Greenpeace faz vigília pelo fim dos projetos nucleares no Brasil

Ambientalistas da organização não-governamental Greenpeace vão fazer nesta quinta-feira (18) uma vigília em frente ao Palácio do Planalto para exigir que o governo brasileiro encerre os projetos nucleares no país e invista em energias renováveis. A manifestação ocorre no dia em que o presidente Lula recebe o vice-chanceler da Alemanha, Joschka Fischer. No encontro, eles deverão discutir a substituição do acordo nuclear Brasil-Alemanha por um acordo com fontes renováveis.

protesto_greenpeace_1.jpg"A idéia é marcar o fim do acordo Brasil-Alemanha nuclear e o início de uma cooperação na área de renováveis que é benéfico para os dois países. O Brasil vai estar vendendo álcool, biocombustíveis, biodiesel para a Europa e vai estar aprendendo como a Alemanha pode gerar boa parte da sua eletricidade a partir dos ventos e da energia solar", afirma o coordenador da campanha de energia do Greenpeace, Sérgio Dialetachi.

Dialetachi afirma que números do governo federal indicam que o Brasil já gastou US$ 6 bilhões na contrução de Angra 1, US$ 14 bilhões em Angra 2 e mais US$ 1 bilhão com o projeto de Angra 3. Segundo ele, o país gasta mais de R$ 1 milhão por dia para pôr em funcionamento as usinas Angra 1 e 2, que ao final produzem apenas 2% de toda eletricidade gerada no Brasil.

"Isso representa no final do ano mais do que todo o orçamento que o Ministério do Meio Ambiente tem para administrar todos os parques nacionais, toda a fiscalização, controle de poluição. Duas usininhas que geram 2% de eletricidade consomem mais do que todo o Ministério do Meio Ambiente", complementa.

Os ambientalistas aguardarão a chegada do vice-chanceler posicionados em cima de 30 tambores pintados com símbolos de radioatividade, fazendo uma alusão aos 30 anos do acordo nuclear Brasil-Alemanha.

Universidade Federal do Paraná – mais oportunidade para os índios

Funai – A busca de oportunidades para os índios, especialmente as que propiciem o seu ingresso em universidades, tem sido um dos esforços da Coordenação-Geral de Educação da Funai (CGE). E seus esforços têm sido coroados de êxitos. Vários foram os convênios firmados com universidades, com finalidades diversas, entre elas a concessão de bolsas de estudos para estudantes indígenas, vestibular diferenciado e vagas específicas para índios. Ontem, 17, por exemplo, a Coordenadora-Geral da CGE, Maria Helena Fialho, recebeu o Reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Carlos Augusto Moreira Junior, que veio a Brasília especialmente para propor uma parceria com a Funai, objetivando a inclusão de indígenas de outros estados na Universidade Federal do Estado.

O Reitor informou que a UFPR já disponibiliza 20% de vagas para candidatos oriundos de escolas públicas e outro tanto para afro-descendentes, em processo normal de seleção. Quanto aos índios, esses participarão de processo de seleção específico. Os candidatos indígenas, para se habilitarem, deverão ter concluído o ensino médio, serem recomendados pelo chefe (cacique) da aldeia e pelo chefe do posto local da Funai e, ainda, apresentar documento da Funai, que recomende sua inclusão no programa, no caso de estudantes residentes em áreas urbanas. A novidade, no entanto, é que as vagas não serão exclusivamente para cursos de graduação; os índios poderão disputar, também, vagas para cursos técnicos de nível pós-médio, para atendimento de demandas de capacitação de suas respectivas comunidades, apontadas por intermédio da Funai.

Os índios habilitados, do Estado do Paraná, ou de outras unidades da Federação, terão apoio acadêmico psico-pedagógico implementado pela UFPR, em conjunto com a Funai, que constituirá comissão especificamente para esse fim. O programa de acompanhamento dos estudantes indígenas prevê, entre outros pontos, a designação de um professor orientador para cada estudante, desde o ingresso na UFPR até a conclusão do curso. Até mesmo a flexibilização das normas institucionais poderá ocorrer, principalmente as relativas ao trancamento de matrículas, mudanças de turno, reopção de curso etc.

“O número de vagas oferecidas aos índios deverá aumentar gradativamente, começando com 5 (cinco) vagas para os anos 2005 e 2006, passando para 7 (sete) vagas nos anos 2007 e 2008, até atingir 10 (dez) vagas nos anos 2009 e subseqüentes. A UFPR oferecerá aos estudantes índios uma Bolsa de Permanência, no valor de R$150 reais mensais, assistência médico-odontológica, almoço e jantar. A universidade custeará até mesmo o deslocamento dos estudantes que farão o vestibular” informou o Reitor.

