Ibama fecha criadouro conservacionista por irregularidades

O Ibama – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis fechou em Carapicuíba, na região metropolitana de São Paulo um dos maiores criadouros conservacionistas do Estado, o de Richard Rasmussen, cujo nome fantasia é Casa da Tartaruga. Nessa operação, cerca de 180 animais foram retirados e destinados para o Zoológico de São Paulo e para criadouros regularizados.

Entre os animais havia inúmeras aves, serpentes, vários primatas (macacos) e invertebrados (aranhas e escorpiões). Quatro onças pardas, uma jaguatirica e um gato maracajá encontrados no local serão destinados nos próximos dias. O proprietário foi autuado em R$ 8,5 mil por estar de posse de animais sem autorização e tem vinte dias para recorrer das autuações.

Desde 2002 Richard Rasmussen vinha sendo notificado e autuado por diversas irregularidades, como posse de espécimes silvestres sem origem, falta de documentação comprobatória de destino de animais, altos índices de mortalidade e fugas. Várias vistorias apontaram movimentação no plantel sem registro documental, óbitos relacionados à falta de adequação dos recintos e de proteção aos bichos, bem como condições precárias tanto para os animais como para os trabalhadores do local. Relatórios anexados ao processo do criador registram que alguns animais chegaram a ser mortos por cães, que circulavam pela propriedade.

Tantas irregularidades levaram Rasmussen a acumular multas de R$ 280 mil, valores que ele pleiteava abater transformando o seu criadouro conservacionista em um zoológico. Todavia, um parecer da procuradoria-geral do Ibama foi desfavorável à mudança de categoria, uma vez que o proprietário havia se mostrado incapaz de exercer tais atividades. Além disso, o mesmo parecer orientava para que fosse cancelado o registro de criadouro conservacionista e para que os animais fossem retirados imediatamente.

Segundo a coordenadora da operação, a analista ambiental Jury Seino, os trabalhos ocorreram sem incidentes e o resultado foi bastante positivo. A analista lembra que o sucesso da operação deveu-se, entre outros fatores, ao bom entrosamento entre os servidores do Ibama – cerca de 20 – e os colaboradores do Instituto Butantan, dos oficiais da Justiça Federal e também da Polícia Federal. O Ibama SP agradece também ao apoio material do Zoológico de São Paulo, do Zoológico de Sorocaba e do Parque Ecológico do Tietê.

Projeto que autoriza implantação de usina de Belo Monte (PA) é aprovado pela Câmara

O plenário da Câmara dos Deputados aprovou, no último dia 6 de julho, o Projeto de Decreto Legislativo (PDC) nº 1.785/05, que autoriza a implantação da Usina Hidrelétrica (UHE) de Belo Monte, na chamada Volta Grande do rio Xingu, na altura dos municípios de Altamira e Anapu, no Pará. O projeto segue agora para apreciação do Senado. A obra, uma das mais polêmicas já projetadas no País, pode afetar diretamente a vida de nove povos indígenas que vivem na região e vem suscitando mobilizações e intensos protestos do movimento social da Amazônia nos últimos dezessete anos (veja o especial A Polêmica de Belo Monte).

Desde o final dos anos 1970, sucessivos governos tentaram implantar a UHE, originalmente denominada Kararaô. Em 2001, o Supremo Tribunal Federal (STF) paralisou a elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) sobre o projeto atendendo um pedido do Ministério Público Federal (MPF), que então argumentava a inexistência de autorização do Congresso Nacional para o empreendimento. O governo Lula assumiu seu mandato com a promessa de rediscutir e reavaliar a implementação da usina.

A resistência das populações locais à obra mantém-se firme mesmo com as várias alterações incluídas nos planos originais: o reservatório da usina passou de 1.225 para 400 quilômetros quadrados e a estimativa de energia que poderá ser produzida, segundo o governo, passou de 11 mil para 5 mil megawatts. Além dos povos indígenas da região, a Fundação Viver, Produzir e Preservar (FVPP), o Movimento pelo Desenvolvimento da Transamazônica e Xingu (MDTX), o Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), a Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetagri/Regional) e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), entre várias outras organizações, são contrários à construção. A principal reclamação desses setores é de que nunca foram ouvidos em relação ao problema durante todo este tempo. A Constituição Federal afirma que o aproveitamento dos recursos hídricos em Terras Indígenas só pode ser efetivado com “autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas”.

