história.

Mais que um marco na trajetória de uma cidade e de quem nela vive, esse fenômeno também carrega muitos prejuízos, desalojados, desabrigados e indagação sobre suas causas. Seria essa uma reação da natureza ao aquecimento global?

Trata-se de um evento isolado ou todas as chuvas excessivas que já castigaram muito o Brasil recentemente estão interligadas? Muitos estados além do Amazonas foram atingidos gravemente como Santa Catarina, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais e Pará.

Algumas causas diretas já foram confirmadas. Segundo Alice Amorim, da Gerência de Hidrologia e Gestão Territorial do Serviço Geológico do Brasil em Manaus (CPRM), são dois os fatores que, majoritariamente, têm provocado esse fenômeno no Amazonas.

Um deles é o aumento do volume do rio Solimões, que represa o rio Negro (por ter corrente de água mais forte e maior volume) e ainda não iniciou sua vazante. Por cerca de 6 km, as águas dos dois rios correm lado a lado, sem se misturar, e se encontram nas proximidades de Manaus, formando o rio Amazonas. Nos meses chuvosos, a força do Solimões represa ainda mais as águas do Negro, fazendo com que esse rio avance sobre a cidade.

No entanto, para o WWF-Brasil, é preciso ter cautela na hora de estabelecer os motivos desse fenômeno. Ainda não é possível estabelecer uma relação científica direta entre o aquecimento global e o aumento de chuvas na região.

Por outro lado, os cientistas de 100 países que compõem o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, da sigla em inglês) afirmam com bastante certeza que fenômenos como esse podem se tornar cada vez mais intensos e frequentes por causa do aquecimento global.

Noventa por cento desses estudiosos acreditam que as alterações no clima no mundo são resultantes do aumento das emissões de gases de efeito estufa feitas pelo homem nas últimas décadas e não por uma contingente variabilidade natural.

Como se vê, quase tudo o que se possa dizer sobre as causas deste cenário é hipotético. Na dúvida, é preciso agir com urgência e ao mesmo tempo apoiar pesquisas científicas que desenvolvam que permitam encontrar algumas certezas.

“Eventos como esse reforçam a necessidade de refletirmos sobre a urgência em avaliarmos e modificarmos o modo como a humanidade está impactando o meio ambiente. Transformar nosso modo de agir, produzir e explorar as riquezas naturais do planeta e adotar uma postura ambientalmente comprometida é imprescindível.

Os impactos das mudanças climáticas não devem ser vistos isoladamente e devemos evitar a tendência de apenas atribuir unicamente à natureza a responsabilidade pelas catástrofes, isentando a nós, aos governos e ao setor produtivo a parcela de responsabilidade nesse contexto”, disse Denise Hamú, secretária-geral do WWF-Brasil.

Campanha relâmpago por vetos à MP da Grilagem na Amazônia

Cerca de 150 mil pessoas cadastradas no site do WWF-Brasil receberam, hoje (09/06), nota da organização solicitando que enviem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva mensagem pedindo o veto de dispositivos da MP 458/09 que ameaçam a regularização fundiária na Amazônia .

Tratam-se dos Artigos 7 e 13 e dos incisos II e IV do Artigo 2, que, respectivamente, ampliam a área máxima de regularização, dispensam a vistoria prévia das áreas pelo governo e definem ocupação e exploração indiretas, possibilitando o reconhecimento ilegítimo dessa posse até mesmo para quem nem vive na área.
 
O WWF-Brasil entende que os mecanismos introduzidos na Medida Provisória pelo Congresso Nacional abrem inúmeras possibilidades de fraudes contra o patrimônio nacional e beneficia grileiros. A regularização fundiária é necessária e defendida para garantir a propriedade a agricultores familiares da região.

A instituição acredita, também, que a possibilidade de regularizar a posse de grandes áreas, que poderão ser vendidas no período de apenas três anos, abre espaço para que empresas e pessoas inescrupulosas comprem imensas áreas por meio de “representantes” ou “laranjas”.

O WWF-Brasil vem participando de esforços conjuntos de vários segmentos da sociedade brasileira para a retirada dos dispositivos considerados nocivos à integridade da Amazônia e ao próprio arcabouço das leis ambientais brasileiras, consideradas entre as mais avançadas do mundo.