Juvêncio lamenta que Brasil não participe de encontro ambiental

O presidente da Subcomissão Permanente do Meio Ambiente, senador Juvêncio da Fonseca (PDT-MS), lamentou que o governo brasileiro tenha se recusado a participar do encontro internacional, a ser realizado no próximo ano em Aichi, no Japão, que debaterá a questão ambiental e a sociedade urbana industrial. Para ele, o Brasil perderá uma grande oportunidade de expor ao mundo que realiza um esforço para  se desenvolver de forma sustentável, "onde a questão do meio ambiente é levada a sério".

Juvêncio da Fonseca estranhou a não participação do Brasil no encontro que irá reunir cerca de 137 países. E estranhou a argumentação de autoridades brasileiras de que o governo "não teve tempo suficiente" para preparar a participação brasileira no encontro do Japão e que os custos seriam incompatíveis com a realidade econômico-financeira do país.

As afirmações de Juvêncio da Fonseca foram feitas durante audiência pública realizada nesta quarta-feira (17) pela subcomissão, que reuniu representantes do Ministério do Meio Ambiente, como Fernando Lírio, diretor da Assessoria Internacional da pasta, e Silvio Botelho, chefe de gabinete; e o chefe da Divisão de Feiras e Turismo do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Antônio José Maria de Souza e Silva. Para o embaixador, a participação brasileira no encontro custaria em torno de R$ 100 milhões, o que considerou um valor elevado para um país, como o Brasil, onde os recursos são escassos.

Juvêncio da Fonseca concordou, mas salientou que o governo brasileiro poderia participar do encontro tendo em mãos um projeto mais barato, pois o público estimado que irá ao encontro e que percorrerá os stands da feira, ao longo de seis meses, é de 16 milhões de pessoas. Já o senador Flávio Arns (PT-PR) argumentou ser relevante levar a imagem do Brasil para o exterior, desde que os custos sejam compatíveis com a realidade nacional.

Audiência avalia fonte de recursos para o São Francisco

A Comissão Especial do São Francisco realizou hoje à tarde audiência pública com o presidente da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf), Luiz Carlos de Farias, e o secretário de Apoio Rural e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Manoel Valdemiro da Rocha.

O objetivo foi debater a Proposta de Emenda à Constituição 524/02 que cria o Fundo para a Revitalização da Bacia do Rio São Francisco. Para o relator da PEC, deputado Fernando Ferro (PT-PE), o debate serviu para discutir as formas de financiamento do projeto de revitalização. Ferro ressaltou a necessidade de um amplo debate sobre a proposta, tendo em vista o melhor gerenciamento da água a ser utilizada para a irrigação e para outros usos.

Investimentos
Segundo o relator, o projeto de irrigação requer pelo menos 30 anos de investimento. Apesar disso, a PEC, já aprovada pelo Senado, prevê que o Fundo será constituído por 0,5% de toda a arrecadação federal, excluídos apenas os recursos vinculados, como os destinados à Educação e à Saúde, e os repasses obrigatórios aos estados e municípios.
As obras de revitalização da bacia do rio São Francisco também contarão com verbas do Plano Plurianual de Investimentos (PPA). Para o período 2004-2007, o Governo já assegurou R$ 2,5 bilhões. Outros R$ 1,2 bilhão anuais deverão ser garantidos entre 2008 e 2015. Além disso, o Orçamento da União para 2004 reservou R$ 179,2 milhões para as obras do São Francisco.

Royalties
Fernando Ferro adiantou que vai propor a destinação de parte dos royalties pagos pela Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf) aos estados e municípios banhados pelo rio. Segundo ele, cerca de R$ 1,35 bilhão dos royalties pagos nos últimos 15 anos não foram utilizados em qualquer obra de revitalização do rio. "Vou constitucionalizar esses royalties no Fundo de Revitalização, porque esse dinheiro não está sendo usado na finalidade para a qual foi destinado pela Constituição", disse Ferro.

