Cinta Larga em pé de guerra

Rota Brasil Oeste – A Funai esta em alerta total na região de Cacoal, RO. Cerca de cento e cinqüenta garimpeiros estão acampados à mil metros da Terra Indígena Roosevelt, como forma de intimidar a etnia dos Cinta Larga. O clima é tenso, segundo o indigenista Walter Blós responsável pelo Grupo Tarefa que está na região tentando negociar o impasse.

“Não se acua uma onça e os Cinta Larga são guerreiros Tupi, se os garimpeiros pensam que estão amedrontando os índios enganam-se, por isso faremos tudo para evitar uma reação”, ressalta Blós. Como medida de prevenção a administração da Funai de Cacoal solicitou apoio ao Governo do Estado que colocou quinze policiais ambientais para acampar nas barragens que dão acesso à área.

Os garimpeiros receberam promessa de políticos de que seria permitido o garimpo na terra indígena, o que serviu de incentivo para pressionar a invasão da terra indígenas. Mas o presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, divulgou nota oficial garantindo que não será permitido nenhum tipo de exploração nem a presença de garimpeiros em terras indígenas.

Os Cinta Larga tem apenas 30 anos de contato com a sociedade nacional e a invasão de seu território para exploração mineralógica acarretou sérios problemas de saúde, ambientais e culturais. Desde o início da invasão da reserva Roosevelt, no final de 1999, já aconteceram quatro operações envolvendo várias instituições. Segundo Walter Blós, elas não obtiveram êxito por ter caráter repressor: “Nossa ação no momento é recuperar a auto estima dos Cinta Larga e incentivar o retorno de suas práticas, o que já acontecendo. Inclusive as mulheres que haviam casado com não índios, acabaram com esses casamentos e retornaram”.

Com informações da Funai

Funai atua em área dos Cinta Larga

O coordenador do Grupo Tarefa, criado pela Funai para a proteção aos índios Cinta Larga, Walter Blos, relatou a ação da Funai, à comissão de deputados federais que esteve na aldeia Roosevelt. A ação do órgão indigenista foi desencadeada em janeiro deste ano, com o objetivo de proteger os Cinta Larga. Até o início do plano emergencial que envolveu diversos órgãos governamentais, os índios estavam sendo cooptados por garimpeiros e madeireiros, que e a desagregação de suas aldeias ameaçava a integridade física, já que os conflitos foram inevitáveis, dada a ilegalidade das ações.

Blos explicou que a ausência do estado fez com que essas atividades ilegais se instalassem com facilidade no interior das terras indígenas Roosevelt, Parque do Aripuanã, Serra Morena e Aripuanã. Estradas foram abertas no interior do estado por garimpeiros e madeireiros.

"Com o dinheiro fácil do tráfico de diamante e madeira de lei, logo vieram os conflitos, crimes, prostituição e doenças. A comunidade indígena sofreu sérios danos, entre eles, a paralização das aulas nas escolas e o início da desagregação da cultura Cinta Larga. Esses índios têm apenas 30 anos de contato com nossa sociedade. Hoje, a situação é outra e os Cinta Larga não aceitam mais as propostas dos garimpeiros e madeireiros. Há um trablaho sério sendo desenvolvido junto às comunidades de todas as terras indígenas ameaçadas. Os índios agora querem a garantia da ação do governo federal em sua proteção", explicou Walter.

O Grupo Tarefa da Funai, centralizado na Administração Executiva Regional (AER) da Funai em Cacoal, faz consecutivos relatórios junto à presidência da Funai e ao gabinete do Ministério da Justiça e trabalha com o apoio da Polícia Federal. Durante toda esta manhã (15), Blos e agentes federais fizeram a vigilância nas estradas vicinais, abertas no passado pelos garimpeiros e madeireiros para investigar boatos sobre a invasão e fechamento das estradas por garimpeiros. A determinação do atual presidente, Mércio Pereira Gomes, é a continuidade da ação do Grupo Tarefa para a proteção dos povos que habitam as terras indígenas ameaçadas.