Para a secretária-geral do WWF-Brasil, Denise Hamú, o momento é delicado pois o meio ambiente precisa resgatar sua relevância no contexto nacional. “Sempre ouvimos que o Brasil é o país do futuro. Para que possamos assegurar um futuro melhor, é preciso garantir incentivos para uma economia mais verde e para a proteção da floresta amazônica e de outros biomas, colocando o país numa posição de liderança e vanguarda no desenvolvimento sustentável”, afirma.

O superintendente de Conservação do WWF-Brasil, Cláudio Maretti, destaca que a instituição é contra o desenvolvimento predatório e irresponsável. “A sanção integral da MP 458/09 vai incentivar ainda mais o desmatamento, principal contribuição do Brasil para o aquecimento global, que já é o quarto maior emissor de gases de efeito estufa. Isso agrava a situação atual, em que já percebemos os efeitos das mudanças climáticas nas enchentes e secas, cada vez mais intensas e frequentes”, conclui.

O WWF-Brasil conclama o Presidente da República a se firmar como um líder mundial para o desenvolvimento sustentável. Para tanto, é necessário valorizar os ativos que o Brasil apresenta tais como a maior biodiversidade do planeta, alternativas energéticas limpas e 0 potencial de alimentar o mundo com uma produção ambiental e socialmente responsável.

O Brasil não suporta mais agressões ambientais advindas de projetos não sustentáveis. Como exemplos, podemos citar o eventual asfaltamento da BR-319, as mudanças apressadas e sem discussão ampla sobre o Código Florestal, o aumento das emissões de carbono por meio de usinas termelétricas e desmatamento, entre tantos outros.

Ainda dá tempo para reverter este quadro!

Quartiero deixa Raposa após destruir outra sede de fazenda e mobilizar grande aparato policial

O produtor de arroz Paulo César Quartiero provocou a mobilização de um grande aparato policial por quase 12 horas para deixar a Terra Indígena Raposa Serra do Sol (RR), um dia após o fim do prazo dado pela Justiça para a saída espontânea dos não-índios da reserva.

Ele recebeu em torno de 25 agentes da Polícia Federal e da Força Nacional de Segurança sentado sozinho em frente à segunda sede de fazenda que mandou demolir.

O rizicultor disse que, após “desbravar Roraima”, não aceitaria “ser tirado como um cachorro” por “brucutus anabolizados” e só aceitou sair de lá quando recebeu um mandado de desocupação escrito à mão pelo presidente do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, desembargador Jirair Meguerian. O produtor definiu como “muito amadorismo” escrever um mandado debaixo de um pé de manga.

O desembargador informou a Quartiero que a União se responsabilizaria pela colheita dos 400 hectares de arroz plantados na fazenda, com posterior indenização, desde que o produtor disponibilizasse suas máquinas para o trabalho. O rizicultor – que expandiu áreas plantadas na região quando o processo de demarcação já estava em andamento – reagiu com indignação.

“Esse pessoal do governo não sabe colher e ainda vão estragar minhas máquinas. O senhor [Jirair Meguerian] vem aqui, toma o que é meu sem prazo nenhum, me obriga a retirar gado na marra, me toma o arroz. Só falta a mulher, os filhos e tudo”, reclamou Quartiero, ao dizer que não cederá as máquinas em hipótese alguma. “Se eu tiver que ceder meu maquinário, prefiro colocar fogo em tudo”, acrescentou.

“Não posso discutir o mérito. Estou apenas fazendo cumprir a decisão judicial”, respondeu Meguerian, lembrando que decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que selou a manutenção da demarcação contínua da reserva, com saída dos não-índios, tinha execução imediata. Quartiero chegou a propor colher o arroz a partir da próxima quarta-feira (6) e entregá-lo à União, para receber depois e para que o alimento não se perca, mas o presidente do TRF da 1ª Região reiterou que isso não seria possível.

Durante mais de cinco horas – entre o final da manhã e a chegada de Jirair à Fazenda Providência , no fim da tarde –, Quartiero, deitado em uma rede, leu por mais de uma vez o mesmo jornal. Chegou a se declarar desempregado e sem-terra. Suas roupas estavam sujas porque, segundo ele, virou a noite providenciando retirada de materiais. Policiais, agentes da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do Instituto Brasileiro dos Recursos Naturais e Renováveis (Ibama) que permaneceram durante todo o tempo na fazenda foram orientados pelo desembargador a não efetuar uma prisão.