Comunidades querem ser ouvidas

“Os governos anteriores sempre quiseram enfiar o projeto goela abaixo. As comunidades nunca foram ouvidas ou foram ouvidas de forma tendenciosa. Isso continua do mesmo jeito”, critica Antônia Melo da Silva, coordenadora regional do GTA. Ela conta que muitas das empresas interessadas no empreendimento já estão divulgando que ele foi autorizado. “O que sempre reivindicamos é a elaboração de um estudo para o desenvolvimento econômico sustentável de toda a Bacia do Xingu, que apontasse alternativas como a pesca e o turismo ecológico.” Antônia diz que o grande movimento que lutou contra Belo Monte durante os anos 1990 irá retomar suas ações a partir de agora. De 13 a 15 de julho, em Altamira, um seminário com a presença de vários especialistas irá discutir com a comunidade todas as implicações da construção da usina. No dia 14, também será lançado o livro Tenotã-Mõ, Alertas sobre as consequências dos projetos hidrelétricos no Rio Xingu, que tem a participação do ISA (confira serviço abaixo).

“Os estudos não foram concluídos. Então como o Congresso pode autorizar alguma coisa que não conhece? Além disso, a Constituição deixa claro que as comunidades afetadas devem ser ouvidas antes da autorização”, defende o advogado do ISA Raul Silva Telles do Valle. Ele lembra ainda que a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), ratificada pelo Brasil, também fala em “anuência prévia” das comunidades interessadas sobre projetos semelhantes. “Esta autorização é ilegal e inconstitucional.”

O deputado Fernando Ferro (PT-PE), autor do PDC 1.785/05, acredita que ele se refere apenas à permissão para o reinício e a revalidação de estudos preliminares e que as comunidades locais serão consultadas a partir de agora. Apesar disso, o texto aprovado pela Câmara afirma que “é autorizado o Poder Executivo a implantar o Aproveitamento Hidrelétrico Belo Monte (…) após estudos de viabilidade técnica, econômica, ambiental e outros que julgar necessário.” Por outro lado, o deputado também não esconde sua posição favorável à usina. “No curto prazo, o País só tem duas alternativas para sua necessidade de energia: ou aproveitamos o potencial hidrelétrico da região Norte ou investimos em usinas nucleares. Em relação a estas últimas sou contra.” O parlamentar considera que os impactos ambientais e sociais de Belo Monte podem ser mitigados.

Falso dilema

"Optar entre a construção de hidrelétricas ou de usinas nucleares é um falso dilema. Se não discutirmos seriamente o destino da energia gerada e quais são os limites socioambientais para a expansão das usinas, em médio prazo teremos que aceitar a construção de hidrelétricas e também de usinas nucleares”, avalia Raul Silva Telles do Valle. Ele defende que é preciso rediscutir não só formas de melhor aproveitamento da energia elétrica mas, principalmente, a opção de continuar direcionando 27% de toda a energia gerada apenas para as indústrias eletrointensivas, como a de alumínio, de siderurgia e de celulose. “Só para citar um exemplo, a quantidade de energia utilizada para produzir alumínio para exportação, no ano de 2000, seria suficiente para abastecer mais de 870 mil famílias durante oito anos. Temos, portanto, que avaliar se realmente é necessário expandir dessa forma, a um custo social e ambiental altíssimo, a geração de energia."

Para o deputado Fernando Ferro o que existe é um certo preconceito em relação às hidrelétricas. “Este tipo de opinião é motivado por interesses de alguns setores industriais que querem investir em outras alternativas energéticas, como as termoelétricas”. O parlamentar insiste que o PDC apenas pretende regularizar o andamento de estudos que já têm mais de 20 anos. “Em sua ação, o MPF deixa claro a necessidade de autorização do Congresso Nacional. A partir de agora, essas pesquisas poderão ser aprofundadas.”

