ONGs criticam BR 319 em audiência pública

Na última das quatro audiências públicas sobre a pavimentação da BR-319, realizada terça-feira (28/05), dez entidades ambientalistas e do movimento social distribuíram uma nota criticando diversos aspectos do projeto e também a forma como o licenciamento vem sendo conduzido. Alfredo nascimento, Ministro dos Transportes, de olho no governo do estado do Amazonas nas próximas eleições vem, com apoio da Casa Civil e da Presidência, buscando acelerar o processo de licenciamento da obra que também que faz parte do PAC.

Além de desmatamento e dos impactos sobre as populações tradicionais na área de influência do projeto, o processo de migração a partir dos estados de Mato Grosso e Rondônia será intenso. “A população da cidade de Manaus e dos municípios vizinhos precisa ser alertada para o fato de que a BR-319 não representa apenas a ligação do estado do Amazonas com o Brasil mas principalmente do Brasil com a região de Manaus, que cresce a 2% ao ano o que a torna muito atrativa do ponto de vista de migração” frisou Paulo Adario, diretor da Campanha Amazônia do Greenpeace na audiência pública.

Com um público aproximado de 300 pessoas (e não 700, como anunciado ao longo do evento), a audiência em Manaus contou com a participação de ambientalistas, políticos e pesquisadores.  A discussão técnica sobre o EIA foi bastante prejudicada.

Apesar do pouco tempo disponível e das dificuldades de acesso às informações, dados sobre os prejuízos ambientais e econômicos da obra foram contestados durante o evento. Um estudo sobre a viabilidade econômica da estrada, divulgado dia 15 de abril em Manaus, estima um prejuízo de até R$ 2,2 bilhões nos próximos 25 anos, caso a rodovia seja pavimentada. “Assim como para outras obras do PAC, não há informações precisas sobre a viabilidade econômica da BR-319 porém, sua  relação custo-benefício indica que para cada R$ 1 investido seriam gerados apenas R$ 0,065  de benefícios. A obra não se paga nem em 25 anos” comenta Leonardo Fleck, responsável pelo estudo.

Alunos e pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpa) assim como professores da Universidade do Amazonas questionaram aspectos metodológicos e medidas mitigadoras propostas. A questão ética do envolvimento da Universidade do Amazonas na elaboração do estudo também gerou polêmica A Universidade do Amazonas foi contratada pelo DNIT sem licitação contrariando a Lei 8.666 que estabelece os procedimentos de licitação. Aberta entre nos anos 1970, durante o governo militar, a BR-319 foi pavimentada às pressas  mas, ao longo dos anos, sem fluxo e sem manutenção, foi se degradando pouco a pouco até tornar-se intransitável. Em 2005, após se tornar Ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, transformou a obra em sua prioridade. A partir de uma ação civil pública aberta pelo Ministério Público Federal, o DNIT foi obrigado a solicitar o licenciamento da obra. Após a publicação, no dia 2 de março, o EIA está sendo analisado pelo IBAMA que tem, de acordo com a legislação vigente, até seis meses para emitir um parecer a respeito.  

Pesquisador critica audiências antes de estudos sobre hidrelétricas no Rio Madeira

Brasília – Estão marcadas para hoje (29) e amanhã (30) audiências públicas nos municípios de Abunã e Mutum-Paraná (RO) para discutir a construção de duas usinas hidrelétricas no Rio Madeira. O projeto é questionado por pesquisadores da região. Entre eles, o professor da Universidade Federal de Rondônia, especializado em planejamento energético, Artur Moret.

Segundo Moret, as audiências ocorrem de forma precipitada, sem que tenham sido realizados estudos completos sobre o impacto das hidrelétricas no meio ambiente. O pesquisador diz que falta avaliar o impacto do empreendimento em toda a extensão da bacia do Rio Madeira, que é de 1,4 milhão de quilômetros.

Somente 260 quilômetros, nas proximidades de Porto Velho, teriam sido avaliados. Estudos feitos pelo próprios empreendedores do complexo hidrelétrico (Furnas e Odebrecht) foram enviados ao Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

“A obra é importante na perspectiva da energia. Mas não tem como a sociedade tomar uma decisão a respeito dessa obra se você não tem todas as informações e parâmetros para analisar”, afirma o professor da Universidade Federal de Rondônia.