Questionado pela Agência Brasil sobre o seu futuro na atividade produtiva, Quartiero disse ter se entusiasmado com propostas do governo da Guiana, que cederia terras ao produtor por até 99 anos. Mas não deu suas fazendas na Raposa Serra do Sol como caso perdido. “Minha história aqui não acabou. Foi só um capítulo. Houve muita ilegalidade no processo e ainda tenho esperança que mais gente reconheça isso.”

Nos próximos meses, entretanto, Quartiero terá de responder por condutas irregulares que cometeu ou que lhe foram atribuídas. A destruição das sedes de suas duas fazendas, cuja ordem ele admite ter dado, deverá ser configurada como crime, porque as benfeitorias já tinham sido indenizadas pela União. O Ibama aplicou-lhe multas por degradação ambiental, que somadas chegam a R$ 50 milhões. “Isso é retaliação política”, comentou o produtor.

A Fazenda Providência já tem novos donos. O tuxaua (cacique) Avelino Pereira, da comunidade Santa Rita, anunciou que dez famílias indígenas viverão na área, onde pretendem plantar arroz, feijão, milho e macaxeira. O grupo já teria máquinas agrícolas. São silvícolas ligados à Sociedade dos Índios Unidos em Defesa de Roraima (Sodiu-RR), entidade que sempre se posicionou favoravelmente à permanência dos arrozeiros. “Ele [Quartiero] sempre foi nosso parceiro, legal com a gente, muitos índios trabalharam com ele. Podia ter deixado a casa para nós, mas fazer o quê, achou melhor de outro jeito. A gente constrói uma”, lamentou Avelino.

ONGs criticam BR 319 em audiência pública

Na última das quatro audiências públicas sobre a pavimentação da BR-319, realizada terça-feira (28/05), dez entidades ambientalistas e do movimento social distribuíram uma nota criticando diversos aspectos do projeto e também a forma como o licenciamento vem sendo conduzido. Alfredo nascimento, Ministro dos Transportes, de olho no governo do estado do Amazonas nas próximas eleições vem, com apoio da Casa Civil e da Presidência, buscando acelerar o processo de licenciamento da obra que também que faz parte do PAC.

Além de desmatamento e dos impactos sobre as populações tradicionais na área de influência do projeto, o processo de migração a partir dos estados de Mato Grosso e Rondônia será intenso. “A população da cidade de Manaus e dos municípios vizinhos precisa ser alertada para o fato de que a BR-319 não representa apenas a ligação do estado do Amazonas com o Brasil mas principalmente do Brasil com a região de Manaus, que cresce a 2% ao ano o que a torna muito atrativa do ponto de vista de migração” frisou Paulo Adario, diretor da Campanha Amazônia do Greenpeace na audiência pública.

Com um público aproximado de 300 pessoas (e não 700, como anunciado ao longo do evento), a audiência em Manaus contou com a participação de ambientalistas, políticos e pesquisadores.  A discussão técnica sobre o EIA foi bastante prejudicada.

Apesar do pouco tempo disponível e das dificuldades de acesso às informações, dados sobre os prejuízos ambientais e econômicos da obra foram contestados durante o evento. Um estudo sobre a viabilidade econômica da estrada, divulgado dia 15 de abril em Manaus, estima um prejuízo de até R$ 2,2 bilhões nos próximos 25 anos, caso a rodovia seja pavimentada. “Assim como para outras obras do PAC, não há informações precisas sobre a viabilidade econômica da BR-319 porém, sua  relação custo-benefício indica que para cada R$ 1 investido seriam gerados apenas R$ 0,065  de benefícios. A obra não se paga nem em 25 anos” comenta Leonardo Fleck, responsável pelo estudo.