O passo que faltava

O deputado Zé Geraldo (PT-PA), que tem sua base eleitoral na região e conhece os movimentos sociais locais, também considera que o prosseguimento dos estudos sobre a usina atende uma expectativa legítima e que a posição contrária à obra não é majoritária entra as organizações da sociedade civil. “De qualquer forma, as cidades da região precisam saber se vai haver ou não hidrelétrica. Depois dos estudos podemos sentar e discutir melhor com todos os interessados.” Apesar de repetir que o PDC 1.785/05 apenas autoriza pesquisas preliminares, Zé Geraldo também não esconde sua opinião sobre a usina: “Existe em todo o País medo de hidrelétrica. Isso ocorre pela maneira autoritária com que elas sempre foram feitas. Agora é diferente. Quanto à posição contrária de alguns setores, temos de discutir se ela é a mais correta.”

Zé Geraldo nega ainda que o governo esteja impedindo qualquer tipo de discussão sobre o problema. Questionado sobre a necessidade de o Congresso ouvir as populações atingidas, o deputado também acha que o momento propício ocorrerá a partir de agora. “O governo Lula já está indo para o segundo semestre de seu terceiro ano. Se tivermos de ouvir as comunidades antes disso… Acho que tem de ser assim, mesmo porque não há questionamento sobre a legalidade dos estudos em si.” O parlamentar não deixa dúvida sobre a intenção da administração Lula em relação à obra: “O governo tem toda a vontade de começar a construção da usina”.

Em virtude da pressão exercida por vários setores econômicos e da disposição da administração Lula em levar adiante empreendimentos desse tipo, a aprovação definitiva do PDC pelo Senado poderá ser considerado, na prática, o passo que faltava para o início efetivo da obra. A ascensão da antiga ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff,

ao cargo de chefe da Casa Civil da Presidência da República acrescenta mais um componente a uma conjuntura já favorável à construção de novas hidrelétricas no País. A pretensão do governo federal em implantar projetos semelhantes (sem discutí-los com a sociedade e apesar dos protestos de vários segmentos organizados) pode ser exemplificada também pela concessão da Licença de Operação, no último dia 5 de julho, à usina de Barra Grande, na divisa de Santa Catarina com o Rio Grande do Sul. A obra foi feita com base em um EIA reconhecidamente fraudulento e é apontada como o maior escândalo ambiental dos últimos anos (confira).

Um dos vários pontos polêmicos sobre Belo Monte continua dizendo respeito ao real potencial energético da usina – mesmo depois da redução da estimativa originalmente prevista. Por simulações feitas para o período de 1931 a 1996, a usina só seria capaz de garantir uma potência de 1.356 MW ao longo do ano, com picos de 5 mil MW durante apenas três meses, aponta o professor Oswaldo Sevá, da Unicamp, em artigo do livro Tenotã-Mõ. Isto é, a potência máxima de 5 mil MW apregoada pelo governo só seria possível durante uma pequena parte do ano.

Polícia Federal assume fiscalização das áreas ocupadas pelos índios cinta larga

A Superintendência da Polícia Federal em Rondônia está assumindo nesta semana as sete barreiras de fiscalização do complexo de 2,7 milhões de hectares do qual fazem parte quatro áreas onde vivem cerca de 1.400 índios cinta larga (terras indígenas Roosevelt, Aripuanã e Serra Morena e parque indígena Aripuanã).

"O aumento do efetivo já está garantido, precisamos apenas fazer o levantamento dos equipamentos que nos serão passados pelo Funai, para programarmos nossa atuação na área", disse o delegado da Polícia Federal, Mauro Sposito, coordenador da Operação Roosevelt.

No dia 2 de junho, Sposito informou à Agência Brasil que havia apenas 31 agentes da Polícia Federal e da Polícia Militar fazendo o controle do garimpo ilegal na região, quando o número necessário era de pelo menos 68 agentes. Neste momento, segundo o delegado, há 72 policiais fiscalizando a área, 20 deles da Polícia Militar e 52 da Polícia Federal.