Abastecimento
O relator enfatizou que a discussão da PEC não deve limitar-se à transposição do São Francisco. Ele lembrou que o Comitê da Bacia do São Francisco já aprovou uma vazão de 26 metros cúbicos por segundo para as bacias dos rios Jaguaribe (CE), Apodi (RN), Piranhas-Açu (PB e RN), Paraíba (PB), Moxotó (PE) e Brígida (PE) para o consumo humano e animal. "O que está em questão é uma discussão sobre o desenvolvimento do semi-árido; vamos combater a indústria da seca e nos livrar dos carro-pipa", afirmou o relator.

Nova audiência
Na próxima quarta-feira (24) será realizada uma nova audiência pública, desta vez com a presença da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Fernando Ferro acredita que esta será a última audiência pública da Comissão Especial. Nas semanas seguintes, a Comissão deverá visitar algumas áreas onde serão realizadas as obras.

O relator anunciou que pretende entregar seu relatório no dia 15 de dezembro.

Grupo móvel liberta 174 trabalhadores em situação de trabalho escravo

Três equipes do Grupo Especial de Fiscalização Móvel do Ministério do Trabalho e Emprego libertaram, na última semana, 174 trabalhadores que eram mantidos em condições degradantes e de escravidão, em duas fazendas no Pará e em carvoarias na Bahia.

A maior operação ocorreu na fazenda Colatina, próxima a cidade de Pacajá (PA), de onde foram retirados 123 trabalhadores. O dono da fazenda, José Carlos Tardim do Carmo Júnior, conhecido como Bacuri, teve que pagar aos trabalhadores R$ 200 mil em direitos trabalhistas e mais R$ 220 mil por dano moral coletivo. A operação foi coordenada pelo auditor fiscal, Clóvis Emídio, que em ação anterior, realizada em junho, já havia autuado o fazendeiro em outra fazenda, da qual era gerente.

Também no Pará estão sendo concluídas duas ações lideradas pelo auditor fiscal Humberto Célio. No último fim de semana, a equipe entrou numa fazenda de propriedade do juiz do trabalho aposentado, Wilson Osmundo Neto, e encontrou sete trabalhadores em condições degradantes de trabalho. O juiz terá que pagar hoje R$ 10 mil aos trabalhadores e ainda vai responder por danos morais. A fazenda tem financiamento do Banco da Amazônia.

Na quarta-feira (10), já havia retirado 16 trabalhadores da fazenda Seridó, localizada no município de São Geraldo do Araguaia (PA), de propriedade de Roberto Dantas de Medeiros. Entre os libertados havia dois menores de 12 e 14 anos. Eles trabalhavam na limpeza de pasto há mais de noventa dias e estavam sem salários há dois meses. As verbas rescisórias foram de R$ 28 mil.

Carvoarias bahianas

O número de trabalhadores retirados de carvoarias próximas a Barreiras (BA) chegou a 28, sendo quatro menores de 18 anos. A equipe coordenada pelo auditor fiscal, Klinger Fernandes, localizou a primeira bateria de fornos na quarta-feira passada, quando interditaram a carvoaria. Na seqüência, foram em outras baterias do mesmo proprietário, Leliano Sérgio Andrade, e encontraram mais trabalhadores.

Na região há várias carvoarias espalhadas pela propriedade. Junto aos fornos, cuja temperatura quando acesos passa dos 40º C, ficam os alojamentos feitos de lona e madeirite. Em alguns, já foram feitos barracões de alvenaria mas, mesmo nesses casos, não há nenhum tipo de ventilação que possa aliviar o forte calor.

Dentro dos alojamentos – tanto o de lona quanto o de alvenaria – a cena é a mesma: colchões amontoados, roupas e objetos pessoais espalhados ao lado de alimentos e produtos de higiene. Até mesmo uma lareira foi encontrada dentro de um barracão de lona, o que aumenta o desconforto.

Some-se a esse cenário jornadas exaustivas e a falta de segurança no trabalho. A mistura é a fórmula de lucro fácil de alguns produtores no Brasil. Na ponta da cadeia produtiva do carvão estão as siderúrgicas. No caso da fazenda arrendada por Leliano Sérgio Andrade – visitada pelo Grupo Móvel de Fiscalização – ficou comprovado que a Sideruna Comércio e Indústria Ltda, empresa de Minas Gerais, comprava o carvão produzido.

A procuradora do Ministério Público do Trabalho, Virgínia Senna, reforça essa tese. Segundo ela, o artigo 149 do Código Penal prevê a responsabilidade solidária, que divide a culpa pelo trabalho escravo entre os membros mais próximos da cadeia produtiva.