Alunos e pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpa) assim como professores da Universidade do Amazonas questionaram aspectos metodológicos e medidas mitigadoras propostas. A questão ética do envolvimento da Universidade do Amazonas na elaboração do estudo também gerou polêmica A Universidade do Amazonas foi contratada pelo DNIT sem licitação contrariando a Lei 8.666 que estabelece os procedimentos de licitação. Aberta entre nos anos 1970, durante o governo militar, a BR-319 foi pavimentada às pressas  mas, ao longo dos anos, sem fluxo e sem manutenção, foi se degradando pouco a pouco até tornar-se intransitável. Em 2005, após se tornar Ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, transformou a obra em sua prioridade. A partir de uma ação civil pública aberta pelo Ministério Público Federal, o DNIT foi obrigado a solicitar o licenciamento da obra. Após a publicação, no dia 2 de março, o EIA está sendo analisado pelo IBAMA que tem, de acordo com a legislação vigente, até seis meses para emitir um parecer a respeito.  

Historiador Archimedes Carpentieri lança livro sobre a ocupação do leste Mato-Grossense

A obra parte do século XVIII – com as bandeiras em busca do ouro dos
Araés – e caminha até a atualidade, abordando as expedições do Cel.
Fawcett, Piratininga, Roncador-Xingu e Xavantina – S. Félix do Araguaia.

A região da Serra do Roncador despertou a atenção do mundo a partir da Segunda Guerra Mundial. Países Aliados e do Eixo ambicionavam ocupar os espaços inabitados dessa região, até então só penetrada pelos Bandeirantes, exploradores e isoladas fazendas. A partir da Expedição Roncador-Xingu, dá o início da ocupação territorial: a Marcha para o Oeste.

Por outro lado, os mistérios do Roncador, decantados secularmente por muitas seitas iniciáticas, atraíram pesquisadores e esotéricos por toda parte do planeta, a partir da primeira metade do século XX. Várias expedições demandaram a essa região o propósito de desvendar tais mistérios.

Este livro tem o objetivo de colaborar para o resgate da história de Bandeirantes, expedicionários e pioneiros dessa região, além de subsidiar dados e informes sobre a realidade local.

Vendas diretamente com o autor:
R$ 40,00 – Archimedes57@hotmail.com

Acesse o blog de Archimedes Carpentieri.

Produtores sul-africanos perdem até 80% da safra de milho transgênico

Uma área de plantação de milho transgênico na África do Sul, equivalente a 80 mil campos de futebol, não produziu um grão sequer. De um total de mil produtores de milho geneticamente modificado, 280 tiveram prejuízos na colheita. Alguns chegaram a perder até 80% da produção. A Monsanto, empresa que desenvolveu o milho geneticamente modificado, alega que o problema não está relacionado à transgenia.

“A empresa veio a público explicar que o erro aconteceu durante o processo de fertilização de um tipo de semente. No entanto, o problema aconteceu em três variedades transgênicas”, disse Rafael Cruz, coordenador da campanha de transgênicos do Greenpeace no Brasil.

Marian Mayet, diretora do Centro Africano para Biossegurança, baseado em Joanesburgo (África do Sul), defendeu uma investigação do caso pelo governo sul-africano e a proibição imediata do milho transgênico naquele país.

A África do Sul foi um dos primeiros países a adotar o milho transgênico.

No Brasil

Audiência pública, realizada em Brasília no dia 18 de março deste ano,  uniu ambientalistas, produtores e pesquisadores contra  a liberação do arroz transgênico. "O grande trunfo desta audiência pública foi anteciparmos potenciais problemas como o ocorrido na África do Sul. Contudo, a mesma precaução com que foi tratado o arroz, não serviu no caso do milho transgênico, que é aprovado no Brasil", afirmou Cruz.

Para a Embrapa e para o Conselho de Segurança alimentar do Estado do Paraná, por exemplo, o arroz transgênico significa uma ameaça à estabilidade de produção de arroz no Rio Grande do Sul, o que gera um risco à segurança alimentar de todo o Brasil.

Marcado o primeiro leilão exclusivo de energia eólica

A realização do primeiro leilão exclusivo para energia eólica do Brasil já tem data: 25 de novembro de 2009. O Ministério de Minas e Energia publicou ontem (31 de março) no Diário Oficial da União a portaria nº 147 que estabelece as regras do leilão. A portaria determina o prazo de cadastramento e habilitação técnica dos empreendimentos interessados em participar do leilão junto à Empresa de Planejamento Energético (EPE).

 

 Entre as diretrizes incluídas na proposta, estão diversas recomendações feitas pelo Greenpeace no relatório "A Caminho da Sustentabilidade Energética". Entre elas, estabelecimento de um programa  de aquisições de energia com prazos e quantidades definidas, remuneração adequada do investimento e acesso facilitado à rede elétrica para os geradores.