De acordo com Moret, além de poder gerar problemas no abastecimento de água na capital de Rondônia, Porto Velho, há uma preocupação de que o empreendimento cause inundação em parte do território boliviano.

Entretanto, segundo o Ministério das Relações Exteriores, não há motivo de preocupação porque todas as informações sobre a obra serão repassadas à Bolívia.

Entre os dias 10 e 11 de novembro, foram realizadas audiências públicas sobre as obras nas cidades de Porto Velho e de Jaci Paraná. A previsão é que as usinas hidrelétricas tenham capacidade de gerar 6,4 mil megawatts de energia.

Ongs de todo o país debatem em Rondônia impacto ambiental de projeto no Rio Madeira

Representantes de organizações não-governamentais de todo o país se reúnem hoje na capital de Rondônia para discutir os impactos ambiental e social causados pela construção das usinas hidrelétricas de Santo Antonio e Jirau, no Rio Madeira.

O Complexo do Rio Madeira, em Rondônia, envolve também a implantação de uma hidrovia para o transporte de carga e de soja pelo Oceano Pacífico, passando pela Bolívia e pelo Peru.

O encontro das ongs e de movimentos sociais será aberto com o lançamento de um documento pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) mostrando a preocupação com o impacto social do projeto.

O encontro termina no sábado e, até lá, estão previstas várias palestras. Na tarde de hoje os movimentos sociais promovem uma barqueata no Rio Madeira.

Lançado pelo governo federal em junho do ano passado, o projeto ainda não começou a ser desenvolvido porque não conseguiu o licenciamento ambiental do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

A sociedade civil tem se mobilizado por causa do impacto que o projeto deve provocar no meio ambiente, como o alagamento de uma extensa área onde mais de 2 mil pessoas vivem da pesca às margens do Rio Madeira.

A construção das duas usinas está orçada em R$ 20 bilhões. Juntas, as obras vão gerar 6.450 Megawatts, mais de metade da energia produzida pela Hidrelétrica de Itaipu.

De acordo com a assessoria de imprensas do Ibama, continua sendo analisada a complementação dos estudos ambientais solicitadas a Furnas Centrais Elétricas, uma das responsáveis pelo projeto, e que ainda não há previsão para o término da avaliação.

ndice de desmatamento na Amazônia surpreende presidente do Ibama

O presidente do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Marcus Barros, disse ter sido surpreendido com o crescimento de 6% do desmatamento da Amazônia em um ano, apurado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Acrescentou que o índice esperado para o biênio 2003/2004 era de 2%.

"Estávamos lutando para isso, mas temos noção de que as medidas que adotamos não se consolidaram todas. Elas ainda não estão casadas para ter os resultados que esperamos e assim diminuir mais expressivamente o desmatamento", afirmou.

Além do Plano de Combate ao Desmatamento, iniciado ano passado, uma outra iniciativa para evitar a devastação da Amazônia aguarda aprovação do Congresso Nacional. É o Projeto de Lei Geral sobre Gestão de Florestas, que prevê a concessão de até 13 milhões de hectares de florestas na Amazônia para uso sustentável nos próximos dez anos.

No entanto, para Jean Pierre Leroy, relator de Direitos Humanos e Meio Ambiente da Plataforma Brasileira de Direitos Humanos, Econômicos, Sociais e Culturais (Dhesc), não há garantias de que as empresas farão uma gestão sustentável da floresta. E há dúvida sobre a possibilidade comercial desse tipo de estratégia a longo prazo: "Se não funcionar, as empresas vão abandonar o projeto, deixando tudo para trás".

Em cinco dos nove estados que compõem a Amazônia – Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins – foi registrada redução no tamanho das áreas desmatadas. Em Tocantins, a destruição caiu 44%; no Amazonas, 39%; no Maranhão, 26%; no Acre, 18%; e no Pará, 2%. Já o estado de Mato Grosso foi responsável por quase metade do desmatamento total na Amazônia.