Uma equipe composta por representantes do Ibama, do WWF-Brasil, dos índios Wajãpi e de moradores da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Iratapuru iniciou na quarta-feira 3, uma expedição de três semanas pelo médio e alto curso do rio Jari, dentro do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque (PNMT), a maior área protegida em faixa tropical do mundo. Uma equipe de apoio à expedição, que havia iniciado a subida pelo rio Jari no último dia 23 de julho, chegou no dia 2 passado à aldeia Mukuru, na Terra Indígena Wajãpi. Deste ponto, a expedição parte rio acima, iniciando a incursão dentro do parque nacional.
A expedição planeja obter informações sobre a geomorfologia da região, identificar eventuais invasões, especialmente de garimpeiros, e coletar amostras de água do Jari e de alguns de seus tributários para verificar se há contaminação decorrente de atividade garimpeira. Essas informações serão utilizadas na elaboração do plano de manejo do parque, documento que, como o nome indica, define o planejamento da conservação e das demais atividades permitidas em seu interior, como o ecoturismo, e as condições em que se darão.
Fronteira natural entre os estados do Amapá e Pará, o rio Jari é a principal via de penetração a uma das regiões mais remotas da Amazônia, que até a década de 1960 era controlada por povos indígenas da região. Segundo informações de Christoph Jaster, chefe do PNMT, esse pedaço do rio Jari foi percorrido até seu alto curso apenas por índios e, possivelmente, por garimpeiros.
A exceção foi a passagem de uma expedição enviada pela Alemanha nazista que, com o apoio do governo brasileiro, percorreu o Jari e alguns afluentes entre 1935 e 1937, coletando informações sobre fauna, flora e culturas indígenas. Essa viagem resultou no livro "Mistérios da caverna na floresta virgem" (Rätsel der Urwaldhölle, no original em alemão), escrito por Schulz-Kamphenkel, que descreve detalhes da incursão por esse inóspito pedaço da Amazônia brasileira.