 

“Um avanço importante é que algumas das principais diretrizes do feed-in, mecanismo que garante conexão da energia gerada à rede de distribuição e comercialização da energia por contratos de longo prazo foram incorporadas às diretrizes do leilão". No entanto, fatores importantes que deverão impulsionar o mercado de energia eólica no Brasil ainda não foram determinados. “Quanto vai custar a energia, qual quantidade de potência será negociada e qual será a regularidade dos leilões?", questiona.

 

Para o Greenpeace, o Brasil deve aprovar uma Lei Nacional de Energia Renovável para viabilizar a participação de pelo menos 20% das fontes renováveis na matriz elétrica até 2020. "A adoção de metas nacionais para energias renováveis são um dos principais requisitos para a promoção e o desenvolvimento deste mercado no médio e longo prazo; por enquanto ainda não temos esta sinalização política no Brasil e os principais agentes do setor são unânimes em afirmar que um leilão isolado para a energia eólica não será capaz de fazê-lo" analisa Baitelo.

 

 No mesmo dia do anúncio do leilão de energia eólica, o Congresso dos Estados Unidos começou a discutir um projeto de lei com uma série de medidas de mitigação de gases de efeito estufa e combate às mudanças climáticas. O projeto é o primeiro esforço legislativo norte-americano a reconhecer as metas de redução de gases de efeito estufa propostas pelo IPCC aos países desenvolvidos (entre 25 40% em relação aos índices de 1990 até 2020 e entre 80 e 95% até 2020) e pede uma participação de 25% de energias renováveis na matriz elétrica daquele país até 2025.

Retirada dos brancos da Raposa será definida por Ayres Britto e TRF

Brasília – O Supremo Tribunal Federal decidiu hoje (19) que um grupo de grandes produtores de arroz e cerca de 50 famílias de agricultores brancos da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, terá que deixar a reserva em prazo que será definido pelo ministro Carlos Ayres Britto e pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), responsáveis por supervisionar a execução da sentença.

Por 10 votos a 1, os ministros do STF mantiveram a demarcação contínua da área de 1,7 milhão de hectares, homologada em abril de 2005 pelo governo federal.

Britto disse que irá contactar ainda hoje o presidente do TRF-1, Jirair Aram Meguerian, e o ministro da Justiça, Tarso Genro, para ter mais informações sobre as pessoas que terão de deixar a área e sobre formas de se cumprir essa retirada.

Britto adiantou que pretende estabelecer um prazo, até amanhã (20), para a saída dos produtores. "Em princípio seria um prazo comum, uniforme para todos que ainda se encontram lá", afirmou. "Acho que não vai haver resistência, uma decisão do STF é para ser cumprida."

O ministro não garantiu se o prazo a ser definido levará em conta a colheita da safra dos produtores de arroz. "Quem plantou em uma área sob litígio o fez por sua conta e risco."

A advogada que representa as populações indígenas defendeu que a partir da demarcação contínua da reserva, qualquer ocupação por brancos é ilegal. “Não se justifica ampliação do prazo para que eles continuem produzindo ilegalmente dentro das terras indígenas”, apontou.

O advogado responsável pela defesa dos produtores de arroz, Luiz Albrecht, argumentou que a retirada não poderia ser imediata porque algumas lavouras já estão plantadas e em estágio de colheita. “Os investimentos foram feitos e é preciso que sejam resguardados esses direitos”, afirmou.

Ele pediu ainda que haja garantia de que os produtores não sejam retirados com truculência.

O advogado-geral da União, José Antonio Dias Toffoli, afirmou no plenário que a maioria dos arrozeiros já saiu da região de forma pacífica e pediu celeridade na retirada do grupo que ainda permanece no local. “Quanto mais rapidamente a situação for resolvida, menor é a possibilidade de conflito”, disse.

Regularização fundiária da Amazônia vai expor grileiros, afirma Mangabeira

Ao detalhar hoje (23) os critérios definidos pelo governo federal para a regularização fundiária da Amazônia, o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger, afirmou que as normas definidas para as áreas de até 2.500 hectares e a exigência explícita de aprovação do Congresso Nacional quando se tratarem de extensões maiores fortalecerão o combate aos grandes grileiros que se fixaram na região.