Leliano Andrade deverá pagar uma indenização aos 12 trabalhadores encontrados em situação de trabalho escravo no valor de R$ 57 mil. Ele também deve responder a processo civil e criminal. O outro arrendatário, José Tarcísio de Souza, da área onde foi encontrado trabalho degradante, deve acertar com seus empregados uma quantia de quase R$ 7 mil.

Durante as negociações, a equipe concluiu que o dono das carvoarias não tem capacidade financeira para arcar com o pagamento dos direitos trabalhistas e está procurando fechar acordo com a siderúrgica que compra toda a produção de carvão, a Sideruna (Siderúrgica de Itaúna). “Estamos trazendo a siderúrgica para a negociação para evitar maiores prejuízos para os trabalhadores”, afirmou Fernandes.

Balanço

Com as últimas ações sobe para 7.139 o número de trabalhadores libertados de janeiro de 2003 a novembro de 2004.  No balanço anterior, até setembro deste ano, referente a 21 meses do Governo Lula, o número de trabalhadores retirados do trabalho escravo era 6.965 trabalhadores. Durante as operações foram pagos cerca de R$ 10 milhões em verbas rescisórias. Os libertados também passaram a receber o benefício do seguro-desemprego.

As equipes da fiscalização móvel são compostas por auditores fiscais do trabalho, policiais federais e procuradores do trabalho.

Brasil apresenta na Tailândia relatório sobre preservação ambiental

O Brasil vai apresentar um relatório sobre as ações na área de preservação do meio ambiente no 3º Congresso Mundial de Conservação da União Internacional para Conservação da Natureza. O encontro será realizado em Bangcoc, na Tailândia, e tem por objetivo fazer um balanço mundial sobre a conservação do meio ambiente.

De acordo com o secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente (MMA), João Paulo Capobianco, o Brasil participará do encontro apresentando muitos avanços. Para se ter uma idéia, segundo o secretário, o país assegurou a preservação de uma área semelhante ao estado de Alagoas. "O Brasil participa da reunião de Bangcoc com um conjunto de medidas importantes. O presidente Lula já criou 2,8 milhões de hectares em unidades de conservação, de proteção integral e uso sustentável. Comparando com as administrações anteriores, o governo Lula foi o que mais criou unidades de conservação nos dois primeiros anos", informa.

O secretário informou ainda que o Brasil teve outros avanços na área de meio ambiente. Citou a publicação do Mapa de Biomas, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com o MMA, o decreto que reconhece 900 áreas prioritárias para conservação da biodiversidade, a avaliação de todos os biomas brasileiros, que permitirá novo planejamento das ações de conservação da biodiversidade brasileira, e o Atlas dos Recifes de Coral nas unidades de conservação.

João Paulo Capobianco disse que nos próximos anos está prevista a criação de novas áreas de preservação na Amazônia. "A previsão é de que pelo menos entre 15 e 16 milhões de hectares serão protegidos na Amazônia nos próximos dois anos", acrescentou.

As informações do Brasil sobre a conservação do meio ambiente serão apresentadas no próximo dia 20.

Programa etnoterritorial na terra Indígena Fulni-ô

Com o objetivo de apoiar atividades produtivas sustentáveis, reordenamento territorial, recuperação de áreas degradadas e fortalecimento da organização social na Terra Indígena Fulni-ô, a Fundação Nacional do Índio (Funai) está gerenciando o Programa-Geral de Ordenamento Etnoterritorial daquela comunidade. Para a execução dessa estratégia emergencial, a Funai deverá buscar recursos, tanto de projetos governamentais como o Fome-Zero, quanto de empreendimentos que afetaram a terra indígena e não foram licenciados pelos condicionantes indígenas (linhas de transmissão, uso de recurso hídrico-patrimonial, esgotos e lixo urbano, entre outros).

De acordo com a Coordenação-Geral do Patrimônio Indígena e Meio Ambiente da Funai (CGPIMA), com a proposta de aumento da Terra Indígena Fulni-ô, problemas como falta de sustentabilidade sócio-ambiental poderão ocorrer. A necessidade de um plano de ordenamento territorial é de extrema urgência, principalmente no momento em que ocorre um processo identificatório com proposta de aumento da área. Por isso, está sendo desenvolvido um plano de fiscalização e apoio a projetos produtivos e assistencialistas, voltados às reais necessidades da comunidade Fulni-ô.

A elaboração desses projetos tem se baseado em análises territoriais de grupos indígenas Fulni-ô, a partir de levantamentos bibliográficos e de campo, realizados por antropólogos e ambientalistas da Funai, que vêm se baseando na interface entre as abordagens etnológicas, etnográficas e ecológicas.