Em abril do ano passado, 29 garimpeiros foram assassinados na terra indígena Roosevelt, em conflito com os índios cinta larga. A Operação Roosevelt foi criada por decreto presidencial assinado em 17 de setembro de 2004 envolve a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, a Polícia Militar e a Fundação Nacional do Índio (Funai).

Primeiro soro antiofídico em pó brasileiro começa a ser testado em seres humanos

Manaus – O índio waimiri-atroari que recebeu soro antiofídico liofilizado (em pó) produzido no Brasil deve fazer hoje a consulta de retorno à Fundação de Medicina Tropical do Amazonas (FMT), nesta capital. Foi, até o momento, a única aplicação realizada, como parte do ensaio clínico necessário à aprovação do soro junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

"Vamos aplicar o soro liofilizado em 40 pacientes e o soro líquido em outros 40, comparar os resultados e produzir um relatório que será enviado à Anvisa", explicou o capitão Iran Mendonça da Silva, médico infectologista do Instituto de Biologia do Exército, localizado no Rio de Janeiro. A estimativa é que em dois anos o uso do produto esteja liberado para que o Ministério da Saúde o forneça a regiões de difícil acesso.

Segundo Iran Mendonça, o soro em pó foi desenvolvido pelo Instituto Butantan, em São Paulo, especialmente para a Amazônia. "Em 2000, começamos [o Instituto de Biologia do Exército e o Instituto Butantan] a desenvolver um soro líquido trivalente, que neutralizasse o efeito dos venenos da jararaca, da surucucu e da cascavel. A partir daí decidimos também produzir esse mesmo soro na versão liofilizada, pensando nos postos de saúde isolados no meio da mata", explicou.

Luiz Losano, infectologista responsável pela Gerência de Animais Peçonhentos da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas, explicou que as principais vantagens do soro em pó são o maior tempo médio de vida (oito anos, contra quatro do soro líquido) e a facilidade de transporte e conservação (pode ser guardado a temperatura ambiente, enquanto o soro líquido precisa de refrigeração). "Mas é bom lembrar que ele, assim como o soro líquido, só pode ser aplicado na presença de pessoal especializado, porque pode causar uma reação alérgica tão ou mais grave que o veneno", alertou.

"É um soro antiofídico produzido da mesma forma que o outro, a partir do plasma do cavalo, e aplicado também na veia do paciente. Para usá-lo, basta dissolver em soro glicosado e água destilada", acrescentou Iran Mendonça.

De acordo com o médico infetcologista Antônio Magela, que atendeu o índio waimiri-atroari, o paciente (cujo nome não foi revelado) fora picado havia dez horas por uma jararaca, responsável por cerca de 91% dos ataques de serpente na Amazônia. O acidente aconteceu no último dia 23, a 250 quilômetros de Manaus, na divisa entre o Amazonas e Roraima. "A princípio, a eficácia do soro foi a melhor possível, neutralizando a tempo o veneno", disse.

Em São Gabriel da Cachoeira, no extremo norte do Amazonas, o chefe do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI), Hernane Guimarães dos Santos, contou que desde 2000 eles utilizam soro antiofídico em pó, produzido e comprado na Colômbia. O DSEI São Gabriel da Cachoeira é responsável pelo atendimento básico de saúde de 23 mil indígenas que vivem em 554 aldeias do município.

"O soro liofilizado permite fazer atendimentos mais rápidos no meio da mata. Quando começamos a utilizá-lo, evitamos mortes e amputações", ressaltou Santos. Segundo ele, em 2000, as picadas de cobra mataram oito indígenas em São Gabriel da Cachoeira – em 2002, o número caiu para uma morte; em 2003, nenhuma, e, no ano passado, novamente uma. "Este ano, porém, já foram cinco óbitos, porque estamos sem dinheiro para comprar o soro", disse ele.

Projeto aprovado na Câmara prevê exploração sustentável de florestas públicas

Combater o desmatamento da Amazônia sem deixar de aproveitar o potencial econômico da região. Em síntese, esse é o objetivo do projeto de lei 4776/05, aprovado anteontem (6), às 23h45, pela Câmara dos Deputados. De autoria do poder Executivo, o projeto prevê a concessão de florestas públicas para exploração sustentável da iniciativa privada.