“Os grandes grileiros ficarão expostos à luz do dia e essas terras ficarão mais suscetíveis a serem retomadas pelo governo federal”,disse Unger, em entrevista à Agência Brasil.

O ministro, que coordena o Programa Amazônia Sustentável (PAS), informou que o governo doará as terras de posses com até cem hectares. As que sejam de até quatro módulos fiscais,ou 400 hectares, serão vendidas aos posseiros por preço reduzido. De quatro a 15 módulos, a venda será por preço de mercado, com dispensa de licitação. De 15 módulos até 25 módulos, ou máximo de 2.500 hectares, a lei continuará a exigir licitação, o que levará a uma maior demora na regularização.

Será adotada a técnica conhecida como “varredura”, que consiste em resolver de uma só vez todos os conflitos de uma localidade.

Quem tiver a área regularizada ficará proibido de vender a propriedade por dez anos. “Há também o entendimento de que a eficácia dessa restrição depende de uma agenda positiva de apoio tecnológico, comercial e financeiro aos pequenos proprietários”, ressalvou Unger.

Os posseiros a serem beneficiados não precisão morar dentro da propriedade, apenas em local próximo, em distância que ainda será equacionada. Quem adquiriu terras de assentados do Incra também poderá se regularizar, “com cautelas para evitar enriquecimento de aproveitadores e invasores”.

As novas regras serão implementadas por projeto de lei ou medida provisória. O ministro estima que em três anos 80% das posses na Amazônia sejam regularizadas.

Unger acredita que será possível acelerar a implementação de projetos econômicos em benefício da população local, num regime de colaboração federativa entre o governo federal, estados e municípios. Os projetos envolvem o estímulo ao extrativismo, a recuperação de áreas de pastagens degradadas, a melhoria de estradas vicinais e da aviação regional. “Tudo isso estava inibido enquanto não estivesse dirimida a regularização fundiária”, assinalou.

Apesar de o PAS ainda não ter saído do papel, o ministro ressaltou mais uma vez não ser possível precisar datas para que os efeitos sejam sentidos na prática, mesmo que isso frustre expectativas imediatas da população. “Me preocupo com o ponto de partida e essa é uma dinâmica que não se extingue no atual governo. É a reorganização de um sistema econômico e social”, argumentou Unger.

A despeito dos desafios pendentes do PAS, Unger inicia hoje (23) uma viagem de cinco dias pelo Nordeste, durante a qual vai debater com governadores, parlamentares e lideranças da sociedade civil um projeto de desenvolvimento específico para a região, focado em temas como a agricultura irrigada, os estímulos às pequenas e médias empresas, a associação entre o ensino médio e o técnico-profissional, a evolução dos programas de transferência de renda e a potencialização de vocações produtivas locais.

Julgamento da Raposa Serra do Sol é suspenso, mas demarcação contínua já foi decidida

Após o voto da ministra Ellen Gracie pela constitucionalidade da demarcação em faixa contínua das terras da Raposa Serra do Sol, em Roraima, o ministro Marco Aurélio manteve o pedido de vista do processo, ou seja, requereu mais tempo para analisar o caso antes de declarar seu voto.

Com isso, o julgamento fica suspenso, mas numericamente a questão já está decidida. Com oito votos a favor da demarcação contínua, está eliminada a possibilidade de uma decisão pela permanência dos não-índios dentro da reserva, já que o Supremo Tribunal Federal (STF) é composto por 11 ministros.

Apesar de oito votos a favor da cassação da liminar que, em abril, suspendeu a Operação Upatakon 3, da Polícia Federal, o ministro Marco Aurélio pediu vista também do processo que resultou na concessão da liminar. Sem decisão pela cassação da liminar, a Polícia Federal não pode retirar os arrozeiros da área da reserva.

Ellen Gracie afirmou em seu voto que acompanha “as preocupações externadas pelo ministro Menezes Direito”, que decidiu pela demarcação contínua, mas com 18 restrições. A ministra acredita que o julgamento de hoje (10) servirá como modelo para as próximas decisões sobre as terras indígenas.

“Essa decisão será um norte sobre como encarar as questões de marcação indígena daqui para adiante. É preciso que o Estado brasileiro se movimente no resgate dessa dívida ancestral que temos com a população indígena”, disse.

A sessão foi encerrada às 18h20.