Por ocasião desses levantamentos etnoambientais foi percebida a necessidade de descomprimir a pressão social exercida sobre os povos Fulni-ô, redirecionando a atual ocupação desta comunidade indígena para uma nova forma organizacional, que contará com unidades comunitárias de desenvolvimento local integrado e sustentável.

Políticas de reordenamento territorial
Assim como na terra dos Fulni-ô, outros projetos de reordenamento territorial têm sido realizados pela Funai. Na estrada que liga as cidades de Cuiabá a Santarém, BR-163, está sendo realizado um programa que visa identificar as demandas etnoecológicas dos grupos indígenas afetados direta e indiretamente, pelo asfaltamento da rodovia. O caráter inovador desse trabalho está no fato de que os índios sempre sofreram com interferências causadas pelos não-índios, em prol de projetos desenvolvimentistas.

A política atual da Funai é de planejamento etnoterritorial das terras indígenas, visando a etnosustentabilidade, e tem como meta o aproveitamento de oportunidades que gerem recursos, para efetivar a realização desses projetos.

Comunidades indígenas terão materiais didáticos específicos

Com objetivo de definir uma política permanente de incentivo à produção e edição de materiais didáticos específicos para as comunidades indígenas, representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai), alguns membros indígenas, Comissão Pró-índio, a Organização Geral dos Professores Tikuna Bilíngües, o Instituto de Pesquisa e Formação em Educação Indígena e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), reuniram-se, no Ministério da Educação(MEC), no último dia 13, para formar uma Comissão de Apoio e Incentivo à Produção e Edição de Material Didático Específico Indígena.

A Comissão pretende valorizar, ampliar e revitalizar o uso das línguas indígenas entre as comunidades indígenas, os saberes e as formas de transmissão de seus conhecimentos e promover a sua divulgação. Pretende-se assim, realizar um diagnóstico da produção de materiais didáticos e literatura indígena, com vistas à criação de mecanismos para orientação metodológica na elaboração, edição e publicação de materiais específicos para essas comunidades.

A Coordenadora-Geral de Educação da Funai, Maria Helena Fialho, presente à reunião, afirmou que é necessário definir políticas específicas para as comunidades indígenas, principalmente as que visem a produção e edição de materiais didáticos específicos: “vejo a necessidade de uma política para atender as demandas das escolas indígenas, não só no que se refere a materiais didáticos, mas também a outros materiais informativos relacionados à cultura indígena, para ampla difusão junto à população brasileira em geral, como meio de combater o desconhecimento, intolerância e preconceito em relação a essa população”.

As propostas do Plano de Ação serão produzidas pelos componentes da Comissão de Apoio, levando em consideração as metas, atividades, recursos e cronograma de cada representante, que se reunirão novamente, nos próximos dias 15 e 16 de dezembro.

Comissão da Câmara mantém projeto da Lei de Biossegurança aprovado no Senado

O texto do projeto da Lei de Biossegurança aprovado pelo Senado foi mantido, na íntegra, em votação, na quarta-feira (10), na Comissão Especial da Câmara. O texto permite a utilização de células-tronco a partir de embriões que estejam congelados há pelo menos três anos para fins de pesquisa e terapia, desde que as células sejam obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização "in vitro". O projeto também libera o cultivo de sementes geneticamente modificadas no país, estabelecendo sua regulamentação.

A aprovação do texto do Senado provocou tumultos. Primeiro, o relator original da matéria, deputado Renildo Calheiros (PCdoB/PE), apresentou requerimento propondo o adiamento da votação da matéria. O requerimento foi rejeitado e nomeado o deputado Darcísio Perondi (PMDB/RS) como novo relator da proposta. Discutida a matéria, o Partido Verde manifestou-se contrário a sua votação e tentou adiá-la para que o texto do Senado pudesse ser melhor discutido. Os argumentos do PV foram em vão e o relatório de Perondi foi colocado em votação e aprovado contra a posição do PV. Os cinco destaques apresentados ao texto também foram rejeitados.

O projeto depende ainda de votação no Plenário da Câmara para ser levado à sanção presidencial. Como a proposta está com urgência constitucional vencida, ela passa a compor a pauta de matérias que estão trancando a pauta de votações.