"Esse projeto foi concebido no âmbito do plano de prevenção e controle ao desmatamento, pois é consenso entre os especialistas e as instituições que trabalham com a Amazônia que somente a valorização da floresta em pé é que poderá mudar o modelo de desenvolvimento econômico hoje implementado na região, que se baseia na substituição da floresta", explica o secretário de Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente (MMA), João Paulo Capobianco.

A concessão será feita por meio de licitação, com o objetivo de privilegiar as empresas que oferecerem o melhor preço e cujos projetos tenham o menor impacto ambiental e o maior benefício socioeconômico. Capobianco afirma ainda que os vencedores não terão direito à posse da terra, apenas receberão o direito de uso das florestas, que continuam a ser patrimônio da União.

"O projeto não é um projeto de concessão, é um projeto de gestão de florestas públicas sendo que a possibilidade de concessão só é analisada após a identificação se aquela área deve ser transformada em reserva ambiental ou se ela deve ser destinada ao uso de uma população tradicional. Somente depois de esgotadas essas duas alternativas é que ela pode ser objeto de concessão", informa o secretário.

As florestas poderão ser utilizadas tanto para fins extrativistas, como a retirada de madeira, quanto para atividades não-extrativistas, como o ecoturismo. A concessão será limitada ao prazo máximo de 40 anos e apenas para empresas brasileiras. Segundo Capobianco, com exceção das áreas protegidas, que compreendem as terras indígenas e as unidades de conservação, cerca de 45% da Amazônia é de terras da União. Dentro desse percentual, a projeto de lei estabelece que, nos primeiros dez anos, apenas 20% das terras da União poderá se licitada.

No projeto aprovado também consta uma emenda que protege os pequenos empreendedores e garante o direito de continuidade por cinco anos das atividades que já são desenvolvidas em terras de até 2,5 mil hectares.

O controle das concessões e gestão das florestas ficará a cargo do recém-criado Serviço Florestal Brasileiro (SFB), e os recursos advindos das concessões irão compor o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal (FNDF). O projeto será agora analisado pelo Senado Federal e, se aprovado, segue para a sanção presidencial. Segundo o secretário, o objetivo é aplicar alguns dos dispositivos previstos na lei ainda neste ano.

Projeto de gestão de floresta deve aumentar fiscalizações do Ibama, diz presidente do instituto

O presidente do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Marcus Barros, diz acreditar que o projeto de lei de gestão de florestas públicas, se aprovado pelo Senado e sancionado pelo presidente da República, aumentará as fiscalizações exercidas pelo órgão. Com mais trabalho, Barros afirma que novos concursos públicos para o Ibama poderão ser realizados.

"O Ibama é fiscalizador do meio ambiente, e isso vai se ampliar porque parte dos recursos vindos da concessão de florestas virá para o Ibama para essa atividade de fiscalização", disse Marcos Barros. "Mais possibilidades se abrem e, além do concurso que fizemos no último domingo, até março devemos fazer novo concurso, no qual chamaremos mais 600 pessoas, para ampliar esse papel do Ibama na preservação da Amazônia a partir da lei de florestas públicas", completou.

Hoje (8), em entrevista à Agência Brasil , Barros afirmou que a essência do projeto será a de "dar ordem" à Amazônia, racionalizando a exploração de madeiras pelas indústrias que possuem certificação e, conseqüentemente, diminuindo o desmatamento ilegal.

Barros previne, no entanto, que a concessão deverá estar "sob os olhos do Estado", sob a fiscalização do Ibama. "Essa concessão tem que estar sob os olhos do Estado. Para aquele que recebe a concessão, existem condicionantes fortes a serem cumpridos, como a questão do manejo e do relacionamento com as populações tradicionais. Há que se buscar, e o próprio projeto traz esse reforço, melhorar a fiscalização do Ibama nessa área específica de concessão de florestas."