O presidente do PV, deputado Sarney Filho (MA), que protestou durante toda a votação, disse que o texto aprovado tem aspecto positivo "que é a possibilidade de pesquisa de células-tronco". Como aspecto negativo, Sarney Filho cita a questão dos transgênicos. "O texto comete um retrocesso porque tira do ministério do Meio Ambiente a possibilidade de requerer estudos do impacto ambiental e a possibilidade de licenciar esse empreendimento".

Sarney Filho argumenta também que, na questão da saúde, o projeto tira do ministério a possibilidade de garantir se determinado produto é seguro para consumo. "O que está se vendo aqui é o poder econômico muito forte que se sobrepõe aos interesses do país", desabafou o parlamentar maranhense.

O relator do projeto, Darcísio Perondi, rebateu as críticas de Sarney Filho argumentando que o texto elaborado pelo senador Ney Suassuna (PMDB/PB) e aprovado pelos senadores é o melhor possível. "O texto anterior, aprovado pela Câmara, estava deformado, valorizava a burocracia, o atraso e prejudicava a economia e o emprego. Enquanto o texto que aprovamos agora valoriza a ciência, a riqueza e o emprego. Além disso, quem ganha com a proposta é o Brasil", disse Perondi.

Cidades brasileiras discutem implantação do Protocolo de Quioto

O Brasil terá a maior representação da América do Sul na Campanha Cidades pela Proteção do Clima (CCP), formada por mais de 550 municípios de todo o mundo, que acontecerá de 6 a 17 de dezembro, em Buenos Aires. Criada pelo Conselho Internacional para Iniciativas Ambientais, a CCP irá se reunir em paralelo à 10ª Conferência das Partes (COP 10), da Convenção sobre as Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU).

O encontro da ONU terá a participação de chefes de Estado e será palco de discussões da entrada em vigor do Protocolo de Quioto, em negociação há sete anos, viabilizado este mês com a adesão da Rússia. No evento paralelo, as cidades debaterão Mecanismos de Desenvolvimento Limpos que buscam reduzir a emissão de gases de efeito estufa (GEE).

Segundo a gerente técnica da CCP, Margarita Parra, o controle do aquecimento global é um problema mundial, mas as soluções locais podem contribuir para a redução na emissão de gases. Na América Latina participam da campanha a Argentina, com duas cidades, Brasil com sete cidades, Chile e Colômbia com uma cidade cada e México, também com sete municípios. Parra comentou que essas cidades já vêm procurando, conforme a realidade local, medidas de prevenção e soluções no combate à poluição urbana. No encontro em dezembro, os municípios irão mostrar as soluções locais, medidas que podem contribuir para a redução de poluentes e trocar experiências.

O Brasil participa com as cidades de São Paulo, Betim, Goiânia, Porto Alegre, Palmas, Rio de Janeiro e Volta Redonda. Margarita Parra destaca as ações de três cidades brasileiras dentro da CCP – São Paulo, Betim (MG) e Porto Alegre – porque desenvolvem programas para a redução de gases e trabalham com metas de preservação ambiental. "A campanha pela proteção do clima tornou-se um tema importante dentro da agenda dessas cidades criando equipes que estão levando adiante a necessidade de controle da poluição", explicou Parra.

Dos programas que vêm dando resultados, Parra ressalta o projeto em São Paulo de geração de eletricidade no Aterro Bandeirantes, produzido a partir do gás que é formado pela decomposição dos resíduos orgânicos. Em Betim, ela destaca a campanha de coleta seletiva, para posterior reciclagem, de papel e produtos inorgânicos. Em Porto Alegre, a poluição urbana está sendo enfrentada com a substituição de gasolina por gás natural veicular na frota de táxis da cidade.

De acordo com a ONU, a capital gaúcha tem a melhor qualidade de vida em todo o Brasil. Porto Alegre possui uma média de 14,9 metros quadrados de área verde para cada habitante e cerca 46 metros quadrados de parques naturais, além de reserva dentro dos limites da cidade.

A representante da CCP entende que o encontro da ONU, na Argentina, será muito importante, em razão da entrada em vigor, no ano que vem, do Protocolo de Quioto. A adesão final russa completa os requisitos do protocolo, que exige que pelo menos 55 países ratifiquem o acordo entre os signatários da Convenção do Clima, assinada na Eco-92.

O Protocolo de Quito prevê que, entre 2008 e 2012, os países ricos devam reduzir em média 5 % de emissão de gás carbônico, tendo como base os índices de 1990. A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança de Clima, assinada no Rio de Janeiro em 1992, por 175 países mais União Européia, ratificou a preocupação com o aquecimento global.