Placar do clima aponta G8 entre os vilões das mudanças climáticas

Conhecido como “Placar do Clima”, o ranking publicado pelo WWF Internacional utiliza uma série de critérios e projeções para avaliar o que cada nação faz para reduzir as emissões de gases nocivos ao meio ambiente. O estudo enfoca, em especial, a atuação dos membros do G8 – grupo formado pelas sete maiores economias do mundo (Alemanha, Canadá, EUA, França, Itália, Japão, Reino Unido) e a Rússia – em lidar com as mudanças climáticas. Além disso, a publicação também aborda países em desenvolvimento como Brasil, China, Índia, México e África do Sul. Na análise geral, os Estados Unidos apresentam o pior resultado da pesquisa.

O placar publicado pelo WWF Internacional utiliza dez critérios para analisar a situação dos países e a eficiência dos governos em reagir às ameaças das mudanças climáticas. Entre outras razões para a péssima performance dos EUA, está o fato de o governo Bush não ratificar o protocolo de Kyoto, nem tomar medidas para diminuir a poluição da atmosfera. Ao mesmo tempo, o país está em primeiro lugar no mundo em emissões de gases do efeito estufa. Além disso, cerca de dois terços da energia gerada nos Estados Unidos vêm de combustíveis como carvão ou diesel. Na configuração política atual, a dependência do país neste tipo de energia tende a crescer.

“O governo Bush não só fracassa em enfrentar a ameaça das mudanças climáticas, mas também atrapalha os esforços do G8 em resolver o problema”, afirma a diretora do Programa Global do WWF Internacional sobre mudanças climáticas, Jennifer Morgan. “Caso os EUA continuem a ser um empecilho a este processo, devem ser deixados para trás”.

Segundo Morgan, os sete chefes de estado participantes do encontro do G8 devem insistir em apresentar soluções claras e concretas. “Só assim poderemos ter alguma chance em contornar os graves efeitos das mudanças climáticas, mesmo que estas ações sejam feitas sem a participação do governo norte-americano”.

Não apenas os Estados Unidos, mas os países ricos, em geral, recebem algumas das piores notas do “Placar do Clima”. França, Alemanha e Inglaterra aparecem entre as nações com melhor avaliação, mas apresentam grandes chances de aumento de emissões nos próximos anos. Canadá, Itália, Japão e Rússia estão bem abaixo no ranking e muito distantes das metas necessárias para evitar o aquecimento de 2°C na temperatura global até 2050.

“Todos os países do G8 estão longe de assegurarem um clima estável e seguro”, afirma Jennifer Morgan. “Com claras diferenças no nível de comprometimento e esforço de cada um, ninguém hoje pode se autodenominar uma referência na questão das mudanças climáticas”.

O Brasil – assim como China, Índia, México e África do Sul – aparece com alto potencial de aumento na emissão de gases nocivos ao meio ambiente nos próximos anos. Estes países, no entanto, estão implementando medidas para diminuir a poluição. O WWF Internacional faz um apelo ao G8 para anunciarem programas e financiamentos que estimulem nações em desenvolvimento a continuarem estas ações e definirem modelos de desenvolvimento mais limpos. 

Lei de gestão de florestas é aprovada

A aprovação ontem (6/7), pelo plenário da Câmara Federal do projeto de lei 4776 do executivo, que estabelece a gestão de florestas públicas para a produção sustentável, cria o Serviço Florestal Brasileiro – SBF e o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal – FNDF é comemorada pelo WWF-Brasil como um passo importante para o combate ao desmatamento ilegal e o incentivo à modernização do setor florestal brasileiro.  

“É preciso, agora, que o Ministério do Meio Ambiente divulgue quais as áreas públicas disponíveis, pois só 20% delas poderão ser licitadas nos primeiros 10 anos para a exploração privada e sustentável, e os empresários precisam se preparar para isso”, diz Denise Hamú, secretária geral (CEO) do WWF-Brasil . Ela lembra ainda que aumentará a demanda de fiscalização pelo IBAMA e que é preciso que o governo invista mais recursos em suas ações de fomento ao setor florestal, aumentando os recursos destinados ao Centro Nacional de Apoio ao Manejo Florestal – Cenaflor, um centro especializado do Ibama. 

“É fundamental que o Cenaflor possa cumprir com sua missão de treinar os engenheiros florestais para elaborarem os planos de manejo das florestas a serem exploradas e capacitar os funcionários do Ibama para que façam análises criteriosas dos planos de manejo”, diz Mauro Armelin, coordenador de políticas florestais do WWF-Brasil.  O projeto de lei prevê recursos somente para o FNDF, que receberá 70% dos recursos arrecadados, e os 30% restantes irão para o Ibama para as ações de fiscalização.  O dado positivo é que a sociedade civil estará representada no FNDF para decidir, juntamente com os representantes do governo, sobre o uso dos recursos desse órgão de fomento. 

Pelo projeto de lei aprovado, caberá ao SBF o estabelecimento de um plano anual de outorga decidido no seu Conselho Consultivo, o Conaflor e só poderão ser usadas terras com floresta natural.  As concessões serão feitas por um prazo a ser definido conforme o ciclo de colheita. No texto aprovado na Câmara Federal o prazo máximo da concessão florestal foi reduzido de 60 para 40 anos, sendo submetidas a auditoria independente ao final deste prazo. Será também exigido o EIA Rima para essas áreas.

O projeto de lei deve ainda ser aprovado no Senado e a nova lei regulamentada.  Se tudo correr dentro do previsto, os primeiros contratos de concessão poderão ser assinados no segundo semestre de 2006.

Ibama prioriza avaliação cuidadosa do impacto ambiental da construção de usinas hidrelétricas

Em entrevista à Rádio Nacional AM, o diretor de Licenciamento e Qualidade Ambiental do Ibama, Luiz Felipe Kunz Junior, explicou como funciona o trabalho do órgão na avaliação do impacto ambiental e social da construção de hidrelétricas.

"A região em que for implantada uma hidrelétrica não voltará a ser mais a mesma. As conseqüências que isso têm para os animais, plantas, e, a raça humana tem quem passar por um estudo de impacto ambiental", disse.

Segundo Luiz Felipe, a própria criação do Movimento de Atingidos por Barragens fez com que Ibama aumentasse a preocupação com a qualidade do atendimento das comunidades atingidas. "Nós tivemos casos de populações que praticamente foram expulsas de suas terras pela implementação de barragens".

Luiz Felipe informou, que o Ibama está qualificando o processo de licenciamento e de interlocução com a sociedade. "Os órgãos ambientais muitas vezes tem dificuldade de estar junto às comunidades. Com isso acabam discutindo pouco com e sabendo pouco das necessidades que elas necessitam".

Vários processos de hidrelétricas já foram devolvidos por não haver possibilidade de conclusão dos trabalhos. O Ibama negou a execução de barragens em vários estados por constatar problemas de impacto ambiental. "Estamos tentando fazer com que o desenvolvimento econômico do país ocorra sem um impacto ambiental e social muito grande".

Brasil começa a rever possibilidade de patentear produtos já registrados

O Brasil já começou a negociar com os Estados Unidos e a União Européia a possibilidade de que seja aceita uma lista com o nome de vários produtos brasileiros que não poderiam ser patenteados. A lista está sendo elaborada há cerca de um ano e meio pelo Grupo Interministerial de Propriedade Intelectual (GIPI) e pode beneficiar produtos como frutas amazônicas, que são desconhecidas internacionalmente.

De acordo com o Presidente do INPI Roberto Jaguaribe, a comunidade internacional não é obrigada a reconhecer a lista. Mas muitos países teriam interesse, já que "faz parte das regras básicas de marcas não aceitar como denominação um nome de um produto". Ele explica que esses países também não têm interesse em contribuir para algo que, no fundo, "vai iludir seu próprio consumidor".

A lista, que não tem ainda prazo para ser finalizada, também deverá ser apresentada ao Japão, país em que o cupuaçu chegou a ser registrado por duas multinacionais do país, Asahi Foods e Cupuaçu International – mas que teve o registro anulado pelo Escritório de Marcas e Patentes japonês no ano passado, após uma série de ações judiciais brasileiras.

O cupuaçu foi registrado no Japão em 1998, mas o Brasil só descobriu a patente quatro anos depois, quando uma cooperativa de produtores de doces foi impedida de exportar derivados da fruta com esse nome para a Alemanha.